O vírus da Bronquite Infecciosa (VBI) é o agente causador da Bronquite Infecciosa Aviária (BI), uma doença de distribuição mundial que afeta aves de produção, tanto as de postura quanto os frangos de corte, de qualquer idade, causando grandes prejuízos econômicos para a avicultura industrial.
O vírus é composto de genoma de RNA e possui quatro proteínas estruturais. A nucleoproteína (N), proteína da membrana (M), do envelope (E) e a glicoproteína de superfície S. A proteína S é dividida em duas subunidades S1 e S2. A subunidade S1 é onde se encontra as principais mutações pontuais, deleções e inserções que ocorrem durante a replicação do RNA viral. Essas alterações surgem como resultado dos erros cometidos pela enzima RNA polimerase viral durante a replicação do genoma. Além disso, é essa mesma região que se encontra as principais proteínas epítopos vírus-neutralizantes e o que determina a patogenicidade e a especificidade de sorotipo a cada estirpe do VBI.
A doença afeta inicialmente o trato respiratório, atingindo títulos virais altos a partir do 3º dia pós-infecção. Os sinais clínicos respiratórios observados são depressão, dificuldade respiratória, espirros descargas nasais, estertores traqueo-bronquiolares, conjuntivite e sinusite. Além de atingir o trato respiratório, esse vírus pode apresentar tropismo e patogenicidade para outros tecidos e órgãos como rins, células do oviduto ou dos testículos e trato gastrointestinal, que inclui o esôfago, o proventrículo, o duodeno, o jejuno, a bolsa cloacal, as tonsilas cecais, o reto e a cloaca. Quando atingem o tecido entérico, na maioria das vezes, não apresentam manifestação clínica e patológica, podendo ser observado enterites. Algumas estirpes do VBI são predominantemente nefropatogênicas e as aves apresentam quadro característico de nefrite. Se o vírus apresenta predileção para o trato reprodutivo, isso pode desencadear lesões e comprometimento do funcionamento normal desses órgãos, especialmente de ovários, ovidutos e de testículos, e quando as galinhas são acometidas pela doença podem apresentar uma forte queda na produção de ovos e um aumento de ovos de baixa qualidade, resultando em ovos deformados ou de casca fina com conteúdo aquoso. A doença apresenta alta taxa de morbidade, e a alta taxa de mortalidade está envolvida com estirpes nefropatogênicas ou infecções secundárias, principalmente por Escherichia Coli.
Não existe tratamento para a doença, a única forma para combater a doença é através da prevenção. Medidas de biossegurança, práticas sanitárias e boa higiene acompanhada de programas vacinais trazem bons resultados. Protocolos vacinais associando vacinas vivas atenuadas e inativadas são utilizados. No Brasil, a única estirpe liberada para formulação de vacina pelo Ministério da Agricultura (MAPA) é a Massachussets. Esse sorotipo foi descrito originalmente em 1941 e é considerado o tipo clássico do VBI
Apesar de a vacinação ser rotineiramente empregada, surtos da doença continuam a ocorrer por toda parte do país e do mundo. Isso porque sorotipos ou variantes do VBI, as quais são genética e antigenicamente distintas das estirpes selvagens e vacinais, estão surgindo, e por isso, muitas vezes, as vacinas utilizadas não conferem proteção cruzada contra essas novas variantes. Em decorrência disso destaca-se a importância de identificar variantes genéticas e antigênicas do VBI para cada região e buscar desenvolver vacinas que sejam mais eficazes e que confiram proteção.
Referências bibliográficas
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Acessado dia: 03/05/2015.