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Ganho de peso e taxa de lotação em pastos de capim-marandu submetidos a estratégias de pastejo rotativo e adubação nitrogenada no período de outono/inverno

Publicado: 15 de outubro de 2012
Por: Flavia Maria de Andrade Gimenes, Sila Carneiro da Silva, Alexandre Berndt, Luciana Gerdes, Marcelo Barcelo Gomes, João José Assumpção de Abreu Demarchi.
Sumário

Resumo: O objetivo deste experimento foi avaliar o ganho de peso de novilhos nelore em pastos de capim-marandu submetidos a estratégias de pastejo rotativo e adubação nitrogenada em escala de sistema de produção. As avaliações ocorreram de abril a setembro de 2009 e os tratamentos corresponderam a um fatorial 2 x 2 dos fatores intervalo de pastejo (tempo necessário para que os pastos atingissem 25 e 35 cm de altura durante a rebrotação) e doses de fertilizante nitrogenado (50 e 200 kg/ha.ano de N). Os tratamentos foram alocados às unidades experimentais (UE) (módulo de 6 piquetes de 5.000 m2 cada) segundo um delineamento de blocos completos casualizados, com quatro repetições. A altura do dossel foi medida com o uso de bastão medidor em pré e pós-pastejo. O ganho de peso médio diário (GMD) foi avaliado nos animais-teste (três por UE) por meio de pesagens a cada 28 dias. A taxa de lotação foi calculada com base no peso médio dos animais reguladores e teste e os dias que ficaram em cada UE. O GMD variou com a altura de entrada dos animais nos pastos (0,620 e 0,450 kg/animal.dia para 25 e 35 cm, respectivamente) e dose de N (0,490 e 0,590 kg/animal.dia para as doses de 50 e 200 kg/ha de N). A taxa de lotação dos pastos variou apenas com as doses de N avaliadas (1,23 e 1,61 UA/ha para 50 e 200 kg/ha de N, respectivamente). As estratégias de manejo do pastejo e aplicação de nitrogênio durante o verão resultam em efeitos cumulativos sobre o desempenho de pastos e animais no outono/inverno.

Palavras–chave: altura do dossel forrageiro, Brachiaria brizantha, ganho de peso, manejo do pastejo, nitrogênio, taxa de lotação

Introdução
A produção animal em sistema de pastagens no período onde há restrições dos fatores produtivos da forragem (água, temperatura, luminosidade) é sempre reduzida. Buscando avaliar a influência do manejo do pastejo e da adubação nitrogenada durante o outono-inverno foram estabelecidas condições contrastantes de freqüência de desfolhação caracterizadas por controle estrito da estrutura do dossel utilizando-se o conceito de alvo de manejo (Hodgson & Da Silva, 2002). Como forma de deixar os contrastes mais claros foram utilizadas também doses de fertilização nitrogenada, uma vez que o nitrogênio afeta o ciclo morfogênico das gramíneas aumentando o acúmulo de forragem e a taxa de lotação necessária para o atendimento das metas de manejo. Apesar da importância desse tipo de conhecimento, informações relativas a essas respostas em escala de sistemas de produção (unidades autocontidas de manejo) ainda são escassas e mais estudos são necessários para o planejamento de estratégias de manejo do pastejo eficientes e sustentáveis.
 
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no Instituto de Zootecnia (IZ), município de Nova Odessa, SP (22º 42' (sul), 47º 18' (oeste) e 528 m de altitude). O solo da área experimental é classificado como Latossolo Vermelho Distrófico típico (EMBRAPA, 1999). O tempo de implantação dos tratamentos e adaptação dos pastos a eles (outubro de 2008 a março de 2009) foi seguido pelo período de avaliação de seis meses (abril a setembro de 2009). Os tratamentos corresponderam a combinações entre dois intervalos de pastejo (período de tempo necessário para o dossel forrageiro atingir as alturas de 25 e 35 cm) e duas doses de nitrogênio (50 e 200 kg/ha/ano).
Os tratamentos foram alocados às unidades experimentais (UE) segundo um arranjo fatorial 2x2 e delineamento de blocos completos casualizados, com quatro repetições. Cada UE foi constituída de um módulo de seis piquetes de 5.000 m2 cada, nos quais os lotes de três animais-teste mais os reguladores de carga permaneceram em pastejo durante todo o período experimental. As condições experimentais foram monitoradas por avaliações periódicas de altura do dossel forrageiro utilizando-se um bastão medidor (sward stick). A altura de resíduo mínima utilizada como meta foi 15 cm. As adubações nitrogenadas (uréia e nitrato de amônio) foram realizadas após a saída dos animais de cada piquete em janeiro (50 kg/ ha) para todos os tratamentos e mais duas aplicações parceladas nos tratamentos de 200 kg/ ha de N nos meses de fevereiro e março de 2009 (75 kg/ha de N cada).
Foram utilizados animais machos Nelore em crescimento com peso inicial médio de 330 kg. Os animais-teste e os reguladores de carga foram pesados a cada 28 dias para fins de acompanhamento do ganho de peso e realização de ajustes na taxa de lotação. O ganho de peso médio diário (GMD) (kg/ animal.dia) foi calculado pela diferença do peso dos três animais-teste na pesagem atual e anterior, dividido pelo número de dias do intervalo entre pesagens. Os valores de taxa de lotação foram obtidos pelo cálculo do número de animais e seu peso médio, sendo os valores expressos na forma de unidades animais (UA) por hectare (UA/ha).
A análise de variância dos dados foi realizada utilizando-se o PROC MIXED do pacote estatístico SAS® (Statistical Analysis System). As médias dos tratamentos foram estimadas utilizando-se o "LSMEANS" e a comparação entre elas realizada por meio da probabilidade da diferença ("PDIFF"), usando o teste "t" de "Student" e um nível de significância de 5%.
 
Resultados e Discussão
O ganho de peso médio diário variou com a altura de entrada (P=0,0002) e dose de N (P=0,0073), não havendo efeito da interação altura x dose (0,3248). O GMD na altura de entrada de 25 cm foi superior àquele na altura de 35 cm (Tabela 1), enquanto a dose de 200 kg/ha de N resultou em valores maiores que a dose de 50 kg/ha de N (Tabela 1). A altura de 25 cm proporcionou um GMD maior provavelmente devido à maior proporção de folhas relativamente a colmos na massa de forragem, o que facilitou a ingestão de forragem e elevou o valor nutritivo da forragem consumida, como relatado por Trindade et al. (2007) em experimento onde avaliou-se a taxa de ingestão e a composição morfológica da forragem ingerida por animais pastejando capim-marandu sob os mesmos contrastes de manejo do pastejo.
A taxa de lotação variou apenas com a dose de N (P<0,0001), não tendo sido afetada pela altura de entrada (P=0,3664) nem pela interação altura*dose (P=0,2993) (Tabela 2). A taxa de lotação variou de 1,23 a 1,61 UA/ha para as doses de 50 e 200 kg/ha de N, respectivamente.
Os resultados encontrados podem ser considerados elevados para as épocas do ano avaliadas (outono/inverno) em sistema de pastagens sem o uso de suplementação (exceto mineral).
Tabela 1 – Ganho de peso médio diário (kg/animal.dia) de bovinos Nelore em pastos de capim-marandu submetidos a estratégias de pastejo rotativo e adubação nitrogenada no período outono/inverno de 2009
Ganho de peso e taxa de lotação em pastos de capim-marandu submetidos a estratégias de pastejo rotativo e adubação nitrogenada no período de outono/inverno - Image 1
Tabela 2 – Taxa de lotação (UA/ha) em pastos de capim-marandu submetidos a estratégias de pastejo rotativo e adubação nitrogenada no período outono/inverno de 2009.
Ganho de peso e taxa de lotação em pastos de capim-marandu submetidos a estratégias de pastejo rotativo e adubação nitrogenada no período de outono/inverno - Image 2
 
Conclusões
Existe um efeito residual importante das práticas de manejo do pastejo e agronômicas realizadas durante o verão sobre o ganho de peso e capacidade de suporte dos pastos durante o outono e o inverno. Pastos manejados com altura de 25 cm de entrada resultaram em maior ganho de peso e taxa de lotação, resultado que pode ser melhorado pelo uso de fertilizante nitrogenado.
 
Agradecimentos
À FAPESP pelo financiamento do projeto. Aos funcionários, pesquisadores e estagiários do Instituto de Zootecnia (IZ) pelo grande auxilio na condução do experimento.
 
Literatura citada
EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos. Brasília: EMBRAPA. Produção de Informação, 1999, 412p.
HODGSON, J.; DA SILVA, S.C. Options in tropical pasture management. In:REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39., SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE FORRAGICULTURA, Recife, 2002. Anais. Recife: SBZ, 2002. p.180-202.
TRINDADE,J.K.; Da SILVA, S.C.; SOUZA JR. S.J.; GIACOMINI, A.A.; ZEFERINO, C.V.; GUARDA, V.D.; CARVALHO, P.C.F. Composição morfológica da forragem consumida por bovinos de corte durante o rebaixamento do capim-marandu submetido a estratégias de pastejo rotativo Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.42, n.6, p.883-890, 2007.
Tópicos relacionados:
Autores:
Flávia Maria de Andrade Gimenes
IZ - Instituto de Zootecnia / Secretaria de Agricultura e Abastecimento
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