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Estimativa da herdabilidade do comprimento do pêlo em um rebanho da raça Jersey

Publicado: 15 de junho de 2004
Por: Cecília José Veríssimo, PqC – Instituto de Zootecnia, IZ, Centro de P&D Zootecnia Diversificada, SP, e Lenira El Faro, PqC – APTA Regional, PRDTA Centro Leste, SP.
Sumário

Duas amostras de pêlos foram arrancadas da região escapular de 166 vacas da raça Jersey, filhas de 50 touros, pertencentes a um rebanho situado em Americana, Estado de São Paulo. As amostras foram coletadas em 06/12/1999 e 06/11/2000 (N = 332), e acondicionadas em um saquinho plástico. Posteriormente, mediram-se os 20 maiores pêlos contidos em cada saco, com paquímetro, e calculada a média. Os dados foram analisados pelo método dos quadrados mínimos. A média observada do comprimento do pêlo foi de 6,80mm (CV = 31,82%) e h2 = 0,38. A estimativa de herdabilidade encontrada mostrou que existe variação genética aditiva no rebanho e que é possível obter progresso genético por meio de seleção.

PALAVRAS-CHAVE: bovino, pelame, vaca.

 

INTRODUÇÃO
O comprimento do pêlo é uma importante característica relacionada com a adaptação dos bovinos aos trópicos. Quanto maior o comprimento do pêlo de um animal, pior a sua adaptação a situação de estresse calórico (YEATES, 1955).
O comprimento do pêlo também parece estar relacionado com a resistência dos bovinos ao carrapato Boophilus microplus (O'KELLY e SPIERS, 1983, VERÍSSIMO et al., 2002, ANDRADE et al., 2003).
Embora de grande importância para a adaptação dos bovinos aos trópicos, estimativas de parâmetros genéticos de características do pelame têm sido pouco estudadas.
O objetivo desse estudo foi estimar a herdabilidade do comprimento do pêlo em um rebanho de vacas Jersey.
 
MATERIAL E MÉTODOS
Duas amostras de pêlo foram arrancadas da região escapular de 166 vacas da raça Jersey, filhas de 50 touros, pertencentes a um rebanho situado em Americana, Estado de São Paulo. Utilizou-se um alicate de eletricista, tipo "bico de pato", especialmente adaptado para essa finalidade (SILVA, 2000). As amostras foram coletadas na primavera, em 06/12/1999 e 06/11/2000, e acondicionadas em um saquinho plástico. Posteriormente, mediram-se os 20 maiores pêlos com paquímetro, calculando-se a média.
Os 332 dados do comprimento médio dos pêlos foram analisados pelo método dos quadrados mínimos (procedimento GLM do SAS) utilizando-se o modelo: yijkl = μ + ci + dj + tk + eijkl, em que: yijkl = comprimento médio do pêlo; μ = média geral; ci = efeito da classe de idade , i = 1 (ano de nascimento menor ou igual a 1993), 2 (ano de nascimento: 1994 a 1996), 3 (ano de nascimento: 1997 e 1998); dj = data da coleta, j = 1 (06/12/1999), 2 (06/11/2000); tk = efeito de touro, k = 1,..., 50; e eijkl = erro aleatório pertinente à observação yijkl.
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A média ajustada do comprimento do pêlo foi de 6,80mm (coeficiente de variação = 31,82%) e o valor de h2 = 0,38. Não houve efeito de classe de idade, tampouco de data de coleta. O fato das coletas terem sido feitas em animais adultos, com pelo menos dois anos de idade, e na mesma estação do ano (primavera) explicaria por que não houve efeito tanto de classe de idade como de data da coleta.
PAN (1964) estudando o comprimento do pêlo em várias regiões do corpo de 4 bovinos da raça Jersey encontrou a média de 8,8mm, em pêlos coletados no outono. VERÍSSIMO et al (2002), observando o comprimento dos pêlos de animais Gir e mestiços Gir x Holandês, com 50 a 75%, e mais de 75% de genótipo Holandês, no verão, verificaram as seguintes médias: 4,68mm, 6,81mm e 8,74mm. VERÍSSIMO et al. (1998) encontraram as seguintes médias de comprimento do pêlo em bovinos da raça Holandesa, Caracu, Guzerá e Nelore, no verão: 15,25mm, 6,17mm, 5,31mm e 5,56mm.
SILVA et al. (1988), estimaram um valor muito baixo (h2 = 0,081) para comprimento do pêlo, também em gado Jersey. Os autores estudaram dois rebanhos (total de 523 vacas) e fizeram coletas nas quatro estações do ano, obtendo a menor média na primavera (12,80mm). PINHEIRO (1996) estimou em vacas Holandesas o valor de h2 = 0,20 para comprimento médio dos pêlos. MAIA et al. (2003) encontraram valores de h2 para o comprimento médio do pêlo de 0,37 em pelame preto e 0,69 em pelame branco de vacas Holandesas.
 
CONCLUSÕES
A estimativa de herdabilidade encontrada indica que existe variação genética aditiva no rebanho, e que é possível reduzir o comprimento dos pêlos (resposta esperada desejável) por meio de seleção.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, A.B.F., ALENCAR, M.M, FIGUEIREDO, L.A., RAZOOK, A.G., CYRILLO, J.N.G . Análise de fatores genéticos e ambientais que afetam a infestação de fêmeas bovinas da raça Caracu por carrapatos (Boophilus microplus). Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v.32, n.6 (suplemento 1), p.1578-1586, 2003
YEATES, N.T.M. . Photoperiodicity in cattle. I. Seasonal changes in coat character and their importance in heat regulation. Aust. J. agric. Res. V.6, p. 891-903, 1955.
MAIA, A.S.C., SILVA, R.G., BERTIPAGLIA, E.C.A . Características do pelame de vacas Holandesas em ambiente tropical: um estudo genético e adaptativo. R. Bras. Zootec., v.32, n.4, p.843-853, 2003.
O'KELLY, J.C., SPIERS, W.G. Observations on body temperature of the host and resistance to the tick Boophilus microplus (Acari: Ixodidae). J. Med. Entomol., Rockhampton, v.20, n.5, p.498-505, 1983.
PAN, Y.S . Variation in hair characters over the body in Sahiwal Zebu and Jersey cattle. Aust. J. Agric. Res., v.15, p. 346-356, 1964.
PINHEIRO, M.G . Variação genética de características da capa externa de vacas da raça Holandesa em ambiente tropical. Ribeirão Preto: Faculdade de Medicina, 1996. 43p. Tese (Doutorado em Genética) – Faculdade de Medicina/Universidade de São Paulo, 1996.
SILVA, R.G . Introdução à Bioclimatologia Animal. Ed. Nobel, São Paulo, 2000, 286p.
SILVA, R.G., ARANTES-NETO, J.G., HELTZ-FILHO, S.V. . Genetic aspects of the variation of the sweating rate and coat characteristics of Jersey cattle. Rev. Brazil. Genet., v.11, n.2, p.335-347, 1988.
VERÍSSIMO, C.J., CARNEIRO, M.C., CELESTE, T.R., LARA, M.A.C. Comprimento do pêlo em bovinos das raças Holandesa, Caracu, Guzerá e Nelore. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 35, Botucatu, 1998. Anais...Botucatu: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 1998, v.4, p.64-66.
VERISSIMO, C.J., NICOLAU, C.V.J., CARDOSO, V.L., PINHEIRO, M.G. Haircoat characteristics and tick infestation on Gyr (zebu) and crossbred (Holstein x Gyr) cattle. Archivos de Zootecnia, Córdoba, v.51, n.195, p. 389-392, 2002.
*** O Trabañho foi originalmente apresentado durante o ZOOTEC2004, 28 a 31 de maio de 2004 – Brasília, DF
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Autores:
cecília josé veríssimo
IZ - Instituto de Zootecnia / Secretaria de Agricultura e Abastecimento
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