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Avaliação da qualidade de milho grão reidratado e estocado, com e sem tratamento de Myco CURB® GT

Publicado: 17 de fevereiro de 2021
Por: Natália Vicentini, Guillermo Vaquero, José Favero – Kemin América do Sul
I. Introdução
Os sistemas de estocagem de milho em silos são projetados para conservação dos grãos com mínimo de perdas, porém dependendo das condições e período de estocagem podem haver alterações originárias de processos físicos, químicos e/ou microbiológicos.
O produto Myco CURB GT é um aditivo conservante, composto por uma mistura sinérgica de diferentes ácidos orgânicos, que inibem o crescimento fúngico nos grãos, minimizando a ocorrência de perdas microbiologicas, químicas, nutricionais e por consequência, econômica.
Neste estudo, o produto Myco CURB GT foi aplicado em grãos armazenados em silos simulados para avaliação da qualidade do milho inteiro reidratado ao longo do período de estocagem. Foram avaliados parâmetros bromatologicos e microbiológicos dos grãos mantidos em condições controladas, em comparação com amostras de controle sem adição do produto.
II. Objetivo
Avaliar a qualidade de milho inteiro durante período de estocagem em silos simulados após reidratação e diferentes tratamento com produto Myco CURB GT.
III. Material e Métodos
O ensaio foi realizado no laboratório da Kemin para avaliação de grãos de milho tratados com produto Myco CURB GT Líquido, relacionado ao aumento da umidade de milho bem como parâmetros bromatologicos e microbiologicos, em comparação ao tratamento controle.
Os tratamentos a serem testados visaram a adição de diferentes quantidades de água, atrelados a diferentes quantidades de produto, para um mesmo período de estocagem e condições, garantindo qualidade e shelf life do grão.
O protocolo para o estudo é descrito na Tabela 01 mostrado a seguir.
Tabela 01 – Protocolo de estudo para o produto Myco CURB GT Líquido.
Avaliação da qualidade de milho grão reidratado e estocado, com e sem tratamento de Myco CURB® GT - Image 1

O protocolo para coleta de amostras é apresentado na Tabela 2.
Tabela 2 – Protocolo de coletas de amostras
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Os tratamentos foram acondicionados na Kemin em bombonas plásticas com tampa rosqueável com capacidade nominal de 30 kg (Figura 1). As tampas das bombonas foram perfuradas e os furos cobertos com tule duplo, de forma a permitir contato com as condições externas.
A Kemin ficou responsável pela guarda das bombonas, coletas das amostras mensais e encaminhamento para CLS e P&D, que ficaram a cargo das análises dos parâmetros determinados.
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Figura 1 – Embalagens utilizadas para os tratamentos: (a) e (b) bombonas plásticas; (c) diagrama esquemático da tampa com abertura superior, coberta com dupla camada de tule.
IV. Resultados
Todos os tratamentos foram mantidos em silos simulados sob as mesmas condições de armazenamento (Temperatura e Umidade Relativa do Ar (URA)), referente a Valinhos/SP, durante os meses de junho e julho do ano de 2019, apresentados no Gráfico 1 abaixo.
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Gráfico 1 – Condição ambiental durante período de ensaio.
Fatores que afetam a intensidade de respiração¹
Os grãos, depois de colhidos, continuam a viver e, como todos os organismos vivos, eles respiram. Através do processo respiratório, os grãos estão sujeitos a transformações contínuas. O processo respiratório é acompanhado de um desgaste das substâncias nutritivas do produto, com a consequente produção de CO2. É através da determinação da sua concentração que muitos parâmetros podem ser avaliados na conservação de grãos.
Para armazenar grãos de cereais com sucesso, o grão e a atmosfera presentes devem ser mantidos sob condições que inibam ou previnam o crescimento de microrganismos que causam deterioração.
a) Umidade dos grãos
O teor de umidade é considerado um dos fatores mais importantes no controle do processo de deterioração de grãos armazenados.
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Gráfico 2 – Umidade dos tratamentos para até 60 dias de ensaio. Média de 3 repetições.
No Gráfico 2 apresentado acima verifica-se a diferença no nível de umidade dos tratamentos frente ao Tratamento Controle (TC), sem nenhuma adição de umidade e/ou reidratação dos grãos. É possível constatar que o milho grão, mesmo que envolto pelo pericarpo, conseguiu absorver e reter solução de umidade adicionada, ao longo do tempo.
b) Aw
Enquanto o teor de umidade define a quantidade de água nos alimentos e ingredientes, a atividade de água (Aw), em termos práticos, é a água do alimento que irá reagir com microrganismos². A importância da Aw está na sua relação com a conservação dos alimentos.
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Gráfico 3 – Atividade de água dos tratamentos para até 60 dias de ensaio. Média de 3 repetições.
No Gráfico 3 apresentado acima verifica-se a diferença no nível de Aw dos tratamentos frente ao Tratamento Controle (TC), sem nenhuma adição de umidade e/ou reidratação dos grãos. Os valores de Aw foram mais estáveis nos tratamentos onde houve adição de solução com produto, principalmente no Tratamento 4 (T4).
c) Temperatura dos grãos
A temperatura é outro fator que afeta a armazenagem de grãos. Juntamente com a umidade, ela é considerada um fator crucial à interação de fatores bióticos e abióticos que promovem a deterioração de grãos.
Um outro efeito da respiração que ocorre concomitantemente é a geração de calor, elevando a temperatura da massa de grãos e acelerando a deterioração. Respiração e aquecimento de uma massa de grãos são considerados em conjunto porque são partes de um mesmo processo biológico, do qual resultam as principais deteriorações do produto¹.
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Gráfico 4 – Temperatura dos grãos dos tratamentos para até 60 dias de ensaio. Média de 3 repetições.
No Gráfico 4 acima verifica-se os gradientes de temperatura entre os tratamentos durante o período do ensaio. O Tratamento 1 (T1) que recebeu apenas adição de água pura, sem inclusão de produto, manteve-se em média 1°C mais quente que os outros tratamentos, indicando maior taxa respiratória.
O Tratamento 4 (T4) que teve inclusão de 2% de solução produto + água, se mostrou o menos aquecido de todos os tratamentos, inclusive que o TC, onde a umidade do grão estava em valor inferior (sem umidade adicionada), indicando controle da taxa respiratória.
Processo respiratório (evolução de CO2) e aquecimento da massa de grãos¹
Sob condições aeróbias, carboidratos e lipídeos são oxidados a CO2, e H2O, liberando energia na forma de calor. A glicose quando desdobrada por uma combustão completa produz:
C6H12O6 + 6 O2 -----------> 6 CO2 + 6 H2O + calor
A equação apresenta apenas uma forma simplificada de traduzir o processo respiratório.
A intensidade de respiração aeróbia é medida pelo consumo de O2 ou de CO2 gerado.
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Nos tratamentos do estudo em questão, pôde-se verificar que a evolução de CO2 do T4 permanece em níveis estáveis e tão controlados quanto ao TC, onde não
houve nenhuma adição nenhuma de umidade e/ou reidratação.
O T1 mostra como o efeito da adição de água livre pode impactar na evolução de CO2, o T2 que foi o equivalente em inclusão de água, mostra o efeito do produto na estabilidade fúngica.
V. Considerações finais
Nas condições do estudo, pode-se considerar que o tratamento 4 (1,0 kg MC GT em solução 20) apresentou um resultado satisfatório, devido a manutenção dos baixos os níveis de CO2, sendo muito similares a amostra controle (sem adição de solução). Isto indica que o grão se encontra seguro do ponto de vista microbiológico e ao mesmo tempo aumenta o teor de umidade dos grãos de 10% a valores superiores a 11,5%.
Em contra partida, nos tratamentos T1, T2 e T3 se observa deterioração microbiológica com aumento substancial da concentração de CO2, podendo indicar que a concentração de solução aplicada era muito elevada e portanto, esses tratamentos não seriam recomendados para aumento de umidade em grãos de forma segura.
Como conclusão, pode-se sugerir a aplicação a campo de um sistema de tratamento similar ao Tratamento 4, com o objetivo de aumenta a umidade e mantendo a qualidade do grão.

¹ Pós colheita e armazenamento de grãos, Profa. Marisa A. B. Regitano d'Arce, Depto. Agroindústria, Alimentos e Nutrição ESALQ/USP.

² Diferença entre Aw e o teor de umidade, Humberto Vinícius Faria da Cunha, Food Safety Brazil.

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Autores:
Natália Vicentini
Kemin Industries, Inc
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Guillermo Vaquero
Kemin Industries, Inc
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José Arnaldo Favero
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