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Bovinos da Raça Wagyu – Uma raça ainda desconhecida no Brasil - Características Raciais

Publicado: 4 de agosto de 2009
Por: Ricardo Zanella, Méd. Veterinário CRMV/RS 9395. Mestrando do Department of Animal Sciences/Washington State University
A palavra Wagyu significa todos os bovinos de corte japonês ('Wa' significa Japonês ou estilo japonês e gyu significa gado). O gado Wagyu de coloração preta compreende as linhagens Tottori, Tajima, Shimane, e Okayama.

Porém as duas principais linhagens desenvolvidas e encontradas atualmente são a Tajima e Tottori. O gado Tajima recebeu este nome por ter sido desenvolvida na região de Tajima, onde originalmente foram selecionados e cruzados para terem pesados quartos dianteiro para a finalidade de serem utilizados como animais de tração nas lavouras arrozeiras. Eles tendem a ser menores e menos musculosos do que a linhagem Tottori, porém com um maior nível de marmoreio.

O gado de Tottori, é proveniente da região de Tottori e foi selecionado por seu tamanho e pela força de sua linha de dorso já que eram muito utilizados como animais de carga para o transporte de grãos.

Outra linhagem da raça Wagyu foi desenvolvida na ilha de Kyushu, possuindo coloração vermelha denominado de Red Wagyu. Assim como o black Wagyu, existem duas linhagens distintas, Kochi e Kumamoto. O gado Kochi possui bastante influência das raças coreanas, enquanto a linhagem Kumamoto tem uma grande influência da raça Simental, por isso tende a ter uma aparência mais musculosa que as outras linhagens da raça Wagyu.

A primeira exportação desta raça do Japão foi para os EUA em 1976 com a vinda de dois touros da linhagem Tottori Black Wagyu e dois touros da linhagem Kumamoto Red Wagyu. Sendo denominada de genética antiga. Entre 1970 e 1980 estes bovinos não foram reconhecidos como uma raça melhoradora, pois a indústria naquela época estava interessada em crescimento rápido e aparência externa, não dando muito valor a qualidade da carne. E raças continentais mostrava-se mais populares naquele tempo. Em 1991, com a diminuição das taxas de exportações de bovinos pelo Japão, a Austrália e os EUA se encorajaram a iniciar investimentos na produção de bovinos com alto grau de marmoreio primeiramente para a população japonesa.

No período entre 91 e 99 ocorreram cinco importações de Wagyu pelos EUA, consistindo na entrada de centenas de animais principalmente da linhagem Black Wagyu mas também alguns Red Wagyu.
Os EUA era o único país liberado a adquirir animais Wagyu direto do Japão, e através dos EUA a genética Wagyu passou a ser encontrada em outros países.

A raça Wagyu entrou no Brasil pela primeira vez em 1992 através da empresa Yakult, e as últimas importações desta raça ocorrerão no ano de 2002 e 2008 pela empresa BR3 Wagyu Connection.

Atualmente no Brasil existe a Associação Brasileira de Criadores de bovinos da raça Wagyu (http://www.wagyubrasil.org/index2.html) que é responsável pelo registro dos animais nascidos no Brasil, mas como o número de criadores em diferentes estados está aumentando, já está ocorrendo a movimentações para a criação de novas associações vinculadas a associação Brasileira, como é o caso Associação Gaúcha dos Criadores de Wagyu.

No ano de 2006, a American Wagyu Association, juntamente com a Washington State University publicou o sumário de touros da raça Wagyu, com dados de EPD- Teste de progênia de touros, onde ficou destacado e caracterizado o superior grau de marmoreio de bovinos Wagyus das linhagens de coloração preta em comparação a bovinos de linhagens de coloração vermelhas.

Os testes de EPD, é a melhor estimativa para medir o potencial genético dos animais. Esta estimativa leva em consideração as informações disponíveis de cada animal. No caso dos EPD dos bovinos da raça Wagyu, foram avaliados dados de carcaça, gordura subcutânea, marmoreio e área de olho de costela de filhos de touros da raça Wagyu. Todos os animais foram criados em mesmas condições de manejo.

O números de progênia para cada touro variou, oque pode causar diferenças na acurácia das informações.

A acurácia das informações, variam de 0 a 1 sendo que quanto maior os números de progênia mais confiáveis serão os resultados.

O touro destaque nos testes de EPD de marmoreio foi o touro JVP Fukutsuru 068, com 0.70 em EPD para marmoreio com acurácia de 0.52. O touro JVP 068 é filho do touro Dai 2 Yasutsuru com a fêmea Teruyasu (American Wagyu Association).

O touro JVP Fukutsuru 068 é pai do jovem touro Bar R Ichiro 32R que possui o número máximo de estrelas (14) avaliados pelos testes genéticos para marmoreio, maciez da carne e conversão alimentar desenvolvidos pela Bovigen (BR2 Wagyu Genetics LLC.)

Em segundo lugar para marmoreio ficou o touro Bar R Yasafuku 42K que é filho do consagrado Yasafuku com uma filha do Michifuku, neta do JVP Fukutsuro 068.

Para as características de área de olho de costela o grande destaque foi para o touro JVP Kikuyasu 400, e em segundo lugar ficou o touro Michifuku. A raça Wagyu é muito conhecida por ter um elevado grau de marmoreio e uma maciez inigualável na carne. A carne de animais da raça Wagyu também chamada de Kobe Beef e é reconhecida como a carne mais nobre do mundo, com um sabor único, maciez elevada e por ser mais saudável.

Os Bovinos da raça Wagyu, possuem melhor conversão alimentar e uma maior habilidade de depositar gordura entre as fibras musculares com uma maior rapidez e eficiência em comparação com a outras raças de bovinos de origens Europeias e Asiáticas.

A gordura dos bovinos da raça Wagyu, possuem uma concentração de ácidos graxos insaturados (oleico e linoleico) maiores do que as de ácidos graxos saturados (Palmíitico), ao contrario das raças de bovinos de origem Europeias. Isto resulta em uma carne com maior concentração de HDL (Lipoproteína de alta densidade conhecida com o bom colesterol) e uma menor concentração de LDL (lipoproteína de baixa densidade “mau colesterol”).

Nas características reprodutivas de bovinos da Raça Wagyu, notou-se em observação a campo que tanto machos como fêmeas da raça Wagyu atingem a puberdade em idades inferiores a raças europeias como a Angus.

A libido conhecido como o apetite sexual dos touros, bem como os níveis de testosterona foram observados em ser mais elevados nesta raça, porém a circunferência escrotal dos mesmos foi menor em comparação com animais de raças Européias. No entanto os níveis de produção espermática encontrados em bovinos da raça Wagyu foram maiores, oque sugere que estes animais apresentem células de Sertoli especializadas. As células de Sertoli são encontradas nos testículos dos animais e elas são responsáveis pela produção de espermatozóides nos machos. Estudos estão sendo realizados na Universidade de Passo Fundo no laboratório de Reprodução Animal do Hospital Veterinário para a identificação das diferenças Histopatológicas de testículos de bovinos da raça Wagyus em comparação com bovinos da raça Angus.

Outra característica favorável da raça Wagyu é a facilidade de parto, não apresentando problemas de partos distócitos, sendo ideias para a utilização em novilhas de primeira cria. Animais da Raça Wagyu não são animais de grande porte, não necessitando de gastos maiores com suplementação alimentar na sua dieta.

A raça de bovinos da Raça Wagyu, é indicada para a criação de quem tem interesse em iniciar a produção de animais com uma carne de alta qualidade. No futuro a busca por carnes de animais de alta qualidade irá aumentar, e a raça Wagyu é uma alternativa viável com um futuro promissor.


Bovinos da Raça Wagyu – Uma raça ainda desconhecida no Brasil - Características Raciais - Image 1

Bovinos da Raça Wagyu – Uma raça ainda desconhecida no Brasil - Características Raciais - Image 2

Bovinos da Raça Wagyu – Uma raça ainda desconhecida no Brasil - Características Raciais - Image 3


Todas as informações foram adquiridas através da:

American Wagyu Association - www.wagyu.org/

BR3 Wagyu Connection – www.wagyuconnection.com

Washington State University- http://www.ansci.wsu.edu/programs/wagyu/

Gaskins, C.T., K.A. Johnson, J.R. Busboom, J.J. Reeves and R.W. Wright. 1995.

Evaluation of ultrasound for estimation of marbling and within animal variation in marbling in Wagyu steers. J. Anim. Sci. 73

Gaskins, C.T., K.A. Johnson, J.R. Busboom, J.J. Reeves and R.W. Wright. 1995.

Marbling in crossbred Wagyu steers. 1995 WSU Beef Info. Day. pgs. 34-40.

2006 National Wagyu Sire Summary- Washington State University.

Elias-Calles,J.A., C.T. Gaskins, J.R. Busboom, J.D. Cronrath, S.K. Duckett, J.J. Reeves, R.W. Wright, K.A. Johnson, and C.J. Moreshead. 1997. Comparison of fatty acid composition and palatability characteristics of beef from various Wagyu sires. WSU Wagyu Proc. 3:63-86.
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