Este trabalho faz parte de um estudo da AGE/MAPA (2010), denominado Projeções do Agronegócio, Brasil 2009/2010 a 2019/2020. As projeções são obtidas a partir de uma base de dados nacional e, em casos especiais, dados de instituições internacionais. São utilizados modelos econométricos específicos para a realização das projeções e no relatório da AGE/MAPA (2010) há um detalhamento sobre os modelos e seu uso.
O leite foi considerado neste trabalho como um dos produtos que apresenta elevadas possibilidades de crescimento. A produção deverá crescer a uma taxa anual de 1,95%. Isso corresponde a uma produção de 37,8 bilhões de litros de leite cru no final do período das projeções. O consumo deverá crescer a uma taxa de 1,98% ao ano nos próximos anos. Essa taxa é bem superior à observada para o crescimento da população brasileira.
Estimativas de consumo per capita de leite e derivados realizadas pelo FAPRI – Food and Agricultural Policy Research Institute (2009) mostram grandes aumentos no consumo nos próximos anos. As taxas de crescimento anual para países da Ásia são surpreendentes. Entre estes pode-se destacar: China, Filipinas, Tailândia, Vietnam e outros. Também em alguns países do Leste Europeu, como a Ucrânia, deve haver elevado aumento do consumo nos próximos anos. Na América do Sul, a Argentina, Peru e Uruguai também apresentam taxas relativamente elevadas de consumo para os próximos anos. Para o Brasil a taxa projetada pelo FAPRI para o leite fluido é de 2,96% a.a. nos próximos anos. Veja que esta estimativa é superior à projetada (ver tabela acima) pela AGE/MAPA, de 1,98% ao ano até 2019/2020.
O leite e seus derivados fazem parte de um conjunto de produtos que apresenta elevada elasticidade renda do consumo. Esse coeficiente mostra como se comporta o consumo quando a renda dos consumidores varia. Os queijos, prato e mozarela, o iogurte e a manteiga, são os produtos do leite que apresentam as maiores elasticidades renda do consumo. As estimativas obtidas por Hoffmann (2007) mostram os seguintes resultados: leite de vaca 0,34; leite condensado 0,71; leite em pó – 0,044; queijo 0,806; queijo prato 0,852; queijo mozarela 0,90; iogurte 0,598; manteiga 0,432. Quanto maior esse coeficiente, maior é o efeito do aumento da renda sobre o consumo. Por exemplo: quando a renda aumenta 10,0%, o aumento do consumo de mozarela aumenta 9,0%; se a renda aumenta de 10,%, o consumo de iogurte deve aumentar em 5,98%. Esses impactos são considerados elevados se comparados a outros grupos de produtos agropecuários.
Bibliografia citada
AGE/ MAPA – Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura. Projeções do Agronegócio Brasil 2009/10 a 2019/20. Brasília, 2010, 50p.
Hoffmann, R. Elasticidades – renda das despesas de consumo de alimentos no Brasil em 2002-2003. In IPEA – Gasto e consumo das famílias brasileiras contemporâneas. Vol. 2, Brasília, 2007, p 463 a 483.
FAPRI – Food and Agricultural Policy Research Institute www.fapri.org.
***O trabalho foi originalmente publicado pela Embrapa Gado de leite / Coordenação do Centro de Inteligência do Leite (CILeite); ANO 4 - Nº 39 – Fevereiro 2010