1 INTRODUÇÃO.
O principal objetivo da inseminação artificial é promover a melhoria da base genética do rebanho por meio da utilização de sêmen de reprodutores de elevada capacidade produtiva e reprodutiva e que possuam habilidade de transmitir características de importância econômica. Podem-se citar também outras vantagens, tais como: o controle de doenças da esfera reprodutiva, a segurança devido à eliminação de touros agressivos, a introdução de raças européias e a disponibilidade de registros reprodutivos (VALLE et al.,1998).
A melhoria do rebanho poderá possibilitar ao produtor, que cria gado destinado ao abate, maior lucratividade atendendo melhor ao mercado consumidor, oferecendo ao mercado um produto diferenciado (SANTOS ., 2001).
No Brasil, somente de 3% a 5% do rebanho bovino de corte utiliza a inseminação artificial. Uma das grandes limitações à sua expansão está relacionada com o sistema extensivo de exploração da pecuária. No entanto, esta tecnologia proporciona ao produtor a oportunidade de melhorar o desempenho produtivo do seu rebanho, mediante a utilização do sêmen de reprodutores de alto potencial genético (VALLE et al.,1998).
Segundo dados da ASBIA (2007), a venda de sêmen nacional ou importado bovino para a utilização na inseminação artificial no gado de corte brasileiro cresceu 354,67% no período de 1988 a 2007.
A engorda confinada proporciona lotação mais elevada que os regimes de pastejo, mas a arroba produzida em confinamento é mais cara. As vantagens do confinamento são, redução da idade de abate do animal, produção de carne de melhor qualidade, aumento do desfrute reduzindo a ociosidade dos frigoríficos na entressafra, maior giro de capital, melhor aproveitamento das áreas de pastagens para outras categorias animais e elevada produção de adubo orgânico. A diminuição da idade de abate melhora a qualidade da carne, mas não melhora a remuneração adicional pela qualidade de produção, a única diferença no preço pago pelos frigoríficos está entre a carne de vaca e a de boi (Peixoto et al., 1988).
Segundo vários autores (Restle, 1999; Vaz et al. 1999), o maior crescimento da pecuária de corte brasileira passa por uma redução da idade de abate dos machos, que resulta em melhoria na qualidade da carne oferecida ao consumidor, sendo que os sistemas mais intensivos e lucrativos da pecuária de corte, atualmente, são aqueles que conseguem abater os machos com até dois anos de idade.
O sistema de acasalamento mais empregado na pecuária de corte extensiva é a monta em campo. Nesse regime de acasalamento, os touros permanecem junto ao rebanho de fêmeas durante toda a estação de monta, eliminando o trabalho diário de identificação dos animais em cio. Esse sistema onde vários touros são mantidos no mesmo pasto com as fêmeas é denominado de acasalamento múltiplo. As principais desvantagens são o desconhecimento da paternidade das crias, que impossibilita a comparação do desempenho reprodutivo e produtivo dos diferentes touros, e o desgaste destes devido ao número repetido de cobrições que uma mesma fêmea recebe de um ou mais touros. (VALLE et al., 1998). Na pecuária de corte, o sistema extensivo de criação tem dificultado a adoção da inseminação artificial, por causa da dificuldade na observação diária do cio, por longos períodos (VALLE et al., 1998).
O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto da utilização da inseminação artificial em um rebanho de corte analisando o peso de carcaça e o valor de venda de animais em confinamento, comparando filhos de touros em monta natural ou oriundo de IA.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Os dados foram coletados na agropecuária Paquetá do grupo Paquetá município de Ponta Porã-MS, onde foi comparado o desempenho em confinamento de animais filhos de touros nelores gerados pela inseminação artificial e de monta natural, que não obtiveram índice para ser emitido o Certificado de Identificação e Produção (CEIP) no programa de melhoramento genético da Conexão Delta G. Foram utilizados os dados referentes a 266 novilhos da raça nelore com 21 meses de idade, terminados em confinamento, onde 128 desses animais foram gerados pela inseminação artificial e 138 gerados pela monta natural. Os animais foram mantidos sob as mesmas condições de alimentação no período de pré avaliação, que teve a duração média de 108 dias. Durante o período de avaliação, os animais foram mantidos em confinamento descobertos, precedido de um período de adaptação de 14 dias, em que os animais foram adaptados ao manejo e à dieta.
O teor de proteína bruta da dieta foi de 21%, o volumoso oferecido aos animais era silagem de Sorgo consorciado com capim Monbaça e o concentrado foi constituído de silagem de grão úmido, caroço de algodão, farelo de soja e uréia. A oferta de da dieta era à vontade, duas vezes ao dia. Os animais foram pesados no início e final do período de confinamento, observando-se jejum de sólidos de 12 horas antes de cada pesagem e conduzidos ao frigorífico para serem abatidos, de onde foram coletados os dados de cada animal.
Por ocasião da avaliação do rendimento de carcaça os animais receberam uma nota para cobertura de gordura na carcaça da seguinte forma, 1 uniforme, 2 mediana e 3 escassa. Essas medidas da avaliação são fornecidas pelo local onde são abatidos os animais num critério de avaliação interno da empresa.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A média geral de peso da carcaça dos animais avaliados (gráfico 1), foi de 289 kg e a média ponderada dos animais oriundos de IA e RN foram de 298 kg e 282 kg, respectivamente. Ouve um aumento de 16kg de carcaça por animal demonstrando que a utilização de animais selecionados para ganho de peso é extremamente viável o que pode ser observado no gráfico 2.
Se analisarmos os animais filhos de IA, observa-se que os filhos do touro Pa1116/01 foram os que tiveram menor média de peso de carcaça, demonstrando que para esta característica em especial eles não agregaram resultados e sendo inclusive inferior aos animais filhos de RM, salientando que este animal estava sendo testado, comprovando sua ineficácia para ganho de peso.
Apresentando-se um resumo da análise de rentabilidade da atividade estudada (gráfico 2), demonstra que o total de animais abatidos foram provenientes da venda de 266 bovinos, totalizando 5.148,45@, ao preço médio de R$76,00/@ no período de inicio do mês de maio 2008, e peso médio de venda de 19,35@. Os animais gerados pela inseminação artificial tiveram 6% a mais de peso em relação aos animais gerados pela monta natural. Isso ocorre pelo fato de estar melhorando geneticamente, com a escolha de animais melhoradores de rebanho, o que resulta num alto índice de ganho por animal, representando um maior peso em relação àqueles provenientes de monta natural, com uma média de R$1510,00 por animal. Já aqueles que foram oriundos pela monta natural tiveram uma média de R$1428,00 tendo uma diferença entre IA e RM em R$82,00 o que resultaria em um acréscimo de R$11.316,00 a mais para a fazenda só nos animais provenientes da monta natural.
Essa diferença de R$11.316,00 pode gerar uma quantidade de 943 doses de sêmen do touro Diamante que foi o animal que obteve maior peso de carcaça, comercializado a R$12,00 á dose. Essa quantidade pode gerar numa estimativa de 800 crias desse touro, o que renderia pela média desse trabalho um valor de R$1.292.000,00.
O aumento das médias de produção nos rebanhos de gado é em parte devido à melhoria genética obtida na IA aliado a sêmen de touros provados lideres de sumários, fator que tem sido o responsável pelo melhoramento dos rebanhos em toda à pecuária desenvolvida. Infelizmente, no Brasil o uso da IA tem sido muito limitado, com isso é importante que se avalie economicamente o uso IA versus a utilização de touros em monta natural (ASBIA 2004).
Diante das exigências mercadológicas, o melhoramento por animais mais aptos à produção de carne resulta em produzir e ofertar aos frigoríficos carcaças de bovinos selecionadas quanto ao peso, qualidade e preço, para que possam ser competitivas assim atingindo um padrão de qualidade superior agregando mais valor ao produto(BARBOSA,2007).
4 CONCLUSÕES
Os animais filhos de IA apresentaram melhor desempenho nas categorias de peso final de carcaça, acabamento de carcaça e rentabilidade financeira , aumentando em 6% a produção de peso, cerca de 1@ a mais por animal.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
ASBIA-Associação Brasileira de Inseminação Artificial. Manual do inseminador. São Paulo: Imagem Rural, 1997.
ASBIA-Associação Brasileira de Inseminação Artificial. Relatório estatístico de produção, importação e comercialização de sêmen. São Paulo: Imagem Rural, 2007.
ASBIA-Associação Brasileira de Inseminação Artificial. Aplicativo para cálculo do custo da monta natural e da inseminação artificial em bovinos. São Paulo: Imagem Rural, 2004.
BARBOSA, V. Implementação da Amostragem de Gibbs no Estudo de Parâmetros Genéticos das Características Peso Vivo e Espessura de Gordura em Bovinos da Raça Nelore. 44ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia,Unesp - Jaboticabal:2007.p 1
PEIXOTO, A. M.; HADDAD, C. M.; BOIN, C.et al. O confinamento de bois. 2.ed. Rio de Janeiro: Globo, 1988.
RESTLE, J. Confinamento, pastagens e suplementação para produção de bovinos de corte. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 1999. 259p
SILVEIRA, J.M.; FONSECA, M. G. Inovações biotecnológicas na pecuária bovina brasileira: inseminação artificial e transferência de embriões. In: SIMPÓSIO DE GESTÃO A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 20. São Paulo, 1998
SANTOS, M.C. Adoção de inseminação artificial na produção de bovinos reprodutores: um estudo do impacto na gestão das propriedades rurais. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2001. 140p
VALLE, E.R.do; ANDREOTTI, R.; THIAGO, L.R.L. de S. Estratégias para aumento da eficiência reprodutiva e produtiva em bovinos de corte . Campo Grande: EMBRAPA-CNPGC, 1998. 80p. (EMBRAPA-CNPGC.Documentos, 71).
VAZ, F.N.; RESTLE, J. Produção de carne com qualidade. In: RESTLE, J.; BRONDANI, I.L.; PASCOAL, L.L. et al. (Eds.) Produção intensiva com qualidade em bovinos de corte. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 1998. p.104-119.
VAZ, F.N.; ROSO, C.; VAZ, R.Z. Gerenciamento visando a eficiência econômica da pecuária de corte. In: RESTLE, J. (Ed.) Confinamento, pastagens e suplementação para produção de bovinos de corte. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 1999. p.232-258.
Gráfico 1: Médias do peso de carcaça
Gráfico 2: Análise da rentabilidade
**O trabalho foi originalmente publicado pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.