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Uma nova forma de produzir ou uma nova forma de buscar um novo nicho de mercado? Parte II

Publicado: 20 de maio de 2013
Por: Romão Miranda Vidal, Médico Veterinário.
Existem ainda ações intervencionistas diretas, no sentido de proteger e até de tratar as plantas, quando sob efeitos que venham a comprometer o seu desenvolvimento e objetivos. Uso de compostos orgânicos de origem vegetal somados a compostos orgânicos de origem animal, adicionados de alguns elementos químicos naturais, como o enxofre, cobre, cal que participam na composição destes defensivos. As mais das vezes o uso adicional de elementos naturais ausentes, na área e para as culturas se fazem necessários, como o elemento cálcio, fósforo, magnésio, daí a necessidade de se buscar no meio natural quais as formas de suprir e suplementar tais deficiências.
O alimento natural quando visto sob o ponto da pecuária, tende a manter as mesmas características em relação à agricultura orgânica. Existem necessidades complementares e até distintas.
Como complementar a ração diária de uma matriz bovina leiteira, com elevada capacidade produtiva diária, sem lançar mão de alimentos artificialmente elaborados, assim como manter o equilíbrio vitamínico-mineral? Ou ainda como proceder no manejo sanitário das matrizes e como proceder na desinfecção dos equipamentos e instalações? Mais ainda como higienizar as matrizes e instalações?  E a alimentação?
Se adotadas as definições: “todo alimento de origem vegetal ou animal, para cujo consumo imediato se exija apenas, a remoção da parte não comestível e os tratamentos indicados para a sua perfeita higienização e conservação” (BRASIL, 1969). Segundo estudiosos do assunto: “por item natural quer-se dizer aquele que não foi mudado de nenhuma forma significativa pelo contato com humanos. Ele pode ser colhido e transportado, mas tem sua essência quimicamente idêntica ao mesmo item em seu lugar natural” (Rozin e colaborador 2004), a pecuária orgânica, aqui exemplificada pela pecuária de leite bovina, passa a exigir uma integração muito próxima do que se pode classificar como “moto continuum”, os ciclos se repetem dentro de um sistema organizado onde as necessidades para uma perfeita convivência em todos os planos, – reprodutivo, produtivo, alimentar, equilíbrio –onde todos os componentes desta ORQUESTRA passem a atuar sob uma só regência e uma só batuta da mãe NATUREZA.
A pecuária orgânica se colocada de forma divisionista apresentar-se-ia da seguinte forma:
Bovinocultura de corte;
Bovinocultura de leite;
Suinocultura;
Avicultura de corte;
Avicultura de postura comercial;
Caprinocultura;
Ovinocultura;
Pisicultura;
Bubalinocultura;
Por certo que para cada item acima citado, Protocolos distintos deverão ser elaborados, discutidos, submetidos à prova, aprovados e finalmente aplicados. Algumas explorações se assemelham se não sua totalidade, mas muito próximas. Comparemos as mais aproximadas:
Bovinocultura de corte;
Bovinocultura de leite;
Bubalinocultura;
Caprinocultura;
Ovincultura;
Qual a razão desta quase similitude?
Todos são poligástricos, o que representa uma considerável economia em termos de Protocolos.
No entanto a Avicultura tanto de corte como de postura comercial se assemelham na sua totalidade.
O que não ocorre com a Suinocultura (mogástricos) e Pisicultura.
No caso em tela Pecuária Orgânica, seria interessante enveredar por um só tipo de exploração: Pecuária Orgânica de Corte.
TÓPICO - I –
Os bovinos destinados ao corte deverão ser criados à pasto. E então ao se estabelecer o compromisso para tal, alguns requisitos devem se fazer presentes, não só em termos de enunciados técnicos que servirão de base de procedimentos, mas como de consultas e averiguação de parte da(s) empresa(s) Certificadoras, obedecendo os dispositivos legais.
Alimentação. Uma vez que estamos buscando a organicicidade em termos de Alimentação, há de se buscar a forma mais adequada tecnicamente de atender à alguns princípios básicos para tal. E então pergunta-se: Qual ou quais os Marcos Regulatórios para o tópico: ALIMENTAÇÃO ORGÂNICA PARA BOVINOS DE CORTE OU DE LEITE?
Supostamente a alimentação deverá se apresentar nos seguintes moldes: Pastejo, e aqui independe se intensivo, extensivo, rotacionado, Sistema Voisin, pastejo deferido ou não. Aqui não leva em consideração a forma e maneira de como os bovinos (corte ou leite) terão acesso às suas necessidades físicas de alimento, desde que estas atendam aos preceitos de saciar a fome dos animais. E então surge o primeiro questionamento: Alimentar e Nutrir ou só Alimentar? Em se tratando de um senso comum: Alimentar Nutrindo. Surge o questionamento seqüencial: Qual a dinâmica tecnológica a ser aplicada para a implantação de um sistema de pastoreio, aonde todas as exigências nutricionais e organolépticas venham a ser atendidas?  Inicialmente o bom senso administrativo passa a exigir uma análise de solo completa, no sentido de se dotar a área em si, de todos os elementos físico-minerais para uma perfeita combinação entre os elementos –N-P-K + Ca, possam interagir em benefício das plantas e por via indireta os bovinos que pastejam?
E então nos deparamos com o primeiro elemento a ser suplementado: Nitrogênio. Qual a solução? Fixação de Nitrogênio Biológico via leguminosas, tanto nativas como não. Mas...deve-se escolher qual ou quais espécies que se adéquam em relação ao tipo de solo, tipo de clima e sistema de manejo a ser adotado em relação às plantas. Mas e existem algumas vantagens? A primeira é que se não adotar este tipo de sistema de fixação biológica de Nitrogênio, haverá um desembolso considerável. A segunda é que se adotar o uso de Nitrogênio comercial, a exploração não será orgânica. As leguminosas apresentam propriedades de extrair elementos nutritivos ou melhor nutrientes que se fazem presentes em camadas profundas do solo e transportá-los até a superfície, de modo a melhorar o padrão de matéria orgânica. Afora esta vantagem economia-ambiental, a adoção desta prática colabora na retenção da água e de água, participa de forma direta na conservação ambiental quando do não uso de Uréia Agrícola, assim como na conservação do solo, via redução da erosão.
Outro elemento. Fósforo. Como atender a demanda? O Brasil possuí várias jazidas de Fósforo – Jacupiranga e Patos de Minas se apresentam como as melhores.
E por fim o Potássio na forma natural. Estima-se que centenas de milhões de toneladas do elemento Glauconita – que se apresenta em forma de rocha, cuja composição se apresenta como sendo de sedimentos marinhos a baixa profundidade. Estes sedimentos marinhos – argilas, calcários, fosforitas e outros – em geral estão presentes nas regiões litorâneas.
Em termos de se implantar uma pastagem natural, onde os elementos NPK+Ca (aqui representado pelo calcário) dispensam estas mesmas fontes, quando advindas e processadas quimicamente. Primeiro passo já indicado. Adubação orgânica, para um pastejo orgânico, para a alimentação orgânica destinada a produzir proteína nobre orgânica, via Pecuária de Corte Orgânica.
Mas e se houver a possibilidade da adoção de uma adubação orgânica?
Então partiremos para dois tipos de ações distintas:
1) Adubação orgânica vegetal.
Como o nome indica este tipo de ferramenta de adubagem busca dotar o solo daquilo que ele (solo) tem condições de produzir, quase que entrando em um sistema de reciclagem continua. Planta-se leguminosas e gramíneas específicas, para produzir alimentos vegetais destinados, no caso a alimentação de bovinos, mas usando outras gramíneas e leguminosas distintas. Ou não? Eis a questão a ser respondida ou quem sabe a ser pesquisada. No futuro... No primeiro caso deve-se observar o ciclo vegetativo para se incorporar a resultante em forma de matéria verde. Falar a respeito da melhoria do solo com uso de adubação verde, que melhora a qualidade, vida simbiose pela fixação do Nitrogênio via atmosfera, que restaura o solo, que melhora a qualidade do solo em termos biológicos e que a adubação verde é efêmera é redundante, mas faz parte citá-las.
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Autores:
Romão Miranda Vidal
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