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Estimativas das emissões de metano em Minas Gerais e no Brasil

Publicado: 8 de janeiro de 2013
Por: Heloisa Carneiro, Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, e Juliana de Souza Bento Faria e Marcela Macedo de Martin, estagiárias da Embrapa Gado de Leite.
Figura 1. Pecuária leiteira e a emissão de metano em Minas Gerais e no Brasil.
Fonte: Adaptado do Relatório da Embrapa Gado Leite, 2007.
Estimativas das emissões de metano em Minas Gerais e no Brasil - Image 1
A procura de uma solução para problemas climáticos vem mobilizando todo país. Dentre os quais se inclui o gás metano, resultante da digestão de ruminantes, e que contribui vinte e três vezes mais para o aquecimento da atmosfera do que o dióxido de carbono. De acordo com um relatório da ONU de 2006, afirma que este contribui com cerca de dezoito por cento dos gases de efeito estufa produzidos a cada ano pela pecuária. O aumento da concentração desses gases provoca o aquecimento da superfície terrestre e a destruição da camada de ozônio na atmosfera.
Segundo dados de levantamento da Embrapa Gado de Leite observou-se que para o Estado de Minas Gerais, as emissões de metano proveniente da pecuária leiteira foram estimadas em 1,22 t/ano/animal em 1990 a 1995 e no período de 1995 a 2000 estas emissões decresceram para 1,06 t/ano/animal em 2000. Atualmente estas emissões estão sendo estimadas em 1,15 t/ano/animal, conforme mostra a Figura 1.
Já no Brasil, no período de 1990 a 1995, as emissões de metano proveniente da fermentação entérica foram de 8,8 t/animal/ano; segundo dados obtidos pelo Anuário Estatístico do Brasil (1997). No período compreendido entre 1995 a 2000, ocorreu um aumento de 4,5% comparado ao período anterior, porém, não foi observado acréscimo no intervalo de 2000 a 2005. A estimativa para 2010 é que essas emissões atinjam a casa de 9,4 t/animal/ano, de acordo com o site sinceblogs (Figura 2).
Figura 2. Gráfico da distribuição da emissão de metano por setor
Fonte: Adaptado Embrapa Meio Ambiente, 2008
Estimativas das emissões de metano em Minas Gerais e no Brasil - Image 2
Segundo Primavesi, o Brasil ao assinar o protocolo de Kyoto, o qual, entre outras, trata do diagnóstico e da aplicação de medidas de redução de gases de efeito estufa, teve necessidade de conhecer melhor os sistemas de produção responsáveis pela emissão de metano, como os arrozais irrigados por inundação e, em especial, os sistemas de produção de bovinos, sendo o Brasil detentor do maior rebanho comercial do mundo.
Na Figura 2 pode-se observar as emissões setoriais de metano no Brasil com suas respectivas porcentagens, mostrando que a maior parcela de emissão é representada pela fermentação entérica de gado. Assim, o metano, além de ser caracterizado como importante gás de efeito estufa, segundo Cotton e Pielke (1995), contribui também com cerca de 15% para o aquecimento global, tendo relação direta com a eficiência fermentativa do rúmen, em virtude da perda de carbono e conseqüentemente perda de energia, resultante de um maior ou menor desempenho animal.
Figura 3. Gráfico com o número de cabeças para os diversos rebanhos
Fonte: Adaptado Embrapa Meio Ambiente, 2008
Estimativas das emissões de metano em Minas Gerais e no Brasil - Image 3
Segundo o IBGE, a população bovina em 2006 correspondia a 172 milhões de cabeças. Atualmente esse valor foi estimado corresponde a 227 milhões, considerando búfalos, ovelhas, cabras e suínos. Observando a Figura 3, podemos constatar a discrepância de valores em relação aos bovinos e demais animais onde os mesmos representam mais de 200 milhões de cabeças.
Figura 4. Gráfico da emissão de metano para o rebanho bovino em gramas/hora.
Fonte: Adaptado Odo Primavesi (2004)
Estimativas das emissões de metano em Minas Gerais e no Brasil - Image 4
A emissão de metano por vacas em lactação encontra-se no intervalo de 13,8 a 16,8 g/hora. Já em vacas secas esta emissão é menor e encontra-se ao redor de 11,6 a 12,3 g/hora e para as novilhas este valor foi de 8,5 g/hora, como se pode verificar na Figura 4, segundo Primavesi (2004).
Diante do exposto, podemos sugerir que a emissão de gases de efeito estufa, em especial o metano, está intimamente ligado à qualidade dos alimentos ingerido pelos ruminantes e outros animais. O sistema de produção animal no Brasil deverá estar preparado para atender às exigências da sociedade mundial, quanto à conservação da água, do solo e do bem estar animal, procurando mitigar os efeitos da produção animal perante o meio ambiente. A crescente preocupação mundial com o meio ambiente justifica a busca por fontes alternativas de energia, colocando o biodiesel no centro das atenções e interesses. Diversos países, dentre eles o Brasil, procuram o caminho do domínio tecnológico desse novo biocombustível, tanto a nível agronômico como industrial e o aproveitamento de seus co-produtos como mitigadores de metano.

**O artigo foi originalmente publicado pelo Centro de Inteligência do Leite (CILEite), coordenado pela Embrapa Gado de Leite.
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Autores:
Heloisa Carneiro
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