Uma pergunta. A adubação química não é efêmera, também? Questão de pesquisar... Não estaria dentro do escopo falar sobre este assunto –Adubação Verde – então vamos aproveitar a oportunidade e nos demorarmos um pouco mais neste assunto, mesmo porque se torna interessante citar que a Adubação Verde promove e até intensifica as seguintes ações:
Em termos de lixiviação, recicla alguns nutrientes dispostos em camadas mais profundas do solo;
Descompacta, altera a estrutura do solo, permite uma melhor oxigenação, via aeração. E se tal ocorre inevitavelmente ás ações descritas a seguir acontecerão:
Aumenta sim, a capacidade e a possibilidade de que as águas das chuvas possam ser mais bem utilizadas e armazenadas, mantendo o solo mais úmido;
Dois fatores interagindo. A cobertura verde e a capacidade de armazenamento de água aumentada, acredita-se que a variação da amplitude da curva, em termos de oscilações de temperatura ou variação térmica tanto de dia como de noite, tende a diminuir. Esta quase estabilidade favorece de certo modo a ação microbiológica de bactérias, fungos, leveduras e etc;
Se tal estabilidade térmica ocorre, o controle de nematóides fitoparasitas ou fitoparasitos passa a ser melhor controlado;
Isto ocorre também pela ação intensificada no quesito biologia do solo, ou será uma ação integrada que poderia sugerir um novo termo “Agrobiologia telúrica”?
Em geral quando se parte para uma exploração do tipo Pecuária Orgânica de Corte, nem sempre as melhores áreas são a ela destinada, ao se lançar mão da adubação verde ocorre uma melhoria considerável de fertilidade, chegando ao limiar de recuperar solos degradados;
E para que tal venha a ocorrer supre de matéria orgânica o solo. Objetivo fim para uma Pecuária Orgânica de Corte;
E na seqüencia direta ocorre o fornecimento de nitrogênio atmosférico natural, via fixação biológica pelas plantas.
Acredita-se e até se comprova que ocorra uma melhora no aproveitamento de corretivos e de adubações. No caso aqui de Pecuária Orgânica, a formulação sintética –NPK- não se aplica. Mas sim quando de forma natural, se admite;
A produção de fitomassa, ou grande volume de massa verde colabora para a formação de cobertura morta. Ação direta em termos da regulação térmica do solo diminui a perda de água por evaporação, mantém de certa forma a umidade do solo (citado anteriormente).
Se tais ações são de efeitos conjugados, há de se esperar que ocorram outras ações correlatas como a redução significativa da presença de plantas indesejáveis para o tipo de cultura implantada e a ser implantada, comumente citada como plantas daninhas. Termo que deve ser objeto de discussão. Até que ponto uma planta deve ou pode ser considerada como daninha, em um mundo holístico e dentro de um pensamento de ações onde nada se perde e tudo se transforma? Uma planta desde que exista ela tem a sua utilidade em termos naturais, não só por ser uma planta competitiva e que contrarie os interesses fins, é que pode ou deve ser considerada daninha. Exemplo – tiririca – fitohormônio; Caraguatá – melhor mel para expectoração; Teorias a parte...
Naturalmente quando se melhoram as condições do solo, sempre haverá a presença de plantas oportunistas que vicejarão com mais propriedades e provavelmente algumas patologias seriam esperadas. Mas ao se usar mão da Adubação Verde, tal situação fica reduzida quando não totalmente controlada.
Chama a atenção que ao se implantar uma cultura – no caso pastagens – as novas plantas ou mudas recebem a proteção natural contra a intensa ação dos raios solares e em muitos casos ocorre uma proteção direta contra erosão. Dependendo é lógico do tipo de plantio...
Até então falamos sobre vários assuntos e não se fez referência alguma a respeito do tempo de “vazio ecológico” e nem tão pouco das exigências ditas como técnico-orgânicas para a implantação de uma Pastagem Orgânica. Para falar sobre Protocolos seria necessário algo como duzentas a trezentas laudas em papel A-4, o que não é o caso aqui, mas que poderia ser interessante constituir-se um grupo de trabalho para definir tal em termos de Tocantins. E por qué não?
Como citamos antes, as pastagens orgânicas em geral se implantam em áreas que já foram utilizadas até como pastagens convencionais, onde recentemente ou em priscas eras foram usados adubos químicos, defensivos agrícolas de um modo geral. O raciocínio seria de que haveria a possibilidade de ainda permanecer no solo, alguns resíduos de clorados, organofosforados e etc. Como resolver a questão e como lucrar com tal situação?
Quando da existência de um Protocolo Específico, haveria a necessidade de se coletar amostras de solo e buscar uma análise específica em relação aos resíduos químicos. Quando não, acreditar nas informações e apontamentos (se houver), informando que em um espaço de tempo, não inferior a dois anos, não se fez nenhum uso de tais produtos.
E como lucrar então? O uso dos corretivos e suportes nutricionais minerais podem e devem auxiliar na implantação de uma lavoura de grãos, que mesmo tendo uma resultante financeira diminuta, aumenta consideravelmente os gradientes orgânicos desejados. À medida que a orientação técnica, adicionada à orientação ecológica e financeira se entenderem (isto é difícil...) pode-se manter um ciclo cultural pelo período de dois anos, crescendo de forma exponencial as vantagens e as capacidades produtivas almejadas. Observe-se com muita atenção o quesito –leguminosas-, sistema de Integração Lavoura – Pecuária e sem deixar de lado nestes dois anos a rotação de cultura.
Pronto.
Estamos já de posse uma significativa parcela atingida para a implantação de um sistema produtivo orgânico, relacionado com a Pecuária de Corte. Orgânica, sobretudo.
Mas falamos até então de adubação orgânica verde vegetal. E a adubação orgânica animal, não entra no assunto?
2)Vamos ver então de que forma tal seria possível ou não..
A priori ao se iniciar a implantação de um sistema de pastoreio orgânico, as vertentes orgânicas: vegetal e animal se complementariam. Dificilmente um sistema de pastagens orgânicas conta com este tipo de material. A solução? Aguardar a produção dos dejetos sólidos e líquidos que, após sofrer ações bacterianas – aeróbias e anaeróbias - , advindos de bovinos criados sob o regime orgânico, seriam incorporados as pastagens. Outra solução, difícil e cara e não menos arriscada, seria a de adquiri-lo...
Estamos nos aproximando do momento de dar inicio à criação de bovinos de corte, sob o regime orgânico. Vamos nos reportar para o regime de confinamento. E então começam novamente as preocupações. Listando-as:
Qual a origem dos bovinos a serem confinados?
Sob que regime foram eles criados até o momento da entrada no confinamento?
A(s) propriedade(s) que forneceram os bovinos praticam os mesmos princípios da Pecuária Orgânica?
A propriedade pratica que tipo de criação? Ciclo completo? Desmama? Recria?
Qual a importância destas colocações?
Partindo-se da premissa que uma propriedade que pretende se dedicar a produzir bovinos de corte, sob o regime orgânico, deverá apresentar no mínimo matrizes bovinas criadas organicamente, quando não muito próximas de tal.
Todos os procedimentos destinados a produção de bovinos de corte orgânicos deverão, como anteriormente citamos, estar atrelado a um Protocolo Técnico, no qual se compromete à adoção dos preceitos focados, na criação deste tipo.
Os procedimentos:
Alimentação e Nutrição;
Bem Estar Animal;
Sanitários;
Vermifugação;
Combate a ectoparasitas;
Dessendentação;
Devem fazer parte dos Protocolos –Pecuária Bovina Orgânica de Corte -, mas ainda falta um componente essencial: Diploma Legal que dê a devida orientação e sustentação para este segmento. Veremos mais adiante.