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O uso da ureia na nutrição de ruminantes

Publicado: 2 de junho de 2022
Por: Aline Rodrigues de Oliveira, Jociel Honorato de Jesus, Joálisson Gonçalves da Silva, Luciana Ferreira, Fernando Correa dos Santos
Sumário
Palavras-chave: Nitrogênio não-proteico. Bovinocultura. Nutrição.
Introdução
A ureia (CH₄N₂O) é uma composição orgânica rica em nitrogênio não proteico para a dieta de ruminantes. Ela atua estimulando o crescimento dos microrganismos conhecidos como uréases, que são as responsáveis em converter o nitrogênio no composto ureia em proteína microbiana. Neste processo ruminal,onde a amônia é hidrolisada, 1,0 g de ureia torna-se 2,9 g de proteína microbiana(1).
Sua composição é sólido branco, cristalino e solúvel em água, produzida a partir de amônia e dióxido de carbono. A liberação de amônia no rúmen é o que permite a transformação do nitrogênio em proteína(2).Esta fonte é muito recomendada devido sua disponibilidade no mercado agropecuário, baixo custo para aquisiçãoe aumento do aproveitamento de alimentos volumosos, enriquecendo a qualidade nutricional(3).
A criação de gado extensivo a pasto é o que prevalecem no Brasil, entretanto, este sistema colabora para o “efeito sanfona”, onde o rebanho engorda nas épocas chuvosas e perde parte do ganho em épocas da seca, prolongando assim seu tempo de abade no peso ideal(4). Propõe-se para contornar essa situação, a inclusão da ureia para suprir o déficit proteico, não esquecendo também de suprir a necessidade nutricional energética, visto que é um fator limitante para essa síntese proteica(5).Foram realizadas pesquisas na base de bancos de dados do Google acadêmico no ano de 2022 para a elaboração do trabalho acadêmico em questão, buscando agregar brevemente o máximo de informações essenciais referente ao tema.
Objetivo
Elencar a importânciada utilizaçãoda ureia sobre as diferentes formas de uso para ter sucesso na elaboração de novas dietas, vantagens e cuidados ao inserir em novas propriedades para evitar transtornos no rebanho, considerando desde a adaptação ao tratamento doprocesso de intoxicação.
Metodologia
No presente trabalho, compreendeu-se que, aureia contém azoto, elemento que pode aumentar o crescimento do consumidor e por possuir preços mais acessíveis e serem ofertados em pouca quantidade para suplementação, vem cada vez sendo mais escolhidos pelos produtores rurais ou invés de farelo de soja e algodão, que também são fontes potenciais em proteína. Entretanto, o produtor não capacitado para essa tecnologia pode induzir a intoxicação do rebanho, seja por não adaptação do novo elemento, longos jejuns ou categoria animal não apta ao consumo(6).
Tal composto comporta entre 42 a 45% de nitrogênio, quase um terço do que o animal precisa ingerir(7), exige o aumento gradativo semanal e pode ser adicionado algumas modalidades, como: Sal mineral com ureia, deve-se adicionar cerca de 20% de palatizantes, podendo ser fubá, quirelas e farelos de trigo ou algodão, para fazer uma mistura o mais homogenia possível e evitar o consumo da ureia em excesso acidentalmente. Nessa formade utilização observou-se maior ingestão de forrageiras, mesmo em época onde estão pouco palatáveis e mantimento do peso dos animais no período da seca. Para adaptação deve-se ofertar na primeira semana 10% de ureia e 10% de palatizante, segunda semana 25% ureia e 20% palatizante e terceira semana em diante mantem-se 40% de ureia e 20% palatizante em relação a quantia de sal mineral dado; Cana-de-açúcar com ureia é uma boa alternativa devido fácil implantação e manejo, além do período de maior disponibilidade estar de acordo com período de escassez de pastagem, deve-se preparar a ureia com sulfato de amônio na proporção 9/1 e ensacar distante de animais. Na primeira semana, oferta-se a cana-de-açúcar picada cortada em até 2 dias atrás, mais 0,5% de ureia ensacada e mais alguma fonte de enxofre, e na segunda semana pode ofertar 1% de ureia ensacada no preparo; Capim de corte com ureia, indica-se metade da oferta de ureia em relação a suplementação anterior, na primeira semana 0,25% de ureia mais capim de corte e na segunda semana 0,5% da ureia mais capim de corte. Na mistura da cana-de-açúcar e capim de corte na proporção ½, deve-se ofertar relativamente 0,35% e 0,7% na primeira e segunda semana(8).
Outras fontes bem recorridas, são: Silagens com ureia pode ser elaborada principalmente com milho, sorgo e capim-elefante na incorporação de ureia inicial de 0,25% e máxima de 0,5%, sendo adicionada de duas formas, intercalando camadas da silagem e lançando quantidades de ureia ao longo do silo ou na hora de distribuir nos cochos diluindo a ureia na água para melhor uniformização. Observou-se uma melhora no consumo de matéria seca, proteína digestiva, energia bruta e digestibilidade; Concentrados com ureia é limitado em no máximo 1 a 2%, não altera a digestibilidade dos componente mas pode diminuir a palatividade e fazer que os animais busquem separar concentrado da ureia(8).
Essa suplementação é restrita a animais com o rumem já desenvolvido, portanto, bezerros não podem consumir antes dos 3 meses de idade, não é recomendado para animais fracos e doentes que estiveram em jejum(9)e para vacas no inícioda lactação deve consumir quantidades inferiores(10). É necessário suprir a deficiência de enxofre para eficiência da ureia, na relação nitrogênio/enxofre de 12 a 15 partes para uma parte de enxofre. Valores energéticos também devemestar adequados considerando-o um dos mais influentes, além da adequação de proteínas verdadeira para disponibilização de aminoácidos pré-formados para os microorganismos(11). As instalações básicas para essa tecnologia exigemcochos bem cobertos para evitar chuvas de vento que possivelmente concentrará a ureia, elemento solúvel, para a parte inferior da instalação e volumoso/mineral ou concentrado na parte superior, visto o cuidado no consumo equilibrado de cada animal. Quanto aos sintomas da intoxicação,incluem inquietação, apatia, tremores de pele e de músculos, salivação excessiva, micção e defecação constantes, respiração ofegante, falta de coordenação motora, enrijecimento dos membros dianteiros, entumecimento do ventre, tetania, em casos graves a prostração, convulsões, asfixia, taquicardia seguido de óbito.
Manifesta-se os sintomas geralmente entre 30 a 60 minutos após a ingestão excessiva, na qual o organismo não consegue digerir corretamente e a substancia cai no sistema sanguíneo circulatórion (12). Em casos de identificação precoce, administre por via oral forçadamente 3 a 4 litros de vinagre (5% ácido acético) visando minimizar o efeito e repetindo o processo de 2 a 3 horas dependendo do quadro da sintomatologia apresentado. Em casos de urgência e não disponibilidade de vinagre, administrar 20 a 30 litros de água fria por animal para diminuir a absorção ruminal de amônia(13).
Resultados e Discussões
As formas de ofertado composto orgânicopara alimentaçãodiária,são diversas, destaca-se inserir no sal mineral, cana-de-açúcar, capim de corte, silagem e concentrado, entretanto, desde que elaborado uma dieta adequada respeitando o limite máximo de consumo de cada animal, há outras possibilidades de misturas múltiplas.Alguns parâmetros devem ser seguidos àrisca para o sucesso do procedimento. Os cuidados devem ser realizados desde a implantação, observando as instalações de cocho, escolha de categoriaanimal a ser alimentada, homogeneidade na forma de oferta, adaptação nutricional, disponibilidade suficiente de água e forrageiras na dieta, e armazenamento seguro.É de suma importância o produtor conhecer os sintomas de intoxicação, para identificar precocemente e realizar os primeiros socorros o mais rápido possível, ministrando determinadas quantidades de vinagre e água e posteriormente buscando o auxílio de um profissional médico veterinário. Em casos extremos, onde foi identificado a intoxicação avançada, dificilmente salvar-se-á o animal.
Conclusão
Verificou-se que, asuplementação com ureia é uma alternativa muitoeficiente, grande fonte para produzir mais com menos custo. Essa tecnologia exige certos cuidados,mas oferece grandes benefícios para os pecuaristas, como aumento do aproveitamento de forragens/volumosos em todas as épocas do ano além do aumento na qualidade nutricional,seja do sistema extensivo ousistema intensivo, desde que capacitado no tema em questão.
Esse artigo foi originalmente publicado em Esse artigo foi originalmente publicado em Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente - FAEMA DOI: http://dx.doi.org/10.31072 ISSN: 2179-4200 | https://revista.faema.edu.br/index.php/Revista-FAEMA/article/view/965/896. Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

1 SousaAV, et al.Ureia na alimentação animal. Ciência Veterinária UniFil, [S.l.], v. 1, n. 2,2018. ISSN 2595-7791. Disponível em: <http://periodicos.unifil.br/index.php/revista-vet/article/view/53>. p. 01-02

2 Paula AAG, et al. Ureia polímero e ureia pecuária como fontes de nitrogênio sóluvel no rúmen: parâmetros ruminal e plasmático. Ciênc. anim. bras. [Internet]. 2009. Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/vet/article/view/5884>.p. 02

3 Pereira LGR, et al. Utilização da ureia na alimentação de ruminantes no semi-árido. Biotecnologia e sustentabilidade: anais. Lavras: UFLA: SBZ, 2008.Disponível em: <https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/161870/1/OPB2269.pdf>. p. 01

4Paim ML, et al. Desafios e dificuldades da criação de gado bovino de corte na Serra Gaúcha. XV mostra de iniciação científica, pós-graduação, pesquisa e extensão: programa de pós-graduação em administração UCS, 2015. p. 05

5 Townsend CR, et al. Uréiapecuária: alternativa para a produção de carne e leite em Rondônia.Porto Velho: EMBRAPA-CPAF Rondônia, 1998. (EMBRAPA-CPAF Rondônia. Circular Técnica, 37).p. 06

SousaAV, et al.Ureia na alimentação animal. Ciência Veterinária UniFil, [S.l.], v.1, n. 2,2018. ISSN 2595-7791.

7 SousaAV, et al.Ureia na alimentação animal. Ciência Veterinária UniFil, [S.l.], v. 1, n. 2,2018. ISSN 2595-7791. Disponível em: <http://periodicos.unifil.br/index.php/revista-vet/article/view/53>. p. 05

Guimaraes JR, et al. Ureia naalimentação de vacas leiteiras.Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2007.(Embrapa Cerrados. Documentos, 186).p. 03-09

9 Townsend CR, et al. Uréiapecuária: alternativa para a produção de carne e leite em Rondônia.Porto Velho: EMBRAPA-CPAF Rondônia, 1998. (EMBRAPA-CPAF Rondônia. Circular Técnica, 37).p. 11

10 Guimaraes JR, et al. Ureia naalimentação de vacas leiteiras.Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2007.(Embrapa Cerrados. Documentos, 186).p. 26

11 Lopes HOS, et al. Recomendações técnicas para a utilização da ureia pecuária na alimentação animal. Planaltina: Embrapa Cerrados,2000. (Circular Técnica, n.8) p. 10-11

12 Townsend CR, et al. Uréiapecuária: alternativa para a produção de carne e leite em Rondônia.Porto Velho: EMBRAPA-CPAF Rondônia, 1998. (EMBRAPA-CPAF Rondônia. Circular Técnica, 37).p. 11

13 Guimaraes JR, et al. Ureia naalimentação de vacas leiteiras.Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2007.(Embrapa Cerrados. Documentos, 186).p. 26.

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