Biodisponibilidade de metionina protegida no rúmen: maior teor de metionina metabolizável entre os produtos comercialmente disponíveis

Não há consenso sobre o método de avaliação da biodisponibilidade de metionina protegida da degradação ruminal (RPM). A mensuração das concentrações de metionina (MET) no sangue pode ser questionável devido às diferenças na tecnologia de revestimento, o que afeta a liberação de MET. Na verdade, a MET em Mepron® (85% DLM; Evonik) é protegida por etil-celulose e liberada através de um processo de "abrasão" do revestimento no transito intestinal, resultando em lento fluxo para o sangue. Em contraste, metioninas revestidas por co-vinyl-polimero (MET-cop)  tem um revestimento sensível ao pH que resulta em uma rápida liberação de MET no abomaso. Assim, a MET-cop provoca um pico de MET muito marcado, mas de curta duração no sangue, enquanto a liberação gradual do Mepron® leva a um aumento constante e médio nas concentrações de MET no sangue ao longo do tempo. A este respeito, as meta-análises publicadas não mostraram nenhuma correlação entre as concentrações de MET no sangue e o desempenho (Patton et al., 2022). Além disso, uma maior produção de proteína do leite é observada em vacas suplementadas com Mepron® em comparação com MET-cop (Patton, 2010).

A avaliação da biodisponibilidade das fontes de RPM por uma matriz que requer e usa MET - como o leite - pode ser mais confiável cientificamente. Portanto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a biodisponibilidade do Mepron® em comparação com uma MET-cop usando o método de selenometionina (Se-Met) no leite (Weiss e St Pierre, 2009). Este método é baseado na diluição do Se-Met no leite em resposta a mudanças na taxa de entrada de metionina.

O estudo foi conduzido na Ohio State University. Um total de 20 vacas em meio da lactação foram usadas em um desenho experimental de blocos aleatórios. As vacas foram agrupadas de acordo com o número de lactação, dias em lactação e produção de leite. O experimento consistiu em 3 períodos: fase basal, fase de equalização e fase experimental. Todas as vacas receberam a dieta basal sem levedura por 10 dias. Então as vacas receberam a mesma dieta, mas suplementada com Se-enriquecido Se-levedura (DiaMune Se; Diamond V Mills, Cedar Rapids, IA) por 14 dias durante a fase de equalização. Durante a fase experimental as vacas receberam a dieta de equalização complementada com Mepron® ou MET-cop (eq. 0,1% DLM). Todas as dietas eram preparadas uma vez por dia pela manhã e dadas às vacas ad libitum uma vez por dia (aproximadamente 5% residual). As vacas eram ordenhadas duas vezes ao dia.

A ingestão individual de matéria seca (DMI) e a produção de leite foram registradas diariamente durante todo o experimento. Amostras de leite para análise da composição (gordura, proteína, lactose e uréia) foram coletadas de vacas individuais por 2 dias consecutivos em cada período. A biodisponibilidade relativa do Mepron® em relação à do MET-cop (assumindo 80%) foi calculada como mostrado em Weiss e St-Pierre (2009). Resumidamente, a atividade específica do marcador (SA, relação de Se para N no leite) em vacas individuais foi usada para calcular a biodisponibilidade.

Os dados de produção foram calculados como média por vaca em cada fase (n = 10/tratamento). As médias durante o período experimental foram analisadas usando o procedimento MIXED da SAS. O modelo considerou o agrupamento e o tratamento como efeitos aleatórios e fixos, respectivamente. Além disso, o modelo incluiu como covariável as medições durante a fase de equalização.

 

Vacas suplementadas com Mepron® mostraram maior eficiência alimentar do que aquelas suplementadas com MET-cop (Tabela 1), apesar do curto período de suplementação. Numericamente, a produção de leite e o leite com correção energética (ECM) foram 1,1 e 1,4 kg mais altos com Mepron®. A composição do leite foi similar em ambas as dietas.

Tabela 1: Efeito do Mepron® e MET-cop no desempenho das vacas de lactação média