Por:Javer Alves Vieira Filho, Zootecnista e Especialista em Nutrição de Aves na Vaccinar - Indústria de Nutrição e Saúde Animal
Não é um erro dizer que o Brasil é um dos países mais favoráveis à produção de alimentos no mundo, tanto de origem vegetal como animal. Todas suas características climáticas, geográficas, além do alto grau de especialização dos profissionais relacionados com a produção de alimentos, faz com que tenhamos ótimos índices produtivos. Porém, temos uma enorme deficiência no que diz respeito à logística (armazenamento e transporte) e esse fato, em específico, afeta a qualidade nutricional dos grãos e indiretamente a produção animal, principalmente quando pensamos em micotoxinas.
Esses compostos são metabólitos do desenvolvimento fúngico comumente detectados em grãos destinados à produção animal. Sua presença além de certos níveis, incidem diretamente na saúde e desempenho animal. Vários gêneros de fungos podem se desenvolver em cereais, porém os que merecem maior importância zootécnica são: aspergillus sp., fusarium sp., penicillium, sp., claviceds sp., cuja proliferação depende de condições específicas de umidade, temperatura e presença de oxigênio.
Quando presente nas dietas, as micotoxinas causam danos ao sistema imune, haja visto que grande parte delas apresentam efeito imunossupressor, o que torna o animal mais susceptível a outros agentes patogénicos, resultando no aumento das taxa de mortalidade. Esse quadro agrava-se quando associamos a ele os desafios encontrados nas realidades produtivas, como condições inadequadas de temperatura e ventilação, altos níveis de amônia, pouco tempo de vazio sanitário, altas densidades de alojamento.
Atualmente, mais de 500 substâncias estão descritas como micotoxinas e várias são descobertas com ajuda do avanço nos métodos de detecção. As principais micotoxinas encontradas em grãos e subprodutos utilizados para nutrição animal são as fumonisinas, aflatoxinas, zearalenona e deoxinivalenol, cada uma com efeito particular sobre a fisiologia animal e produzida por um gênero específico de fungo (MALLMANN et al., 2014).
O grau de prejuízo das micotoxinas sobre a produção animal impulsiona o desenvolvimento de metodologias que minimizem os efeitos deletérios e impactos sobre os índices zootécnicos. Hoje é bastante acessível ao produtor ferramentas (adosrventes) e metodologias que permitem a detecção e tomada de decisão rápida e assertiva por parte do produtor. Além disso, cabe ao produtor estabelecer rotinas rigorosas de monitoramento e estocagem dos grãos. Medidas simples, como a vistoria e classificação dos grãos no recebimento, podem ajudar a tomar decisões do que fazer antes que esse insumo seja direcionado para confecção das dietas. Assim, minimizar este risco exige uma abordagem conjunta desde o plantio até a utilização para alimentação animal.
Originalmente publicado em https://www.aviculturaindustrial.com.br