O capim-tanzânia tem sido largamente usado como pastagem, na época das águas, para alimentar vacas leiteiras. Geralmente é usado o manejo rotacionado, nas pastagens adubadas, tornando eficiente o consumo das folhas produzidas, proporcionando o fornecimento de alimento de boa qualidade para as vacas e fazendo com que a rebrota do capim ocorra de maneira uniforme.
Formas mais eficiente em manejar um pasto rotacionado, estão sendo estudadas. Atualmente, para o capim-tanzânia é recomendado para que o consumo do mesmo ocorra quando as plantas apresentarem 70 cm de altura, pois nesta altura se observa 95% de interceptação luminosa.
Vários pesquisadores estudaram o crescimento de pastagens e verificaram que depois de certa altura que a planta atinge, quando o capim já cobriu todo o solo e já esta fazendo sombra nas folhas que estão situadas na parte mais baixa da touceira do capim, há diminuição no crescimento da planta e morte das folhas mais velhas, denominada folha senescente. O ideal é que a planta seja consumida, pelas vacas, antes que as folhas mais velhas comecem a morrer, para tornar mais eficiente o aproveitamento da planta. O não aproveitamento da planta no momento ideal, aos 90% a 95% de interceptação luminosa, pode levar ao desperdício do adubo que foi colocado no pasto para estimular o crescimento desse capim, havendo perdas financeiras. Por outro lado, se colocar as vacas para pastar quando o potencial de crescimento ainda é alto, também estamos desperdiçando crescimento.
A interceptação luminosa é uma medida que os estudiosos têm feito para verificar se as plantas ainda podem crescer mais ou se já há morte de folhas. Essa medida avalia a quantidade de luz que chega sobre a planta e a quantidade de luz que incide no pé da planta. A diferença entre a luz incidente e a luz que chega ao pé da planta (interceptada) demonstra se há potencial de crescimento por disponibilidade de luz. Se a parte baixa estiver muito sombreada, as folhas mais baixas poderão morrer e serão rejeitadas pela vaca. Antes que isso ocorra, as vacas devem comer as folhas.
O crescimento do pasto é acelerado na primavera (se houver chuvas), é muito acelerado no verão, principalmente em janeiro e fevereiro e lento no outono, a partir de abril.
Num experimento foram comparados dois tipos de manejo em pasto rotacionado de capimtanzânia: 1- ALTURA 70 cm = as vacas iniciaram o consumo do pasto quando o capim apresentava 70 cm de altura. 2- 30 DIAS DE DESCANSO - Foram fixados os dias de crescimento do capim e permitiu-se que as vacas retornassem ao pasto após 30 dias. A comparação foi feita desde novembro (primavera) até maio (outono), durante seis ciclos de pastejo. Cada piquete era ocupado, pelas vacas, por dois dias e depois voltavam ao descanso, fechando os ciclos de pastejo.
No auge do verão, alguns piquetes do tratamento "30 DIAS DE DESCANSO" atingiram em torno de 1 metro de altura de entrada (pré-pastejo), apresentando maior quantidade de folhas disponíveis no momento da ocupação, conforme pode ser verificado nos fotos a seguir. Por outro lado, com 20 dias de crescimento, as plantas atingiram 70 cm de altura nos pastos do outro tratamento experimental, fazendo com que o giro fosse rápido.
Foto à esquerda: vacas pastejando capim-tanzânia manejado com 70 cm de altura na entrada dos animais, com período médio de 22 dias de descanso. Foto à direita: vacas mantidas em pastagem de capim-tanzânia com 30 dias de descanso e 2 dias de ocupação (ciclo de pastejo com 32 dias).
Alguns resultados referentes a altura das plantas e interceptação luminosa são apresentados na Tabela 1. Mesmo com a proposta de que o capim fosse consumido com 70 cm de altura, com o passar do verão as plantas ficaram um pouco mais altas e no outono as plantas não chegaram a atingir 70 cm, mesmo depois de 50 dias de espera. As medições foram feitas para os dois tipos de manejo (os dois tratamentos) e na Tabela 1 verifica-se que em janeiro a altura do pasto a 71 cm mostrou interceptação luminosa de 85%, mostrando que ainda havia potencial de crescimento, que foi desperdiçado. Quando o crescimento da planta é muito intenso, no verão, as folhas apresentam-se eretas, não havendo intenso sombreamento nas partes mais baixas da planta, como ocorre nas outras épocas do ano.
Tabela 1 - Altura das plantas de capim-tanzânia e interceptação luminosa, antes da entrada dos animais nos piquetes, para consumo do capim.
As vacas leiteiras utilizadas no experimento consumiam 4 kg de concentrado. A média de produção foi 20,1 e 20,9 kg de leite, sem haver diferença entre os manejos adotados. A diferença observada foi na lotação das pastagens, conforme descrito na Tabela 2, a cada ciclo de pastejo.
Tabela 2 – Lotação média das áreas experimentais, em cada ciclo de pastejo.
Como os ciclos de pastejo nos meses de janeiro e fevereiro foram rápidos para o tratamento "ALTURA 70 cm", a lotação da pastagem, nessa época, também foi mas alta. Por outro lado, a média de lotação durante toda a estação chuvosa, foi um pouco maior para o ciclo de pastejo com dias fixos e quando contabilizamos toda a produção de leite no período, verificamos que foi maior para os 30 dias de descanso. Fazendo-se as contas, a produção de leite somada foi de 21.305 kg/ha para o tratamento altura de 70 cm e o 23.291 kg/ha para o tratamento 30 dias de descanso, considerando todo o período das águas, ou seja, os 227 dias que as vacas foram mantidas nas pastagens.
Na prática, deve-se começar o manejo das pastagens de capim-tanzânia quando as folhas apresentam 70 cm de altura e mantenha um ciclo de pastejo que permita entre 28 e 30 dias de descanso é o ideal.
**O trabalho foi originalmente publicado pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.