Sumário
1 Introdução ............................................................................................................ 4
2 Características gerais da cultura .....................................................................6
2.1 Época de plantio ..............................................................................................6
2.2 O preparo do solo ............................................................................................7
3 Rendimento forrageiro .......................................................................................7
4 Valor nutritivo da silagem ..................................................................................9
5 Fazendo a silagem ............................................................................................11
5.1 Ponto para ensilar ..........................................................................................11
5.2 O enchimento dos silos ................................................................................12
6 Despesas da lavoura .......................................................................................12
7 Conclusão ......................................................................................................... 13
8 Referências ....................................................................................................... 14
1 Introdução
Um dos problemas da pecuária no Brasil reside na sazonalidade da produção de forrageiras ao longo do ano, levando a períodos de grande produção, seguidos de escassez, o que, normalmente, diminui a produção de carne e leite. Para evitar a escassez de forragens nesses períodos críticos, usa-se a prática da conservação de forragens, seja na forma de fenação ou ensilagem. A prática da ensilagem é a mais difundida entre os criadores de bovinos de corte, pela facilidade de produção do grande volume necessário. Além da facilidade de armazenamento, o tipo de forrageira que se presta a esse tipo de prática normalmente é menos exigente em fertilidade do solo e adaptam-se melhor às mais diversas regiões brasileiras (BANYS et. al., 1999).
Para produção de silagem, pode-se utilizar uma grande variedade de gramíneas e leguminosas. Entre as gramíneas, o milho geralmente produz silagem bem preservada, devido aos elevados teores de matéria seca e de carboidratos solúveis e à baixa capacidade tamponante. Embora seja considerada silagem-padrão, sua produção e qualidade são incertas por serem muito influenciadas pela disponibilidade hídrica. Quanto ao sorgo, geralmente apresenta produções mais elevadas que o milho, principalmente em regiões onde frequentemente ocorrem deficiências hídricas. Embora o sorgo seja uma opção para essa situação, são necessárias outras opções de forrageiras que completem o ciclo, exigindo menores precipitações e, dentre as forrageiras com maior tolerância ao estresse hídrico, o girassol se apresenta bastante apto a esse tipo de situação (EVANGELISTA & LIMA, 2001).
O girassol é caracterizado por apresentar maior resistência ao frio e ao calor que a maioria das culturas, além de apresentar ampla adaptabilidade às diferentes condições edafoclimáticas. Sua capacidade de extrair água disponível na camada de zero a dois metros de profundidade foi estimada em aproximadamente 92%, contra 64% do sorgo (Bremner et. al., 1986) citador por (Evangelista & Lima, 2001), sendo capaz de tolerar períodos secos e produzir grande quantidade de matéria seca (Sheaffer et. al., 1977 apud EVANGELISTA & LIMA, 2001). Graças a essas características, o girassol se destaca como nova opção nos sistemas de rotação e sucessão de culturas. Assim, o uso do girassol na alimentação animal sob a forma de silagem tem surgido como boa alternativa para o Brasil devido aos períodos de déficit hídrico, que impossibilitam a produção de alimentos volumosos de boa qualidade e, consequentemente, a manutenção da produção animal todo o ano.
Segundo Feitas (2008) o uso da silagem nos sistemas de produção é uma alternativa técnica e eficiente que têm sido utilizadas com diversos propósitos, dentre estes podemos citar o aporte de volumoso de qualidade no período de escassez de alimento, redução dos custos da dieta no confinamento, suplementação alimentar em pastagens, aumento da escala de produção e maior controle e segurança sobre o manejo alimentar.
No Brasil, o plantio do girassol vem aumentando significativamente nos últimos anos nas regiões Sul e Centro-Oeste do Brasil, embora seu uso esteja mais direcionado à produção de grãos para extração de óleos (AGRIANUAL, 2006 apud FEITRAS, 2008). Parte dessa produção de girassol poderia ser uma alternativa forrageira para a produção de silagem, pois a espécie apresenta maior tolerância ao estresse hídrico em comparação a outras forrageiras como o milho, e uma ampla adaptabilidade às condições edafoclimáticas (EVANGELISTA & LIMA, 2001).
Este trabalho tem como objetivo realizar uma breve revisão de literatura sobre a utilização da silagem de girassol na alimentação animal.
2 Características gerais da cultura
A cultura do girassol (Helianthus annuus L.) é originaria do continente norte americano, sendo uma planta dicotiledônea anual da família das compostas que apresenta um sistema radicular com raiz principal pivotante e pode atingir até dois metros de profundidade, conferindo-lhe maior reciclagem de nutrientes, resistência à seca e ao tombamento (KAKIDA et. al., 1981), introduzido no Brasil na época da colonização, como oleaginosa, há bem pouco tempo tem sido estudado como forrageira alternativa, mostrando que pode ser uma boa opção na alimentação dos animais.
O girassol é uma cultura oleaginosa que se adapta a larga faixa de ambientes, desenvolvendo-se em climas temperados, subtropicais e tropicais; apresenta boa tolerância a estiagens, às baixas temperaturas e ampla adaptabilidade às diferentes condições edafoclimáticas. Em função da disponibilidade hídrica e da temperatura características de cada região, pode ser cultivado como primeira cultura, aproveitando o início das chuvas (inverno-primavera), ou como segunda cultura (verão-outono), aproveitando o final das chuvas. Conforme KAKIDA et. al. (1981), cerca de 200-400 mm de chuva é suficiente para o girassol completar o ciclo, sendo esse um dos motivos que fazem com que essa oleaginosa seja considerada uma boa opção para plantio na safrinha ou em regiões com regime de precipitação irregular. O rendimento é pouco influenciado pela latitude, altitude. Desenvolvem-se bem nos solos férteis, profundos, planos e bem drenados. É uma opção nos sistemas de rotação e sucessão de culturas de grãos (soja, milho) na época das chuvas (Smiderle, 2000).
2.1 Época de plantio
Não se recomenda o plantio do girassol para silagem nas "águas" (outubro) uma vez que o milho, nessa época, produz maior quantidade de massa. No entanto, o plantio de safrinha (fevereiro-março) é extremamente vantajoso, sobretudo em anos com períodos de estiagem prolongados.
O uso da tecnologia disponível para a implantação de uma lavoura de girassol é condição necessária para a obtenção de máximo rendimento com custos reduzidos, portanto, atente para as seguintes informações:
Tabela 1 - época de plantio de girassol para silagem
2.2 O preparo do solo
A raiz do girassol é conhecida como do tipo pivotante podendo penetrar no solo até 2,0 metros de profundidade, desde que não encontre camada de impedimento, como pé de grade ou subsolo ácido.
Essa não é uma raiz rompedora, e só este aspecto já evidencia a necessidade de bom preparo do solo.
O girassol pode ser utilizado em plantio direto, quando a área já está preparada para tal. Esta tecnologia dá lucro, é sustentável e protege o meio ambiente.
A calagem é indispensável na cultura do girassol, quando o pH em CaCl2 da área está abaixo de 5,2. A quantidade de calcário a ser usada é aquela recomendada pela análise de solo, para elevar o índice de saturação de bases pára 70% e pH acima de 5,2. A esse nível, as raízes desenvolvem-se bem, favorecendo o crescimento das plantas, aumentando a resistência à seca, ao acamamento e às doenças, melhorando o efeito da adubação e resultando em acentuado aumento da produção.
As melhores recomendações de adubação são asseguradas com a análise de solo.
3 Rendimento forrageiro
O rendimento da forrageira varia de espécie para espécie, onde estudos mostram que o principal fator determinante do insucesso do rendimento da cultura é a época de semeadura. Vários estudos têm demonstrado que a produção de matéria verde (PMV) e a produção de matéria seca (PMS) da silagem de girassol são influenciadas pela densidade de semeadura, pela época de colheita e pelo cultivar (SCHEAFFER et. al., 1977; SILVA et. al., 1998; SOUZA et. al., 2005 citado por EVANGELISTA & LIMA, 2001).
Quanto ao cultivo do girassol na entressafra, esse tem baixos riscos em consequência da tolerância da espécie à seca e ao frio. Essa prática possibilita obter melhor aproveitamento da terra que fica ociosa após a colheita de cereais e é uma opção para maximizar a produção de volumoso.
Conforme Gonçalves et. al. (1996) citado por Evangelista & Lima (2001), o cultivo do girassol, após a retirada da cultura de verão, com semeadura a partir de fevereiro, é uma opção viável para a produção de forragem nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste do País.
4 Valor nutritivo da silagem
No Brasil, a maior parte da produção de girassol é destinada para a produção de óleo. De acordo com a literatura, as silagens produzidas com plantas que possui suas sementes com alto teor de óleo, tendem a possuir silagens com alto teor de estrato etéreo (EE), Esse alto teor de óleo na silagem de girassol pode representar um fator limitante para seu uso como único volumoso na dieta de ruminantes. O excesso de lipídios na dieta de ruminantes, acima de 7%, reduz a fermentação ruminal, a digestibilidade da fibra e a taxa de passagem pelo trato digestivo (PALMQUIST & JENKINS, 1980 apud FREITAS, 2008). Portanto, recomenda-se fazer o balanceamento da dieta dos animais para evitar perdas de alimento e no desempenho dos animais.
O valor nutritivo de uma silagem normalmente é considerado função do consumo, digestibilidade e eficiência de utilização dos nutrientes. Assim, um dos principais critérios utilizados para avaliação da qualidade da silagem, além da composição química e das características fermentativas, é o efeito dessas sobre o desempenho animal.
Quando a composição química da silagem de girassol é comparada à silagem de milho ou de sorgo, normalmente constata-se maior teor de proteína bruta e de extrato etéreo para a silagem de girassol tabela 3.
Conforme a tabela acima o teor de lignina e o teor de estrato etéreo são considerados fatores de restrição à digestibilidade da matéria seca e da fibra em detergente neutro. O alto teor de estrato etéreo é produzido partir dos aquênios das plantas.
A maior parte das sementes disponíveis no mercado nacional é de girassóis destinados à produção de óleo e, na maioria das situações, as análises das silagens de girassol produzidas no país têm revelado alta proporção de extrato etéreo.
Independente do tipo de girassol, os genótipos mais apropriados para a ensilagem são aqueles que apresentam alta produtividade de forragem, fermentação conveniente para a conservação do material estocado e, principalmente, bom valor nutritivo da forragem produzida. Vários estudos mostraram que essas características diferem entre cultivares.
5 Fazendo a silagem
O ciclo para silagem tem em média 110 dias e o ponto de colheita ocorre quando a planta apresenta teor de matéria seca maior que 22%. Determinamos este ponto secando a planta em estufas ou observando a lavoura, pois, quando as plantas começam a secar, viram sua "flor" para baixo e apresentam mais de 60% dos grãos maduros. Na prática passamos a mão por sobre a "flor" e, quando ela solta as sementes facilmente, é sinal de que já está no ponto ideal. Esperaram-se mais tempo para colher, aumentamos os riscos de quebra na produtividade e na qualidade da silagem, devido principalmente ao tombamento das plantas e ao ataque de pássaros, que adoram as sementes maduras.
O processo de ensilagem é semelhante ao utilizado para o milho ou o sorgo, com apenas algumas ressalvas. Devido ao elevado teor de umidade da planta (78%) no momento do corte, devemos tomar alguns cuidados para que não ocorra o apodrecimento do material dentro do silo. O principal cuidado é adicionar ao material picado cerca de 10 a 15% de farelos ou outros alimentos bastante secos (mais que 85% de matéria seca), com o intuito de "enxugar" o material, reduzindo as perdas e levando a uma melhor qualidade do produto final. O farelo de milho, e principalmente a polpa de citrus, são as alternativas mais usadas atualmente, em virtude de seu menor custo.
Os erros na ensilagem levam a grandes prejuízos, pois, quando não "enxugamos" adequadamente a massa, fica escorrendo um líquido escuro e mal cheiroso do fundo do silo. Isso só acontece quando o material está muito úmido (erros na correção da umidade) ou quando a lona que cobre o silo está furada (erros na vedação do silo).
5.1 Ponto para ensilar
A identificação do ponto ideal para ensilar o girassol é o fator mais importante na determinação da qualidade da silagem.
O ponto ideal de colheita corresponde àquele em que a parte posterior do capítulo adquire coloração amarelada, brácteas castanho-claros, as folhas baixeiras já murchas ou secas e os grãos, quando pressionados, apresentam certa resistência.
Operação de corte é feita com as ensiladeiras usadas para ensilar milho, sem necessidade de adaptação.
5.2 O enchimento dos silos
O ideal é que o silo seja carregado no máximo 72 horas dispondo o material em camadas de 30 cm e compactadas com tratores preferencialmente traçados, para a completa eliminação do ar, condição essencial para o desenvolvimento das bactérias produtoras de ácido lático, conferindo qualidade à silagem.
Depois de cheio, o silo deve ser vedado com lençol plástico e sobre este depositado uma camada de terra. Atentar para que não haja entrada de água das chuvas.
6 Despesas da lavoura
A lavoura de girassol, por ser de entressafra, aproveita mão-de-obra e máquinas em época que estas são pouco exigidas. Além disso, também aproveita o resíduo da adubação da cultura de verão e a correção do solo feito para ela.
Os custos referentes ao correto plantio, condução e colheita do girassol, podem ser observados na tabela abaixo.
7 Conclusão
Diante do exposto, considera-se que a silagem de girassol deve se constituir em alternativa nas propriedades agrícolas e a decisão pela sua adoção fica na dependência da relação custo-benefício, em que muitas vezes é válida a adoção dentro de uma estratégia de produção em busca da eficiência do processo produtivo.
Pode-se observar que, trata-se de uma excelente opção para quem quer aperfeiçoar o aproveitamento de suas terras, ampliar o rebanho, ou ainda minimizar (resolver) o problema da falta de alimentos da propriedade.
Levando em conta ainda, sua qualidade nutricional, potencial produtivo e preço da tonelada de alimento, ficam claro que o girassol veio para fazer parte do cardápio de boa parte dos rebanhos leiteiros.
8 Referências
Evangelista, A. R. & Lima, J. A. Utilização de silagem de girassol na alimentação animal, Simpósio Sobre Produção e Utilização de Forragens Conservadas (2001 – Maringá) Anais do Simpósio Sobre Produção e Utilização de Forragens Conservadas. P. 177-217.
FREITAS, L. DA S. Desempenho e comportamento ingestivo de novilhos de corte confinados alimentados com diferentes proporções de silagem de girassol (Helianthus annuus l.) na dieta, Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Área de Concentração em Produção Animal, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Zootecnia, Santa Maria, RS, Brasil, 2008. 82p.
KAKIDA, J, et. al. Cultivares de girassol. Informe Agropecuário, v. 7, n. 82, p. 6-78, 1981.
NETO, MACIEL & VASCONCELOS, Produção e uso de silagens, VI circuito de tecnologias adaptadas para agricultura familiar, EMPARN - empresa de Pesquisa agropecuária do RN, 2009.
SILVA, B. O. et. al. Silagens de girassol e de milho em dietas de vacas leiteiras: produção e composição do leite, Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.56, n.6, p.750-756, 2004.
SMIDERLE, J. Orientações gerais para o cultivo do girassol em Roraima. Centro de Pesquisa Agroflorestal de Roraima. Ano VI n. 8, 2000.
TOMICH, T. R; PEREIRA, L. G. L, & GONÇALVES, L. C; Alimentos Volumosos para o Período Seco - I: Silagem de Girassol, Corumbá: Embrapa Pantanal, 2004. 30p. (Documento da Embrapa, 72).
CATI - DSMM. Girassol para silagem. 2008. Artigo em Hypertexto. Disponível em: http://www.infobibos.com/Artigos/2008_3/girassol/index.htm, Acesso em: 9/12/2010.