INTRODUÇÃO:
A inseminação artificial (IA) é uma técnica amplamente utilizada para maximizar a produção bovina e proporciona muitas vantagens na escolha de reprodutores testados e na transmissão de características desejáveis ao rebanho leiteiro, além de eliminar custos e riscos da manutenção dos touros na propriedade. Além de permitir o uso de material genético de melhor qualidade, possibilita a realização de acasalamentos direcionados, elimina o risco de transmissão de doenças sexualmente transmissíveis, reduz o risco de doenças infecto-contagiosas, permite melhor controle da reprodução e agrega valor ao rebanho.
É um método bastante difundido na pecuária leiteira, onde a cadeia produtiva depende da eficiência reprodutiva das fêmeas, ou seja, da otimização na obtenção de bezerros e conseqüente produção de leite. Para se obterem padrões ideais de eficiência reprodutiva, com um menor intervalo entre partos, é preciso uma boa interação entre o manejo reprodutivo, sanitário e nutricional.
Em um manejo reprodutivo adequado, o sistema de criação de bezerras deve fazer com que a novilha leiteira alcance a puberdade com 14 a 16 meses de idade com peso médio de 350 kg, estando assim apta à primeira inseminação artificial, onde o parto deverá ocorrer dos 24 aos 27 meses e com peso médio de 500 kg (LUCCI, 1989).
A taxa de prenhez de novilhas inseminadas artificialmente está relacionada principalmente com a fertilidade desses animais e com outro importante fator, que é a concentração espermática das doses de sêmen utilizadas. Tal concentração, em diversos estudos realizados com sêmen de touros europeus, varia de 0,5 a 5 x 106 espermatozóides/ml (Long et al., 1994; Parrish et al., 1995).
Este trabalho teve como objetivo analisar os resultados de diferentes concentrações espermáticas utilizadas na inseminação de novilhas da raça holandesa, com o intuito de saber se há ou não efeito negativo quando se utiliza uma dose seminal de concentração reduzida, fato que teria grande importância na pecuária leiteira atual.
MATERIAL E MÉTODOS:
Foram utilizadas novilhas da raça Holandesa, pertencentes ao rebanho da Fazenda ELGERSMA, situada no Município de Carambeí, Estado do Paraná.
A fazenda mantém práticas de manejo higiênico-sanitário que incluem rigoroso controle sanitário com testes intradérmicos para tuberculose e vacinações sistemáticas contra febre aftosa, brucelose, raiva, carbúnculo sintomático e pneumoenterite. Os controles de endo e ectoparasitos são realizados periodicamente segundo calendário específico.
222 novilhas foram divididas aleatoriamente em dois grupos. Os animais do grupo 1 (G1, n=129) foram submetidos à inseminação artificial, 12 horas após a manifestação do estro, com uma dose de sêmen comercial. Os animais do grupo 2 (G2, n=93), 12 horas após o início do estro, foram submetidos a inseminação artificial com metade da dose de sêmen comercial. Quando a IA foi realizada com a metade da dose, era feita a troca da bainha sanitária entre as inseminações. O diagnóstico de gestação foi realizado através da taxa de não retorno ao estro e pela palpação retal, feita por um Médico Veterinário, aos 45 dias após a IA.
A taxa de concepção foi analisada pelo teste de Qui-quadrado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados obtidos estão apresentados na tabela 1.
Tab 1: Taxa de concepção de novilhas da raça Holandesa inseminadas com diferentes doses de sêmen.
GWAZDAUSKAS et al. (1981), trabalhando com novilhas da raça Holandesa obtiveram taxa de concepção de 59,3%, concordando com os resultados obtidos neste experimento. Estes resultados concordam com o que foi relatado por VERBERCKMOES, et al. (2005); que demonstrou que a redução da dose utilizada na inseminação artificial não influencia na taxa de concepção de vacas e novilhas leiteiras, pois trabalharam com dose reduzida de 2 a 8 milhões de espermatozóides e não encontraram diferença entre a taxa de concepção.
Já ANDERSSON,et al. (2004) demonstraram que ao se utilizar doses inseminantes de 2 milhões de espermatozóides, a taxa de concepção é menor quando comparado a inseminações com dose de 15 milhões de espermatozóides.
RUSSI et al. (2007) analisaram o comportamento de inseminadores e relatam que 27% destes apresentam falhas de higiene e habilidade, também mostraram que 33% não se mostram responsáveis; este fato pode ser um fator agravante quando se realiza IA com metade da dose comercial, uma vez que é necessário a troca da bainha sanitária, para evitar disseminação de enfermidades no plantel, demonstrando que para a realização deste tipo de atividade deve-se ter o comprometimento da equipe envolvida no processo. FERNANDES JÚNIOR (2001) trabalhou com equipes de inseminadores e observou que o sucesso dos programas estão diretamente relacionados com o comprometimento do indivíduo na atividade envolvida.
CONCLUSÃO
Inseminação artificial, com metade da dose comercial, em novilhas da raça Holandesa não influencia a taxa de concepção.
REFERÊNCIAS
ANDERSSON, M.; TAPONEN, J.; KOSKINEN, E.; DAHLBOM, M. Effect of insemination with doses of 2 or 15 millions frozen-thawed spermatozoa and semen deposition site on pregnancy rate in dairy cows. Theriogenology, v.61, p.1583–1588.2004.
FERNANDES JUNIOR, J.A. Inseminação artificial em gado de corte: impacto da equipe de inseminadores nos resultados obtidos. Faculdade de Ciências Agrárias e Medicina Veterinária - Jaboticabal. Dissertação de Mestrado, 2001.
GWAZDAUSKAS, F. C.; LINEWEAVER, J. A.; VINSON, W. E. Rates of conception by artificial insemination of dairy cattle. Journal of Dairy Science, v.64. p.358-362.
LONG, C.R., DAMIANI, P., PINTO-CORREIA, C. et al. Morphology and subsequent development in vitro culture of bovine oocytes matured "in vitro" under various conditions of fertilization. Journal Reproduction Fertility, v.102, p.361-369,1994.
LUCCI, C. S. .Bovinos Leiteiros Jovens. 1ª ed. NOBEL / EDUSP,. 371 p.1989
PARRISH, J.J., KROGENAES, A., SUSKO-PARRISH, J.L. Effect of bovine sperm separation by either swim-up or Percoll method on success of in vitro fertilization and early embryonic development. Theriogenology, v.44, p.859- 869, 1995.
RUSSI, L. S.; COSTA-E-SILVA, E. V.; ROSA, L. S.; ZÚCCARI, C. E. S. N. Gestão de pessoal – visão dos técnicos envolvidos em gerência de programas de inseminação artificial em bovinos – resultados preliminares. Anais do 17º Congresso Brasileiro de Reprodução Animal, Curitiba, PR,. p.106. 2007.
VERBERCKMOES, S.; SOOM, A. V.; DEWULF, J.; THYS, M.; KRUIF, A. Low dose insemination in cattle with the Ghent device. Theriogenology. v.64. p.1716-1728.
**O trabalho foi originalmente publicado pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.