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LÁCTEOS: Muitas preocupações em 2009

LÁCTEOS: Muitas preocupações em 2009

Publicado: 10 de março de 2009
Por: Antônio Carlos de Souza Lima Neto, Assessor técnico da FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais)
O atual cenário de incertezas no mundo traz para o mercado de lácteos muitas preocupações. A crise financeira, principalmente a expectativa de recessão, continuará afetando o mercado de alimentos. No mercado interno, o ritmo da oferta ainda pressiona os preços. Estas e outras variáveis irão determinar o comportamento do mercado em 2009 e devem ser atentamente acompanhadas pelo setor produtivo.
Desde julho de 2008, o preço do leite recebido pelos produtores decresce sistematicamente. Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, o preço médio pago em julho de 2008 no Estado de Minas Gerais (Brasil), referente ao mês anterior, foi de R$ 0,76/litro. Em janeiro de 2009, o preço médio recebido foi de R$ 0,59/litro, queda de 16,9% em relação ao mesmo mês do ano passado e de 22,4% em relação a julho de 2008.
A situação é drasticamente agravada pela elevação dos custos de produção. De acordo com o ICPLeite/Embrapa (Índice de Custo de Produção de Leite), o custo de produção subiu 9,2% no ano passado. Desde o começo de 2007, o índice acumula alta de 27,8%. O sal mineral registrou a maior elevação no período, seguido da produção e compra de volumoso, sustentado pelo aumento dos preços dos fertilizantes.
A queda dos preços do leite apresenta-se, desta vez, como um movimento mundial. Segundo dados da Federação de Agricultura e Horticultura da Holanda, os preços pagos ao produtor no mês de dezembro de 2008 apresentaram queda na Nova Zelândia, Europa e Estados Unidos. Em dezembro de 2008, os valores na Nova Zelândia recuaram 16%, de US$ 0,25/litro para US$ 0,21/litro, em relação a outubro do mesmo ano. Na Europa, os preços mostraram mais estabilidade, com queda de 1% no mês de dezembro, ficando em US$ 0,42/litro. Nos Estados Unidos, também entre novembro e dezembro, houve queda de 2,6%, de US$ 0,38/litro para US$ 0,37/litro.

Observando-se o comportamento e tendências do mercado, há algumas variáveis que serão mais determinantes sobre os preços internos.
OFERTA
O momento favorável entre 2007 e início de 2008 incentivou o incremento da produção de leite no país. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o aumento de oferta no Estado foi de 13% entre janeiro e setembro de 2008 comparado ao mesmo período do ano anterior. O Icap-L/Cepea (Índice de Captação de Leite Cepea), que registra as variações em seis estados (MG, BA, GO, PR, RS, SP), demonstrou que a produção de leite em 2008 foi 10,2% maior que em 2007.
Neste ano, a oferta de leite deverá estar mais ajustada ao mercado. A queda de preços e os custos elevados levarão à redução do nível tecnológico e à conseqüente queda na oferta ao longo do ano.
 
DEMANDA
O aumento no preço dos alimentos ou a redução do poder de compra dos consumidores inibem o incremento do consumo de alguns produtos, entre eles os lácteos, e acabam influenciando os preços pagos aos produtores. A demanda interna é produto do crescimento da renda.
Há enormes divergências a respeito do crescimento do PIB brasileiro em 2009: o governo busca a meta de 4%, o Banco Mundial aponta 2,8% e o Banco Central do Brasil, 2,5%. O desemprego tende a subir de 7,6% para 8,5% ou até 10%. O crédito já está mais caro e difícil. Portanto, o crescimento na demanda, se houver, será pequeno.
CÂMBIO
Influi diretamente na competitividade externa. Quando o real está desvalorizado, há maior facilidade para se exportar. Em situação inversa, haverá favorecimento à entrada do produto importado. A valorização do dólar, observada desde agosto, está compensando parcialmente a queda nos preços internacionais. O Boletim Focus, do Banco Central, indica câmbio médio de R$ 2,20 para 2009. O mercado projeta média de até R$ 2,30.
PREÇOS
Há um cenário incerto para o leite em pó. No oitavo leilão da Fonterra, através da plataforma de vendas on line, o preço médio alcançado para o leite em pó (WMP) em todos os períodos contratuais foi US$ 1.851 por tonelada, posto na Nova Zelândia. Com a recessão americana, o consumo nos Estados Unidos está caindo e o governo passou a comprar grande quantidade de leite em pó que, em algum momento, voltará ao mercado. Há, ainda, o agravante do retorno dos subsídios à exportação pela União Europeia.
Medidas estão sendo implementadas no país para tentar amenizar o momento difícil no setor, a exemplo da liberação de recursos para o PEP Leite (Prêmio de Escoamento do Produto) pelo Ministério da Agricultura e da campanha de marketing financiada pelo governo de Minas. No entanto, fica a expectativa sobre a evolução da economia mundial e dos mercados externo e interno, este último fortemente dependente do ajuste da oferta.*
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Autores:
Antônio Carlos de Souza Lima Neto
Faemg - Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais
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