Introdução
O rebanho brasileiro de caprinos, atualmente, é de aproximadamente 10,3 milhões de cabeças (dados não publicados, Feira Internacional de Caprinos e Ovinos, 2006) sendo considerado rebanho brasileiro que mais cresceu no país nestes últimos 10 anos. Entretanto estes números podem aumentar nos próximos anos, já que as regiões Sul e Sudeste vêm aumentando seus rebanhos de caprinos leiteiros e a regiõe Centro-Oeste vêm aumentando seu rebanho de caprinos destinados ao abate. No entanto, o sucesso da caprinocultura só poderá ser atingido com maior eficiência a partir da produção de informações zootécnicas e realização de analises econômicas fidedignas e verossímeis auxiliando no controle da atividade. As informações fornecidas servem para auxiliar na tomada de decisões de manejo, minimizando os riscos dessas decisões e favorecendo a otimização da produção. A análise de sensibilidade permite observar de que maneira as variações podem influenciar sua viabilidade econômica (BUARQUE, 1991). A simulação de Monte Carlo vem sendo bastante empregada para avaliação de risco de projetos, como exemplo de utilização pode ser encontrado o trabalho de Araújo e Marques (1997). O objetivo foi estudar a caprinocultura leiteira no estado do Rio de Janeiro, por meio da analise de viabilidade financeira, de risco e de sensibilidade.
Material e métodos
Foi utilizado um conjunto de indicadores de retorno: Valor Presente Líquido; Valor Presente Líquido Anualizado; Relação Benefício/Custo e indicadores de risco: Taxa Interna de Retorno e Pay-Back Simples e Econômico, Ponto de equilíbrio. O tratamento teórico desses indicadores está disponível em vários textos, como em Peres et al. (2004), por essa razão, não será aqui apresentado. Foi considerada uma taxa de mínima atratividade (TMA) de 10% ao ano como taxa de desconto para o fluxo de caixa projetado. Foi considerado como ganho apenas o excedente sobre aquilo que já se tem. Foram obtidos os indicadores propostos avaliando hipoteticamente uma propriedade de 20 ha, cujo apenas 5 ha são disponíveis para a produção de volumosos, com os sistema de criação: SP1) Matrizes; SP2) Intensivo em Pastagens melhoradas. Os dados da 01 foram obtidos junto a cinco técnicos (entrevistas não estruturadas), também foi coletada a variação dos dados. O valor da terra não foi incluído no fluxo de caixa. Foi considerado "investimento necessário para a implantação" todas as atividades envolvidas com o primeiro ciclo. Os fluxos de caixa foram compostos utilizando as tabelas 01 e 02 gerando: no ano zero R$-37.210,46 e R$-74.706,02, no 1º ano R$6.700,41 e R$11.198,65, no 2º ano R$7.657,27 e R$12.511,90, repetindo-se esses valores até o 14º ano e no 15º ano R$24.244,44 e R$12.511,90, para SP2 e SP1 respectivamente. Para determinar os indicadores de viabilidade econômica (ROMANINI et al., 2002) foi utilizado o método de simulação de Monte Carlo, com distribuição triangular.
Resultados e discussão
Foram calculados os indicadores de retorno e de risco para os sistemas de produção, sendo obtidos: VPL (ganho em 15 anos) R$ 10.528,44 e R$ 7.377,00; VPL Anualizado (ganho por ano) R$ 1.692,75 e R$ 1.186,06; Relação Beneficio/Custo 1,32 e 1,11; Taxa Interna de Retorno 19,32% e 15,67%; PB Simples 4,98 e 6,08; PB Econômico 5,65 e 6,90; Break Even Point 63,93% e 70,38%, para SP1 e SP2 respectivamente. Para uma TMA de 10% ao ano, todos os indicadores de rentabilidade indicam a aceitação dos sistemas de produção, já que são viáveis economicamente, pois VPL e o VPL anualizado são positivos, no entanto apontaram para o sistema de produção à pasto como sendo o mais rentável. Os VPLs, embora positivos, apresentam valor relativamente pouco atrativo. Os RBC são superiores a um, mas suas dimensões (1,32 à pasto e 1,1 confinadas) indicam que as receitas dos projetos são estimadas em apenas 32 e 10% superiores aos custos. O tempo de retorno do capital é relativamente longo, em torno de 5 e 6 anos no sistema à pasto e de 6 a 7 anos no de matrizes confinadas, para os indicadores PBS e PBE, respectivamente. O fator que determina a maior possibilidade de insucesso aos sistemas de produção é o preço do leite de cabra esses resultados concordam com os obtidos por Ribeiro et al. (1998) na qual avaliaram o impacto de fatores externos no desempenho econômico de criatórios caprinos no Estado de São Paulo. Os modelos probabilísticos, apresentaram valores médios de R$ 398.873,68 e R$ 391.812,22 para o sistema à pasto e para o de matrizes confinadas, respectivamente, observando que é remota a possibilidade de obtenção de resultados desfavoráveis, para os investimentos nos dois sistemas de produção.
Conclusões
O sistema a pasto mostrou melhores resultados econômicos, com baixo risco de resultados desfavoráveis. O preço de venda do leite é o que apresenta maior impacto sobre os indicadores de rentabilidade dos sistemas
Referências bibliográficas
ARAÚJO, M.P. e MARQUES, P.V. Rentabilidade, em condições de incerteza, na produção avícola sob contratos de integração vertical em Minas Gerais. Revista de Economia e Sociologia Rural, vol.35, n.3, pp.23-43, 1997.
BUARQUE, C. A incerteza para seleção de projetos. In: Buarque, C. (Ed.) Avaliação econômica de projetos. 8.ed. Rio de Janeiro: Campus,. pp.179-196, 1991.
PERES, A.A.C., SOUZA, P.M, MALDONADO, H. et al. Análise Econômica de Sistemas de Produção a Pasto para Bovinos no Município de Campos dos Goytacazes-RJ. Revista Brasileira de Zootecnia, vol.33, n.6, pp.1557-1563, 2004.
ROMANINI, C.E., NÄÄS, I.A., MUNIZ, I.R. Análise do investimento em climatização para matrizes namaternidade e seu efeito no desempenho de leitões. In: Congresso Latino-Americano de suinocultura, Foz de Iguaçu. Anais... CD-ROM, 2002.
RIBEIRO, S. D. A., RIBEIRO, A. C., FERREIRA A. C. D. et al. Análise de sensibilidade em uma caprinocultura leiteira: fatores externos. In: Reunião da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Botucatu. Anais, 1998. vol.4. pp. 117-119, 1998.
Tabela 01. Parâmetros Externos e coeficientes técnicos utilizados nos cálculos.
Tabela 02. Investimento necessário para implantação do modelo físico de produção de leite de cabra para sistema de matrizes confinadas (SP1) e a pasto (SP2).