A renovação de pastagens deve ser realizada antes que fiquem totalmente degradadas, geralmente não ultrapassando o limite de 6 anos.
Não é possível implantar, de imediato, as culturas de milho e soja em áreas que estejam muito degradadas.
DIAGNÓSTICO DA ÁREA
Compreende a análise da área quanto a:
- cobertura vegetal: percentual de cobertura do solo com pastagem;
- compactação do solo: presença ou não de camadas compactadas em subsuperfície (entre 8 e 25cm de profundidade);
- relevo: ocorrência de sulcos de erosão, trilhas de gado, cupins, tocos, raízes, etc;
- fertilidade: tipo e desenvolvimento da vegetação existente, presença de invasoras (gramão, ciganinha, assa-peixe, arranha-gato, mata-pasto, etc.) e características físicas e químicas do solo.
Avaliação das características físicas e biológicas: a área deve ser identificada por glebas de, no máximo, 20 hectares, que apresentem posição topográfica semelhante (morro, meia-encosta, baixada, etc.) e solo da mesma cor e textura (argilosos ou arenosos).
Abrir trincheiras com 40 a 60cm de profundidade e observar a presença e a profundidade de raízes, a presença de insetos e outros animais e seus canais de movimentação, a coloração das camadas, a presença de agregados, etc.
Análise química (amostragem): é essencial que se faça a análise prévia do solo da pastagem a ser recuperada. Cada amostra, com + 5 centímetros de espessura, deve ser composta de uma "fatia" retirada do solo, que vai da superfície até + 20 centímetros de profundidade. A camada de 20-40cm também deve ser amostrada. São retiradas 10 a 12 amostras por gleba, utilizando-se ferramenta que permita obter a fatia desejada. As amostras são misturadas em um balde plástico bem lavado, retirando-se cerca de 300 gramas, que são embaladas e enviadas a um laboratório credenciado para análise de solo.
0 diagnóstico permitirá classificar a área como:
- leve ou medianamente degradada: solos com média ou boa fertilidade, sem problemas sérios de compactação ou relevo, com cobertura vegetal (pastagem) superior a 70% e leve presença de invasoras. São áreas aptas para imediata adoção da renovação da pastagem, usando a integração agricultura-pecuária;
- altamente degradada: solos com severa compactação, baixa fertilidade e cobertura vegetal, relevo comprometido e forte presença de invasoras. Essas áreas devem passar por correções de relevo e fertilidade para se tornarem aptas à produção.
CORREÇÃO DA ACIDEZ
Aplicar a dose recomendada de calcário superficialmente ao solo e sem incorporar pelo menos 2 a 3 meses antes do plantio.
Havendo necessidade de corrigir o teor de alumínio ou fornecer cálcio abaixo de 20cm de profundidade, usar 1/3 da dose de calcário na forma de gesso agrícola, também aplicado em superfície.
ADUBAÇÃO
A dosagem de fertilizantes deve obedecer às recomendações do Boletim n.° 100 do IAC, conforme a produtividade esperada.
Lembre-se de que no primeiro ano de plantio a produtividade não será alta, sendo razoável uma expectativa de 4.500kg/ha para milho e de 2.000kg/ha para soja. Só a partir do segundo ano de Integração Agricultura-Pecuária são esperadas produtividades superiores a estas.
Na cultura do milho é importante escolher uma fórmula de fertilizantes que permita aplicar, no plantio, áté 30kg de nitrogênio por hectare.
Utilizar fórmulas que contenham micronutrientes, principalmente zinco e manganês, para prevenir eventuais desequilíbrios causados pela concentração do calcário em superfície.
SEMEADURA
Milho - As semeadoras devem ser equipadas com facas, que permitam o rompimento da camada superficial compactada do solo, e reguladas para o plantio de 6 ou 7 sementes por metro linear, num espaçamento de 90cm entre as linhas da cultura.
Durante o plantio, as sementes devem ser bem cobertas pelo solo, ficando a uma profundidadde 3 a 5 centímetros.
Os técnicos das Casas da Agricultura dispõem de informações relativas à escolha certa de cultivar mais indicado para cada região. O cultivar a ser escolhido deve possuir capacidade produtiva, rusticidade e disponibilidade de sementes a preços baixos, sendo as variedades "AL", da CATI, em especial o CATI 34 excelentes opções.
Essas sementes devem ser tratadas com inseticida eficaz para o controle preventivo das pragas iniciais.
Soja - É essencial a escolha de um cultivar rústico, produtivo e com inserção de vagens acima de 10cm do solo, sendo os cultivares IAC 19 e IAC 8-2 ótimas opções. Também é fundamental inocular as sementes com B. japonicum (Rhizobium). Se o solo for ácido ou foi corrigido recentemente, incluir também o molibdênio.
O espaçamento entre as linhas de 50 a 60cm é adequado para esses cultivares. Regular a semeadora para o plantio de 20 sementes por metro de linha.
DESSECAÇÃO DA PASTAGEM
Para plantio de milho - O glifosato pode ser aplicado na pré-semeadura ou imediatamente após; antes da emergência do milho, na dose média de 3 litros/ha para a dessecação de Brachiaria decumbens. Para outras espécies a dose deve ser 30% a 50% superior.
Para plantio de soja - Aplicar o glifosato 20 dias antes do plantio, na dose de 3 litros/ha. Na pré-semeadura, ou logo após o plantio, faz-se complementação usando 1,5litro/ha.
Não haverá necessidade de "deitar", "roçar" ou "picar" a pastagem quando ela estiver submetida a pastoreio.
ADUBAÇÃO DE COBERTURA
Milho - Realizar aos 25-30 dias após a emergência, quando o solo estiver com boa umidade, aplicando 50 a 60kg/ha de nitrogênio, de forma a completar, com a adubação de plantio, a quantidade total necessária de 80kg de N/ha. O fertilizante de cobertura mais adequado é o nitrato de amônia.
Havendo boa expectativa de produção de milho, no momento da adubação de cobertura, pode ser adequada a complementação do N até 100-120kg/ha.
Soja - Havendo uma boa nodulação através das bactérias inoculadas às sementes, não será necessária a adubação de cobertura.
CONTROLE DE PRAGAS
Milho - O controle da lagarta-do-cartucho será eficaz quando realizado na fase inicial de ataque, ou seja, quando as lagartas jovens ainda estiverem se alimentando de folhas abertas. Um sintoma característico é a ocorrência de folhas "raspadas".
Após essa fase, as lagartas estarão protegidas dentro do cartucho tornando o controle ineficaz, apenas aumentando os custos de produção e os desiquilíbrios ambíentais.
No caso de haver necessidade de controle, utilizar produtos de baixas toxicidades aos inimigos naturais.
Soja - As pragas principais da cultura (lagartas de folhas e percevejos) devem ter controle integrado, conforme orientação do engenheiro agrônomo.
COLHEITA
Silagem de Milho - O corte das plantas deve ser feito quando as espigas apresentarem grãos na fase farinácea, começando a endurecer.
Grãos de Milho ou Soja - A colheita nunca pode ser atrasada, sendo feita com o máximo de cuidado, regulando-se bem a colheitadeira para evitar excesso de perdas e danos (quebras) no produto e liberando a área rapidamente.
CUSTOS DE PRODUÇÃO
Os dados do quadro são um exemplo, devendo ser adequados e atualizados após estudo econômico de cada situação específica.
A tomada de decisão é responsabilidade do pecuarista-agricultor, com orientação técnica.
RECEITAS
Milho- Considerando-se a produtividade média de 4.500kg (75 sacos) por hectare, a um preço de mercado de R$12,00/saco, a receita é da ordem de R$900,00 por hectare. Isso oferece um lucro de 10%, acrescido da vantagem da renovação da pastagem.
Soja -Com a produtividade média de 2.000kg (33,3 sacos) por hectare, a um preço de mercado de R$ 26,00/saco, a receita é da ordem de R$ 867,00 por hectare, com lucro de 3%.
Assim, para haver retorno financeiro, a produtividade deveria ser maior que 2.000kg/ha. No entanto, não se deve esquecer que a quantidade de nitrogênio residual deixada pela cultura da soja é muito maior que a deixada pelo milho, beneficiando mais a pastagem.
Pelo exemplo dado, fica claro que só haverá lucratividade significativa com produtividade de milho superior a 4.500kg/ha e de soja superior a 2.000kg/ha, o que só deverá ocorrer após o segundo ano de Integração Agricultura-Pecuária. No entanto, já no primeiro ano haverá sensível recuperação da pastagem, com aumento da produção de carne/ha.
ORIENTAÇÃO TÉCNICA
A CATI tem, em todas as regiões, Engenheiros Agrônomos aptos a prestar orientação técnica sobre renovação de pastagens via Integração Agricultura-Pecuária.
**O trabalho foi originalmente publicado pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.