INTRODUÇÂO: As aflatoxinas são metabólitos secundários de fungos toxigênicos. São consideradas carcinogênicas, teratogênicas, mutagênicas e imunossupressoras causando grandes danos à saúde humana e animal. O seu mecanismo de ação na célula animal ocorre através de alterações dos processos metabólicos básicos (metabolismo de carboidratos, lipídios e esteróides) e de alterações da função mitocondrial, síntese protéica e de ácidos nucléicos (JUNG et al, 2000). A metionina é um dos aminoácidos codificados pelo código genético. Os vertebrados não são capazes de sintetizar os grupos metil, sendo o aminoácido metionina essencial para muitas espécies, entre elas as aves. Uma dieta deficiente em metionina reduz o ganho de peso, a eficiência alimentar e o teor de proteína na carcaça. A metionina estimula o consumo de ração, contribuindo com energia adicional e, conseqüentemente, ocasionando acréscimo na deposição de gordura corporal. Serve também como fonte alternativa de cistina em um processo metabólico não-reversível, desempenhando função especial na estrutura de muitas proteínas (imunoglobulinas, hormônio insulina) e interligando cadeias polipeptídicas por meio de pontes dissulfeto (Lenningher, 1996). O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito protetor da metionina através do tratamento dose-reposta para frangos de corte submetidos a dietas contaminadas com aflatoxinas.
MATERIAIS E MÉTODOS: A eficiência de diferentes doses de metionina, adicionadas na ração das aves, na diminuição dos efeitos tóxicos das aflatoxinas foi testada em frangos de corte. Utilizou-se 360 pintos de corte de um dia, machos, da linhagem Cobb 500, com peso médio de 45,6 gramas. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, sendo que as aves foram distribuídas em 6 tratamentos de 6 repetições cada um. Os tratamentos foram estabelecidos conforme os níveis de metionina (2x ou 3,5x), em relação ao padrão (2,5 kg/T) e aflatoxinas (2,8 mg/kg) adicionados à dieta, ou seja, T1=controle, T2=2x metionina, T3=3,5x metionina, T4=2,8 mg/kg de aflatoxinas, T5=2,8 mg/kg de aflatoxinas + 2x metionina, T6=2,8 mg/kg aflatoxinas + 3,5x metionina. As aves foram mantidas em gaiolas durante os primeiros 21 dias e transferidas para boxes com piso plástico, onde foram mantidas no período de 22 a 42 dias. As dietas foram formuladas de modo a suprir as exigências conforme a fase de criação, [fase inicial (1 a 21 dias); fase de crescimento (22 a 35 dias) e fase final (36 a 42 dias)], tomando como parâmetro o estabelecido por Rostagno, et al. (2005). O peso médio das aves, o consumo de ração, a conversão alimentar média e o peso relativo de órgãos foram mensurados aos 42 dias de idade. Todos os dados obtidos neste experimento foram submetidos à análise de variância (One-way ANOVA). As diferenças entre as médias foram comparadas pelo teste de Bonferroni (P≤0,05).
RESULTADOS E DISCUÇÃO: A presença de 2,8 mg/kg de aflatoxinas na ração determinou efeitos deletérios sobre os seguintes parâmetros produtivos das aves: peso corporal aos 42 dias (-19,7%); consumo médio de ração aos 42 dias (-12,7%); conversão alimentar aos 42 dias (piora de 8,8%) e peso relativo de fígado (+41,3%). Estes resultados são similares aos encontrados por Giacomini et al. (2006). A suplementação de 2x e 3,5x a quantidade padrão de metionina na dieta melhorou, em 13% e 10% respectivamente, a conversão alimentar em relação ao grupo intoxicado (Tabela 1). Pelo fato da metionina regular o consumo, as exigências em metionina são maiores para a obtenção da eficiência máxima de utilização dos alimentos, porém, o excesso de metionina pode prejudicar o desempenho, provocando deaminação e excreção de nitrogênio (Edmonds & Baker, 1987).
CONCLUSÃO: A suplementação de metionina na dieta induziu uma melhora na conversão alimentar nas aves que não receberam aflatoxinas na dieta. Com a presença de aflatoxinas na ração, os demais parâmetros avaliados não apresentaram efeitos benéficos ou protetores da suplementação de metionina sobre o desempenho das aves intoxicadas durante 42 dias.
REFERÊCIAS BIBLIOGRAFICAS
EDMONDS, M. S.; BAKER, D. H. Comparative effects of individual amino acid excess, when added to a corn-soybean meal diet: effects on growth and dietary choice in the chick. Journal of Animal Science v. 65, p.699-705, 1987.
GIACOMINI, et al. Desempenho e plumagem de frangos de corte intoxicados por aflatoxinas. Ciência Rural, Santa Maria, v.36, n.1, p.234-239, 2006.
LENNINGHER, A.L. Princípios de bioquímica. 2.ed. São Paulo: Sarvier, 1996. 839p.
JUNG, I.L. et al. Control of aflatoxin production of Aspergillus flavus by inhibitory action of antagonistic bacteria. Journal of Microbiology and Biotechnology, v.10, p.154- 60, 2000.
ROSTAGNO, H. S. et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. Viçosa : UFV, 2 ed., 2005. 186 p.