O preparo convencional do solo mediante aração e gradagem, seguido de práticas conservacionistas que minimizam a perda de solo pelo processo erosivo, pode ser substituído com vantagens pelo sistema de plantio direto, sem que haja revolvimento do solo pelas práticas de aração e gradagem. Para isto, há necessidade da cobertura vegetal que precede ao plantio, normalmente pastagens, seja dessecada, pelo uso de herbicidas promovendo sua morte, cobrindo o solo e protegendo-o dos efeitos danosos da erosão. Esta palhada remanescente ao se decompor, devolve ao solo os nutrientes extraídos pela pastagem, possibilitando por meio da decomposição e mineralização das raízes, a formação de muitos canalículos, responsáveis pela condução de água e nutrientes a camadas mais profundas do solo, além de aumentar a aeração do mesmo.
Aliado ao sistema de plantio direto, surge o sistema de integração lavoura-pecuária (iLP) e mais recentemente a integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF). Conceitualmente o sistema iLPF constitui-se na diversificação e rotação das atividades de agricultura, de pecuária e de floresta dentro da propriedade, constituindo um mesmo sistema, com benefícios para ambas. Resumidamente pode ser considerado como um sistema que potencializa o uso do solo. Seus principais objetivos são: Recuperar ou reformar pastagens degradadas; reduzir degradação do solo e quebrar ciclo da monocultura, de pragas e doenças; produzir pasto, forragem conservada e grãos para alimentação animal na estação seca, madeira e palha para o plantio direto; diminuir a dependência por insumos externos; aumentar a estabilidade de renda do produtor e reduzir os custos tanto da atividade agrícola quanto da pecuária, com impactos sobre a sustentabilidade no uso dos recursos naturais (menos erosão e melhor qualidade do solo e da água) bem como menor pressão para abertura de novas áreas, implicando na preservação de matas, flora e fauna.
Diante desta importante contribuição que a iLPF trás para o sistema solo-água-planta, a Embrapa, por meio de Embrapa Transferência de Tecnologia, implantou um programa "Transferência de tecnologias para sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta" em parceria com a Bünge e com a participação efetiva de 30 Unidades da Embrapa, contando com o apoio efetivo da Emater, Universidades e Instituições de Pesquisa de âmbito estadual. Este programa já implantou 192 Unidades de Referência Tecnológica (URT's), que tem como principal objetivo, avaliar o desempenho do sistema iLPF em várias Unidades da Federação.
Avaliando a Figura 1, observa-se que apenas os estados da Paraíba e do Tocantins é que não foram implantadas as URT's. Destaca-se o Estado do Rio Grande do Sul, com o maior número de URT's (78) implantadas e em funcionamento, seguido pelo estado de Minas Gerais (18).
Para visualização destes mapas e dos demais, gerados a partir do SiLPF (Sistema de informação para projetos de integração lavoura-pecuária-floresta), o leitor deverá entrar no site da Embrapa Gado de Leite (www.cnpgl.embrapa.br) e em seguida no link iLPF Banco de Dados, à esquerda da página. Dentro do sistema, os itens Procurar e Mapas dão informações detalhadas sobre o local de implantação, propriedade, responsável técnico, atividades desenvolvidas, eventos realizados, publicações, etc. de cada URT.
O trabalho desenvolvido no programa de "Transferência de tecnologias para sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta" vem consolidar a expectativa que envolve a importância sobre a sustentabilidade do sistema de integração lavoura-pecuária-floresta para o agronegócio brasileiro.
**O artigo foi originalmente publicado pelo Centro de Inteligência do Leite (CILEite), coordenado pela Embrapa Gado de Leite.