1Aluna de Doutorado - PG em Nutrição e Produção Animal/FMVZ/UNESP/Botucatu, SP. 2Professor Doutor do Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal, FMVZ/UNESP/Botucatu, SP. 3Professor Doutor do Departamento de Produção Animal, FMVZ/UNESP/Botucatu, SP. 4Professor Doutor do Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal, FMVZ/UNESP/Botucatu, SP. 5Professor Doutor do Departamento Produção Animal, FMVZ/UNESP/Botucatu, SP. 6Aluno de Pós Graduação em Nutrição e Produção Animal/FMVZ/UNESP/Botucatu, SP.
INTRODUÇÃO
Em sistemas de produção intensiva de carne a obtenção da máxima eficiência biológica, aliada a rápida deposição do tecido muscular esquelético representam as variáveis capazes de determinar o sucesso na adoção de tecnologia (WILLIAMS et al., 1995). Para tanto, os programas de cruzamentos industriais e a importação de raças geneticamente superiores tem aumentado a cada ano, visando a produção de novilhos precoces e superprecoces (SILVEIRA, 1995). Inúmeros estudos de qualidade de carne têm demonstrado que a medida da área do músculo longissimus dorsi (AOL) entre a 12ª e 13ª costelas pode ser utilizada como estimativa da musculosidade do animal e rendimento de cortes cárneos de alto valor comercial (CROUSE et al., 1975). A avaliação por ultra-som permite monitorar em tempo real o crescimento tecidual e vem sendo utilizada para determinar ponto de abate em animais zebu e de cruzamentos uma vez que auxilia na tomada da decisão uma vez que há penalizações por parte dos frigoríficos por falta de acabamento nas carcaças. Outro aspecto é o uso das medidas de AOL e EGS nos cálculos de DEP’s em raças especializadas para produção de carne (ARRIGONI, 2003). Segundo SILVEIRA (2003), os animais superprecoces para estarem em ponto de abate necessitam apresentar no mínimo 16 @, EGS maior que 3,5 mm e AOL maior que 68 cm2. Este trabalho objetivou acompanhar o crescimento muscular e a deposição subcutânea do tecido adiposo em bovinos superprecoces com diferentes proporções de sangue Nelore nos cruzamentos com a raça Aberdeen Angus.
MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi realizado no confinamento experimental do departamento de Melhoramento e Nutrição Animal da FMVZ, UNESP, Botucatu,SP. Foram utilizados 54 bovinos inteiros jovens sendo 18 Nelore, 18 Brangus, e 18 ½ Aberdeen Angus x Nelore, com idade média inicial de 8 meses e com 250 kg de peso médio inicial. Para a análise de ultra-som foram utilizados todos os animais do ensaio. A avaliação da área do músculo longissimus dorsi (AOL) e espessura de gordura subcutânea (EGS) dos animais foi realizada a partir de imagens obtidas entre a 12a e a 13a costelas conforme, técnica descrita por PERKINS et al. (1992) e modificada por GRESHAM (1998), utilizando aparelho de ultra-som veterinário PIE MEDICAL - Scanner 200, com uma sonda linear de 17,2 cm e 3,5 MHz(Sector Curved Array Scanner, modelo 51B04UM02). Após o resfriamento das carcaças por 24 horas colheu-se amostras da seção entre a 12ª e 13ª costelas para a determinação da AOL, obtida através da utilização da régua de quadrantes de pontos, e EGS através de mensuração com paquímetro. Para verificar as diferenças entre as medidas das variáveis das características de carcaça foram realizadas análises estatísticas pelo procedimento GLM do SAS (1996) e comparadas as médias dos quadrados mínimos pelo teste de Tukey (P< 0,01).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Apesar da idade dos animais no início do confinamento ter sido semelhante, os animais Nelore apresentaram AOL inicial menor (P< 0,05) que os animais das raças Brangus e ½ Aberdeen Angus (TABELA 1). A fase de crescimento pré-desmama tem influência importante nas taxas de ganhos em peso e na composição da carcaça, de modo que a obtenção de maiores pesos ao desmame refletem positivamente na economicidade e eficiência do sistema superprecoce, uma vez que, explora a fase de melhor conversão alimentar (ARRIGONI, 2003). Como a medida do ultra-som está positivamente correlacionada com o peso vivo pode-se inferir que os maiores valores encontrados para os demais grupos genéticos foram coerentes com os maiores peso ao desmame (Nelore, 241,4 kg; Brangus, 300,06 kg e1/2 Aberdeen Angus x Nelore, 318,56 kg). O sistema de produção de animais para abate com até 15 meses, no mínimo 16@, AOL maior que 68 cm2 e EGS acima de 3,5 mm, vem revelando as necessidades de conciliação entre número de dias necessários no confinamento e adequado manejo alimentar, para cada grupo genético, a fim de tornar o sistema mais eficiente economicamente. Neste sentido, alcançar o ponto de abate, levando-se em consideração tais índices, indica que quanto maior o peso ao desmame, maior também será a chance de abate-los ao 15 meses de idade com a terminação desejável. No presente estudo os valores de EGS na carcaça e no primeiro período estimado por ultra-som apresentaram maiores valores significativos para os animais Brangus e ½ A.A. (P< 0,01), diferença esta não encontrada nos valores de ultrasom no segundo período analisado. Alguns grupos genéticos, oriundos de cruzamento de zebuínos x 3/4 taurinos, vêm demonstrando resultados promissores para o abate de que favorecem os requisitos de peso de abate e AOL, porém a EGS, ou o grau de acabamento, depende de fatores genéticos associados com a manejo alimentar e as exigências nutricionais. A dieta nos primeiros 80 dias de confinamento tem por objetivo, no sistema superprecoce, atender a exigência de crescimento, portanto, os níveis de proteína bruta estão em torno dos 16 a 17%, buscando-se a obtenção de maior aporte nos teores de proteína metabolizável (NRC, 1996). Nesta fase, no presente estudo, os animais mestiços, revelaram maior ganho de tecido magro, respondendo com taxas maiores de ganho de peso (Nelore, 1,06 kg; Brangus, 1,37 kg; e ½ Angus, 1,67 kg), revelado pelos maiores valores da AOL (TABELA 1). Nos últimos 70 dias, diminui-se os níveis protéicos, aumentando os energéticos, favorecendo a porcentagem de concentrado em relação ao volumoso, assim os animais mestiços continuaram respondendo ao crescimento muscular e o Nelore, iniciou sua fase de deposição de tecido adiposo revelado pela EGS, que por ocasião do abate foi semelhante aos demais grupos (TABELA 1). Por outro lado os dias de confinamento necessários para que o Nelore atingisse peso, AOL e EGS, foi maior em 60 dias do que os demais grupos, dificultando economicamente o confinamento deste grupo genético. A composição corporal e a quantidade de carne produzida na carcaça têm importância fundamental na determinação da eficiência biológica. Conhecendo-se estes fatores para animais de diferentes tamanhos à maturidade e taxas de crescimento é possível otimizar os recursos alimentares para cada genótipo, ponto crítico para a eficiência do processo de produção de bovinos superprecoce, abatido entre 12 e 15 meses de idade. Apesar da idade dos animais no início do confinamento ter sido semelhante, os animais Nelore apresentaram AOL inicial menor (P< 0,01) que os animais Brangus e ½ AA. A fase de crescimento pré-desmame tem influência importante nas taxas de ganhos em peso e na composição da carcaça, de modo que a obtenção de maiores pesos ao desmame refletem positivamente na economicamente o confinamento destes grupos genéticos.
Tabela 1. Valores médios de Área do musculo Longissimus Dorsi: Inicial (AOL1), final (AOL2), da carcaça (AOLC) e Espessura de Gordura Subcutânea: Inicial (EGS1), final (EGS2) e da carcaça (EGSC) e escore visual de marmorização (MAR) de bovinos jovens de diferentes grupos genéticos.
CONCLUSÕES
Os animais Brangus e ½ Nelore x ½ A.Angus atingiram o ponto de abate, preenchendo o requisitos de peso, AOL e EGS, 60 dias antes do que os animais da raça Nelore, fato este relevante na composição dos custos na terminação em confinamento. O monitoramento através de ultra-som permitiu o acompanhamento do crescimento dos tecidos revelando as diferenças existentes entre os grupos genéticos quanto a AOL e EGS, auxiliando na tomada de decisão para o ponto de abate destes animais.
Publicado originalmente na REDVET. Revista Electrónica de Veterinaria, 2007. REDVET Rev. electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet Vol. VIII, Nº 6, Junio/2007– http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n060607.html