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Somatotropina e a produção de leite em vacas da Raça Holandesa

Publicado: 7 de maio de 2013
Por: Claudia Cristina Paro de Paz (Zoot., Dr., PqC Polo Centro Leste/APTA); Lenira El Faro Zadra (Zoot., Dr., PqC Polo Centro Leste/APTA) e Vera Lucia Cardoso (Med. Vet., Dr., PqC Polo Centro Leste/APTA).
Atingir a eficiência e a rentabilidade tem sido o grande objetivo nos diversos setores de produção animal, sobretudo no que diz respeito às propriedades leiteiras. A utilização de estratégias eficientes para seleção de vacas e touros, aliadas aos fatores de âmbito econômico e de manejo, é importante para acelerar o incremento da produtividade da pecuária leiteira nacional, uma vez que a mesma figura entre as principais atividades do setor agropecuário brasileiro.
Concomitantemente, a avaliação genética de bovinos leiteiros tem sido baseada tradicionalmente na análise da produção de leite aos 305 dias de lactação (PL305), pois a seleção direta para essa característica implica em maiores ganhos genéticos para as produções da maioria dos controles da lactação, além de maior ganho para a própria PL305.
Curvas de lactação podem ser descritas por funções lineares e não-lineares. Pela interpretação biológica de seus parâmetros, uma função não-linear seria mais adequada para indicar a produção de leite de uma vaca durante a lactação. As funções não lineares utilizadas para descrever a curva de lactação das vacas contém informações biológicas relevantes, resumidas em um pequeno número de parâmetros.
Estas funções podem ainda fornecer informações importantes sobre a variação genética e ambiental que ocorre entre as avaliações consecutivas. Esta análise possibilita estudar a fase da curva de lactação em que a resposta ao uso de somatotropina bovina (bST) é mais acentuada, potencializando a utilização deste hormônio.
Foram avaliados os efeitos da aplicação do bST sobre a produção de leite e a persistência da lactação de vacas da raça Holandesa (figura 1), criadas na região sudeste (no estado de São Paulo, principalmente), e a viabilidade de seu uso como forma de aumentar as características produtivas analisadas.
Figura 1. Vaca da raça Holandesa
Somatotropina e a produção de leite em vacas da Raça Holandesa - Image 1
Foram utilizadas informações de 7.560 lactações de 3.441 vacas da raça Holandesa com registros de produção de leite aos 305 dias de lactação (PL305) e as aplicações de bST com suas respectivas datas de aplicação.
O efeito do bST foi significativo promovendo aumento nas médias da PL305 com o aumento do número de aplicações de bST. As médias obtidas na análise de variância para este estudo foram superiores que as médias encontradas na literatura (figura 2).
Figura 2. Estimativa da produção de leite (kg) no eixo-y, em função de dias em lactação no eixo-x, ajustado pela Função Gamma Incompleta para os grupos de animais da raça Holandesa sem aplicação de bST ou com bST.
Somatotropina e a produção de leite em vacas da Raça Holandesa - Image 2
Com base nos resultados, é de suma importância o conhecimento de que a somatotropina é um controlador homeorréico que modifica a partição dos nutrientes que serão mais utilizados para síntese de leite. Possui um efeito único no estímulo de desenvolvimento da glândula mamária e da lactação, que causa direta e/ou indiretamente aumento nas taxas de síntese de leite por célula e aumenta a manutenção de células secretórias.
Essas mudanças orquestradas no metabolismo de tecidos envolvem tanto efeitos diretos, como nos tecidos hepático, adiposo, etc, quanto indiretos, no tecido mamário e outros mediados por somatomedinas como o fator de crescimento semelhante à insulina do tipo I (IGF-I).
É sabido que durante o tratamento com a somatotropina bovina, o IGF-I estimula a atividade celular da glândula mamária devido à presença de receptores para o mesmo, em seus vasos sanguíneos e capilares. Essa característica de possuir ações autócrinas e parácrinas aliadas a ações endócrinas, torna o IGF-I um importante elo entre a resposta tecidual e as concentrações de bST, de forma que o aumento na produção de leite é paralelo ao aumento nas concentrações de IGF-I, que são mantidas com injeções contínuas de bST.
O aumento das médias para PL305 demonstra que o uso preferencial, contínuo e prolongado de aplicações do bST mantém a persistência da lactação, explorando melhor o potencial dos animais à resposta produtiva e aumentando a eficiência da produção.
Um fator a se considerar é que a magnitude da resposta depende das condições de manejo e alimentação serem adequados. Animais sujeitos a condições de manejo e ambientais capazes de restringir o consumo de alimentos ou recebendo formulações dietéticas limitantes ao consumo necessário de nutrientes podem ter a resposta produtiva à tecnologia comprometida.
Assim, a somatotropina não é uma ferramenta para corrigir problemas estruturais de uma fazenda, mas uma tecnologia disponível para elevar, em curto prazo e com segurança, a produção de leite e a lucratividade, reduzindo os custos de produção.
 
Agradecimentos
À Agropecuária Agrindus-SA, pela concessão dos dados utilizados para realização deste estudo. Essa pesquisa contou com o apoio financeiro da FAPESP e da CAPES.
 
Bibliografia Consultada
ALMEIDA, R. & VIECHNIESKI, S.L. Effect of supplementation of two commercial forms of bovine somatotropin (bST) on milk production of high producing cows. Journal of Animal Science, v.89, Suppl 1/ Journal of Dairy Science, v.94, Suppl 1, 2011.
GÜLAY, M.S., HAPTIPOGUL, F.S. Use of bovine somatotropin in menagement of transition cows. Turkish Journal of Veterinary and Animal Sciences, v.29, n.3, p.571-580. 2005.
KINOSHITA, J., SUZUKI, N., KAISER, H.M. An Economic Evaluation of Recombinant Bovine Somatotropin Approval in Japan. Journal of Dairy Science, v.87, n.5, p.1565-1577. 2004.
MADALENA, F.H. Efeitos colaterais da genética de alta produção. Milkpoint, 2008. Disponível em: http://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/melhoramento-genetico/efeitos-colaterais-da-genetica-de-alta-producao-42598n.aspx . Acesso em 07 nov. 2012.
TSURUTA, S, KEOWN, J.F, VAN VLECK, L.D, MISZTAL, I. Bias in Genetic Evaluations by Records of Cows Treated with Bovine Somatotropin. Journal of Dairy Science, v.83, n.11, p.2650-2656, 2000.

***O trabalho foi originalmente publicado pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. 
Tópicos relacionados:
Autores:
Lenira El Faro Zadra
APTA
Vera Lucia Cardoso
Universidad Autónoma de Chihuahua - Mexico
Universidad Autónoma de Chihuahua - Mexico
Claudia Cristina Paro De Paz
APTA
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Jose L.M. Garcia
29 de junio de 2015
Faça uma pesquisa no Google de preferência na lingua inglêsa. Não é minha tarefa e nem do meu feitio trabalhar de graça para ninguem. Jose Luiz M Garcia
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Julio Busignani
11 de mayo de 2015
Não querendo ser Hormôniofóbico, gostaria de saber dos prejuízos fiziológicos para o animal, vida útil, etc...
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Jose L.M. Garcia
13 de mayo de 2014

Me esqueçi de mencionar alguns pontos importantes e agora é para acabar de vez com a polêmica.
A Monsanto, detentora da tecnologia, vendeu a tecnologia para a Lilly por 300 milhões de dólares. Se fosse uma coisa boa a Monsanto com certeza ou não venderia ou venderia bem mais caro, pois 300 milhões é uma micharia. Lembrem-se que uma micro refinaria de petróleo em Pasadena foi comprada pela Petrobras pelo mesmo valor.
Os únicos dois países que ainda permitem o uso do rBGH ou somatotrofina recombinante são os EUA, onde a grana fala mais alto, e o Brasilzão, onde também a grana fala alto.
Apesar de estarmos caminhando para uma republica socialista o Brasil ainda copia os EUA em tudo.
E aqui fica a minha previsão a longo prazo: Dentro de duas décadas as classes mais favorecidas não estarão tomando leite e nem seus derivados em virtude de todos os riscos envolvidos, ficando assim o leite relegado às classes C, D e E.
Se hoje já é uma commodity barata, imagina, então, no futuro.
Se hoje tirar leite não é um negócio muito lucrativo, vocês imaginem então no futuro com a concorrência dos chineses que já estão até clonando vacas leiteiras e transgênicas!!!

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Jose L.M. Garcia
13 de mayo de 2014

Eu gostaria de colocar uma pá de cal nessa discussão por que a Somatotropina, somatotrofina ou rBGH BOVINA (veja bem trata-se de um hormônio bovino e não humano) está ligada ao aparecimento de câncer de mama em seres humanos.
E para o amigo veterinário que gosta de referências bibliográficas eu vou acrescentar algumas ao final desse texto e provenientes de publicações científicas de peso.
Por outro lado a aplicação de rBGH vai aumentar ainda mais o nível de IGF-1 no sangue e consequentemente no leite das vacas em lactação. Estudos científicos demonstram que mulheres pós-menopausa cujo nível de IGF-1 é mais elevado tem até 7 vezes mais chances de desenvolverem câncer de mama.
Para complicar ainda mais as coisas pesquisas recentes nos dão conta de que a Insulina bovina presente no leite também causa o aumento de IGF-1 complicando, ainda mais, o problema.
Então, é como eu disse no início. Faz-se uma pesquisa onde se visualiza apenas um único aspecto, ou seja o aumento da produção leiteira. Esquece-se de outros malefícios como queda da fertilidade animal, diminuição da vida animal e agora, e principalmente, os malefícios que esse injeção hormonal pode causar à saúde humana.
Referencias
1. Juskevich, J., et al. Bovine growth hormone: Human safety evaluation.SCIENCE 249(1990):875-84.
2. Mephan, T.B.Bovine Somatotropin and Public Health. BRITISH MEDICAL JOURNAL 302(191):4833-84.
3. Outwater, J.L., et al.Dairy Products and Breast Cancer: The IGF-1,estrogen,and BGH hypothesis. Medical Hypothesis 48(1997): 453-61.
4. Hankinson, S.E.,et al. Circulating Concentratios of IGF-1 and risk of Breast Cancer. LANCET 351(1998):1393-96.
5. Peyrat,J.P. et al. Plasma IGF-1 concentrations in Breast Cancer. EUROPEAN JOURNAL OF CANCER 29(1993):492-97.
6.Qin, L.Q. et al. Milk consumption and circulating IGF-1 level:a systematic literature review . INT.J.FOOD SCI. NUTRITION 2009;60Suppl 7:330-340.


Jose Luiz M Garcia

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Tecno-boi Distribuidora De Produtos Agropecuários
16 de octubre de 2013

Bom dia!
Caros amigos e colegas, este assunto abordado é de grande interesse tanto para nós técnicos quanto aos nossos clientes. O uso do BST, conforme vários relatos já feitos até aqui, é bastante importante para pecuária leiteira. Deixando de lado as controversias, acredito e tenho acompanhado vários casos de sucesso e vários de insucesso no uso desta tecnologia. O que acontece na verdade é uma falta de intrução técnica comercial de vendas desta tecnologia que faz com que os resultados não sejam homogêneos a campo. Com relação aos maleficios desta tecnologia, todos nós sabemos que todo o residual químico de todo e qualquer tipo de tratamento fica armazenado no fígado dos animais tratados e com o tempo os indivíduos perdem resposta imunológica e vêm a ter falência deste orgão que acarreta em vários danos aos bovinos tratados, não somente por uma ou outra tecnologia mas por vários fatores em torno da vida útil de um semovente.
Para finalizar minha opinião e inriquecer este debate quero que os amigos atentem para um detalhe se assim posso dizer: "O bovino seja qualquer sua finalidade tens uma estrutura metabólica e fisiológica a função de processar fibras e assim quebrar as proteínas das mesmas e degradar em aminoácidos ... Em suma: Foi feito para pastar... Um bovino não sabe fazer ração, um bovino não sabe plantar... Então aos grandes amigos deste debate pesso-lhes que não me interpretem mal, quanto ao meu raciocínio mas que vejam o que estamos fazendo com nossos rebanhos, principalmente o leiteiro. Toda a tecnologia é bem-vinda e bem bosta desde que seja bem aplicada, mas na minha sincera opinião a Homeopatia é a bola da vez e com certeza o método mais limpo de se produzir com qualidade e volume".

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Claudia Cristina Paro De Paz
APTA
7 de octubre de 2013

Neste estudo foi considerado que o uso do bST (tratamento preferencial) quando considerando no modelo de análise para estimação de parâmetros genéticos e do valor genético do animal é possível fazer a correção para este efeito preferencial. Este trabalho analisou apenas a produção de leite e verificou-se que quando anotado corretamente no banco de dados o uso do bST não acarreta viés na avaliação genética dos animais. Quanto da conversão alimentar eu acho que é um ponto muito importante que foi levantado, mas eu não posso dizer quais os possíveis efeitos porque eu não estudei esta característica. Acho que precisamos estudar!

Atenciosamente,
Claudia Cristina Paro de Paz

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Fábio Bitti Loureiro
2 de octubre de 2013

O artigo foi muito claro na determinação de que em duas lactações é positivo o uso da bST. O que questiono é que os animais tratados possam estar sendo usados para seleção genética, o que mascara o potencial natural dos animais. Aí vêm minhas perguntas: 1-Animais tratados com bST, ou qualquer estimulador/incrementador de produção, poderiam/deveriam participar de avaliações genéticas?
2-Qual a consequência em termos de herdabilidade para conversão alimentar a longo prazo, pensando-se no rebanho como um todo?

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Cleder Bartz
2 de octubre de 2013

Bom dia aos participantes,
Vejo o BST como uma ferramenta de tecnologia a ser definidamente estudada com mais continuidade, pois o que me parece é que o escore corporal de animais que utilizaram durante a lactação é prejudicado para próximos partos, sendo que não respondem muitas vezes a partir de 5 e 6 lactação como a segunda e terceira. Temos que ter imenso cuidado nutricional para que o BEN não seja criticamente evidenciado.
Ferramenta tecnológica de uso técnico e não comercial.

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Marcelo Waddington Telles Ribeiro
2 de octubre de 2013

Concordo que a antítese da ciência passe perto do bate boca. Contra fatos não há argumentos. José Luiz M Garcia, fiquei impressionado com seus títulos. Faça o favor de descer de seu pódio natureba e panfletário e volte ao Português 101 - Interpretação de texto. Ao usar picolés orgânicos, e não de soja orgânica, eu generalizei a condição orgânica da produção. Estou mencionando seu nome e posição porque, sem termos nos conhecido, você me citou ocultamente.
Penso que todos tenham o direito de achar qualquer coisa sobre qualquer assunto. Não sinto a compulsão de convencer aos outros de meus pontos de vista. Eu, pessoalmente, penso que essa questão da organicidade da produção agrícola esteja meio exacerbada. Na hora que o resultado for melhor trabalhando 100% verde, serei 100% verde.

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Jose L.M. Garcia
1 de septiembre de 2013

Caros participantes,

Tentar encaminhar a discussão como se vocês fossem os donos da ciência (ou pelo menos o que chamam de ciência como esse estudo parcial e falho) não irá a lugar nenhum pois também tenho instrução acadêmica superior em Universidade americana (Michigan State University) e creio ter melhor qualificações para julgar esse assunto que a maioria das pessoas que responderam aos meus comentários.
O meu objetivo foi alcançado porque consegui que vocês se sentissem ameaçados ao ponto de responderem aos comentários de forma até mesmo preconceituosa e agressiva, e se dizendo donos da verdade. Estou errado? Seriam os senhores alguma espécie nova de preconceituosos que ainda não conhecia? Seriam os senhores algum tipo de Organofóbicos ou Naturofóbicos? E ao serem Naturofóbicos, estarem negando a omniciência do nosso Criador?
A pessoa que tentou fazer chacota ao mencionar "picolé de soja orgânico" demonstra, no mínimo, que carece de informação atualizada, pois creio, ainda a considera um alimento natural e saudável.
Eu gostaria de assinalar que a soja não se enquadraria como alimento saudável por ser alergênica, goitrogênica, formadora de gases, inibidora da libido, entre outras características maléficas dessa leguminosa que, também, é defendida com unhas e dentes pela chamada "ciência". Mas isso já seria motivo para um outro grupo de discussão, desde que também não tenham fobia a idéias novas e que não queiram encerrar as discussões se dizendo donos da verdade e sempre ostentando terem o que chamam de "ciência" ao seu lado.
Abaixo o preconceito
Abaixo a Fobia de conceitos e ideias novas.

Jose Luiz M Garcia

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