Introdução:
Com a necessidade crescente de intensificação do sistema produtivo e a adoção cada vez maior de alimentos alternativos para a alimentação animal de ruminantes, tomou-se imprescindível o conhecimento mais profundo da participação de co-produtos na dieta e sua dinâmica de fermentação no rúmen. Objetivou-se neste estudo avaliar a degradabilidade ruminal da proteína bruta em bovinos alimentados com milho, casca de soja e polpa cítrica associados ao farelo de girassol ou uréia como fontes nitrogenadas.
Material e Métodos:
O experimento foi conduzido na Unidade Animal de Estudos Digestivos e Metabólicos do Departamento de Zootecnia da Unesp, Campus de Jaboticabal. Foram utilizados quatro novilhos de corte cruzados, providos de cânulas no rúmen, com 18 meses de idade e 360 kg de peso médio inicial. As dietas foram formuladas em uma relação volumoso:concentrado de 40:60 e utilizados como ingredientes: silagem de milho, milho, casca de soja e polpa cítrica associados ao farelo de girassol ou uréia. Para a avaliação da degradação potencial foi utilizado o modelo proposto por Ørskov & McDonald (1979). E para a determinação da degradabilidade efetiva foi utilizada a expressão: P = a + b k(k + kp)-1, onde, P = degradabilidade efetiva, em porcentagem; a = fração solúvel, em porcentagem; b = fração insolúvel potencialmente degradável, em porcentagem e kp = taxa de passagem (5 e 8%/h). Foram utilizados sacos de náilon 100% poliamida, medindo 14,0 x 7,0 cm e com poros de 50 μm, contendo amostra suficiente de forma a manter 20 mg MS/cm2. Os tempos de incubação no rúmen utilizados para a silagem de milho foram de 6, 12, 24, 48, 72 e 96 horas e para os concentrados, utilizaram-se os tempos de 3, 6, 12, 24 e 48 horas. O delineamento utilizado foi o quadrado latino com quatro tratamentos. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste "t". As análises foram realizadas com auxílio do programa estatístico SAS System (SAS, 1995).
Resultados e Discussão:
Não houve efeito das dietas (P>0,05) sobre os parâmetros de degradabilidade da proteína bruta, sendo então apresentadas as médias gerais dos tratamentos para cada ingrediente (Tabela 1).
Os valores de degradabilidades potencial e efetiva mostram que as proteínas brutas da polpa cítrica e do farelo de girassol foram extensamente degradadas no rúmen, mas as frações "a" desses ingredientes indicam que isso ocorreu, principalmente, devido à solubilidade e não à ação da microbiota ruminal. A ausência de diferenças nas degradabilidades da proteína bruta nas dietas com uréia ou farelo de girassol pode ser atribuída à semelhança na solubilidade protéica desses ingredientes, o que levou a uma grande disponibilidade de N amoniacal no rúmen, com o uso de quaisquer dessas fontes de N. Sendo a polpa cítrica pobre em proteína bruta (6 a 8% na matéria seca), assim como a casca de soja (12%) a maior solubilidade da fração protéica da casca de soja, em relação à polpa cítrica, contribuiu pouco para o fornecimento de nitrogênio ao rúmen, já rico em N advindo das frações solúveis dos demais ingredientes.
Conclusão:
A substituição do farelo de girassol pela uréia pode ser realizada em dietas com milho, casca de soja e polpa cítrica sem que os parâmetros de degradação da proteína bruta sejam afetados.
Referências Bibliográficas
ORSKOV, E.R.; McDONALD, I. The estimation of protein degradability in the rumen from incubation measurements wighted according to rate of passage. Journal of Agricultural Science, v.92, n.2, p.499-503, 1979.