O Paraná terá mais dificuldade para retomar as exportações de carnes à Rússia do que Rio Grande do Sul e Mato Grosso, conforme o serviço sanitário russo, o Rosselkhoznadzor. O chefe do órgão, Sergei Dankvert, disse na última quinta-feira (21) em Brasília que a situação do Paraná é "mais desfavorável" devido ao caso atípico de doença da vaca louca confirmado em dezembro - uma fêmea bovina morta em 2010 em Sertanópolis (Norte do estado) portava o agente da encefalopatia, conforme as autoridades brasileiras.
"O Paraná está complicado por conta do surgimento da pseudo vaca louca", relatou o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) e do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do estado (Sindicarne), Péricles Salazar, que participou de reunião com as autoridades russas. Por outro lado, em sua avaliação, as negociações avançaram. "Aqui foi o início de um namoro. No curto e médio prazo, podemos liberar [as carnes de] Mato Grosso e Rio Grande do Sul."
A Rússia é o principal comprador de carnes do Brasil e nega ter imposto embargo ao país. O principal argumento é o volume das negociações. Dankvert argumentou diante dos operadores do mercado de carnes brasileiro que os embarques passaram de 460 mil toneladas em 2011 para 420 mil toneladas em 2012, ainda um volume considerável. "As exportações também dependem de preços competitivos", acrescentou.
O chefe do Rosselkhoznadzor afirmou que as exigências que vêm sendo impostas ao Brasil, como a suspensão do aditivo ractopamina nas rações, valem para todos os países que fornecem carnes à Rússia. Essa restrição inviabiliza a exportação de carne suína do Paraná, porque exige a construção de novas fábricas de ração.
O governo brasileiro chegou a anunciar em dezembro o fim do embargo russo. No entanto, antes de voltarem a exportar, os frigoríficos dos três estados bloqueados terão de ser aprovados pela Rússia. Estão confirmadas inspeções a partir da próxima semana. O trabalho deve se estender até abril, conforme a Rússia.
Rio Grande do Sul e Mato Grosso não precisarão necessariamente esperar o aval dos peritos russos. Moscou admite a possibilidade de voltar a comprar carne de indústrias desses dois estados aprovadas pelas União Europeia. O Rosselkhoznadzor não informou se fará inspeções em Sertanópolis.