Existe um projeto neste sentido no Rio Grande do Sul, coordenado pelo grupo de trabalho da NESPRO - UFRGS, Núcleo de Estudos de Sistemas de Produção Bovina. Este projeto envolve o uso da palha de arroz irrigado, abundante na região de fronteira e sul do Rio Grande do Sul, associado a estratégias de uso de aditivos alimentares para aumentar a digestibilidade e aproveitamento da fibra presente neste tipo de material. Os ganhos neste sistema, considerando associação a boas práticas de manejo da reserva de palha de arroz, adequando a categorias estratégicas de animais para maximizar o aproveitamento deste material, são bastante interessantes do ponto de vista de custo-benefício aos produtores que têm esta disponibilidade em suas propriedades.
Luiz,
Bem colocada da amoniatação da palhada, era isso que eu quis trazer à discussão quando falei de correções da palhada, além do balanceamento com farelos e minerais juntamente com outros aditivos melhoradores de digestão ruminal como Lasalocida sódica, que permitem que as bactérias produtoras de acido propiônico tenham melhor crescimento que as produtoras de ácido lactico e acético. Estas práticas de aproveitamento de restos de cultura para suplementação animal trazem um incremento grande a custo baixo na produção, permitindo que se diminua em até 10 meses o tempo para abater um animal ou pô-lo em reprodução.
Zualdo,
A amoniação traz realmente alguns benefícios como citei acima porque agrega o nitrogênio, importante como fonte de NNP, tem a propriedade de atuar como fungicida e fungistática melhorando a qualidade da forragem e contribuindo para a redução de perdas e pode ser realizada com amonia anidra ou através da uréia porque as forragens secas contém quantidade suficiente de urease. Há alguns anos uma criadora residente no Rio Grande do Sul escreveu-me solicitando informação sobre a utilização de uréia em resteva de arroz, no outro ano me informou sobre o excelente resultado obtido com essa prática.
Adotando-se suas informações sobre adição de farelos, minerais, acido orgânico e Lasalocida, com certeza obtem-se excelentes resultados.
É uma alternativa para o sul na época de baixa oferta de pasto devido às geadas, mas como disseram acima funciona como volumoso praticamente. No Uruguai estão enfardando a palha e transportando para outros lugares, ou seja, não decomposição da palha na área de lavoura. Não sei se a longo prazo vai dar problema com o potássio exportado.
Sérgio,
Quanto ao potássio exportado, tem que se avaliar os custos de reposição e embutir no preço do resíduo, caso ele seja enviado para fora da propriedade. Esta é uma oportunidade para integração lavoura pecuária, onde o lavourista forneceria o volumoso e algum vizinho os animais e o consumo seria na própria lavoura com os resultados divididos, assim não haveria o frete sobre um resíduo de baixo valor nutritivo tornando o sistema mais lucrativo.
Srs.
Fica um tanto dificil opinar, ante as posições claras e de ótimas colocações.
Acredito que se houver um ação coordenada entre os técnicos, rizicultores e pecuaristas, nas regiões produtoras de arroz - Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Tocantins (Formoso deo Araguaia), Goias, Minas Gerais e outros, teríamos uma situação favorável para mitigar a situação no período de inverno no sul e no período da seca no centro-oeste. Acredito ainda que se adotarmos um sistema de recuperação de pastagens com gramíneas (arroz), soja e novamente arroz consorciado com braquiária ou outro tipo de pasto, boa parte da solução do gargalo de falta de uma suplementação alimentar. Não nutricional. Como foi citado com propriedade, a adição de sal protenizado ou de uréia técnica seria a solução.
Parabéns pela iniciativa da nossa mentora.
Uso da casca do arroz na alimentação de bovinos não é bom pelo visto, mas se a mineralização feita com o uso de uréia ajuda a combater os problemas de digestivos?
Vamos fazer o seguinte. Casca de arroz é algo que está fora de cogitação, no seu uso nutricional. Além de ser um produto com alto teor de sílica, a qual por ingestão demorada e prolongada, poderá vir causar algum problema de ordem fisiológica. Afora este inconveniente, a casca de grão de arroz possui extremidades pontiagudas, que podem produzir minúsculos ferimentos nas paredes digestivas. É de difícil digestão e sem valor nutricional algum. O custo/benefício nutricional é péssimo. A adição de uréia em nada beneficia, tão pouco tentar hidrolizá-la. Agora se o senhor puder obter palhada de arroz, em forma de feno, a coisa muda radicalmente. Um feno de palha de arroz, desde que bem seco e quando for disponibilizado aos ruminantes, estiver bem seco, sem fungos e umidade, e se adicionar uma mistura de sal proteinizado, poderá sim contribuir para a manutenção do peso e, se os ruminantes forem submetidos a um pastoreio de leguminosas e gramíneas, o ganho de peso poderá existir.
Uma sugestão. Usar a casca de arroz como fonte de energia alternativa. Brickets, de casca de arroz, para queima em fornos cerâmicos, pode ser uma opção. Casca de arroz carbonizada, misturada com NPK, também pode ser uma fonte de adubo. Espero ter contribuido.
Atenciosamente.
Médico Veterinário Romão Miranda Vidal.
Boa noite, gostaria de saber quantos kg de palha (feno) um animal de 300 kg consome por dia. Obrigado.
Como escrevi, o feno de arroz (gramínea) tem pouco valor nutricional, mas o senhor pode fazer uma adaptação da seguinte maneira. Na primeira semana o senhor forneça algo como 2 quilos de feno e verifique como será aceito e note se ocorrera a sobra. Importante o senhor oferecer o feno de duas maneiras. A primeira misturado com a ração normal. A segunda só o feno. E nesta segunda opção o senhor deverá oferecer após o fornecimento da ração. Estou falando em relação a gado de leite. Em relação a gado de corte, o senhor deverá proceder ofertando inicialmente dois quilos e verificar a aceitação e se haverá sobre. Se não houver, na outra semana aumente para três quilos.
Vou fazer uso de feno de palha para passar a seca em Goias. Faço proteinado com sorgo, sal comum e mineral também, mais dúvidas volto a perguntar, depois posto os resultados. Muito obrigado.
Sr. Douglas.
Sempre considere que o aparelho digestivo bovino é uma verdadeira usina de transformação de celulose em proteínas. Quanto melhor for a matéria prima fornecida, melhor será a conversão em proteínas que atuarão na formação de músculos, ossos, articulações, sistemas definidos e, lógico, em relação ao ganho de peso.
Seria interessante o senhor estudar a possibilidade de uso da parte aérea da mandioca em forma de feno (secar esta parte devido à possibilidade de intoxicação por ácido cianídrico) em até 25%, ou seja, 75% de feno de palha de arroz e 25% de feno da parte aérea da mandioca. Não ultrapasse esse limite. Outra sugestão seria a de adicionar ao feno de palha de arroz, mandioca desidratada, triturada grosseiramente e misturada com sal mineral comum. A vantagem está em que a mandioca irá fornecer energia, via carboidrato.
Espero ter sido útil,
Médico Veterinário Romão Miranda Vidal.
Nessa questão de energia eu faço uso de levedura de cana de açucar misturada no sal mineral e comum, 400 g para 100 kg de mistura.
Sr.Douglas.
Eu tenho um sobrinho que mora em Formosa, ele é Engenheiro Agrônomo. Provavelmente o senhor conhece o Salto do Itiquira, aquela fazenda era de minha propriedade. Mas vamos ao que interessa. O senhor deverá prestar atenção em dois pontos importantes.
O primeiro: Variedade da cana-de-açúcar a ser empregada na alimentação em função do teor de açúcar (glicose).
O segundo: A idade e altura ideal para ser cortada. Quanto mais alta e mais erada, maior será o grau de lignina, o que deverá dificultar o bom aproveitamento deste alimento. Haverá um despendio de Energia maior.