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AVALIAÇÃO DOS POSSÍVEIS EFEITOS DELETÉRIOS DE UM ADSORVENTE DE MICOTOXINAS SOBRE PARÂMETROS SÉRICOS E DE DESEMPENHO EM LEITÕES.

Publicado: 16 de maio de 2016
Por: CARLOS R. PIEROZAN*1, ANA M. BRIDI1, CLEANDRO P. DIAS1, JULIE G. NAGI1, DALITA L. SCHMOLLER1. 1Centro de Ciências Agrárias – DZO/UEL – Londrina/PR –
Sumário

Objetivou-se avaliar o uso de um adsorvente comercial de micotoxinas (a base de betaglucano e carvão ativado) na ração de leitões em fase de creche/crescimento sobre o desempenho zootécnico, a incidência de diarreia, o hemograma e sobre os níveis de cálcio, fósforo, ferro, zinco e vitaminas E e A no fígado, considerando seu possível efeito na menor disponibilização de alguns nutrientes dietéticos. Foram utilizados 48 suínos cruzados PIC x Danbred, 24 machos castrados e 24 fêmeas, com peso médio inicial de 9,53 ± 2,54 kg e 35 dias de idade média, submetidos a três tratamentos, com oito repetições/tratamento, sendo a baia com dois animais a unidade experimental. Os tratamentos corresponderam a um grupo controle negativo, com os animais submetidos à dietas isentas do adsorvente, e a dois tratamentos com dietas com a inclusão de 0,5% e 1,0% de adsorvente. Não houve para nenhum parâmetro avaliado diferenças entre os tratamentos. Conclui-se que o adsorvente de micotoxinas não comprometeu a disponibilidade das vitaminas e minerais dietéticos, não causando prejuízos ao desempenho zootécnico e ao hemograma.

 

Palavras-chave: aditivo; beta-glucano; diarreia.

 
Introdução
As micotoxinas são produtos tóxicos produzidos por fungos ambientais que se desenvolvem em alimentos, podendo causar graves efeitos sobre a saúde animal, provocando piora do desenvolvimento, enfermidades e morte (SANTURIO, 2007). O uso de adsorventes de micotoxinas nas rações de suínos tem sido ampliado visando reduzir a absorção das mesmas, contudo estes devem preservar o valor nutritivo das rações, mantendo a disponibilidade dos nutrientes dietéticos (MALLMANN et al., 2012). Neste cenário, diferentes alternativas têm sido estudadas. O uso de adsorventes não-nutritivos, que se ligam às micotoxinas no trato gastrintestinal, constitui a forma mais utilizada (HUWIG et al., 2001), sendo representados pelas paredes celulares de leveduras, principalmente compostas de beta-glucanos, e pelo carvão ativado. Diante destas premissas objetivou se com este trabalho avaliar a isenção de um adsorvente comercial (a base de beta-glucano e carvão ativado), veiculado em rações de leitões em fase de creche, sobre aspectos relacionados ao aproveitando de nutrientes dietéticos, por meio da observação do desempenho zootécnico, hemograma e identificação dos níveis de minerais e vitaminas hepáticos.
 
Material e Métodos
Foram utilizados 48 suínos de genética comercial, sendo 24 machos castrados e 24 fêmeas, desmamados aos 28 dias de idade, com peso médio inicial de 9,53 ± 2,54 kg e 35 dias de idade média. Os animais receberam água e ração à vontade durante todo o período experimental, que compreendeu 35 dias de avaliação. As rações foram formuladas de acordo com os padrões comerciais praticados, sendo divididas em duas fases: Ração Inicial I (35 a 49 dias de idade) e Inicial II (50 a 70 dias de idade). O delineamento experimental foi em blocos casualizados, definidos de acordo com o peso inicial dos animais, com três tratamentos e oito repetições por tratamento, sendo cada baia com dois animais considerada a unidade experimental. Os tratamentos corresponderam ao fornecimento de três rações isonutrientes e isoenergéticas com diferentes níveis do adsorvente de micotoxinas composto por beta-glucano e carvão ativado, sendo: Ração controle (sem a inclusão de adsorvente), Ração com 0,5% de inclusão de adsorvente; e Ração com 1,0% de inclusão de adsorvente. Foram avaliados o ganho diário de peso, consumo diário de ração, conversão alimentar e o peso final nos dois períodos relativos ao consumo das rações Inicial I e inicial II e em todo o período experimental. A avaliação da ocorrência de diarreia foi realizada pela observação diária dos leitões, obedecendo à seguinte ordem: 0 = sem diarreia (0 dias); 1= pouca diarreia (1 a 3 dias); 2= muita diarreia (4 ou mais dias) (VIEIRA et al., 1989). Foram coletadas no final do experimento amostras de sangue para hemograma e para as análises do Fe, Ca, Zn, P e vitaminas A e E. Após o abate, realizado aos 35 dias de experimentação, foram colhidas amostras de fígado de 48 animais, formando dois pools por tratamento, sendo estes destinados às determinações de vitaminas e minerais supracitados. Os resultados de desempenho foram submetidos à análise de variância e ao teste de Tukey, os dados da incidência de diarreia ao teste de Qui-quadrado e o dados do hemograma e vitaminas e minerais foram submetidos ao teste de Kruskal-Wallis, utilizando o programa estatístico (Minitab).
 
Resultados e Discussão
Houve um número semelhante (P>0,05) de animais com diarreia (nível 1 ou pouca diarreia) entre os tratamentos (6 animais para os tratamentos Controle e com 0,5% de incluso de adsorvente, e 8 animais para o tratamento com 1,0% de inclusão de adsorvente), indicando a ausência de efeitos dos tratamentos sobre este quadro. Neste período os leitões passaram por um desmame recente seguido de troca de dieta, mudança de ambiente e nova formação de lotes, fatos que colaboram com a ocorrência deste transtorno digestório. Os tratamentos não influenciaram os resultados de desempenho (Tabela 1), indicando, portanto, uma ausência de possíveis efeitos deletérios sobre a disponibilidade dos nutrientes das dietas, ou, caso tenha ocorrido alguma adsorção destes, esta ação não atingiu um nível suficiente para determinar danos sobre estes parâmetros. Quanto ao hemograma, não foram observadas diferenças (P>0,05) entre os tratamentos para nenhuma variável analisada. Os valores observados, independente dos tratamentos, encontram-se dentro dos limites de normalidade, conforme estabelece Kaneko et al. (1997). Quanto aos valores dos minerais e vitaminas séricos (Fe, Ca, Zn, P e vitaminas A e E) e no tecido hepático, também não foram identificadas discrepâncias nos resultados, com exceção do nível de Zinco no sangue, cujas médias foram mais elevadas nos tratamentos Controle, intermediárias no tratamento com 0,5% de inclusão de adsorvente e menores no tratamento com 1,0% de inclusão de adsorvente, apresentando 25,30; 10,77 e 3,21 mg/kg, respectivamente. Todavia, deve ser considerado que os valores correspondem a médias simples de dois pools de oito amostras cada, estando, portanto, sujeitos a desvios que podem ser decorrentes da baixa amostragem ou da própria análise. A ausência de efeitos nos parâmetros de desempenho (Tabela 1), no hemograma e a relação próxima dos valores dos nutrientes nos tecidos (sangue e fígado) indicam que o adsorvente avaliado não apresentou respostas sugestivas de comprometimento dietético. Porém, deve-se considerar que, segundo a hipótese de Mcglone (2000), as deficiências de minerais e vitaminas levam semanas ou meses para produzir manifestações clínicas em suínos, e que as dietas para esta espécie geralmente são formuladas visando exceder as necesidades nutricionais nas diferentes fases de desenvolvimento, o que assegura o baixo risco de adsorventes com esta composição serem deletérios para a performance animal.
 
Tabela 1 – Ganho diário de peso (GDP), consumo diário de ração (CDR), conversão alimentar (CA) e peso final (PF) de leitões nas fases Inicial I (35 a 49 dias de idade) e Inicial II (50 a 70 dias de idade) suplementados com 0,5% e 1,0 % de adsorvente de micotoxinas.
AVALIAÇÃO DOS POSSÍVEIS EFEITOS DELETÉRIOS DE UM ADSORVENTE DE MICOTOXINAS SOBRE PARÂMETROS SÉRICOS E DE DESEMPENHO EM LEITÕES. - Image 1CV: coeficiente de variação
 
Conclusões
Com base nos resultados encontrados pode-se concluir que o adsorvente de micotoxinas não comprometeu o desempenho dos leitões, sendo demonstrada ausência de efeitos negativos no hemograma e nos níveis de vitaminas e minerais séricos e hepáticos.
 
Referências Bibliográficas
1. HUWIG, A.; FREIMUND, S.; KAPPELI, O.; DUTLER, H. Mycotoxin detoxication of animal feed by different adsorbents. Toxicology Letters, v.122, p.179-188, 2001.
2. KANEKO, J. J.; HARVEY, J. W.; BRUSS, L. Clinical Biochemistry of Domestic Animals. (5ed). Academic Press, 1997.
3. MALLMANN, C. A.; DILKIN, P.; GIACOMINI, L. Z.; RAUBER, R. H.; 2012. Critérios para seleção de um bom sequestrante para micotoxinas. Disponível em: <http://pt.engormix.com/MAmicotoxinas/ artigos/criterios-selecao-bom-sequestrante-t687/p0.htm> Acesso em: 25 mai. 2015.
4. McGLONE, J. J. Deletion of supplemental minerals and vitamins during the late finishing period does not affect weight gain and feed intake. Journal of Animal Science, v.78, p.2797-2800, 2000.
5. SANTURIO, J. M. Micotoxinas e micotoxicoses nos suínos. Acta Scientiae Veterinariae, 35(Supl.), p.105-112, 2007.
6. VIEIRA, R. P.; VIEIRA, H. P.; MADEC, F. Aplicação da analise multidimensional na prevenção da patologia digestiva do desmame em suinocultura intensiva. Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias, v.84, p. 229-241, 1989.
 
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.
Tópicos relacionados:
Autores:
Prof. Dr. Caio Abércio Silva
Universidade Estadual de Londrina
Cleandro Pazinato Dias
Dalita Schmoller
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