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Abordagem Holística de 3 Passos em como Melhorar a Saúde Intestinal em Animais: Parte 2

Publicado: 10 de novembro de 2021
Por: Adisseo
Conforme descrito na Parte 1, a saúde intestinal dos animais é uma relação simbiótica, entre a qualidade da ração, a função intestinal e a microbiota, envolvendo a digestão da ração, a função da mucosa e da barreira intestinal, a resposta imune e o equilíbrio redox, conforme proposto por Van de Gutche et al. (2018) para os estados de saúde, antes e durante a doença (Figura 1).
Figura 1 - Estados de saúde, de transição crítica e de alteração na simbiose da microbiota hospedeira com o trato gastrointestinal
Figura 1 - Estados de saúde, de transição crítica e de alteração na simbiose da microbiota hospedeira com o trato gastrointestinal
Muitos fatores afetam essa relação simbiótica. Na Parte 1, descrevemos o impacto da deterioração microbiana e oxidativa dos alimentos na saúde intestinal e como o portfólio de produtos e serviços da Adisseo pode contribuir para melhorar a qualidade da ração. Esta melhora da qualidade dos alimentos beneficia a saúde intestinal ao inibir o crescimento de fungos durante o armazenamento, eliminando patógenos na ração e na água. Desta forma, evita-se a deterioração oxidativa de matérias-primas e dietas ricas em gordura, além de reduzir os riscos de contaminação por micotoxinas, especialmente aquelas prejudiciais às funções intestinais, como a toxina T-2 e o desoxinivalenol (DON), ao longo do ciclo de produção de ração.
Embora alimentos seguros sejam um bom começo para a saúde intestinal, a digestibilidade dos alimentos é outro pilar importante que não deve ser negligenciado. Neste artigo, explicaremos o passo 2 da abordagem holística da Adisseo para uma melhor gestão da saúde intestinal, com o objetivo de melhorar a digestibilidade global da ração, reduzir frações indigestíveis e obter efeitos probióticos e prebióticos benéficos ao intestino.
Digestibilidade da ração: Fração indigestível atuando na microbiota
Embora os animais tenham uma alta capacidade de digerir e absorver os nutrientes dos alimentos, o nível de digestão é afetado não apenas pela disponibilidade de nutrientes, mas também pelo tipo e nível de fatores antinutricionais, como fitatos, arabinoxilanos e outros polissacarídeos não amiláceos (PNAs). Com base nesses fatores, podemos avaliar o nível de digestibilidade de cada dieta e as quantidades de nutrientes que alimentam a microbiota intestinal.
As frações indigestíveis influenciarão diretamente no desenvolvimento da microbiota, que pode ser tanto de forma positiva - uma microbiota produtora de ácidos graxos de cadeia curta, conservando a integridade da camada de mucina e da parede intestinal; ou de forma negativa - quando há excesso de nutrientes indigestíveis e frações específicas no trato intestinal, a microbiota tende a crescer em desequilíbrio, criando condições para um estado de pré-doença.
Em uma produção animal sem antibióticos, é altamente recomendável diminuir os aminoácidos indigestíveis, gorduras, carboidratos e outros componentes, o que é difícil de se conseguir em uma fórmula alimentar prática. No entanto, existem algumas boas práticas que podem ajudar os animais a melhorar sua microbiota e aumentarem a capacidade de digestão.
Boa prática no. 1: Avaliação nutricional precisa em matérias-primas para rações.
Uma avaliação precisa dos ingredientes permite que os nutricionistas formulem alimentos bem balanceados e com menores níveis de frações indigestíveis. O serviço PNE (Avaliação de Nutrição de Precisão) da Adisseo é uma das melhores ferramentas para conhecer o valor nutricional das matérias-primas utilizadas na ração. Por ter mais de 1 milhão de análises realizadas e resultados de ensaios in vivo, o PNE fornece a melhor curva NIRS (do inglês Near Infra-Red Reflectance Spectroscopy) do mercado. Essa ferramenta permite que os nutricionistas a conheçam com precisão os valores de energia metabolizável e as proporções digestíveis e indigestíveis de cada aminoácido nos ingredientes da ração. O PNE também oferece o teor de fitato e em breve incluirá valores atualizados para as concentrações de PNAs nos ingredientes mais comumente utilizados em dietas. Todos esses dados sobre os ingredientes da ração podem ajudar a estimar o nível de nutrientes digestíveis, bem como as frações indigestíveis, potencialmente para a microbiota.
Boa prática no. 2: Utilização de enzimas exógenas, como fitase e multicarboidrases.
Essas enzimas atuam em vários substratos, melhoram a digestibilidade e a absorção do fósforo e aumentam o nível de aminoácidos e de energia da dieta. A pesquisa mostrou que o uso de uma alta dose de fitase pode aumentar a retenção de fósforo em cerca de 35% a 55% e reduzir a quelação do fitato com aminoácidos, levando a uma maior absorção de aminoácidos.
Em relação às carboidrases, o mecanismo é muito mais complexo. Por exemplo, Rovabio® é um complexo de multicarboidrases, contendo 5 diferentes tipos de ações enzimáticas, sendo xilanases, beta-glucanases, celulases, pectinases e enzimas desramificadoras como a arabinofuranosidases e feroloil-estearase. Todas essas enzimas são provenientes de uma única fermentação de Talaromyces versatilis que garante compatibilidade e efeitos sinérgicos. Estudos realizados em centros de pesquisa e granjas comerciais ao redor do mundo provaram que Rovabio® pode aumentar significativamente a energia metabolizável, a digestibilidade de aminoácidos e de gorduras nas dietas. Tais efeitos vêm da capacidade do Rovabio® de romper complexos de PNAs, diminuindo a viscosidade das dietas e combatendo o “efeito jaula” provocado pelas paredes das células vegetais, permitindo a liberação de nutrientes no trato gastrointestinal e a ação de enzimas digestivas endógenas (como proteases, amilases e lipases), melhorando assim a digestibilidade global da dieta. Uma ferramenta de predição da melhora da digestibilidade com o uso deste complexo multienzimático, Rovabio® Predictor, também foi desenvolvida com base em uma meta-análise de dados internos, para se chegar a uma matriz nutricional personalizada a cada desafio encontrado nas granjas. 
Além disso, vale ressaltar que os efeitos das enzimas podem ir além da melhora da digestibilidade de aminoácidos e aporte de energia, uma vez que as reações enzimáticas produzirão impacto na microbiota intestinal, oferecendo ambiente ou oportunidade para função probiótica ou prebiótica, ou ambas, no intestino.
Boa prática no. 3: Avaliação e escolha de enzimas que proporcionam efeitos benéficos à saúde intestinal.
Recentemente, pesquisadores (Bonin et al., INRA, Nantes) observaram que o Rovabio® pode melhorar a qualidade da digestão devido ao resultado de sua ação enzimática, com a diminuição do tamanho molecular dos arabinoxilanos. Essas frações menores de arabinoxilanos podem funcionar como um prebiótico, em quantidades suficientes para enviar um sinal e melhorar a função da microbiota de maneira positiva. Ensaios realizados na França com frangos de corte; e no Brasil e Espanha com suínos demonstraram que tais ações melhoram e estabilizam significativamente a microbiota intestinal. Um desses estudos foi publicado no ISIGH (Yacoubi et al., 2017), onde se demonstrou que a fração de arabinoxilanos produzida por Rovabio® alterou significativamente a composição da microbiota no  ceco em frangos de corte de 14 dias, favorecendo bactérias benéficas (Figura 2), com diminuição do marcador de inflamação intestinal - infiltração de células T em íleo e ceco (Figura 3), e aumento dos ácidos graxos de cadeia curta produzidos no ceco, principalmente os ácidos acético e butírico da digesta (Figura 4). Ao mesmo tempo, parâmetros de desempenho como ingestão de ração, ganho de peso corporal e conversão alimentar (CA) também foram significativamente melhorados pelas frações de arabinoxilano produzidas pela suplementação de Rovabio® na ração (Figura 5). Além disso, após a adição de Rovabio® em dietas para suínos, efeitos benéficos semelhantes na saúde intestinal também foram observados por Willamil et al. (2012) e Torres et al. (2020).
Figura 2 - Rovabio® aumentou significativamente as bactérias das famílias Enterococcaceae e Clostridiaceae 1 no íleo e Lachnospiraceae e Ruminococcaceae no ceco de frangos de corte no dia 14 (P < 0,05)
Figura 2 - Rovabio® aumentou significativamente as bactérias das famílias Enterococcaceae e Clostridiaceae 1 no íleo e Lachnospiraceae e Ruminococcaceae no ceco de frangos de corte no dia 14 (P < 0,05)
Figura 3 - Rovabio® diminuiu significativamente a infiltração de células T no íleo e ceco de frangos no dia 14 (P < 0,05)
Figura 3 - Rovabio® diminuiu significativamente a infiltração de células T no íleo e ceco de frangos no dia 14 (P < 0,05)
Figura 4 - Rovabio® aumentou os teores de ácidos graxos de cadeia curta, principalmente os ácidos acético e butírico na digesta de frangos de corte no dia 14.
Figura 4 - Rovabio® aumentou os teores de ácidos graxos de cadeia curta, principalmente os ácidos acético e butírico na digesta de frangos de corte no dia 14.
Figura 5 - Rovabio® melhorou significativamente o consumo de ração, ganho de peso corporal e taxa de conversão alimentar para frangos de corte no dia 14
Figura 5 - Rovabio® melhorou significativamente o consumo de ração, ganho de peso corporal e taxa de conversão alimentar para frangos de corte no dia 14
Conclusão
A avaliação precisa das matérias-primas para rações com base no NIRS permite formulação nutricional precisa, garantindo níveis de frações indigestíveis mínimos para estimular a proliferação da microbiota no intestino. O uso de uma fitase eficiente na dieta em combinação com enzimas que degradam multicarboidratos melhora ainda mais a digestibilidade global dos principais nutrientes, como energia, aminoácidos, cálcio e fósforo, beneficiando a microbiota por seu efeito prebiótico e induzindo um ambiente microbiano saudável no intestino.
No próximo artigo, abordaremos o passo 3, como promover a resiliência dos animais.
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