Resultado de uma parceria entre a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - CATI (EDR de Piracicaba) e a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios - APTA Regional (Polo Centro Sul), consolidada no final de 2011, o Programa Regional de Bovinocultura de Corte tem como objetivo levar ao pequeno produtor, informações e tecnologias que lhe permitam melhorar a eficiência na criação de gado de corte aproveitando as particularidades e necessidades de cada propriedade.
A estratégia do programa considera a implementação de soluções específicas para um determinado rebanho, sendo seus resultados passíveis de serem difundidos a outros produtores com características semelhantes (conceito de unidades demonstrativas de referência).
A propriedade do Sr. Paulo Sérgio Torina, no município de Saltinho, foi selecionada para implementação do programa de direcionamento genético em seu rebanho, por meio da inseminação artificial (IA) visando à produção de bezerros mais adequados ao mercado, apresentando potencial promissor. Na ocasião, foram inseminadas 60 fêmeas (43 vacas e 17 novilhas) mestiças (Figura 1).
As principais vantagens proporcionadas por essa tecnologia derivam da possibilidade da Inseminação Artificial em Tempo Fixo - IATF inseminar um grande número de animais, dispensar a observação do cio e concentrar os nascimentos em um curto espaço de tempo, o que possibilita um melhor cuidado dos bezerros ao nascimento, com a conseqüente otimização da mão-de-obra.
Figura 1. Rebanho utilizado no programa de inseminação artificial.
O sêmen utilizado foi escolhido pelo próprio produtor em comum acordo com o técnico da CATI, após análise das diversas opções disponíveis para atingir os propósitos do produtor. Para facilitar as operações da IA, os animais receberam um tratamento hormonal destinado a sincronizar o momento da ovulação, o que permitiu realizar a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) (Figura 2).
Figura 2. Técnico realizando a inseminação artificial.
Dez dias após a inseminação artificial, os animais foram colocados com o touro da propriedade e o exame de prenhez foi realizado, por ultrassonografia, 30 e 60 dias após a IA. Os resultados foram animadores: 62,5% de prenhez, sendo 51,5% resultante da IATF.
O técnico da CATI, Gustavo Ferraz de Arruda Vieira, ressaltou que a Inseminação Artificial em Tempo Fixo -IATF abre um caminho para o produtor melhor controlar o seu rebanho de matrizes: "Com o protocolo de IATF é possível identificar mais facilmente vacas improdutivas e vacas com falta de habilidade materna; o custo de se manter uma vaca improdutiva na fazenda é o mesmo de uma vaca produtiva, porém sem a geração de renda para o produtor".
A implantação da IATF serviu de incentivo para o produtor fazer um controle mais rigoroso do rebanho, começando pela identificação individual dos animais através de brincos, sendo possível anotar os dados desses animais, gerando uma melhor análise da situação reprodutiva do rebanho e facilitando, com isso, a decisão de descarte das vacas. O produtor, que também realiza a recria e engorda na sua propriedade, espera conseguir bezerros com maior valor genético, que produzam melhor qualidade e quantidade de carcaça em um menor espaço de tempo, aumentando, com isso, sua renda.
Além do técnico da CATI, Gustavo Ferraz de Arruda Vieira, envolvido na gestão do programa regional de incentivo à bovinocultura de corte, participaram das atividades o Dr. Rafael Herrera Alvarez, pesquisador da APTA Regional do Polo Centro Sul e os veterinários Alfredo F. Melo e Vinicius P. Poncio, alunos de pós-graduação do Instituto de Zootecnia de Nova Odessa (Figura 3).
Figura 3. Equipe participante nas atividades de IATF.
Maiores informações sobre o programa de incentivo à bovinocultura de corte da região podem ser obtidas no endereço eletrônico dos autores do artigo.
***O trabalho foi originalmente publicado pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.