Diarréia é a excreção de fezes que contém quantidades excessivas de água. As fezes de bezerros com diarréia podem conter de 5 a 10 vezes mais água que o normal.
Além de líquida, vários tipos de diarréia podem resultar na produção de fezes com odor fétido, sem cor normal de fezes (amarelada ou esbranquiçada) ou que contém muco e sangue.
Com o aparecimento da doença, alguns sinais vão ficando mais evidenciados, onde podemos citar:
- Diminuição do apetite
- Fezes líquidas
- Desidratação
- Extremidades frias (hipotermia)
- Incapacidade de se levantar (prostração)
- Aumento da temperatura retal (> 39.3° C)
A diarréia por se caracterizar por grande perda de líquidos e eletrólitos corporais, causa assim, desidratação que, dependendo do grau, pode levar à diminuição de peso, podendo evoluir para um choque hipovolêmico, levando o animal a óbito.
Neste caso podemos citar vários fatores desencadeantes do processo, como os agentes enteropatogênicos, bactérias (Escherichia coli, Salmonella sp, Clostridium perfringens), vírus (rotavírus e coronavírus); protozoários (Eimeria sp.); verminoses, fatores nutricionais (ingestão excessiva de leite ou rações similares) e de meio ambiente.
As condições higiênico-sanitárias precárias facilitam as diarréias de origem infecciosa, que, em geral, são causadas por diferentes agentes, já citados, que possuem sintomas semelhantes entre si e não demonstram características específicas, podendo, inclusive, ocorrer infecções mistas.
A colibacilose é uma das principais causas de diarréias, em termos de mortalidade de animais. O agente causal é a bactéria E. coli, que pode acometer, principalmente, os bezerros nas três primeiras semanas de vida. Inicia-se como uma diarréia de cor esbranquiçada, de cheiro desagradável; tornando o animal pálido; diminuindo o apetite, emagrecimento progressivo e, em alguns casos, morte repentina.
Essa diarréia apresenta três formas principais:
- Septicêmica: A bactéria quando na corrente sangüínea, tem um alto poder de multiplicação. Animais que não receberam o colostro em tempo e quantidade suficiente fica predisposta à invasão da bactéria em seus tecidos orgânicos. É freqüente o animal aparecer morto de um dia para outro, sem ter apresentado nenhum sinal clínico.
- Entérica: Bastante conhecida como "curso branco". Apresenta uma desidratação bastante variável, apresentando as fezes aquosas, com cheiro pútrido, e fragmentos de leite coagulado (grumos), devido a uma má digestão. Os bezerros afetados que não morrem permanecem doentes por algumas semanas.
- Enterotoxêmica: Existe uma grande proliferação de E. coli na parte média e posterior do intestino e é observada em casos individuais. A manifestação da doença é de caráter súbito, com colapsos e extrema prostração. Pode ocorrer a morte do animal, sem apresentação de diarréia. .
Nos sistemas de criação de bezerros em confinamento ou semiconfinamento, a higiene, os abrigos limpos e secos e a desinfecção rigorosa e periódica das instalações podem contribuir para evitar o aparecimento de surtos ou para eliminar os focos. Sabe-se que os bezerros adquirem esta doença por via oral, e se medidas forem tomadas para evitar a contaminação de pisos, cama, água e ração, a incidência desta doença será menor.
A salmonelose, causada por uma bactéria do gênero Salmonella, é também conhecida como "paratifo dos bezerros". É mais freqüente em animais abaixo de doze semanas de idade. A diarréia se caracteriza por fezes fluidas com presença de muco; apresentam cor esverdeada ou acinzentada com bolhas de gás e cheiro desagradável.
Em geral, essa diarréia está associada à pneumonia, seja pela quebra da resistência orgânica ou pela disseminação da bactéria pelo organismo do animal, atingindo os pulmões. A transmissão se dá pela ingestão de água e alimentos contaminados.
A enterotoxemia hemorrágica afeta, geralmente, bezerros nos dois primeiros dias de vida, podendo ocorrer em animais mais velhos. Causada pelo C. perfringens tipo C, pode ser observado nos bezerros doentes, diarréias do tipo hemorrágicas, dores abdominal e, em alguns casos, distúrbios neurológicos.
Os coccídeos ou eimeriose (curso negro) é uma enterite contagiosa causada por infecção pelo protozoário Eimeria spp. Casos freqüentes em bovinos, ocorrem em animais de um a seis meses de idade. Nos animais adultos também podem apresentar a doença, caso os mesmos estejam debilitados. A diarréia se apresenta com fezes líquidas, escuras, contendo muco e sangue, forte odor, e que se aderem à cauda dos animais. A transmissão se dá pela ingestão de água e alimentos infectados, lambedura de pêlos contaminados por fezes infectadas. Condições precárias de higiene, a alta densidade de animais e umidade excessiva favorece ao aparecimento da doença. O controle da eimeriose deve se basear em medidas higiênicas e manejo. Bebedouros e comedouros devem estar sempre limpos, impossibilitando a contaminação fecal.
Também são importantes causas de diarréias, as infecções por vírus, como coronavírus e rotavírus.
Nas infecções por coronavírus, os animais apresentam sinais de fraqueza, depressão, dificuldade ao mamar, e as fezes com muco e leite coagulado. A enfermidade costuma atacar animais a partir dos sete dias de idade até três semanas de vida.
O curso das infecções por rotavírus caracteriza-se pelo aparecimento rápido e disseminação entre os neonatos de uma propriedade. Os sinais típicos de infecção por rotavírus são: depressão leve, salivação, relutância para mamar e parar de pé, diarréia aquosa amarelada. A contaminação por rotavírus se dá por ingestão de material fecal contaminado, e os animais mais acometidos estão com menos de dez dias de idade.
O surto da rotavirose depende diretamente da presença de anticorpos transferidos passivamente, e animais que recebem colostro em tempo hábil ficam bastante protegidos da infecção.
A parasitose gastrintestinal constitui-se também em importante causa de diarréias, sendo os animais mais jovens e com manejo mais intensivos mais sensíveis às helmintos.
As diarréias devem ser controladas e prevenidas, procurando sempre identificar a causa e a incidência, e assim realizar um tratamento específico para o agente em questão, ou mesmo controlar o problema com a utilização de vacinas.
O corte e a desinfecção do umbigo dos bezerros devem ser feitos ao nascimento, pois ele pode servir de porta de entrada para os agentes causadores de várias doenças.
Assim como a maioria das doenças de bezerros, imunidade passiva adequada (através da ingestão de 4 litros de colostro pelo bezerro nas primeiras horas de vida), e remoção de fatores predisponentes (lama, leite de baixa qualidade, grande quantidade de bezerro juntos.), são as duas medidas principais para se evitar a diarréia, pois os anticorpos produzidos pela vaca não passam para o feto durante a gestação.
O bezerro nasce sem anticorpos, isto é, sem proteção contra as infecções virais ou bacterianas do meio ambiente. O colostro é a única fonte de anticorpos do bezerro ao nascer.
O volume total de colostro deve ser equivalente a 10% do peso do bezerro ao nascer durante as primeiras 24 horas e, no mínimo, 4% do peso durante as duas primeiras horas.
A chave para o sucesso no tratamento das diarréias é a rápida detecção do problema e intervenção imediata, com administração de uma solução bem balanceada para reidratação oral. Se a reidratação for feita logo no início da diarréia, a taxa de sucesso do tratamento pode chegar a 95% ou mais.
E quando a diarréia for de origem bacteriana, em que os animais apresentarem febre e depressão severa o tratamento deverá ser feito com antibióticos de largo espectro no qual podemos citar: ENROMIC INJETÁVEL (Enrofloxacina 5%) e ESTREPTOPENICILINA MICROSULES, onde esse tratamento deverá ser feito junto à reidratacao do animal, explica o Dr.Joseir Monteiro.