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alimentação de bovinos

Efeito da suplementação de bezerros com blocos multinutricionais sobre a digestibilidade, o consumo e os parâmetros ruminais

Publicado: 14 de fevereiro de 2011
Por: Harold Ospina Patiño, Pós-doutorando pela Universidade de Guelph - Canadá; Paulo Roberto Frenzel Mühlbach da Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS, Pós-doutorando em Produção Animal pela Universidade de Goettingen, Alemanha; Felix Hilário Diaz Gonzáles, Pós-doutorando em Metabolismo de Bovinos Leiteiros pela Universidade de Santiago de Compostela, Espanha, e Suzana Gomes de Freitas, Zootecnista da UFRGS.
RESUMO
Foi realizado um experimento para avaliar o efeito da suplementação de feno de Tifton (Cynodon dactylon), com blocosmultinutricionais formulados com diferentes níveis de melaço, sobre a digestibilidade, o consumo e a uréia sangüínea. Foram utilizadosquatro bezerros Hereford de aproximadamente um ano de idade, com peso médio no início do experimento de 196 kg. O delineamentoexperimental utilizado foi o quadrado latino, porém a fim de incluir o tratamento sem suplementação, os dados foram analisados em blocoscasualizados. Os tratamentos foram: sem suplementação e suplementação com blocos elaborados com quatro níveis de melaço: 25; 30;35 e 40%. A suplementação aumentou a digestibilidade da matéria seca e matéria orgânica significativamente. Não foram encontradasdiferenças significativas no consumo de MS entre tratamentos. A suplementação diminuiu o consumo de matéria seca de feno, gerandoum coeficiente de substituição de 0,58, porém aumentou o consumo total de matéria seca, matéria orgânica e proteína bruta. Embora nãotenha sido encontrada diferença significativa entre os tratamentos suplementados com blocos, o consumo de matéria orgânica digestívelaumentou significativamente com a suplementação, bem como a uréia sangüínea. A fim de avaliar alguns parâmetros ruminais como pHe N-NH3, foi realizado outro experimento com três bezerros Hereford fistulados no rúmen. Os tratamentos utilizados foram: feno deTifton sem suplementação e suplementação com blocos com 25 e 30% de melaço. O delineamento experimental utilizado foi quadradolatino 3 x 3. A suplementação não alterou o pH ruminal a níveis críticos para digestão da fibra, porém aumentou significativamente aconcentração de N-NH3 ruminal.
Introdução
As pastagens, nas quais está baseada grandeparte da produção de bovinos de corte no Brasil,apresentam uma marcada produção estacional. Emcertas épocas do ano praticamente paralisam seucrescimento, apresentando baixa disponibilidade dematéria seca e deficiência de alguns nutrientes.Nestas condições, os animais encontram-se emdesequilíbrio nutricional e o consumo de energiadigestível torna-se o principal limitante do desempenho animal. O melhor aproveitamento de forrageiras de baixa qualidade depende da fermentação realizadapelos microrganismos do rúmen, que necessitam desubstratos energéticos, protéicos e minerais para oseu desenvolvimento e otimização da digestão doscomponentes da fibra. Muitos trabalhos têm demonstrado que essas limitações podem ser corrigidas coma suplementação (energética/protéica/mineral), a qualpermite a correção das deficiências de nutrientes,melhorando a eficiência de utilização e transforma-ção da base forrageira em produto animal, em funçãoda melhora do ambiente ruminal.Existem diversas formas de realizar  asuplementação: com grãos, subprodutos daagroindústria, sais proteinados, sais energéticos e pormeio dos blocos multinutricionais. Este último tipo desuplemento, ao ser lambido pelo animal, permite oconsumo restringido de uma mistura de ingredientes(melaço, uréia, farelos, sal mineral) compactados, demodo a fornecer nutrientes constantemente ao longodo dia (nitrogênio, energia, macro e microminerais).A utilização de blocos multinutricionais proporcionaum bom funcionamento ruminal, sem as quedas bruscas do pH e os picos na concentração de amôniaruminal, típicos da suplementação convencional(Garmendia, 1994). Além dos benefícios nutricionais,os blocos oferecem vantagens do ponto de vistalogístico, devido à sua versatilidade, facilidade demanejo, transporte e armazenamento. 
A otimização do ambiente ruminal devida  àsuplementação com blocos multinutricionais tem demonstrado resultado no aumento do consumo devolumosos de baixa qualidade (Sansoucy et al., 1988),no ganho de peso (Araque & Escalona, 1995), naprodução de leite (Wanapat et al., 1999) e em melhora na atividade reprodutiva (Beretta et al., 1999).Contudo, o sucesso na fabricação e utilização deblocos multinutricionais depende do conhecimentodos processos de fabricação e de seus efeitos sobrealgumas características que afetam o desempenhoanimal, principalmente em relação à variabilidade doseu consumo (Lobato & Pearce, 1980b). Apesar deexistirem vários fatores que influenciam o consumocomo a palatabilidade, a qualidade do volumoso, adisposição dos blocos no potreiro, o número de animais por bloco e o tempo de armazenamento, a durezado bloco é considerada a principal variável na determinação do consumo (Sansoucy et al., 1988). Algunstrabalhos citam que níveis elevados de melaço euréia, bem como a proporção de aglutinantes diminuia dureza do bloco, possibilitando maiores consumos. (Hinestroza &  Becerra, 1990; Araque & Cortes,1998; Freitas et al., 1999). Birbe et al. (1998a)observaram que o consumo de blocos multinutricionaisvariou entre 140 e 700 g/animal/dia, dependendo donível de melaço utilizado.O objetivo deste experimento foi avaliar o efeitoda suplementação com blocos multinutricionais, elaborados com níveis crescentes de melaço, sobre aresistência do bloco, a digestibilidade e o consumo dofeno, o nitrogênio plasmático e alguns parâmetrosruminais de bezerros consumindo feno de Tifton. 
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no Departamentode Zootecnia da Faculdade de Agronomia da UFRGS.Foram utilizados quatro bezerros Hereford de aproximadamente um ano de idade, com peso médio de 196kg no início do experimento. Os animais foram mantidos em gaiolas metabólicas durante a condução doensaio de digestibilidade convencional, que foi dividido em três fases: adaptação, consumo máximo ecoleta de fezes, cada uma delas com duração de setedias. Durante o experimento, os animais foram pesados a cada sete dias, e durante todo o período tiveramacesso, à vontade, a água e sal mineral.O volumoso utilizado foi feno de Tifton (Cynodondactylon), fornecido inteiro. A composiçãobromatológica média do feno foi a seguinte: 77,29%matéria seca (MS); 95,14% matéria orgânica (MO);7,15% proteína bruta (PB); 79,53% fibra em detergente neutro (FDN); 47,41% fibra em detergenteácido (FDA) e 6,49% lignina (LDA). Previamente aoinício da fabricação dos blocos multinutricionais experimentais, foram realizados ensaios-piloto com blocos menores, de, aproximadamente, 200 g, testando-sediversas reações químicas e formulações comdiferentes ingredientes e níveis de melaço, até obteras características físico-químicas desejadas. Os ensaios-piloto permitiram definir o nível e os ingredientes utilizados. De posse desta informação, os blocosexperimentais foram confeccionados antes do iníciode cada período. Foram utilizados blocosmultinutricionais, de aproximadamente 3 kg, formulados com níveis crescentes de melaço e a mistura dosingredientes foi feita com auxílio de uma betoneira. Afim de correlacionar a dureza com o consumo foramidentificados seis blocos por tratamento nos quais foirealizado o teste de resistência (Forsythe, 1975). Amedida da dureza (kg/cm2) foi realizada com penetrômetro manual digital em três pontos de cadabloco: um central e dois laterais.Os tratamentos avaliados foram: feno de Tiftonsem suplementação e suplementação com os blocoselaborados com 25, 30, 35 e 40% de melaço. As formulações utilizadas nos blocos multinutricionaisencontram-se na Tabela 1 e sua composiçãobromatológica média, na Tabela 2.
As amostras de feno, blocos, sobras e fezes foramanalisadas para MS, MO e PB (AOAC, 1995), FDN,FDA, e LDA (Van Soest & Robertson, 1985). Aenergia bruta (EB) foi determinada em bombacalorimétrica (Parr, 1988). Para determinação de uréiaplasmática, no primeiro dia do início da fase de consumomáximo, foram coletadas amostras de sangue na veiajugular de cada animal e, no plasma, foi determinada aconcentração de uréia plasmática (mg/dL) utilizando ométodo enzimático de Berthelot (Bergmeyer, 1985).O delineamento experimental utilizado foi  oquadrado latino 4 x 4, entretanto, a fim de incluir otratamento sem suplementação, os dados foramanalisados em blocos casualizados. Isto foi possíveldepois de comprovado que o efeito do período nãofoi estatisticamente significativo. O teste de comparação de médias utilizado foi o Tukey e  oprograma estatístico utilizado, o SAS (1996),segundo o seguinte modelo:
Yijk = M + Bj + Ti + Eijk
em que Yijk = i-ésima resposta medida, no j-ésimoanimal recebendo o i-ésimo tratamento, no k-ésimoperíodo; M = efeito médio; Bj = efeito do j-ésimoanimal (bloco); Ti = efeito do i-ésimo tratamento;Eijk = k-ésimo erro associado ao animal e tratamento.A resistência dos blocos foi analisada por delineamentointeiramente casualisado, utilizando o teste Tukeypara comparação de médias. 
Efeito da suplementação de bezerros com blocos multinutricionais sobre a digestibilidade, o consumo e os parâmetros ruminais - Image 1
Efeito da suplementação de bezerros com blocos multinutricionais sobre a digestibilidade, o consumo e os parâmetros ruminais - Image 2
Para avaliação do efeito da suplementação comblocos multinutricionais sobre o pH e a concentraçãoruminal de N-NH3, foi conduzido outro ensaio comtrês bezerros Hereford fistulados no rúmen. Os tratamentos utilizados foram: feno de Tifton semsuplementação e suplementação com blocos elaborados com 25 e 30% de melaço. As amostras delíquido ruminal foram coletadas no saco ventral dorúmen uma hora antes da primeira refeição (hora 0),e 1, 2, 3, 5, 7, 9 e 12 horas após a mesma. Imediatamente após cada coleta, foi medido o pH, com umpotenciômetro digital e o restante da amostra foifiltrada, acidificada com H2SO4 e armazenada nocongelador, para posterior determinação da concentração de N-NH3, utilizando a técnica de microdifusão descrita por Voigt & Steger (1967). Os dadosforam analisados estatisticamente em um delineamentoexperimental em QL 3 x 3, com parcelas subdivididase as médias comparadas pelo teste Tukey. 
Resultados e Discussão
As digestibilidades da MS e da MO aumentaramcom a suplementação, embora não tenha sido detectada diferença significativa quanto ao nível de melaçoutilizado (Tabela 3). O aumento na digestibilidade daMO, decorrente da utilização de blocosmultinutricionais, foi equivalente a 14; 9,8; 11 e 9,4%para os blocos com 25, 30, 35 e 40% de melaço,respectivamente. Resultados semelhantes foram encontrados por Wu & Liu (1995), em um experimentorealizado com ovinos para avaliar o efeito de blocos deuréia-mineral sobre a digestibilidade da MO e da FDNde palha de arroz, de palha de arroz tratada (amônia ebicarbonato) e de feno de campo nativo.  Adigestibilidade da MO aumentou com o uso dos blocos:13% (51,8 vs 58,4%) com a palha de arroz; 4,5% (57,6vs 60,2%) com a palha de arroz tratada e 10,4% (53,0vs 58,5%) com o feno de campo nativo.
Da mesmaforma, a digestibilidade da FDN aumentou 12,6% (55,6vs 62,6%) com a palha de arroz, 4,4% (65,6 vs 68,5%)com a palha tratada e 4,8% (66,2 vs 69,4%) com o fenode campo nativo. A utilização de blocos multinutricionais,no presente experimento, permitiu aumentar os coeficientes de digestibilidade da FDN e da FDA entre 3 e12% em relação ao feno sem suplementação. Aparentemente, os melhores coeficientes de digestibilidade daMO, da FDN e da FDA são conseqüência de umamelhor disponibilidade de nutrientes para o crescimento de microrganismos ruminais, possibilitando umamaior degradabilidade ruminal dos constituintes daparede celular dos volumosos. Os melhores valoresdos coeficientes de digestibilidade encontrados quandoforam utilizados blocos fabricados com 25% de melaçopodem estar relacionados ao fato destes blocos  permitirem otimizar o ambiente fermentativo do rúmen,através de uma melhor relação entre a energiafermentável e o nitrogênio degradável.O nível de melaço utilizado na composição dosblocos afetou sua resistência (Tabela 4). Aqueles nosquais foram utilizados 35% de melaço apresentaramresistência 17% superior àqueles em que foram utilizados 25 e 40% de melaço, não diferindo, porém, dotratamento no qual foi utilizado 30% de melaço. Osvalores de resistência encontrados no presente trabalho são muito superiores aos apresentados por Birbeet al. (2000) em blocos feitos com 19, 22 e 31% demelaço: 1,9; 2,8 e 1,3 kg/cm2, respectivamente. Agrande variabilidade dos dados encontrados na literatura relacionando o nível de melaço com a dureza dosblocos, deixa dúvidas em relação à confiabilidade damedida de resistência feita com penetrômetro manual,principalmente quando o nível de umidade é superiora 14% (Birbe et al.,1998b). Ferbes et al. (1997)encontraram que blocos multinutricionais elaboradoscom 40% de melaço e armazenados durante 15, 30 e45 dias apresentaram resistências de 2,34; 3,24 e3,40 kg/cm2, respectivamente.
Efeito da suplementação de bezerros com blocos multinutricionais sobre a digestibilidade, o consumo e os parâmetros ruminais - Image 3
Portanto, existem outrosfatores tais como: a relação entre os ingredientesutilizados, o tempo de armazenamento e o processode compactação utilizado, que também sãoimportantes na determinação da dureza do bloco.A análise da relação entre a dureza e o consumode MS dos blocos, feita por  regressão linear, mostrouque não houve relação entre consumo e resistência.Estes dados contrastam com os obtidos por Birbe etal. (1998a), cujos blocos elaborados com 30% demelaço e com diferentes forças de compactaçãoencontraram resistências ao penetrômetro de 2,2;2,8; 2,9; 3,9; 4,1 e 4,9 kg/cm2  e um consumo de MSdo bloco de 3320; 3018; 1800; 900; 680 e 110 g/dia,respectivamente. 
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O consumo de todas as frações nutritivas do fenode Tifton diminuiu significativamente (P<0,10) com ainclusão de blocos multinutricionais na dieta (Tabela 5).Esta resposta é uma conseqüência do efeito de substituição realizado por animais que recebemsuplementação. Todavia, este efeito foi aditivo, poisnão afetou o consumo total de MS. A equação obtidapara o coeficiente de substituição foi: Y = 2,07418 -0,24902*X (R2= 0,73), que mostra que cada kg deaumento no consumo de bloco diminui 0,25 unidadespercentuais no consumo de feno de Tifton (expressoem % do peso vivo), equivalente a 0,579 kg MS.Osuna et al. (1996) suplementaram feno de Digitariaxumfolosis, Hall com blocos multinutricionais elaborados com 25, 32,5 e 40% de melaço e observaram,no entanto, que o consumo de feno não foi afetado(2,8; 2,9 e 3,1% do peso vivo), entretanto, o consumode blocos diminuiu com o aumento dos níveis demelaço nos blocos (1,0; 0,9 e 0,86% do peso vivo) semque o consumo total de MS fosse afetado.Apesar da variabilidade no consumo de blocosverificada em alguns trabalhos (Lobato & Pearce,1980a e 1980b, Preston & Leng, 1989, Birbe et al.,1998b, Birbe et al., 2000), neste experimento, osblocos multinutricionais tiveram boa aceitabilidade eseu consumo foi bastante elevado (Tabela 5). Istoocorreu, provavelmente, devido ao fato de os animaisestarem em gaiolas metabólicas, com fácil acessoaos blocos e sem a competição com outros animais.Birbe et al. (1998a) também verificaram consumoselevados de blocos (3,018 a 3,320 kg/dia) elaboradoscom 30% de melaço e 9% de uréia, apesar dasnovilhas terem acesso aos blocos durante apenas 3horas/dia. 
Os consumos de MS, MO e PB, expressos em %PV, do tratamento sem suplementação foram significativamente inferiores (P<0,10) aos dos demaistratamentos, sem que o nível de melaço nos blocosafetasse estas respostas (Tabela 5). Entretanto, asuplementação aumentou o consumo de MO digestível(p<0,10) provavelmente devido a maior e mais constante suprimento de nutrientes para o crescimentodos microrganismos ruminais que digerem fibra.Schiere et al. (1989) verificaram que o consumo deMS total de bovinos recebendo palha de arrozsuplementada com blocos aumentou 7,5% em relaçãoà palha de arroz não suplementada. O consumo deMS  digestível para os bovinos não suplementadosfoi de 57,8 g/kg0,75/dia e para os suplementados foide 60 g/kg0,75/dia. 
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Nos dados sobre o pH do líquido ruminal não foidetectada significância na interação horário por tratamento, mostrando que a utilização de blocosmultinutricionais não afetou este parâmetro ruminaldurante o período de amostragem. O pH ruminal nãofoi reduzido a níveis críticos para a digestão da fibra.Segundo Dixon & Stockdale (1999), o pH ótimo paradigestão da fibra está na faixa de 6,6 a 7,0, sendo estaseveramente reduzida quando o pH for menor que 6,2e muito prejudicada quando o pH for menor que 6,0.Da mesma forma, os dados não apresentaram grandes variações ao longo do dia, mesmo nos horárioslogo após a primeira refeição.
As flutuações no pHpodem ser mais nocivas à população microbiana e àatividade celulolítica  do que um pH baixo constante,devido ao estresse que significa ajustar-se a tais mudanças(Shriver et al., 1986).Conforme o esperado, os tratamentos que receberam suplementação com blocos multinutricionaisapresentaram concentrações de N-NH3 significativamente superiores ao tratamento sem suplementaçãodevido ao acréscimo de uréia na dieta dos animaissuplementados (Tabela 6). O nível considerado ótimopara concentração de amônia ruminal é de 10 mg/dL,todavia, este valor não pode ser considerado estático,pois a capacidade das bactérias de sintetizar proteínae capturar amônia depende da taxa de fermentaçãode carboidratos (Van Soest, 1994). Preston & Leng(1989) indicaram valores entre 15 e 20 mg/dL de NNH3 para o ótimo crescimento dos microrganismosruminais em dietas com altos teores de fibra. Destaforma, o tratamento sem suplementação apresentou umvalor médio inferior ao ótimo, segundo os autores citados.Nos tratamentos com suplementação, além das concentrações médias de N-NH3, no líquido ruminal, estaremdentro da faixa ótima, mantiveram uma maior estabilidadeao longo do dia. 
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Os valores da concentração de uréia sangüíneaencontrados nesse experimento foram de: 12,34; 20,80;25,76; 21,91 e 21,23 mg/dL para cada tratamento (semsuplementação, e suplementação com blocos com 25,30, 35 e 40% de melaço), respectivamente. O tratamento sem suplementação foi significativamente inferior (P<0,15), entretanto não foi determinada diferençasignificativa entre os tratamentos com suplementação.A concentração de uréia sangüínea no tratamento semsuplementação permite identificar animais comdeficiência de proteína na dieta. Pode-se afirmar que aelevação da uréia sangüínea está diretamenterelacionada ao conteúdo de PB adicionada à dieta pelasuplementação com blocos multinutricionais.  Asuplementação com blocos multinutricionais forneceunitrogênio suficiente para elevar a concentração de NNH3 ruminal e, com isso, a concentração de uréiasangüínea também aumentou, porém, dentro de níveisconsiderados normais para bovinos de corte: entre 17e 45 mg/dL (Kaneko et al., 1997). 
Conclusões
A suplementação com blocos multinutricionaiselaborados com 25% de melaço aumentou oscoeficientes de digestibilidade da matéria seca, maté-ria orgânica, energia bruta, fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido. Independentementedo nível de melaço utilizado, a suplementação comblocos aumentou o consumo de matéria seca total,proteína bruta total e matéria orgânica digestível.  A suplementação com blocos não provocou alterações nopH ruminal críticas à digestão da fibra, mas elevou aconcentração diária de nitrogênio uréico sanguíneo e deamônia ruminal, mantendo-a estável ao longo do dia. Onível de melaço utilizado e a resistência não estiveramrelacionados entre si, assim como o consumo e  aresistência. Há necessidade de se buscarem outrosparâmetros de avaliação da dureza dos blocos a fim derelacioná-la ao consumo, para estabelecer um programade suplementação com adequado consumo desuplemento. 
Literatura Citada
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