Conceitos e aplicabilidade do manejo intensivo de pastagens ( MIP)
A primeira dificuldade está em determinar o que seria o MIP, já que vários autores divergem em sua conceituação.
Pessoalmente prefiro adotar uma classificação que considero ter boa abrangência e ser perfeitamente quantificável , podendo ser enquadrado o manejo de pastagens em 4 categorias distintas baseadas na capacidade de suporte, a saber:
- Extensivo com capacidade de suporte da pastagem de até 1,9 UA/ha/ano
- Semi-intensivo com capacidade de suporte entre 2 e 3,5 UA/ha/ano
- Intensivo com capacidade de suporte entre 3,6 e 7 UA/ha/ano
- Super-intensivo com capacidade de suporte acima de 7 UA/ha/ano ( podendo chegar a 12 UA/ha/ano )
Só para demonstrar como a conceituação é complicada, vou dar um exemplo prático: a capacidade de suporte máxima da brachiaria decumbens estaria em torno de 3,5 UA/ha/ano; como pode-se notar na minha classificação ela se enquadraria na categoria semi-intensivo, mas como este é seu máximo potencial de suporte dada sua capacidade produtiva, então quem maneja esta brachiaria em sua máxima capacidade não estaria promovendo um manejo intensivo desta forrageira especificamente? Claro que sim!
Mas para mantermos a didática vamos nos ater à classificação já apresentada.
No manejo extensivo o mais comum é a capacidade de suporte ficar realisticamente na casa de até 1,5 UA/ha/ano como máximo, mas em algumas condições é possível atingir os 1,9 UA/ha/ano. Aqui normalmente não se trabalha com a adição de fertilizantes ao solo, quando muito fazendo uma pequena calagem quando da implantação da pastagem e na maioria das vezes nem isso.
Tais índices de lotação são superiores à média nacional do Brasil e para se atingi-los de forma sustentável é necessária a pratica da consorciação gramínea/leguminosa.
Apesar de parecer lógico que todas as gramíneas tropicais utilizadas comercialmente possam ser utilizadas neste sistema, na prática há uma restrição daquelas espécies que tenham grande potencial produtivo; e por que disto?
Porque estas espécies como têm o potencial de altíssimas produções de matéria seca ( MS ) são naturalmente mais agressivas no crescimento e mais exigentes em fertilidade de solo e o sistema de consórcio gramínea/leguminosa prevê que o manejo seja feito de forma a ser mais favorável à leguminosa, que fisiologicamente por ser uma C-3 apresenta um crescimento mais lento que as gramíneas tropicais que são C-4 ( C-3 e C-4 são resumidamente, ciclos fotossintéticos onde no primeiro é formado um carboidrato de 3 carbonos na cadeia e o segundo um de 4, sendo este último mais produtivo - existem também marcantes diferenças quanto ao mecanismo fotossintético, enzimas envolvidas, saturação luminosa, compensação de CO2, temperatura ótima de fotossíntese, fotorespiração, eficiência no uso de água, etc ).
Assim, a gramínea não deve ser muito agressiva em seu crescimento pois sombrearia a leguminosa e acabaria suplantando-a e erradicando-a do sistema. Por outro lado existe um máximo de N que a leguminosa pode aportar ao sistema que limitaria a produção total do mesmo, fazendo com que desta forma o limite máximo de lotação sustentável fique nos 1,5 UA/ha/ano ( podendo excepcionalmente chegar a 1,9 ).
No semi-intensivo já há a necessidade de se aportar nutrientes externos ao sistema na forma de adubações de correção e produção, pois ao menos em solos brasileiros tal fertilidade natural dificilmente é encontrada e quando o é, mantidos estes níveis de produção em poucos anos ela decai, decaindo também a capacidade de suporte devido à extração de nutrientes do solo e sua exportação do sistema solo/planta na forma de carne, leite ou pele.
Quase todas as espécies forrageiras tropicais podem ser aqui utilizadas, entretanto a preferência recairá sobre aquelas que apresentam seu máximo potencial produtivo ao redor da máxima capacidade de suporte desta categoria, pois exigem menos nutrientes do solo e são mais eficientes no uso dos mesmos.
Até esta categoria pode-se escolher entre o manejo sob ocupação continua dos piquetes ou ocupação intermitente ( rotacionada ) e em boa parte das regiões tropicais com precipitações acima de 1.000mm/ano pode não haver necessidade da irrigação; entretanto vale frisar que a ocupação continua sob lotações mais altas é extremamente difícil de se alcançar e muitíssimo difícil de ser mantida, mas havendo muito conhecimento e experiência pode proporcionar resultados tão bons quanto a lotação intermitente que apresenta maior facilidade de manejo e maior uniformidade no pastejo das forrageiras.
No sistema intensivo o leque de opções de gramíneas forrageiras que podem ser utilizadas já se reduz bastante, mas ainda assim as opções podem atender à todas as necessidades dos pecuaristas e sistemas implantados. Nesta categoria deverá forçosamente ser feito uso de adubações de correção, reposição e produção, irrigação e utilização do sistema de ocupação intermitente ( rotacionada ). Fatores como latitude e altitude ( ou seja, basicamente temperatura ) aqui já começam a intervir.
No sistema super-intensivo as opções de gramíneas para comporem o sistema se reduz basicamente a 3 espécies e a umas poucas cultivares dentro destas espécies.
Aqui não só são indispensáveis as adubações de correção, reposição e produção, como a irrigação e um manejo sob lotação intermitente, como também questões como atividade a ser explorada ( leite é a mais rentável ), genética dos animais, latitude e altitude, fotoperíodo e até de relevo passam a ter importância crucial no resultado, sem falar no manejo em si do sistema, que para dizer o mínimo, deve ser impecável!
Outra questão conceitual é: sempre vale a pena intensivar o manejo de pastagens? A resposta é não!
Condições por exemplo onde hajam grandes extensões de terra a um custo muito barato, normalmente não vale a pena intensivar o uso da pastagem. Outro exemplo seriam localidades mais distantes, onde há dificuldades de logistica para obtenção de insumos ( fertilizantes e corretivos ) e problemas por exemplo com escassez e mesmo falta de energia elétrica, animais sem qualidade genética para responderem a uma pastagem mais produtiva e de melhor qualidade, etc.
Temperaturas médias mais baixas e falta de capacidade de irrigação também restringem a intensivação.
Outra condição que é terminantemente impeditiva da intensivação do uso de pastagens é a falta de conhecimento técnico do produtor ou a falta de um técnico experiente neste manejo na região. Caso o produtor não tenha os conhecimentos necessários ou não tenha o acompanhamento de um bom técnico, é caso quase certo de se perder muito dinheiro e ter muita dor de cabeça!
E em contrapartida, quando valeria à pena lançar mão da intensivação do uso de pastagens?
Quando as condições forem propicias ( já mencionadas acima ), quando o valor das terras na região estiver muito elevado, quando a propriedade for muito pequena, quando as imposições das leis ambientais exigirem porções significativas da área total e quando o produto a ser produzido em cima desta pastagem for economicamente compensador. Até o início do ano de 2009 no Brasil, apenas a cria na pecuária de corte não viabilizava a intensivação do uso de pastagens.
Por outro lado, atividades como o leite e produção de novilhas de qualidade para produção leiteira e criação de animais elite dão altos retornos. Outras atividades como ovinocultura também trazem bons resultados.
Em climas tropicais com estações secas e chuvosas bem marcadas, o uso de forragem volumosa conservada/estratégica ( diferimento de pastagem, silagem, fenação e cana de açúcar, qualquer uma delas ou uma combinação das mesmas ) é essencial à implantação e manutenção da intensivação de pastagens, sem o que o sistema na prática não funciona, pois está presente a chamada estacionalidade forrageira, que nada mais é que o aumento na produção de MS no período quente e úmido e a diminuição no período frio e seco, havendo com isso necessidade de se complementar a dieta volumosa dos animais neste período.
O uso racional de alimentos concentrados normalmente se mostra extremamente lucrativo e eficiente no MIP.
UA - unidade animal, que por convenção no caso dos bovinos foi estabelecida como sendo um animal de 450kg de peso vivo; no caso de ovinos é usado padrão de 360kg de peso vivo ( UAovina = 360kg PV ), mas há regiões que se usa UAovina de 300kg de PV.
ha - hectare é uma unidade de medida de área padrão, que significa 10.000 metros quadrados, sendo a mesma medida para a America do sul e norte, Europa, Asia, Oceania, Africa e os Pólos, ou seja, é um padrão universal.
UA/ha/ano - é a quantidade média de unidades animais suportadas por um hectare ao longo de um ano de forma sustentável, sendo a média dos períodos secos e chuvosos; quando se diz 2 UA/ha/ano quer se dizer que se fosse feita uma média, a ocupação seria de 2 UA por ha em cada dia dos 365 dias do ano, mas na prática este número é bem mais elevado no período quente e chuvoso e bem mais reduzido no período frio e seco, sendo 2 a média geral.
MS - matéria seca é tudo aquilo que sobra quando se elimina toda a água de alguma coisa, que pode ser uma folha de capim, um caule, uma raiz, um alimento concentrado, uma ração industrial, um tronco de madeira, etc. Nestes artigos quando nos referirmos à MS da planta normalmente será em referência à MS da parte aérea ( acima do solo ). A referência também poderá ser quanto ao teor de MS em relação à quantidade de água na planta ( forrageira com 22 por cento de MS, significa que em cada 1kg de matéria natural - a planta como se encontra na pastagem - há 220g de proteinas +fibras + minerais + gorduras + extrato não etéreo + outros compostos que não água e 780g de água ). Quando a referência for em relação à MS produzida por uma pastagem, ou seja a quantidade de massa da parte aérea menos a água, sempre se usará em relação a 1 ha, para se poder quantificar a produção por área - MS/ha -. Esta unidade é usada porque a quantidade de água nas forrageiras varia bastante e em função de muitas variáveis como a espécie, estado fenológico ( maturação ), etc. É uma forma de padronização.
PB - proteína bruta normalmente se refere ao teor total de N presente na planta, sendo portanto a soma do chamado NNP - nitrogênio não protéico - + a proteína "verdadeira". Normalmente seu percentual é em relação à MS.
DIVMS - digestibilidade in vitro da matéria seca é o percentual da MS potencialmente digerível de um alimento, no caso a forrageira; normalmente é expresso em percentagem, por exemplo: forrageira com 20 por cento de MS e DIVMS ou simplesmente digestibilidade de 60 por cento. Significa que em 1kg de forragem fresca há 200g de MS e que destes 200g, 120g ou 60 por cento são potencialmente digeríveis pelo animal.
NDT - nutrientes digestíveis totais, é a parte potencialmente digestível dos alimentos, sendo expresso em percentual, e é usado para forrageiras, concentrados, alimentos industrializados, etc. No caso de forrageiras é um parâmetro de qualidade.
Parte 2-
Amostragem, análise, preparo e correção de solo
Nesta segunda parte entraremos em detalhes menos conhecidos dos produtores, já que no geral tais práticas são familiares a quase todos os produtores.
Amostragem de solo é o primeiro passo para se ter um diagnóstico físico/químico ( análise ) do estado do solo a ser utilizado, quer seja para implantação ou intensivação de pastagens já existentes.
Idealmente deveria ser feita nas profundidades de 0 a 20cm e de 20 a 40cm ( no caso de cana de açúcar a camada de 40 a 60cm também deveria ser amostrada ).
Não vamos aqui nos debruçar sobre todos os parâmetros da análise de solo em si, mas vamos enfatizar alguns pontos que necessariamente deverão ser observados sob risco de comprometer o resultado desejado.
Antes faremos um alerta importante: a análise de solo por si só NÂO deve ser usada como base para recomendação de adubações de reposição ou produção de pastagens, sem que o técnico que fará a recomendação veja o estado desta pastagem in loco, pois uma pastagem super-pastejada ( rapada ) apresenta plantas com muito baixa capacidade fotossintética e com baixa capacidade de absorção de água e nutrientes. Mesmo que a análise de solo indique que o solo sob esta pastagem esteja apto a receber adubações as mesmas não deverão ser feitas, pois esta pastagem deverá ser vedada ( impedir o acesso dos animais ) por um período de 30 a 45 dias para que haja recuperação das forrageiras e aí sim começar a adubar.
Quando da intensivação do uso de uma pastagem, a área a ser escolhida é preferencialmente a melhor área da propriedade, pois os investimentos serão menores, os resultados mais rápidos e o retorno do investimento se dá em período bastante curto ( menos de 12 meses se tudo for feito corretamente ).
Um seqüenciamento de implementos ideal para se preparar um solo para implantação de uma pastagem seria: grade aradora/pesada ( para cortar as raízes e coroas das plantas no local, facilitando o trabalho do arado ), arado, grade niveladora e um rolo compactador. Dependendo das condições pode ser necessário retornar a grade aradora antes da grade niveladora.
No preparo do solo deverá ser lançado mão de todas as técnicas de conservação de solo e água, como terraceamento, curvas de nível, etc. Áreas aclivadas jamais devem ser preparadas " morro à baixo", pois as chances de se perder grandes quantidades de solo fértil com as primeiras chuvas são enormes.
Outra coisa é quando já se planeja módulos de piquetes em áreas morradas, os mesmos devem ser estabelecidos no sentido do entorno da área aclivada, com módulos separados para o leito maior, meia encosta e topo de morro.
O corretivo ( calcário ou silicato de cálcio ) deverá ser lançado após o arado. E cerca de 90 dias após as primeiras chuvas ( considerar 80mm de chuva em um período de 10 dias consecutivos para garantir a reação no solo ).
O importante é o solo estar bem destorroado, principalmente quando o plantio for de panicuns ou outra forrageira de sementes minúsculas.
Para pastagens já implantadas JAMAIS se passa uma grade com finalidade de se incorporar melhor o corretivo ( calcário ), pois isso provoca severos danos ao sistema radicular e principalmente à coroa das forrageiras, fazendo com que haja uma queda na produção de MS o que implica em queda da lotação e prejuízos.
Quem tiver acesso a preço competitivo ao silicato de cálcio/escória de alto forno ( agrosilicio é uma marca ) dê preferência a este material para se fazer a correção em cobertura, pois ele tem uma mobilidade no solo cerca de 2,5 vezes maior que o calcário.
A calagem ou correção do solo por si só NÂO aumenta em praticamente nada a produção de MS de uma pastagem, entretanto como veremos abaixo ela potencializa e muito o uso de fertilizantes! Esta é uma crença que muitos técnicos têm, de que o simples fato de promover uma calagem com finalidade de correção de acidez e neutralização do Al+3 ( alumínio trocável e tóxico ) irá aumentar a produção de MS de uma pastagem de forma significativa, o que absolutamente não é verdade!
Como regra geral, para não ficarmos nos prendendo a detalhes de teores de argila, à quantidade de corretivo recomendada ( calcário ou silicato de cálcio ), se adiciona mais 10 por cento de gesso agrícola, para neutralização do Al+3 em subsuperfície ( camadas mais profundas de solo ), já que o cálculo do corretivo se dá para os primeiros 20cm do solo.
Na análise de solo devemos olhar a CTC, que é a capacidade de troca catiônica, mas o que é isso? Vamos explicá-la com uma metáfora fácil de entender: imagine um tecido de 1 metro quadrado feito de malha de nylon e outro também de 1 metro quadrado feito de algodão. Se mergulharmos os 2 tecidos em um recipiente com água, qual absorverá mais água? O de algodão, pois ele tem maior capacidade de "armazenamento". A CTC é exatamente isso, ou seja, é a capacidade do solo de armazenar nutrientes e disponibilizá-los prontamente para as plantas quando elas necessitarem.
Normalmente nos solos, a fração argila é que responde pela CTC, mas em solos tropicais a quase totalidade da argila é do tipo caulinita 1:1, que tem baixa capacidade de "armazenar" nutrientes, por isso nestes solos é a MO ( matéria orgânica ) a grande responsável pela CTC deste solo ( mais de 80 por cento ). Este por si só já seria um enorme motivo para não se provocar queimadas em pastagens. Mas a MO também aumenta a estruturação do solo, a retenção de água, o aumento na micro e meso biodiversidade, a aeração, etc. E quando em superfície diminui a compactação, aumenta a proteção térmica e diminuição da evaporação de água, a diminuição da perda de solo por erosão laminar ( provocada pelo vento e chuva ),etc.
No manejo extensivo a V% ( saturação de bases ) não necessita estar acima de 50 por cento, já que as forrageiras normalmente utilizadas tem boa tolerância à acidez e não apresentam altas produções de MS.
No manejo semi-intensivo a V% ( saturação de bases ) deveria se situar entre 50 e 60 por cento. Aqui alguns podem argumentar que a brachiaria decumbens que se encaixaria bem neste sistema não necessita de tal saturação de bases para produzir... Mas para explorar seu máximo potencial de maneira mais econômica necessita sim! Deixaremos isso mais claro daqui à pouco.
Nos manejos intensivo e super-intensivo a V% ( saturação de bases ) deverá se situar entre 75 a 80 por cento.
Vamos dar especial atenção à saturação de bases ( V seguido do sinal de porcentagem % ), pois ela determinará entre outras coisas, a eficiência média de aproveitamento dos adubos nitrogenados, potássicos, fosfatados, sulfurados, etc. Na verdade é o ph do solo quem determina este aproveitamento e em saturações de base acima de 60 não há mais Al+3 ( alumínio trocável ) que é tóxico e inibidor do sistema radicular e o maior responsável pela acidez em solos tropicais.
Existe uma correlação entre saturação de bases e ph e é dada pela fórmula:ph em água é igual a 0,025 vezes a saturação de bases mais 4,5.
Mas vamos aos "por quês" destes índices:
- Em um ph de 4,5, apenas 20 por cento do N, 30 por cento do P, 30 por cento do K, 40 por cento do S, 20 por cento do Ca e 20 por cento do Mg são assimilados pelas plantas.
- Em um ph de 5,0, apenas 50 por cento do N, 32 por cento do P, 35 por cento do K, 80 por cento do S, 40 por cento do Ca e 40 por cento do Mg são assimilados pelas plantas.
- Em um ph de 5,5, apenas 75 por cento do N, 40 por cento do P, 70 por cento do K, 100 por cento do S, 50 por cento do Ca e 50 por cento do Mg são assimilados pelas plantas.
- Em um ph de 6,0, 100 por cento do N, 50 por cento do P, 90 por cento do K, 100 por cento do S, 50 por cento do Ca e 50 por cento do Mg são assimilados pelas plantas.
- Em um ph de 6,5, 100 por cento do N, 100 por cento do P, 100 por cento do K, 100 por cento do S, 83 por cento do Ca e 80 por cento do Mg são assimilados pelas plantas.
Com relação ao P ( elemento primordial para a produção de MS, pois é essencial na formação do sistema radicular, a "boca das plantas" ), quando da formação de uma pastagem, vamos apenas enfatizar que o fosfato de rocha natural praticamente não deveria ser utilizado, dada sua baixíssima reatividade, mas talvez sua única aplicação seja nos sistemas extensivos e em solos ácidos, mas mesmo nestes sistemas eu não me arriscaria a recomendá-lo dado ao custo logístico; nestes casos, seria mais econômico e produtivo utilizar doses menores de fosfatos reativos do tipo gafsa ou arad...
No sistema semi-intensivo pode se usar os fosfatos naturais reativos, sendo o Gafsa e o Arad os mais conhecidos.
Nos sistemas intensivo e super-intensivo somente os fosfatos altamente solúveis como o super-simples, MAP e DAP.
Aqui entra um grupo de nutrientes que muitos nunca ouviram falar e se ouviram, deram pouca ou nenhuma importância: os micronutrientes. Na formação de uma pastagem para uso intensivo em solos tropicais, via de regra novamente para não ficar pormenorizando muito, pode-se usar 50kg/ha de FTE Br10 ou Br12( fritted traced elements ), algo que traduzido seria como " elementos residuais tostados " pois sua obtenção se dá ao adicionar os microelementos à silica e e boratos em fornos com temperaturas em torno de 1.300 graus célcius, sendo rapidamente resfriados em água e moídos.
Na falta de FTE pode-se usar uma mistura de sulfato de Zn, sulfato de Cu, ácido bórico ou bórax e molibdato de amônio ou sódio e sulfato ferroso se houver deficiência de Fe. As quantidades serão indicadas pela análise de solo, que para isso idealmente deverá ser completa com macro e micro nutrientes, e as quantidades serão prescritas para cada análise.
Tanto o P quanto os micro nutrientes deverão ser incorporados ao solo quando da formação da pastagem, podendo ser logo antes da grade niveladora ( melhor resultado ) ou junto com as sementes.
O Dr. Armindo Kichel, agrônomo da EMBRAPA Gado de Corte tem uma frase muito interessante: " O produtor escolhe o tanzânia para plantar, prepara o solo como se fosse para plantio de brachiaria brizantha, corrige como se fosse para brachiaria decumbens e maneja como brachiaria humidícola, aí a pastagem não produz o que se esperava e degrada rapidamente e então o produtor coloca a culpa no capim!"
Parte 1 -