Por Rodolfo Tramontina de Oliveira e Castro (MilkPoint)
As importações tiveram expressivo crescimento no mês de abril aumentando ainda mais o déficit na balança comercial de lácteos em 2011, que ruma para ser um ano "bastante complicado".
Duas das possíveis razões para esse aumento foram apontadas por Laércio Barbosa, diretor da Laticínios Jussara, em nosso último artigo sobre a balança comercial: o recuo dos preços internacionais de leite em pó para a faixa dos US$ 3.800/ton e a contínua desvalorização do dólar. Esses dois fatores, aliado ao aumento do custo da matéria-prima no mercado interno, faz com que algumas indústrias optem pela importação.
Nesse sentido, houve um crescimento de 28,8% nas importações, passando de 8,9 mil toneladas em março para 11,6 mil toneladas em abril. Contudo, se considerarmos o equivalente em leite (a quantidade de leite utilizada para produzir um quilo de determinado produto), o crescimento foi de 40,6%, passando de 62,7 milhões de litros para 88,2 milhões de litros. Em valor, o salto foi de 35,2%, para US$ 44,4 milhões.
A maior parte dessa variação esteve atrelada ao leite em pó. Frente a março, houve um crescimento de 57,3%, passando de 5 mil toneladas para 7,8 mil toneladas. Argentina e Uruguai responderam por 94,9% desse valor. E no total das importações, por 91%.
As importações de queijo e soro de leite apresentaram recuo de 1,3% e 17%, respectivamente. Contudo, permaneceram sob patamares elevados. Foram importadas 1,77 mil toneladas de queijo e 1,61 mil toneladas soro. Argentina e Uruguai responderam por 86% e 83%, respectivamente, desses valores.
Tabela 1. Balança comercial de lácteos de abril/2011.
Déficit
Pelo quarto mês consecutivo de grandes volumes de lácteos entrando no país e com a dificuldade de retirá-los (as exportações em abril foram de 3,6 mil toneladas e US$ 10,7 milhões), o déficit no acumulado do chegou a valores preocupantes.
Em volume equivalente de leite, a balança encontra-se deficitária em 331,81 milhões de litros, o que representa 66,9% de todo o déficit de 2010, um ano já complicada para o setor. Em valor, a participação é ainda maior, de 82,8%, resultado da razão do déficit de US$ 144,75 milhões nos primeiros quatro meses do ano sobre um déficit total em 2010 de US$ 174,82 milhões.
Tabela 2. Volume e valor comercializado no 1º quadrimestre de 2011 e comparação com 2010.