Explorar

Comunidades em Português

Anuncie na Engormix

Integração Agricultura - Pecuária

Publicado: 17 de outubro de 2012
Por: Eng. Agr. Mário Ivo Drugowich
A renovação de pastagens deve ser realizada antes que fiquem totalmente degradadas, geralmente não ultrapassando o limite de 6 anos.

Não é possível implantar, de imediato, as culturas de milho e soja em áreas que estejam muito degradadas.

DIAGNÓSTICO DA ÁREA

 Compreende a análise da área quanto a:
  •  cobertura vegetal: percentual de cobertura do solo com pastagem;
  • compactação do solo: presença ou não de camadas compactadas em subsuperfície (entre 8 e 25cm de profundidade);
  • relevo: ocorrência de sulcos de erosão, trilhas de gado, cupins, tocos, raízes, etc;
  • fertilidade: tipo e desenvolvimento da vegetação existente, presença de invasoras (gramão, ciganinha, assa-peixe, arranha-gato, mata-pasto, etc.) e características físicas e químicas do solo.

Avaliação das características físicas e biológicas: a área deve ser identificada por glebas de, no máximo, 20 hectares, que apresentem posição topográfica semelhante (morro, meia-encosta, baixada, etc.) e solo da mesma cor e textura (argilosos ou arenosos).

Abrir trincheiras com 40 a 60cm de profundidade e observar a presença e a profundidade de raízes, a presença de insetos e outros animais e seus canais de movimentação, a coloração das camadas, a presença de agregados, etc.

Análise química (amostragem): é essencial que se faça a análise prévia do solo da pastagem a ser recuperada. Cada amostra, com + 5 centímetros de espessura, deve ser composta de uma "fatia" retirada do solo, que vai da superfície até +  20 centímetros de profundidade. A camada de 20-40cm também deve ser amostrada. São retiradas 10 a 12 amostras por gleba, utilizando-se ferramenta que permita obter a fatia desejada. As amostras são misturadas em um balde plástico bem lavado, retirando-se cerca de 300 gramas, que são embaladas e enviadas a um laboratório credenciado para análise de solo.

0 diagnóstico permitirá classificar a área como:
  • leve ou medianamente degradada: solos com média ou boa fertilidade, sem problemas sérios de compactação ou relevo, com cobertura vegetal (pastagem) superior a 70% e leve presença de invasoras. São áreas aptas para imediata adoção da renovação da pastagem, usando a integração agricultura-pecuária;
  •  altamente degradada: solos com severa compactação, baixa fertilidade e cobertura vegetal, relevo comprometido e forte presença de invasoras. Essas áreas devem passar por correções de relevo e fertilidade para se tornarem aptas à produção.
 
CORREÇÃO DA ACIDEZ

Aplicar a dose recomendada de calcário superficialmente ao solo e sem incorporar pelo menos 2 a 3 meses antes do plantio.

Havendo necessidade de corrigir o teor de alumínio ou fornecer cálcio abaixo de 20cm de profundidade, usar 1/3 da dose de calcário na forma de gesso agrícola, também aplicado em superfície.

ADUBAÇÃO

A dosagem de fertilizantes deve obedecer às recomendações do Boletim n.° 100 do IAC, conforme a produtividade esperada.

Lembre-se de que no primeiro ano de plantio a produtividade não será alta, sendo razoável uma expectativa de 4.500kg/ha para milho e de 2.000kg/ha para soja. Só a partir do segundo ano de Integração Agricultura-Pecuária são esperadas produtividades superiores a estas.

Na cultura do milho é importante escolher uma fórmula de fertilizantes que permita aplicar, no plantio, áté 30kg de nitrogênio por hectare.

Utilizar fórmulas que contenham micronutrientes, principalmente zinco e manganês, para prevenir eventuais desequilíbrios causados pela concentração do calcário em superfície.
 
SEMEADURA

 Milho - As semeadoras devem ser equipadas com facas, que permitam o rompimento da camada superficial compactada do solo, e reguladas para o plantio de 6 ou 7 sementes por metro linear, num espaçamento de 90cm entre as linhas da cultura.

Durante o plantio, as sementes devem ser bem cobertas pelo solo, ficando a uma profundidadde 3 a 5 centímetros.

Os técnicos das Casas da Agricultura dispõem de informações relativas à escolha certa de cultivar mais indicado para cada região. O cultivar a ser escolhido deve possuir capacidade produtiva, rusticidade e disponibilidade de sementes a preços baixos, sendo as variedades "AL", da CATI, em especial o CATI 34 excelentes opções.

Essas sementes devem ser tratadas com inseticida eficaz para o controle preventivo das pragas iniciais.

Soja - É essencial a escolha de um cultivar rústico, produtivo e com inserção de vagens acima de 10cm do solo, sendo os cultivares IAC 19 e IAC 8-2 ótimas opções. Também é fundamental inocular as sementes com B. japonicum (Rhizobium). Se o solo for ácido ou foi corrigido recentemente, incluir também o molibdênio.

O espaçamento entre as linhas de 50 a 60cm é adequado para esses cultivares. Regular a semeadora para o plantio de 20 sementes por metro de linha.
 
DESSECAÇÃO DA PASTAGEM

Para plantio de milho - O glifosato pode ser aplicado na pré-semeadura ou imediatamente após; antes da emergência do milho, na dose média de 3 litros/ha para a dessecação de Brachiaria decumbens. Para outras espécies a dose deve ser 30% a 50% superior.

Para plantio de soja - Aplicar o glifosato 20 dias antes do plantio, na dose de 3 litros/ha. Na pré-semeadura, ou logo após o plantio, faz-se complementação usando 1,5litro/ha.

Não haverá necessidade de "deitar", "roçar" ou "picar" a pastagem quando ela estiver submetida a pastoreio.
 
ADUBAÇÃO DE COBERTURA

Milho - Realizar aos 25-30 dias após a emergência, quando o solo estiver com boa umidade, aplicando 50 a 60kg/ha de nitrogênio, de forma a completar, com a adubação de plantio, a quantidade total necessária de 80kg de N/ha. O fertilizante de cobertura mais adequado é o nitrato de amônia.

Havendo boa expectativa de produção de milho, no momento da adubação de cobertura, pode ser adequada a complementação do N até 100-120kg/ha.

Soja - Havendo uma boa nodulação através das bactérias inoculadas às sementes, não será necessária a adubação de cobertura.
 
CONTROLE DE PRAGAS

Milho - O controle da lagarta-do-cartucho será eficaz quando realizado na fase inicial de ataque, ou seja, quando as lagartas jovens ainda estiverem se alimentando de folhas abertas. Um sintoma característico é a ocorrência de folhas "raspadas".

Após essa fase, as lagartas estarão protegidas dentro do cartucho tornando o controle ineficaz, apenas aumentando os custos de produção e os desiquilíbrios ambíentais.

No caso de haver necessidade de controle, utilizar produtos de baixas toxicidades aos inimigos naturais.

Soja - As pragas principais da cultura (lagartas de folhas e percevejos) devem ter controle integrado, conforme orientação do engenheiro agrônomo.
 
COLHEITA

Silagem de Milho - O corte das plantas deve ser feito quando as espigas apresentarem grãos na fase farinácea, começando a endurecer.

Grãos de Milho ou Soja - A colheita nunca pode ser atrasada, sendo feita com o máximo de cuidado, regulando-se bem a colheitadeira para evitar excesso de perdas e danos (quebras) no produto e liberando a área rapidamente.
 
CUSTOS DE PRODUÇÃO

Os dados do quadro são um exemplo, devendo ser adequados e atualizados após estudo econômico de cada situação específica.

A tomada de decisão é responsabilidade do pecuarista-agricultor, com orientação técnica.
 
RECEITAS

Milho- Considerando-se a produtividade média de 4.500kg (75 sacos) por hectare, a um preço de mercado de R$12,00/saco, a receita é da ordem de R$900,00 por hectare. Isso oferece um lucro de 10%, acrescido da vantagem da renovação da pastagem.

Soja -Com a produtividade média de 2.000kg (33,3 sacos) por hectare, a um preço de mercado de R$ 26,00/saco, a receita é da ordem de R$ 867,00 por hectare, com lucro de 3%.

 Assim, para haver retorno financeiro, a produtividade deveria ser maior que 2.000kg/ha. No entanto, não se deve esquecer que a quantidade de nitrogênio residual deixada pela cultura da soja é muito maior que a deixada pelo milho, beneficiando mais a pastagem.

 Pelo exemplo dado, fica claro que só haverá lucratividade significativa com produtividade de milho superior a 4.500kg/ha e de soja superior a 2.000kg/ha, o que só deverá ocorrer após o segundo ano de Integração Agricultura-Pecuária. No entanto, já no primeiro ano haverá sensível recuperação da pastagem, com aumento da produção de carne/ha.
 
ORIENTAÇÃO TÉCNICA

A CATI tem, em todas as regiões, Engenheiros Agrônomos aptos a prestar orientação técnica sobre renovação de pastagens via Integração Agricultura-Pecuária.

**O trabalho foi originalmente publicado pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.
Tópicos relacionados:
Autores:
Mário Ivo Drugowich
CATI - Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Secret. Agric. São Paulo)
CATI - Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Secret. Agric. São Paulo)
Recomendar
Comentário
Compartilhar
Profile picture
Quer comentar sobre outro tema? Crie uma nova publicação para dialogar com especialistas da comunidade.
Usuários destacados em Pecuária de corte
Dr. Judson Vasconcelos
Dr. Judson Vasconcelos
Kemin Industries, Inc
North America Ruminant Technical Services Team Leader, Kemin Industries
Estados Unidos
Luis Tedeschi
Luis Tedeschi
Texas A&M University
Texas A&M University
Estados Unidos
George Del Corral
George Del Corral
Agri Stats
Estados Unidos
Junte-se à Engormix e faça parte da maior rede social agrícola do mundo.