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Produção intensiva de carne bovina em pastagens

Publicado: 12 de outubro de 2011
Por: Luciano de Almeida Corrêa
As pastagens representam a forma mais prática e econômica de alimentação dos bovinos e como tal constituem a base de sustentação da pecuária de corte no Brasil. Todavia, a maioria das pastagens está na região dos Cerrados, nas áreas de menor fertilidade e ou em áreas marginais, exploradas de maneira extrativista e, como conseqüência, em processo de degradação. Esta situação tem contribuído para que a pecuária de corte apresente, há décadas, índices zootécnicos muito baixos (Corsi, 1986), com lotação das pastagens em torno de 0,5 UAlha/ano e produtividade na faixa de 100 kg de peso vivo/ha/ano (l unidade animal ~ UA - eqüivale a 1 animal de 450 kg de peso vivo). Há, portanto, necessidade de obter ganhos em produtividade que permitam tornar a pecuária de corte, principalmente nas regiões de terras mais valorizadas, mais rentável e mais competitiva frente a outras alternativas de uso do solo.
A produtividade animal em pastagens depende do desempenho animal (ganho de peso vivo), que está associado à qualidade da forragem, e da capacidade de suporte da pastagem (número de animais por unidade de área), que é função da sua produção de matéria seca (Boin, 1986). Embora as gramíneas forrageiras tropicais não sejam de excelente qualidade, pois o ganho de peso vivo que proporcionam está na faixa de 0,6 a 0,8 kg/animalldia, a produtividade animal pode ser elevada, devido ao seu grande potencial de produção de matéria seca no período das águas. A lotação pode passar de 0,5 UA nos pastos nativos e ou degradados, para 1,0 a 1,5 UA nos solos de baixa fertilidade, 2 a 2,5 UA nos solos mais férteis e mais do que 10,0 UA, sob adubação intensiva.
Para a obtenção de elevada quantidade de forragem, é necessário considerar que as gramíneas forrageiras são tão ou mais exigentes do que as culturas tradicionais (Silva, 1995). Desta forma, para a exploração intensiva das pastagens nos solos de cerrado, a correção e a adubação estão entre os fatores mais importantes a determinar o nível de produção das forrageiras. Tendo em vista a baixa fertilidade dos solos de cerrado, é necessário que se estabeleçam, inicialmente, níveis médios de fertilidade a serem alcançados, como possibilidade de viabilização técnica e econômica, dada a gradual capacidade de resposta dos solos no processo de recuperação.
A calagem é a primeira prática de correção para colocação desses solos no processo produtivo (Lopes, 1983; Corsi & Nussio, 1993; Vitti & Luz, 1997), para reduzir a acidez, fornecer Ca e Mg, e aumentar a eficiência das adubações e a capacidade de troca catiônica (CTC). A seguir, vêm as adubações com N, P, K, S e micronutrientes, principalmente Cu, Zn e B. Um aspecto importante é realizar a correção e a adubação de forma equilibrada, mantendo a proporcionalidade entre os nutrientes Ca, Mg e K, no complexo coloidal do solo, em 65-85% de Ca+2 , 6-12% de Mg+2 , 2-5% de K+ e 20% de H+ (Silva, 1995).
O nitrogênio é o elemento mais deficiente no solo e o mais importante em termos de quantidade necessária para maximizar a produção das pastagens e aumentar a sua capacidade de suporte. As gramíneas forrageiras tropicais têm potencial para responder a níveis elevados de adubação nitrogenada, com incrementos lineares até a dose de 400 kg de N/ha/ano. Todavia, a maior eficiência em seu uso, assim como respostas em produção animal, somente ocorrerá quando os demais nutrientes estiverem em níveis adequados no solo e a pastagem for manejada adequadamente para que os animais aproveitem a forragem produzida.
Indicações gerais de correção e adubação para iniciar a exploração intensiva em solos de cerrado de baixa fertilidade são: calagem, para elevar a saturação por bases acima de 60%; adubação fosfatada, para elevar o teor de fósforo (P) no solo para 10-15 ppm (resina); e adubação de produção, em tomo de 1000 kg/ha de fórmula 20-5-20 ou similar, aplicada parceladamente quatro a cinco vezes durante as águas; aplicação preventiva de micronutrientes (40 a 50 kg/ha de FTE BR-l2 ou similar, a cada três anos); e calagem posterior (l a 1,5 t de calcário/ha na seca).
Com a elevada produção de forragem obtida sob adubação intensiva, o sistema de pastejo rotacionado, que se caracteriza pela mudança periódica e freqüente dos animais de um piquete para outro dentro da mesma pastagem, é o mais indicado, por garantir maior uniformidade e maior eficiência de pastejo e maior controle do estoque de forragem.
O número de piquetes de cada pastagem será função do período de descanso (PD) e do período de ocupação (PO), e pode ser obtido pela equação: Número de piquetes = (PD -;-PO) + 1. O período de ocupação deve ser de curta duração, de um a três dias, para garantir melhor rebrota das plantas e facilitar o controle da lotação da pastagem. O período de descanso varia conforme a espécie forrageira, visando obter melhor equilíbrio entre produção e qualidade da forragem (tabela 1).
 
 
 
 
 
 
 
O tamanho de cada piquete vai depender da área disponível, do número de animais e da produtividade da pastagem. As pastagens são consideradas de alta, média e baixa produtividade quando a área de pastagem, suficiente para atender o requerimento diário em volumoso de um bovino adulto de 450 kg de peso vivo, for de 30 m2 , de 40 a 60 m2 e maior do que 60 m2 respectivamente. No caso de uma pastagem explorada extensivamente, a área de pastagem necessária está entre 200 e 300 m2/UA/dia, aproximadamente.
A altura do resíduo após o pastejo deve ser controlado, para evitar o superpastejo, que pode prejudicar a rebrota das plantas e o desempenho animal. Também deve ser evitado o subpastejo, que significa perda de forragem. A altura do resíduo varia com as espécies forrageiras (Tabela 2), de acordo com suas características morfo-fisiológicas.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nas Tabelas 3 e 4 são apresentadas informações sobre a produção por animal e por área, respectivamente, obtidas com algumas gramíneas forrageiras sob adubação intensiva na Embrapa Pecuária Sudeste. As gramíneas não devem ser comparadas, pois existem variações quanto a solo, idade da pastagem, nível de adubação, categoria animal, etc., mas os resultados demonstram que diferentes gramíneas, desde que manejadas adequadamente, podem apresentar bom desempenho, tanto em produção por animal quanto por área.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quanto à economicidade da adubação de pastagens, ela irá depender, entre outros fatores, do incremento de produção de matéria seca, que irá variar com espécie de gramínea, seu manejo, clima, solo, potencial e categoria animal e, principalmente, custo do fertilizante e valor do produto carne (Gomide, 1989).
Todavia, a adubação das pastagens traz vantagens adicionais, que melhoram a eficiência do sistema como um todo, tais como: evita a degradação das pastagens; permite sobras de forragem, que poderão ser vedadas nas águas e ou conservadas na forma de feno ou de silagem para uso na seca; aumenta a disponibilidade de forragem no início das secas e de forma rápida no início das águas; e, com a adubação, as áreas de pastagem poderão ser reduzidas drasticamente, liberando áreas para produção de alimentos para o período das secas (cana, silagem, feno, culturas anuais e de inverno, etc.).
Embora em sistema intensivo de uso das pastagens se consiga melhorar a produção do período das secas, em decorrência principalmente do efeito residual das adubações, na estacionalidade na produção de forragem, em razão de fatores climáticos, vai continuar ocorrendo, com valores na faixa de 10 a 20% da produção total anual, a menos que seja corrigida, em parte, com o uso de irrigação. Desta forma, o número de animais a serem mantidos na seca, fora das áreas de pastagens intensificadas, aumenta à medida que aumenta a produtividade das pastagens nas águas. O custo de alimentação desses animais durante a seca é um dos principais fatores a serem considerados na viabilização da intensificação da produção por unidade de área (Boin & Tedeschi, 1997). Assim, a exploração intensiva das pastagens nas águas deve estar sempre associada a sistema de alimentação na seca. O confinamento pode ser uma estratégia interessante para manter a intensificação da produção, devido à possibilidade de venda de animais na entressafra, com a combinação de maior preço, maior giro de capital e maior produtividade, e com a diminuição da lotação das pastagens. Outras alternativas são pastagens estrategicamente vedadas nas águas, para uso na seca, com e sem suplementação, e fornecimento de volumosos, como cana-de-açúcar, silagem, feno, e culturas anuais e ou de inverno.
A lotação também poderá ser reduzida com a venda de animais de descarte no final das águas ou, principalmente, daqueles apresentando peso de abate. A venda desses animais no período de safra, cujo preço por arroba é mais baixo, é compensada pelo seu menor custo. Também pode ser feito ajuste, no caso da fase de cria, programando-se a parição para outubro (Corsi & Santos, 1995), combinando o período de maior exigência dos animais com a época de maior produção de forragem.
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Luciano de Almeida Corrêa
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Mário Pinto Furtado
17 de abril de 2012

O artigo considero muito interessante e concordo plenamente que as pastagens representam uma forma econômica de alimentação de bovinos. A produção intensiva em pastagem é muito complexa considerando que os bovinos são animais ruminantes e seletivos e as patagens tem seu ciclo que depende de técnicas de manejo conforme os aspectos químicos e físicos do solo. Devemos ter uma grande preocupação com a reciclagem de nutrientes que ficam na forma resíduos de adubo muitas veze através da urina e fezes dos bovinos. A maturação das pastagens leva o aumento da fibra e a redução conjunta da energia e proteina conseqüentemente reduz a diestibilidade e o consumo da forragem pelos bovinos. O consumo e o aproveitamento menor com redução da qualidade da forragem ocorre perda de peso dos bovinos. As alternativas para aumentar a produtividade animal deve estar em conssonância com os apectos econômicos e técnicos e a melhoria da fertilidade do solo. O ciclo da pastagem pode ser um fator determinante para aumentar e diminuir a lotação.OO

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Jorge Daniel Cwirko
9 de noviembre de 2011
É um arquivo muito bom, bem claro da realidade, gostei muito a verdade e muito pratico .é esta dentro da realidade de nuetra producao ou seja, pensando bem seria o melhor caminho para alcamzar a realidade de nuestro sistema de producao para ter um mercado de carne de producao homogenea asim alcanzando as metas dentro do pais o mercado consumudor) com maior produtividade para todos comer carne de qualidade, é asim tendo um mercado no exterior do paiz(exportacao de carne difereciadas o que requere cada pais) asim elevando a producao com um bom manejo d pastagem(fazendo a correcao da terra, adubacao com N-P-K-S E micronutrientes esenciales para cada capim, asim melhorando a produtivida de animais em menos espacio asim producindo 6 a 18 UA por etareas dependendo do sistema de manejo adecuado para cada regiao do pais. com irrigacao de pastagem irrrigadas que seria uma alternativa e vantagem para ter uma producao adecuada durante tudo o ano os animais producendo animais precose con agritultura na misma fazenda para ter menor custo de producao asim alcansado maior produtividade por hectare asim alcanzando as metas com um bom planejamnto, da actividade agropecuaria asim alcazando a mea para teminar animais mais sedo alcanzando maior lucro, pero invirtiendo en tecnologias na fazenda.
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Hélio Cabral Júnior
8 de noviembre de 2011
Só uma melhor colocação, ao invés de "stand" forrageiro usar resíduo forrageiro. Cordialmente, Helio Cabral Jr
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Hélio Cabral Júnior
8 de noviembre de 2011
Dr. Luciano, parabéns pelo excelente artigo. Minha única discordância é com relação à tabela de altura de entrada e saída dos animais nas principais forrageiras. Isto se dá pelo contexto do artigo que é sobre manejo intensivo de pastagens. Como a pesquisa e a prática já demonstraram, os animais devem entrar nas pastagens quando a altura das mesmas corresponderem ao IAFcrítico, ou seja 95% de IL ( interceptação luminosa ), que no caso das forrageiras citadas seria: capim elefante - 1,10m a 1,2m tanzânia - 70cm mombaça - 90cm braquiarão - 30 a35cm coastcross - 20 a 25cm O que nos leva a uma outra constatação: o manejo de forrageiras intensivamente sob lotação intermitente não deve ser feito baseado em dias fixos de descanso, mas sim pelo parâmetro altura, já que na maior parte do Brasil central, sudeste e nordeste onde as temperaturas e a luminosidade são mais acentuadas no verão ( não havendo limitação de nutrientes e água ), o número de dias de descanso citados para as forrageiras em questão normalmente implicarão em maiores alturas, com estados fenológicos mais avançados e maior lignificação, com consequente perda de qualidade, apesar do maior acúmulo de MS; haverá elevação progressiva dos meristemas apicais com consequênte maior contribuição de colmos e talos nesta massa de MS, influindo negativamente no desempenho dos animais e agregando custo com o rebaixamento mecânico do stand forrageiro. Cordialmente, Helio Cabral Jr
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Ermete Antonio Wegher
Interchange
13 de octubre de 2011
Bom dia Luciano e parabens pelo tabalho apresentado especialmente endossado por numeros que quantificam os resultados desta experiencia bem sucedida.Gostaria tambem de ampliar o horizonte sobre a produtividade dos bovinos a pasto evocando mais uma vez a necessidade do controle de parasitas em especial a verminose,sempre contando com o fator genetica para completar o quadro.Nas nossas experiencias no desenvolvimento de endectocida tivemos resultado surpreendentes com 4 - 6 doseamentos por ano e por via oral com gan hos de peso expressivos (47 a 55 kg por animal em 24 meses)comparativamente ao manejo tradicional com duas aplicações injetáveis por ano.Este é um aspecto que devido a dificuldade de ter que ajuntar o gado para a vermifugação os pecuaristas não controlam adequadamente o parasitismo dos seus animais retardando o tempo de maturação para o abate e consumindo mais pastagens.Aos pouco os empresarios da bovinocultura se convencerão que numero de bovinos e extensão de pastagem nem sempre é sinonimo de produtividade.
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