I – INTRODUÇÃO
O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo com 173 milhões de cabeças (IBGE, 2006), ocupando as primeiras posições como principal exportador de proteínas animais do mundo, com grandes empresas tornando-se multinacionais produtoras de proteínas animais.
Entretanto, apesar de possuirmos o maior rebanho do mundo, a bovinocultura de corte brasileira apresenta contrastes em sua produção, no qual se observam fazendas que se destacam em excelência em produção e produtividade, com produtores que utilizam as tecnologias mais avançadas de produção, contrastando com áreas de produção arcaica, no qual a simples suplementação com sal mineral é uma tecnologia inatingível, apresentando estas propriedades índices zootécnicos de produtividade que não condizem com a nova dinâmica da produção brasileira de carne (Vieira,2005).
Para que ocorra uma melhoria na produção com a conseqüente rentabilidade, devem-se considerar os seguintes quesitos ligados a uma boa produção animal: o melhoramento genético, os fatores ambientais, nutrição, manejo sanitário dos animais (vacinação, vermifugação,combate a ectoparasitas e tratamento correto das afecções presentes nos animais ) e o clima (Degaspery et al,1988;Domingos & Langoni,2001).
De acordo com Corrêa, 1983 apud Schenk (1993), O desempenho produtivo de um sistema de produção de gado de corte pode ser avaliado em termos de bezerros desmamados, número de animais para abate e a produção de carne e padronização de carcaças.
Para se obter um rebanho sadio e produtivo, o produtor deve adotar as práticas de um manejo sanitário aliado a uma boa nutrição e melhoramento genético (Degaspery et al,1988;Domingos & Langoni,2001;) .
Com a intenção de contextualizar o pecuarista de corte sobre a importância do manejo sanitário e seu impacto na rentabilidade do seu negócio, o presente artigo tem como objetivo apresentar os principais componentes do manejo sanitário aplicado à sua atividade produtiva, sua aplicabilidade no dia a dia da fazenda, lembrando sempre que a boa prática e execução do manejo sanitário só serão possíveis com a ajuda de uma assistência técnica adequada e confiável. Há vários tipos de manejos, destacando os manejos sanitário, reprodutivo e o nutricional. Neste artigo apenas o manejo sanitário será explanado.
II – MANEJO SANITÁRIO – BASES CONCEITUAIS
Entende-se por manejo sanitário, um conjunto de medidas cuja finalidade é proporcionar aos animais ótimas condições de saúde. Os componentes do manejo sanitário buscam evitar, eliminar ou reduzir ao máximo a incidência de doenças no rebanho, para que obtenha um maior aproveitamento do material genético e conseqüente aumento da produção e produtividade (Domingues & Langoni,2001).
Os procedimentos relacionados à sanidade dos animais podem ser divididos basicamente em dois tipos de procedimentos: (EMBRATER, 1981; Domingues & Langoni,2001):
- Procedimentos sanitários preventivos: São os procedimentos relacionados à aplicação de medidas profiláticas, destacando-se as vacinações, vermifugações sistemáticas, testes sorológicos para brucelose e leptospirose, parasitológico de fezes;
- Procedimentos sanitários curativos: São os procedimentos relacionados a serem adotados imediatamente após à incidência de problemas como: traumatismos, doenças, infestações (carrapatos, berne, mosca do chifre), deficiências nutricionais e intoxicações.
O proprietário deve ficar atento à questão do tratamento curativo, pois se devem contabilizar os custos dos medicamentos, os honorários profissionais e principalmente o quanto que o animal deixa de produzir, além dos riscos de morte deste animal doente. Deve-se tratar o animal corretamente, com ajuda de um profissional, mas o certo é adotar o máximo possível de práticas preventivas no seu rebanho.
De acordo com Vieira ( 2008), manejo sanitário deficiente em uma fazenda resulta:
- Animais doentes
- Queda da produção e produtividade
- Gastos com medicamentos
- Consequentemente prejuízo econômico e diminuição da lucratividade da fazenda
III - PRINCIPAIS MEDIDAS DE MANEJO SANITÁRIO EM PECUÁRIA DE CORTE
A sanidade do rebanho, aliado as práticas de manejo e à nutrição é essencial para aumento da produção e produtividade da propriedade, devendo o produtor adaptar o seu manejo de acordo com sua realidade.
Seguem algumas medidas de manejo sanitário do rebanho de corte (EMBRATER, 1981; Domingues & Langoni,2001;Schenk et.al,1993):
• Corte e desinfecção do umbigo dos bezerros com tintura de iodo (5 a 10%);
• Fornecer ao bezerro o colostro na maior quantidade possível nas primeiras 6 horas após o nascimento;
• Controle de insetos, roedores e demais vetores com a utilização de produtos seguros nas dosagens corretas, evitando intoxicações;
• Fornecimento de uma nutrição adequada (suplementação nutricional e mineral), pastagens de boa qualidade e bem manejadas;
• Realizar a quarentena (mínimo 30 dias) para novos animais que serão introduzidos na propriedade, objetivando não introduzir ou propagar doenças no rebanho;
• Cuidar das vacas em gestação, oferecendo-lhe todas as condições de nutrição e demais cuidados;
• Após o parto, verificar se a mãe teve ou não retenção de placenta;
• Isolamento dos animais doentes: Diminui o risco da transmissão da doença;
• Implantar um calendário zooprofilático com um programa adaptado de vacinação e vermifugação;
• Implantar um programa de controle de berne, moscas do chifre e demais ectoparasitas;
• Realização periódica de testes para diagnósticos de brucelose, tuberculose e parasitológico de fezes;
• Dar um destino correto aos cadáveres, enterrando-os e adotando as práticas corretas de desinfecção ambiental.
IV – CONSIDERAÇÕES
A sanidade do rebanho é um dos aspectos mais importantes que devem ser levados em conta nos sistemas de produção, pois o seu controle impede a disseminação de enfermidades, consequentemente aumentando a produtividade e a lucratividade da fazenda. O conjunto de fatores que compõe o manejo sanitário de um rebanho é composto pela vacinação, controle de parasitos (endo e ectoparasitos), higiene dos animais e instalações , além das ações profiláticas e curativas dos animais.
Todo o manejo sanitário deve fazer parte de um calendário zôo-profilático que previamente deve ser elaborado em conjunto entre o proprietário e o Médico Veterinário da fazenda e adaptado a realidade da região onde se encontra a propriedade.
Diante do contexto apresentado, o produtor rural deve ficar cada vez mais atento as questões sanitárias do seu rebanho, pois diante da nova dinâmica que se encontram os processos produtivos, onde as margens são cada vez mais apertadas, a prática do manejo sanitário garantirá a lucratividade de sua produção.
A falha na sanidade não só afetará a saúde do rebanho e sim o bolso do produtor.
V – REFERÊNCIAS
DEGASPERI, S.A.R.;PIEKARSKI, P.R.B.- Bovinocultura leiteira:planejamento,manejo e instalações.Curitiba:Livraria do Chain,Editora,1988;
DOMINGUES, P.F.; LANGONI, H. – Manejo sanitário animal. Rio de Janeiro: EPUB, 2001;
EMPRESA BRASILEIRA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSAO RURAL – EMBRATER. Manual Técnico: Pecuária de Leite – Sudeste , Brasília ,1981;
IBGE , Censo Agropecuário de 2006 , Rio de Janeiro:IBGE, 2009;
SCHENK, M.A.M.; PIRES, P.P.;ANDREOTTI,R.; GOMES,A. – Manejo sanitário em bezerros de corte ( do nascimento ao desmame) .CNPGC, Campo Grande,n.48, p.1-5,1993;
VIEIRA,G.A.- Produção intensiva de bovinos de corte: análises e perspectivas, Revista Nacional da Carne, São Paulo,v.342,p.131-134,2005;
VIEIRA, G.A – Apontamentos de aulas, FVC,UNIME, Salvador, Bahia,2008.
¹Médico Veterinário, Mestre em Alimentos, Nutrição e Saúde, Professor dos Cursos de Medicina Veterinária da UNIME e Administração em Agronegócios da F.Visconde de Cairú – Salvador.Secretário Executivo da Associação Baiana de Avicultura – Contato: gavet@uol.com.br
²UNEB -Universidade do Estado da Bahia. Faculdade de Engenharia Agronômica - Campus IX. NEPPA - Barreiras - BA. 47800-000.