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Avaliação de genótipos de cana-de-açúcar visando alimentação animal no município de gália (sp.)

Publicado: 1 de novembro de 2012
Por: Marcelo De Almeida Silva2, Fumiko Okamoto3, Antônio José Porto3, Mário Pércio Campana4, Daniel Nunes Da Silva4.
Sumário

RESUMO: A cana-de-açúcar vem sendo muito utilizada como recurso forrageiro na alimentação de ruminantes em todas regiões do Brasil, entretanto, existem poucas informações a respeito da adaptabilidade dos diversos genótipos disponíveis aos ambientes de produção. Com o objetivo de avaliar 7 genótipos de cana-de-açúcar com vistas à alimentação animal, foi desenvolvido um experimento na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Gália (SP). Utilizou-se o delineamento de blocos ao acaso, com 3 repetições. Os atributos avaliados foram produtividade de massa fresca (TMH), produtividade de colmos (TCH), produtividade de ponteiros (TPH), proporção de colmos (%C), proporção de ponteiros (%P), índice TPH TCH-1, número de colmos por metro (NCM), altura média dos colmos (A), diâmetro médio dos colmos (D), porcentagem sacarose (PCC), porcentagem de fibra industrial (% F) e índice F PCC-1. Houve diferenças significativas entre os genótipos estudados para todos atributos. Quanto aos atributos de adaptação à região, tonelada de massa fresca por hectare (TMH), tonelada de colmos por hectare (TCH) e número de colmos por metro (NCM), os genótipos IAC86-2480, IAC91-3186, IACSP95-3028 e IAC91-5155 mostraram-se superiores aos demais. Em relação aos atributos que caracterizam adaptação à alimentação de ruminantes, proporção de colmos (%C), proporção de ponteiros (%P), índice TPH TCH-1, porcentagem sacarose (PCC), porcentagem de fibra (% F) e índice F PCC-1 destacaram-se IAC86-2480 e IACSP95-3028. Portanto, dois genótipos apresentaram condições para futuras avaliações como forrageiras na região de Gália.

Palavras-chave: Saccharum sp., competição varietal, manejo fitotécnico, planta forrageira, canade- ano

INTRODUÇÃO.
A cana-de-açúcar tem se tornado um volumoso de uso preferencial entre os pecuaristas por apresentar características, tais como: facilidade de cultivo, época de colheita coincidente com a da estiagem, possibilidade de conservação a campo, persistência da cultura e a grande produção obtida em nossas condições (BOIN et al., 1987; LANDELL et al., 2002; MOREIRA, 1987). Estima-se que 550 mil hectares estejam destinados à alimentação animal (LANDELL et al., 2002).
Apesar dessa intensa procura de cana para fins forrageiros, sua produtividade vem sendo baixa se comparada com aquela destinada à indústria, devido ao manejo aplicado em variedades normalmente selecionadas para o setor agroindustrial, onerando, assim, o custo da produção pecuária. Outro aspecto diz respeito à qualidade da cana-de-açúcar, principalmente no que se refere a disgestibilidade da fibra e seu conteúdo de açúcares. Até pouco tempo atrás, havia a recomendação por variedades que apresentassem alta proporção de folhas e palmitos em relação à massa verde total, o que fazia o ideotipo dessa espécie assemelhar-se às outras forrageiras utilizadas comumente como pastagem (BOIN et al., 1987). Entretanto, de acordo com RODRIGUES et al. (2002), os açúcares presentes na cana são os principais responsáveis pelo fornecimento de energia e, por conseqüência, pelo desempenho do animal. Assim, ANDRADE et al. (2003) recomendam que, com vistas à alimentação animal, devem ser selecionados genótipos de cana-de-açúcar que apresentem alta porcentagem de carboidratos totais não estruturais e baixas porcentagens dos componentes da fibra, associados à alta produção de matéria seca. LANDELL et al. (2002) também citam outras características, tais como: porte ereto de touceiras, uniformidade biométrica dos colmos, período de utilização mais longo, resistência às doenças e pragas de importância econômica.
Para o Estado de São Paulo, segundo CASAGRANDE (1991) há duas épocas distintas para o plantio da cana: plantio de cana de ano-e-meio (18 meses) e a cana-de-ano (12 meses). Essa última é plantada normalmente de setembro a outubro, com seu máximo desenvolvimento entre os meses de novembro a abril, diminuindo após esse mês devido às condições climáticas adversas, com possibilidade de colheita dependendo da variedade, a partir de junho. A cana-de-ano tem sido muito empregada para o plantio das áreas que são planejadas para corte no final de safra. Esta é a principal época de plantio para produtores que utilizam a cana para alimentação animal.
O melhoramento genético da cana-de-açúcar tem por objetivo ampliar a variabilidade genética, através da hibridação, passando por sucessivas seleções, onde se visa isolar os fenótipos desejados que levados à experimentação, em ensaios regionais, possibilita a indicação de novas variedades comerciais (SILVA et al., 1999). O esforço contínuo dos programas de melhoramento de cana-de-açúcar do Brasil para a criação de novas variedades a fim de proporcionar variedades mais produtivas e adaptadas é fruto da característica da cultura, que propagada vegetativamente, se expõem a patógenos importantes resultando no declínio varietal (NUNES JUNIOR e MACHADO JUNIOR, 1981; LANDELL e ALVAREZ, 1993). De acordo com NUNES JUNIOR et al. (1985), o grande número de variedades disponíveis faz com que o produtor não se sinta seguro no momento de optar por uma delas, pela falta de uma avaliação conjunta desses materiais nas condições específicas de sua localidade, tanto no que se relaciona com os tipos de solo, quanto ao seu próprio sistema de produção.
Os melhores solos do Estado de São Paulo estão ocupados com grandes culturas, principalmente cana-de-açúcar e laranja. Em algumas regiões do Centro Oeste Paulista, onde predominam solos arenosos, de média a baixa fertilidade, a ocupação pela pecuária é mais intensa e justamente nestas em que a cana-de-açúcar não tem sido estudada como planta forrageira.
Em 2002 foi colocada a disposição dos pecuaristas uma variedade de cana-de-açúcar específica para fins forrageiros, a IAC86-2480. Segundo LANDELL et al. (2002), essa variedade se caracteriza por boa adaptação a solos classificados como latossolos, apresentando boa produtividade agrícola e ótimas características tecnológicas, porém comportando- se de forma exigente em relação à fertilidade do solo. Apresenta, também, longo período de utilização industrial e/ou forrageiro dado pela manutenção da Pol % (sacarose %) em níveis superiores entre os meses de maio a outubro. Adicionalmente, essa variedade apresenta resistência ao acamamento, ausência de florescimento e ótima brotação de soqueiras, o que garante longevidade ao canavial.
O presente trabalho teve por objetivo avaliar o comportamento de alguns genótipos de cana-deaçúcar na região Centro Oeste do Estado de São Paulo, município de Gália, com o propósito de conhecimento adaptativo para futuros estudos para uso na alimentação de ruminantes.
 
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Gália (SP), pertencente a APTA Regional Centro Oeste (DDD/APTA/ SAA), localizada na latitude de 22º 18'S e longitude 45º 33'W, numa altitude de 450 m. O solo da área é um Latossolo Vermelho Amarelo álico textura média, de acordo com classificação de EMBRAPA (1999), cuja análise físico-química está apresentada no Quadro 1. O clima predominante da região é o Aw (Köppen), com clima seco definido, temperatura média anual de 27°C, umidade relativa média de 70%. A média pluviométrica é em torno de 1.100 mm. Essa caracterização de solo e clima confere ao ambiente da região a classificação de D2, segundo PRADO et al. (2002).
Quadro 1. Valores médios dos atributos físico-químicos do solo da área utilizada em Gália (SP).
Avaliação de genótipos de cana-de-açúcar visando alimentação animal no município de gália (sp.) - Image 1
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com 3 repetições, constituído por sete genótipos como tratamentos (IAC91-3111, IAC91-3186, IAC91-5155, IACSP94-2094, IACSP95- 3028, RB72454 e IAC86-2480). Dos genótipos em estudo, o RB72454 e o IAC86-2480 foram utilizados como padrões, o primeiro por ser a variedade mais cultivada no Brasil (COPERSUCAR, 2002) e, também, utilizada pelos pecuaristas como opção forrageira (CARVALHO et al., 1993), e a segunda por ter a recomendação do Instituto Agronômico de Campinas para esse fim (LANDELL et al., 2002). As parcelas constituíram- se de seis linhas de oito metros de comprimento espaçadas de 1,50 m, totalizando uma área de 72 m2.
O plantio foi efetuado em 21 de outubro de 2003, portanto, no sistema cana de ano, aplicando-se no sulco o equivalente a 400 kg ha-1 da fórmula 04-20- 20. A distribuição das mudas no sulco foi continua, colocando-se 2 colmos na posição pé com ponta. Após a distribuição das mudas nos sulcos, os colmos foram cortados em toletes de mais ou menos 3 a 4 gemas. A cobertura foi efetuada colocando-se de 5 a 10 cm de terra sobre as mudas.
A colheita do experimento foi realizada em 22 de setembro de 2004, perfazendo um ciclo de 326 dias. Na ocasião foram avaliadas as características: produtividade de massa fresca (TMH), produtividade de colmos (TCH), produtividade de ponteiros (TPH), proporção de colmos (%C), proporção de ponteiros (%P), índice TPH TCH-1, número de colmos por metro linear (NCM), altura média dos colmos (A), diâmetro médio dos colmos (D), porcentagem de sacarose (PCC), porcentagem de fibra industrial (F) e índice F PCC-1.
Por ocasião da colheita no campo, amostraramse dez colmos seguidos na linha, em cada parcela, para se efetuar a biometria e obter dados de massa de 10 colmos, altura e diâmetro médios dos colmos (LANDELL e SILVA, 1995), e em seguida as amostras foram encaminhadas para análise, a fim de se obter Pol % cana e Fibra % cana, através do sistema CONSECANA (2003). De cada parcela foram obtidas as massas totais de colmos e de ponteiros através de balança tipo célula de carga graduada em 200 g. A contagem dos colmos foi efetuada após o corte das parcelas. Para obtenção da massa de pontas, palmito e folhas foram separados dos colmos através da quebra na região da última gema, conhecido como ponto de quebra.
Foi efetuada a análise de variância e aplicado o teste de Tukey a 5% para as comparações de médias, de acordo com GOMES (1990).
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Quadro 02 são apresentados os dados relativos aos colmos, número de colmos por metro, de altura e diâmetro. No ciclo de cultivo cana-de-ano, o padrão IAC86-2480 apresentou o menor número de colmos por metro (10,94), acompanhado, estatisticamente, pelo outro padrão RB72454 e pelos genótipos IACSP95-3028 e IAC91-3111. Esse valor para o IAC86-2480 está um pouco abaixo dos valores indicados por LANDELL et al. (2002), 12-13 colmos por metro, provavelmente porque o trabalho desses autores foi conduzido principalmente em latossolos da região de Ribeirão Preto no sistema de plantio de cana de ano-e-meio. Por outro lado, o genótipo IACSP94-2094 mostrou o maior número de colmos, isoladamente. Esses valores estão dentro da faixa dos encontrados em outros ensaios conduzidos nessa mesma época de plantio, porém em outros tipos de ambiente (BALIERO, 1995; SILVA et al., 1999; SILVA et al., 2001; ANDRADE et al., 2003), portanto não havendo nenhum problema de adaptação quanto a esse atributo. O maior perfilhamento indica um grande potencial de fechamento na entre linha (SILVA et al., 1999), favorecendo um menor número de capinas, característica interessante, principalmente, para o sistema de cana forrageira.
Quadro 2. Número de colmos por metro (NCM), Altura média de colmos (A) e Diâmetro médio de colmos (D), média geral, valores de F e coeficiente de variação (CV%) dos genótipos de cana-de-açúcar conduzidos em Gália-SP
Avaliação de genótipos de cana-de-açúcar visando alimentação animal no município de gália (sp.) - Image 2
Quanto ao atributo altura, o destaque foi o genótipo IAC91-5155, que não diferenciou dos demais genótipos, excetuando-se o RB72454 e o IACSP94-2094. Os valores obtidos nesse ensaio são sensivelmente menores, média de 219,00 cm, dos conseguidos por SILVA et al. (1999) e SILVA et al. (2001), 294,00 e 299,00 cm, respectivamente, na região de Jaú, principalmente, quando se compara com o genótipo RB72454, também testado por esses autores, entretanto, salienta-se que o ambiente de produção desses dois outros experimentos podem ser considerados melhores quando comparados com o de Gália. LANDELL et al. (2002), na região de Ribeirão Preto, também obtiveram valores maiores para o RB72454, por outro lado, os valores encontrados para o IAC86-2480 foram semelhantes (222,00 cm), indicando, possivelmente, que esse genótipo se caracterize por ser rústico. Segundo SILVA et al. (1999), o atributo altura encontra-se associado à velocidade de crescimento, sendo uma característica fundamental para um genótipo cultivado num ciclo de desenvolvimento de 12 meses. De fato, segundo LANDELL et al. (2004), o genótipo IAC91-5155 apresenta um rápido crescimento inicial.
Em relação ao diâmetro de colmos, o IACSP95- 3028 obteve o maior valor, seguido pelos tratamentos RB72454, IAC86-2480, IAC91-3111 e IAC91-3186, que não se diferenciaram estatisticamente. Em contra partida, os tratamentos que apresentaram o menor diâmetro foram IAC91-5155 e IACSP94-2094. Curiosamente, esse último genótipo foi, também, o de menor altura, por outro lado, apresentou maior número de colmos por metro linear. De maneira geral, os valores obtidos, média de 2,56 cm, são compatíveis com os encontrados por SILVA et al. (1999) e SILVA et al. (2001), 2,70 e 2,55 cm, respectivamente, excetuando-se para o IACSP94-2094 que se caracterizou por possuir diâmetros muito finos (2,11 cm).
No Quadro 03 são apresentados resultados de produtividade de massa fresca, de colmos e de ponteiros. Observa-se que o genótipo IAC86-2480 apresentou valores numéricos de produtividade de massa fresca total (136,25 t ha-1) e de colmos (129,63 t ha-1) superiores, comportando-se como adaptado às condições locais e confirmando sua rusticidade aos ambientes quando se compara ao valor de 129,9 toneladas de colmos por hectare obtido por LANDELL et al. (2002) em Ribeirão Preto. E situou-se também como o ante-penúltimo valor quanto a massa de ponteiros, ratificando ser uma opção interessante para o manejo forrageiro, pois segundo novos conceitos do uso de cana-de-açúcar para esse fim, o ideotipo ideal é um genótipo apresentando maior massa de colmos e menor de ponteiros (RODRIGUES et al., 2002). Outros genótipos apresentaram bom comportamento e não mostraram diferença significativa em relação ao IAC86-2480. Considerando o atributo produtividade de colmos, se destacaram os tratamentos IAC91-3186, IACSP95-3028, IAC91-5155 e RB72454. Quanto à produtividade de ponteiros, como a importância deve ser dada aos menores valores, os melhores foram IAC91-3111, IACSP95-3028 e RB72454, que não se diferenciaram do padrão IAC86-2480. Os valores obtidos para o atributo produtividade de colmos, de maneira geral, são semelhantes aos encontrados por SILVA et al. (1999) e SILVA et al. (2001), 115,45 e 115,32 t ha-1, respectivamente, para esse sistema de cultivo em cana de primeiro corte, mas diferem dos encontrados por RODRIGUES et al. (1997), como também os de produtividade de ponteiros, entretanto, ressalta-se que no trabalho desses autores não há relato da época de plantio, além da colheita ter sido realizada 15 meses após o plantio.
Quadro 3. Tonelada de massa fresca por hectare (TMH), tonelada de colmos por hectare (TCH), tonelada de ponteiros por hectare (TPH), média geral, valores de F e coeficiente de variação (CV%) dos genótipos de cana-de-açúcar conduzidos em Gália-SP
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A proporção de colmos e ponteiros e o índice TPH TCH-1 dos diferentes genótipos são apresentados no Quadro 4. Houve diferenças significativas (P<0,01) entre os genótipos na proporção de colmos e ponteiros e no índice TPH TCH-1. A variedade IAC86-2480 apresentou o maior valor para proporção de colmos (95,15%), seguido pelos genótipos IACSP95-3028, IAC91-3111 e RB72454; consolidando os dados, pois os mesmosgenótipos apresentaram as menores porcentagens de ponteiros.
Quadro 4. Proporção de colmos (%C), proporção de ponteiros (%P), índice TPH TCH-1, média geral, valores de F e coeficiente de variação (CV%) dos genótipos de cana-de-açúcar conduzidos em Gália-SP
Avaliação de genótipos de cana-de-açúcar visando alimentação animal no município de gália (sp.) - Image 4
Conforme RODRIGUES et al. (2002), outra maneira de visualizar o ideotipo ideal de um genótipo de cana-de-açúcar é pelo índice TPH TCH-1, sendo o desejado o que apresente a menor relação, dessa maneira os melhores genótipos foram o padrão IAC86-2480 e os tratamentos IACSP95-3028, IAC91- 3111 e IAC91-5155 (Quadro 4), que não apresentaram diferenças significativas.
Os valores de fibra (F %), PCC e índice F % PCC-1 são encontrados no Quadro 5. Adotando- se que haja correlação positiva entre a fibra industrial e a fibra em detergente neutro e que a ingestão de matéria seca da forragem, pelo animal, será mais alta quanto menor o conteúdo de fibra (NUSSIO et al., 2001),
configura-se que os melhores genótipos foram IAC91-5155, IACSP95-3028, IAC91-3186, RB72454, IACSP94-2094 e IAC86-2480. Quanto à PCC, os maiores valores são os mais indicados, uma vez que a fração de açúcares solúveis (sacarose) é que contribui com a maior porção de energia que o animal retira da cana (LANDELL et al., 2002). Nesse sentido se destacaram os genótipos IACSP95-3028, IAC86- 2480, IACSP94-2094, IAC91-3111 e IAC91-5155, que não se diferenciaram significativamente. O destaque negativo nesse atributo foi para o RB72454, que apesar de recomendada para fins forrageiros, foi a de menor teor de sacarose. No trabalho de LANDELL et al. (2002) esse genótipo não mostrou-se diferente do IAC86-2480.
Quadro 5. Fibra % cana (%F), Pol % cana (PCC), índice %Fibra/Pol% cana, média geral, valores de F e coeficiente de variação (CV%) dos genótipos de cana-de-açúcar conduzidos em Gália-SP
Avaliação de genótipos de cana-de-açúcar visando alimentação animal no município de gália (sp.) - Image 5
Uma outra maneira de avaliar o genótipo quanto à sua vocação para fins forrageiros é pelo índice F % PCC-1 (Quadro 5), sendo os melhores aqueles com o menor valor. Dessa maneira todos os seis genótipos se destacaram, não havendo diferença significativa, exceto o IAC91-3111 que apresentou a maior relação. Estas observações estão de acordo com GOODING (1982) onde os cultivares de cana que apresentam uma menor relação fibra : açúcar são mais indicados para alimentação de ruminantes, uma vez que cultivares onde o teor de fibra e lignina forem menores possibilitarão maior consumo de açúcar, quando comparados com cultivares que apresentam igual conteúdo de açúcar.
Tendo em vista os atributos aqui estudados quanto ao comportamento dos genótipos à região de Gália e de possíveis atributos que corresponderiam a finalidade forrageira, objetivando futuros estudos de desempenho de ruminantes alimentados com cana-de-açúcar, reuniu-se no Quadro 6 os critérios mais diretamente relacionados a adaptação ao ambiente e ao consumo de forragem e de açúcares. Definiram-se os mais indicados como aqueles que atingiram valores acima ou abaixo da média do ensaio, dependendo do atributo. Tais como: NCM ≥ 12,54, TCH ≥ 114,49, TPH ≤ 7,63, TCH TPH-1 ≤ 0,06, % C ≥ 93,72, % F ≤ 11,26, PCC ≥ 16,53 e %F PCC-1 ≤ 0,68. Nenhum dos genótipos atendeu a todos os oito critérios, porém, o IACSP95-3028 atendeu a sete, superando o padrão IAC86-2480 que apresentou seis critérios.
Quadro 6. Genótipos de cana-de-açúcar e sua relação com o número de colmos por metro, tonelada de colmos por hectare, tonelada de ponteiros por hectare, índice TCH TPH-1, % C, % de fibra, PCC e índice % F PCC-1
Avaliação de genótipos de cana-de-açúcar visando alimentação animal no município de gália (sp.) - Image 6
Face aos resultados obtidos, considerados animadores nesta fase de introdução de genótipos, onde as condições edafoclimáticas são bastante diferentes às verificadas anteriormente na literatura, necessário se faz prosseguir e estudar o valor nutritivo deste material e o seu efeito sobre o desempenho animal.
 
CONCLUSÕES
Houve diferenças entre os genótipos de cana-deaçúcar para todos os atributos avaliados.
Os genótipos IACSP95-3028 e IAC86-2480 foram os mais adaptados e adequados para testes visando à alimentação de animais na região de Gália.
 
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