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Controles Estratégicos de Verminoses nos Bovinos

Publicado: 5 de janeiro de 2010
Por: Dr.Joseir Monteiro (Médico Veterinário, LABORATÓRIO MICROSULES DO BRASIL)
Percebemos que a  pecuária de corte cada dia mais depende de bom desempenho de produção e para que isso aconteça é preciso que haja boas praticas de manejo/ alimentação, animais de superioridade genética e sanidade no rebanho.
A sanidade animal é prejudicada por vários agentes patógenos que podem acometer os bovinos, destacando parasitas internos e externos. Inúmeras espécies de parasitas internos podem ser encontradas habitando o aparelho digestivo e respiratório dos bovinos, e por diferentes mecanismos podem causar transtornos ao bom funcionamento dos órgãos envolvidos, causando então em bovinos um pior desenvolvimento, sendo estas muitas vezes passando batida pelos produtores rurais, pois, em muitos casos estas são sub-clinica.

Dentre as várias espécies de vermes que podem parasitar os bovinos, algumas revestem-se de grande importância econômica. Com freqüência, o parasitismo natural apresenta mais de uma espécie atacando o mesmo animal, e cada qual produz efeitos específicos sobre o organismo do hospedeiro. Os bovinos podem se infectar pela ingestão oral da larva L3, através da pastagem e servirem de hospedeiro de varias espécies de parasitas sendo estas alojadas no pulmão ou trato digestivo, podem também ser transmitidas pela pele ou ingestão do colostro. O ciclo dos parasitas internos são caracterizados pela eliminação de milhares de ovos através da fezes e que em contato com o meio ambiente há a eclosão dos ovos surgindo então a larva L1, que evolui para a forma infectante L3. Estas por sua vez invadem a os órgãos de predileção se desenvolvem em vermes adultos iniciando a ovoposição após a copula.
Segue abaixo foto de alguns dos principais vermes dos bovinos:
Controles Estratégicos de Verminoses nos Bovinos - Image 1
Controles Estratégicos de Verminoses nos Bovinos - Image 2
Controles Estratégicos de Verminoses nos Bovinos - Image 3
Vários fatores vão interferir no desenvolvimento do parasita causando então diversas formas e grau de prejuízo ao animal. Entre os fatores podemos citar: idade, raça e estado nutricional do animal, estado fisiológico, intensidade da carga parasitaria, espécie de parasita envolvido, condições climáticas e vegetações.
Idade
Os animais jovens são mais sensíveis que os adultos, embora constituam uma categoria de animais sensíveis, correm menos riscos, pois recebe proteção através do colostro, aliado a baixa ingestão de forragem, onde este serve como um meio de contaminação.

Raça
Os animais de origem européia e os cruzados apresentam maior susceptibilidade que os animais de raças zebuínas.

Estado nutricional
Os animais bem nutridos suportam melhores os efeitos das verminoses.
Intensidade da carga parasitaria e espécie envolvida
Quanto maior for a carga de parasitas maiores serão os efeitos, dependendo também das espécies envolvidas.
Condições climáticas e vegetação
Nos períodos quentes e chuvosos há uma maior predisposição para o desenvolvimento dos parasitas em sua forma livre aumentando então os riscos de contaminação, podendo também variar de acordo com a densidade da pastagem que quando mais densa, impedem a dessecação solar e criam microclimas para desenvolvimento do parasitas.

Estado fisiológico
Dentre os vários desafios que os bovinos estão expostos ao longo do ano, o periparto, período que começa cerca de um mês antes do parto e vai até um mês após o parto, é um exemplo de fase delicada para as fêmeas. Neste momento exige cuidados especiais por parte dos pecuaristas para evitar prejuízos com a saúde do rebanho, comprometimento da qualidade do leite e, consequentemente, perdas econômicas.
Esta fase é marcada por um relaxamento imunológico das fêmeas em função das mudanças hormonais e metabólicas que as preparam para o parto, bem como para permitir o pleno desenvolvimento fetal e o estabelecimento da lactação. Por conta desta queda natural da imunidade, as vacas ficam muito mais vulneráveis aos efeitos nocivos dos parasitas, fazendo com que a aplicação de antiparasitários nessa época seja extremamente necessária, comenta Joseir Monteiro.
Da mesma maneira podemos também afirmar que além do relaxamento imunológico aos vermes redondos, outro agravante no periparto é a grande demanda de energia, devido ao desenvolvimento de feto, que na maioria das vezes, é maior do que a energia fornecida pela ingestão dos alimentos e isso faz aumentar a vulnerabilidade das fêmeas às parasitoses. Portanto, o momento ideal para o tratamento é o mais próximo possível do parto. Neste instante, o pecuarista deve sempre optar por antiparasitários de eficácia comprovada e, além disso, contar com o respaldo de um médico veterinário para indicar o período mais propício para a aplicação.
Sabemos que no Brasil o segundo semestre do ano concentrar o maior número de parições nas vacas de corte mantidas a pasto, é importante promover o tratamento com vermífugos nos meses de julho e agosto, já que os picos das parições ocorrem, geralmente, nos meses de agosto e setembro.
As vantagens em vermifugar o plantel de fêmeas não se restringem apenas ao período do periparto. A adoção de um calendário estratégico de controle de parasitas traz inúmeros benefícios durante toda a vida das vacas. O combate às altas incidências dos parasitos possibilita que as novilhas alcancem o peso mínimo para a entrada na reprodução e apresentem cios com regularidade já no inicio de sua primeira estação de monta, contribuindo para altos índices de prenhezes, menor descarte de novilhas e maior quantidade de novilhas para reposição ou ampliação do rebanho de vacas.
 
Diagnóstico
O diagnóstico deve ser feito pelo veterinário, e se possível confirmado através de
exames laboratoriais, visando a identificação de larvas/ovos de parasitas em amostras de fezes.
Com isso diversas pesquisas foram realizadas, chegando então a um controle estratégico, sendo este um método que apresenta melhor custo beneficio tratando as categorias de animais em períodos de maior eficiência.

O controle estratégico é realizado no período da seca, onde aumenta a proporção de parasitas nos animais e diminuem nas pastagens, ao contrario do período chuvoso.
No centro-oeste do Brasil, podemos considerar então que o melhor período de tratamento dos animais são os meses 5, 7 e 9. As categorias a serem vermifugadas e períodos a serem usados são mostradas abaixo.
Controles Estratégicos de Verminoses nos Bovinos - Image 4
Biachin(1997)

Como é mostrado no quadro acima, só os animais que apresentam prejuízos altos, devem receber o controle estratégico de três dosificações. Sendo que o bezerro só é indicado o uso de vermifugação na desmama, pois antes disto estes se alimentam de pouca pastagem e recebem uma proteção passiva, e para que esta seja efetiva deve-se vermifugar as vacas um mês antes de parirem, que normalmente acontece no Centro-Oeste nos meses de Julho ou Agosto. Já para a categoria de bois é viável que estes sejam vermifugados na entrada dos pastos que serão terminados que acontece normalmente em Outubro ou Novembro.
 
 
 
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Joseir Monteiro
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Espedito Arruda Linhares
5 de marzo de 2010
Parabens, você de maneira simples e de fácil entendimento tirou qualquer dúvida do leitor menos esclarecido. Um abraço Espedito Arruda Linhares Acadêmico de Zootecnia - IESM Timon Ma
Ricardo Gomes
CATI - Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Secret. Agric. São Paulo)
27 de enero de 2010
Prezado colega que fez o comentario sobre o OPG, relembro o senhor que somente o OPG, ou seja a contagem de ovos por grama de fezes não pode ser isoladamente uma conduta para diagnóstico para o uso de anti-helmintico de escolha, visto lembra-lo que a classificação de lavas, aqui falando dos bovideos e para a grande familia dos Triconstrongilideos, é muito importante, bem como esclarecer sobre resiliencia, a importancia está que femeas de Haemonchus ovipõem muito, são hematofagas e Cooperia não são hematofagas, vivem no Intestino delgado e sua causa são fisiopatologia especifica no órgão, então, na pratica, somente o OPG não funciona, temos que lançar mão da Cultura de larvas , seguindo simplismente manuais do UENO, Alvimar Jose da costa e outros para Diagnosticos dos helmintos... O controle e planejamento estratégico pode funcionar, mas estamos em epocas atipicas, chuvas quase o ano todo, flutuação de larvas nas pastagens praticamente o ano todo, sendo o uso de manejo bem analisado e uso das técnicas para a vermifugação e mesmo assim,utilizando todo esse saber, temos a chance de errar, parece piada, mas é verdade, os parasitos são muito esperto e erradica-los é tarefa muito audaciosa, visto tanta audácia quando falamos de vacinas para parasitos, mormente as de protozoarios, mas as pesquisas estão ae,avança dia a dia, temos muito a estudar e dentro da gente, vemos.... quanto mais estudamos, menos a gente ve que sabemos menos pelo tanto de informações que são disponiveis.
Mario Real
Realh Nutrição e Saúde Animal
20 de enero de 2010
Prezados Srs Este tema sempre me atraiu, visto que atuo na área de Assistência há muitos anos. A questão que coloco sobre o Controle Estratégico, diz respeito à verdadeira necessidade de tratar (vermifugar) ou não os bovinos.....seja de que categoria for. Vejam que para as propriedades rurais que detém (investem) em seus quadros em profissionais Médicos Veterinários, devem, a meu ver, avaliar, realizar periodicamente exames de fezes, de amostragem representativa, e a partir daí, definir ou não pelo tratamento. Esta é uma das missões do médico veterinário. Usar o receituário quando necessário. Isto é estratégia profissional com foco no custo e no resultado. Devemos avaliar o fenômeno da RESILIÊNCIA dos rebanhos, como uma grande oportunidade para redução de custos... De sua correta avaliação é que será definido tratar ou não (gastar ou não), ou seja, por exemplo, se na média o resultado de OPG (amostra representativa) acusar digamos 400 a 450 ovos por grama, mas o rebanho/lote visivelmente está saudável, ganhando peso, pelo liso etc...pergunto ainda assim fica indicado o tratamento, ou é possível e cabível adiá-lo ? Minha postura é na defesa do exercício profissional técnico. Conheço muitos e muitos casos de excesso de medicações e movimentações absurdas de grandes rebanhos, totalmente divorciadas da realidade/necessidade do lote ou plantel naquele momento. Fica a idéia, para os colegas que atuam com Assistência, para os produtores que pagam as contas, e para os pesquisadores que, através de estudos e artigos, indicam os rumos. Não sou contra o uso de vermífugos... sou contra a padronização das coisas. A realidade de uma fazenda é única e exclusiva, assim, cabe ao técnico consciente, que a acompanha e orienta, definir pelo uso ou não de determinada molécula, e este, deve ter o Plano Estratégico uma informação a mais, importante e relevante no âmbito das generalizações, porém com peso relativamente pequeno na tomada técnica de decisão. Já, para as propriedades sem orientação de Médico Veterinário, estas sim, podem se apoiar no Plano Estratégico, só que invariavemente serão menos lucrativas. Srs Este é apenas um ponto de vista, que foca o assunto no âmbito da estratégia e no custo. Não tenho a pretensão de excluir ou definir qualquer coisa.
Ricardo Gomes
CATI - Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Secret. Agric. São Paulo)
16 de enero de 2010
Parabens ao autor pelo artigo simples, basico e esclarecedor das particularidades das helmintoses, mas deve esclarecer também que não somente as L3 são fontes de infecção, pois estarará generalizando aos Triconstrongilideos, não podendo esquecer as formas infectantes de L1 para larvas fora de ovos e\ ou outras formas dentro dos ovos e outras necessarias com hospedeiros intermediarios e\ou paratenicos, sendo este comentario que repassei somente aplicados aos bovideos, não se generalizando aos parasitos de carnivoros e quiça, alguns animais selvagens ou de laboratorio.
Ricardo Toffoli
Ricardo Toffoli
6 de enero de 2010
Este artigo foi bastante esclarecedor. Vinha buscando algum artigo na internet e em livros e não encontrei. O autor discorre de maneira concisa e clara sobre o tema. Parabéns pelo excelente artigo e que nos brinde com outros textos. ABRAÇOS CORDIAIS. RICARDO TOFFOLI Agropecuária Toffoli S/A Diretor presidente
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