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TÉCNICA DA PRODUÇÃO DE FENO.

Publicado: 15 de outubro de 2012
Por: Augusto Zonta (Zootecnista, Mestre, PqC do Pólo Regional da Alta Paulista/APTA) ; Márcia Cristina de Mello Zonta (Zootecnista, Mestre, Técnico do Pólo Regional da Alta Paulista/APTA).
Feno é um alimento volumoso obtido pela desidratação gradativa, por processos naturais ou artificiais, de plantas forrageiras com perdas mínimas dos valores nutritivos, conservando a maciez, palatabilidade, coloração e aroma semelhantes ao material original (Andrade, 1999).
As forrageiras tropicais são muito interessantes para a confecção de feno, pois além de possuir um ótimo rendimento de matéria seca, apresentam uma boa qualidade nutricional (Evangelista et al, 1995). A maior dificuldade em se produzir feno é que o estágio vegetativo mais interessante para o corte da forrageira, sob o ponto de vista qualitativo e quantitativo, coincide com o período de maior freqüência de chuvas: outubro a março.
A confecção de feno de leguminosas é mais difícil que a de gramíneas, devido diferença de velocidade na desidratação entre caules e as folhas, ou seja, quando os talos estiverem secos, as folhas, que são a parte mais nutritiva, já estarão quebradiças, causando grande quantidade de perdas se não dar a devida atenção durante o processo de desidratação. Outra dificuldade é que as leguminosas não suportam muitos cortes ao ano, o rebrote é mais lento e geralmente são de difícil mecanização.
A gramínea deverá ser adaptada à sua região, deve possibilitar cortes mecânicos, não ser suculenta, possuir boa produção de matéria seca por área, suportar cortes freqüentes durante o ano e ter boa palatabilidade.
As gramíneas mais utilizadas são Brachiaria, Tifton, Coast Cross e Tânzania, pois perdem água rapidamente de forma mais homogênea, além de permitirem de 3 à 5 cortes ao ano.
Usualmente corta-se as gramíneas na fase inicial da floração, pois neste estágio a planta cessa o seu crescimento e começa a consumir as reservas armazenadas (Cândido et al, 2008). Algumas forrageiras florescem apenas uma ou duas vezes ao ano, porém, permitem mais de dois cortes. Para estas espécies a avaliação do ponto de corte não florado deverá ser subjetiva baseando-se na altura dos cortes florados. A segadeira deverá ser regulada de 5 a 10 cm de altura, dependendo da espécie da gramínea. Não é recomendado o uso da roçadeira, pois há desfragmentação excessiva do material causando perdas de até 40%.
Após o corte, logo nas primeiras horas da manhã, uma quantidade de material suficiente para a capacidade operacional da fazenda ficará esparramado no campo. O objetivo é desidratar o material que possui naturalmente 80% de umidade para um teor de 15% em 12 horas de sol. Nas primeiras duas horas a perda de água é rápida e atinge 60% de umidade, depois a perda torna-se lenta ao longo do dia. Faz-se necessário que o material cortado seja revirado a cada 2 horas para acelerar esta perda de água. Se ao final do dia o material ainda estiver úmido, deve-se fazer montes e cobrir com lona para evitar chuvas e orvalho à noite.
Pare que ocorra uma adequada desidratação do capim a umidade relativa do ar deverá ser no máximo entre 65%, pois do contrário não haverá gradiente o suficiente para a evaporação da água da planta para o meio ambiente. Quanto mais tempo o capim ficar exposto, maiores serão os riscos ocorrência de chuva, perder qualidade nutritiva, mofar, fermentar ou incendiar no galpão de estocagem.
Como detectar o momento em que o capim atingiu 20% de umidade? Pegue um pequeno chumaço de capim e torça bem, se você notar que o capim mudou de coloração devido à saída de umidade e ao soltar uma das extremidades o capim voltar rapidamente para a posição inicial, precisa secar mais; se você torcer o material e não eliminar umidade e ao soltar uma das extremidades o capim voltar lentamente para a posição inicial está no ponto ideal, se você torcer o material e ele estalar ficando quebradiço, passou do ponto (Ferrari Junior et al, 1993).
O feno deverá ser armazenado em local fresco e seco, amontoado em pequenos montes de fardos ou rolos. Deverá haver espaço de 25 cm entre as linhas para a circulação de ar e estrados no solo. E as pilhas deverão ficar a 50 cm das paredes do galpão. A inspeção regular do local de armazenagem e das pilhas é muito importante.
A produção de feno é uma atividade muito dependente da mecanização e por este motivo a área de cultivo da gramínea deve ser plana, livre de tocos e pedras. Deverá ser próximo ao galpão de estocagem e aconselha-se que a propriedade esteja localizada em uma região que consuma o produto, pois em alguma situações o frete dificulta a comercialização.
 
Referências
ANDRADE, J.B. Produção de Feno. Nova Odessa: Instituto de Zootecnia, 1999. 34p. (Boletim Técnico, 44)
CÂNDIDO, M. J. D. ; JÚNIOR, A. J. A. C. ; SILVA, R. G.; AQUINO,R. M. S. Técnicas de fenação para a produção de leite. In: Anais Seminário Nordestino de Pecuária-PECNORDESTE. Fortaleza: FAEC, 2008. p.261-298.
EVANGELISTA, A.R.; ROCHA, G.P. Produção e utilização do feno. Lavras: Coordenadoria de Extensão, 1995. 18p. (Circular Técnica, 35)
FERRARI JUNIOR, E.F., RODRIGUES, L.R.A., REIS, R.A. et al. 1993. Avaliação do capim coast-cross para a produção de feno em diferentes idades e níveis de adubação de reposição. B. Industr. Anim. 50 (2):137-145.
 
**O trabalho foi originalmente publicado pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. 
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Autores:
Augusto Zonta
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