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Pesquisa de micotoxinas no milho - Nutriad / Adisseo Brasil 2018

Publicado: 23 de janeiro de 2019
Por: Radka Borutova, responsável global pelo Gerenciamento de Micotoxinas, Adisseo
Micotoxinas são metabólitos secundários produzidos por fungos filamentosos que causam resposta tóxica (micotoxicose) quanto ingeridos por animais de criação e animais de companhia. Fusarium, Aspergillus, e Penicillium são os fungos mais comuns que produzem tais toxinas. Eles contaminam alimentos tanto para humanos quanto para animais por meio do crescimento fúngico antes e durante a colheita, ou se perante armazenamento inadequado (Bhatnagar et al., 2004).
Pesquisa de micotoxinas no milho - Nutriad / Adisseo Brasil 2018 - Image 1
Figura 1: Milho colhido no Brasil, 2018
A Pesquisa de Micotoxinas da Nutriad/Adisseo incluiu 120 amostras de milho da safrinha, em todo o Brasil. As amostragens foram realizadas em vários estados do Brasil, incluindo Pará, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. O objetivo do trabalho foi obter informações sobre a incidência de aflatoxina B1 (AfB1), zearalenona (ZEN), deoxynivalenol (DON) e fumonisina B1 (FB1). As amostras de milho foram coletadas diretamente em armazéns e fábricas de ração conforme os princípios de amostragem indicados na literatura (Richard, 2000). Todas as 120 amostras foram coletadas quase imediatamente após a colheita. Um total de 480 análises foram realizadas para testar a ocorrência de 4 das micotoxinas mais frequentemente encontradas em commodities agrícolas destinadas à produção animal. Para quantificação das micotoxinas foi utilizado o Kit RIDA® Quick Scan da R-Biopharm. Para fins de análise de dados, os níveis de não-detecção foram baseados nos limites de quantificação (LQ) do método de teste para cada micotoxina: AfB1 <4 μg/kg; ZEN <50 μg/kg; DON <0.5 mg/kg e FB1 <0.3 mg/kg
Resultados
Os resultados mostraram que 58.3% das amostras de milho estavam contaminadas com FB1, e a maior concentração encontrada em uma única amostra foi de 9400 μg/kg. A concentração média de FB1 foi de 2660 μg/kg, uma concentração relativamente alta, especialmente quando fornecida a suínos ou equinos, espécies muito sensíveis. Apenas 0,8% das amostras continham DON e ZEN, uma incidência de contaminação inesperadamente baixa. As concentrações médias detectadas de DON e ZEN foram baixas. A maior concentração de DON encontrada em uma das amostras foi de 500 μg/kg. Conforme esperado, os resultados mostraram que 4,2% das amostras de milho estavam contaminadas com AfB1, e a maior concentração encontrada em uma única amostra foi de 23.49 μg/kg (Tabela 1, Figura 1).
Tabela 1 – Contaminação do milho por micotoxinas no Brasil
Pesquisa de micotoxinas no milho - Nutriad / Adisseo Brasil 2018 - Image 2
AfB1=aflatoxina B1; DON=deoxynivalenol; FB1=fumonisina B1; ZEN=zearalenona
Pesquisa de micotoxinas no milho - Nutriad / Adisseo Brasil 2018 - Image 3
Figura 1 – Porcentagens de amostras positivas.
AfB1=aflatoxina B1; DON=deoxynivalenol; FB1=fumonisina B1; ZEN=zearalenona
Conclusão
Os principais cultivos agrícolas da América Latina (milho, trigo, café, algodão, soja, cevada, girassol, amendoim, cacau e produtos lácteos) são altamente suscetíveis à contaminação por fungos e produção de micotoxinas (Pineiro, 2004). Dezenove países, que correspondem a 91% da população da região, são conhecidos por terem regulamentações específicas sobre micotoxinas. Existem regulamentações harmonizadas para aflatoxinas no Mercosul, um bloco comercial formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Outros países afirmaram que também seguem as regulamentações do Mercosul. As regulamentações para aflatoxinas nos alimentos são frequentemente definidas pela soma das aflatoxinas B1, B2, G1 e G2. O limite para aflatoxina B1 em qualquer matéria-prima a ser utilizada diretamente ou como ingrediente para rações destinadas ao consumo animal é de 50 μg/kg (FAO, 2004). Nesta pesquisa, o limite regulatório da aflatoxina B1 não foi excedido em nenhuma das amostras analisadas.
A Pesquisa de Micotoxinas da Nutriad/Adisseo 2018 concluiu que a colheita da safrinha de milho de 2018 no Brasil foi de qualidade media (>LOD, mas abaixo do nível regulatório do Mercosul) em termos de contaminação por micotoxinas. Com base nos resultados da pesquisa realizada imediatamente após a colheita de milho de 2018, a safrinha de milho de 2018 no Brasil não pode ser considerada segura para a inclusão em rações para todas as espécies animais, e um grau de vigilância seria prudente. Uma atenção especial deve ser dada à alta concentração média de FB1, encontrada em mais de 50% das amostras, e à concentração máxima recuperada, que atingiu 9400 μg/kg.
O monitoramento é sempre aconselhável, pois os cereais em alimentos para animais são originários de muitas fontes. Alguns cereais colhidos nos Estados Unidos em 2018 estavam contaminados com concentrações médias a altas de micotoxinas.
A última linha de defesa possível é a desintoxicação de micotoxinas in vivo. A adição de desativadores de micotoxinas comprovados a rações é um método bastante comum para prevenção de micotoxicoses, e é uma estratégia eficaz para manter o risco de micotoxinas baixo sob todas e quaisquer condições
A Nutriad/Adisseo fornece produtos e serviços para mais de 80 países, através de uma rede de escritórios de venda e distribuidores. Estes são apoiados por 4 laboratórios dedicados  e 5 fábricas em 3 continentes.

Bhatnagar D, Payne GA, Cleveland TE, Robens JF. 2004. Mycotoxins: current issues in the USA. In: Barug D, Van Egmond HP, Lopez-Garcia R, Van Ossenbruggen T, Visonti A, editors. Meeting the mycotoxin menace. Wageningen (The Netherlands): Wageningen Academic Publishers. p. 17–47.

Food and Agriculture Organization (2004) Worldwide regulations for mycotoxins in food and feed in 2003. FAO Food and Nutrition Paper 81. Food and Agriculture Organization of the United Nations, Rome, Italy.

Pineiro, M. 2004. Mycotoxins: Current issues in South America. In Barug, D., Van Egmond, H.P., López-Garciá, R., Van Osenbruggen, W.A. & Visconti, A. Meeting the mycotoxin menace. Wageningen Academic Publishers, the Netherlands, p. 49-68.

Richard, J., 2000. Sampling and sample preparation for mycotoxin analysis. Romer® Labs Guide to Mycotoxins. 2. Romer® Labs Inc., 1301 Stylemaster Drive, Union, MO, USA 63084-1156.

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