Emissões de GEE
Outra externalidade negativa gerada pela atividade pecuária é a emissão de GEE. Com o aumento da preocupação mundial com o aquecimento global, esse assunto tem tomado destaque na mídia. Devido ao grande número de animais existentes no mundo todo, estimativas mostram que o rebanho bovino emite cerca de 9% do total desses gases gerados por ação humana. Essa participação é maior que setores visto como poluidores, como é o caso do setor de transportes. No Brasil, por exemplo, – se forem excluídas as emissões de GEE geradas pelas queimadas e desmatamentos – a pecuária (considerando gado de corte e de leite) torna-se a maior fonte emissora, com mais de 260 mil Gg de CO2eq., o que equivale a mais de 42% das emissões de GEE.
Matriz de emissões de CO2 por setor de atividade e participação no total sem considerar as emissões de mudança do uso do solo (em Gg de CO2 equivalente).A tabela a seguir mostra a emissão de metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) da pecuária e da agricultura em relação ao Produto Interno Bruto - PIB do setor em 1994, indicando que a primeira emite um volume de GEE cerca de 40 vezes maior para produzir uma unidade do PIB gerado. Assim, para cada bilhão de R$ que a pecuária gerou de PIB, naquele ano, foram emitidas 243 toneladas de CH4 e 6 toneladas de N2O. Já a agricultura como um todo emitiu 5,5 toneladas de CH4 e 3,5 toneladas de N2O para cada bilhão de reais produzidos.
Relação entre emissões e unidade de PIB da pecuária e da agricultura, para o ano de 1994Neste mesmo ano, para se produzir um litro de leite foram emitidos aproximadamente 80 kg de CH4; a produção de uma tonelada de carne resultou na emissão de 1,3 t de CH4.
Relação entre emissões e unidade de produção da pecuária de leite e de carne, para o ano de 1994As emissões brasileiras foram estimadas pela Embrapa de acordo com a metodologia sugerida pelo IPCC e estão expressas no documento “Emissões de Metano da Pecuária – Relatórios de Referência” (Embrapa, 2006). Destaca-se o elevado grau de incerteza das estimativas decorrente da imprecisão ou mesmo da ausência de alguns dados considerados relevantes. O quadro abaixo resume os principais pontos sujeitos a questionamento.
Incertezas acerca da metodologia utilizada para o cálculo das emissõesEstratégia de mitigação dos impactos ambientais A fermentação entérica é a responsável pela produção de gás metano no rumem do animal, eliminado através da eructação. A produção desse gás está muito ligada à qualidade da alimentação que o animal ingere, sendo que quanto melhor a digestibilidade do alimento, maior a emissão diária de metano. Assim, estudos mostram que o primeiro passo na tentativa de diminuir a participação da bovinocultura no aquecimento da temperatura global seja o aumento da produtividade, através do fornecimento de alimentos de melhor qualidade. Apesar de o aumento das emissões diárias, essa ação diminuiria o tempo de vida de um animal e, segundo pesquisadores, poderia diminuir 10% da emissão de metano por quilo e carne produzida.
Com isso, torna-se importante o incentivo à adoção de sistemas mais intensivos de produção, podendo ser citados: melhoria de pastagens e implantação do sistema rotativo; semiconfinamento e confinamento; e sistemas alternativos como a integração lavoura-pecuária e sistemas silvipastoris.
Projeções
Para se ter uma idéia da relação entre aumento da produtividade e queda na emissão de GEE, Barioni et. al. (2007) mostrou que, se a eficiência produtiva continuar aumentando às mesmas taxas dos últimos 15 anos, é provável que em 2025 a produção seja 25% maior, com os níveis de emissão de GEE apenas 3% maiores, com uma redução de 18% na relação kg CH4/ kg de carne produzida.