INTRODUÇÃO
Em palestra apresentada e publicada nos Anais da Conferência APINCO de Ciência e Tecnologia Avícolas de 1991 (Silva, 1991), foi feita a seguinte colocação "O recente isolamento de Salmonella Enteritidis (SE) de pintos com sinais clínicos e mortalidade realizado por grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo - USP (Ferreira et al., 1990) representa o primeiro relato do problema em aves no Brasil e não há razões para que se pense que sua ocorrência esteja restrita a este único surto". Naquele momento, salmonelose humana por SE vinha sendo descrita como um grave e crescente problema em vários países de avicultura desenvolvida, particularmente nos Estados Unidos (EUA) e União Européia (Barrow, 1993; Humphrey, 1990), com os quais o Brasil vinha mantendo forte intercâmbio comercial na compra de material genético. Os surtos, nesses países, estavam estreitamente relacionados com o consumo de produtos avícolas contaminados. Como a SE pode ser transmitida verticalmente da galinha a sua progênie, era previsível, portanto, que o problema pudesse chegar ao Brasil via aquisição de material contaminado. Era também possível que o problema pudesse atingir proporções maiores que as observadas nos países de primeiro mundo, caso enérgicas medidas não fossem adotadas. Entretanto, naquele momento, o problema já estava instalado no Brasil, restando, apenas, combatê-lo e evitar novas introduções. Por conta disto, foi acrescentada, como chamamento e fechamento em várias palestras subseqüentes no Brasil e em outros países da América Latina (Silva, 1992, 1993, 1995), a seguinte observação: "A grande pergunta: A avicultura dos nossos países está disposta a custear o alto custo financeiro do controle da S. Enteritidis em aves?".
O Brasil, a Avicultura e Salmonella Enteritidis
O enorme sucesso comparativo da avicultura brasileira dentro das cadeias agro-alimentares, destacada pelo correspondente especial da Revista "Feeding Times (1998)" como a mais eficiente do mundo, com índices de crescimento entre 5 e 10%, continua até hoje. Os dados de 2001 ratificam esta assertiva: a produção de carne de frango 2001/2000 cresceu 9,75% e o alojamento de pintos de corte 6,74% (APINCO, 2002).
As conseqüências sanitárias mais visíveis desse processo, particularmente quanto à SE, são as seguintes:
- Maior pressão para a manutenção de lotes de galinhas reprodutoras positivos para SE e não eliminação dos mesmos;
- Maior aproveitamento de ovos impróprios para incubação oriundos de lotes de reprodutoras positivos para SE, incubação de ovos sujos de cama ou de má qualidade da casca;
- Maior uso de antibióticos no controle da infecção por SE em aves, em todas as fases – de pintos no incubatório a reprodutoras em produção – com o intuito de minimizar as perdas e mascarar a infecção;
- Redução nas exigências sanitárias na compra de reprodutoras e sua progênie, aceitando-se lotes positivos para SE;
- Busca da otimização econômica dos incubatórios com locação de espaço de incubação, compra e carregamento de ovos de várias procedências, sem controles sanitários satisfatórios e adequados;
- Busca da otimização dos abatedouros avícolas com extensão de turnos de trabalho, sobrecarregando graxarias, quebrando regras sanitárias e favorecendo contaminações cruzadas de matérias primas que são recicladas nas rações avícolas.
Salmonella Enteritidis em Produtos Avícolas: Como Tudo Começou
Uma grande incidência de surtos humanos causados pelo sorovar Enteritidis nos EUA, Grã-Bretanha e outros países da Europa a partir de 1980 chamou a atenção para fontes comuns da infecção (Center for Disease Control 1990, 1991, 1992). As investigações epidemiológicas identificaram o consumo de ovos ou alimentos contendo ovos como responsáveis pela maioria dos surtos devido a fagotipos (FT) específicos de SE; FT- 4 nos países europeus e, FT-8 e FT-13a, nos EUA (Cowden et al., 1989; Perales & Audicana, 1989; St. Louis et al., 1988). As reações iniciais sobre a associação de infecções humanas por SE com o consumo de ovos e seus produtos foram de descrédito. Posteriormente, estudos epidemiológicos comprovaram a veracidade do ovo como veículo nesses países (Zeider, 1996) e a informação foi divulgada com grande alarde, causando, inclusive, grandes prejuízos aos produtores de ovos. Em vários países de avicultura desenvolvida o problema foi atacado de frente e, após erros e acertos, a situação vem melhorando tanto em nível de avicultura como de saúde pública, mas sempre com programas complexos e custos elevados.
A Evolução do Problema Salmonella Enteritidis em Aves no Brasil
Como mencionado anteriormente, o primeiro relato da ocorrência de SE em aves foi realizado por pesquisadores da USP em 1990 (Ferreira et al., 1990).
Até então, a identificação de SE pelos dois principais centros de sorotipagem de salmonelas do país era muito baixa. Levantamento feito entre 1970 e 1990 no Instituto Adolfo Lutz (IAL) de São Paulo (Taunay et al., 1996) mostrou que SE foi caracterizado em apenas 0,37% das 28.658 amostras de fontes humanas e 0,85% das 14.345 amostras nãohumanas (Tabela 1). A continuidade dos estudos entre os anos de 1991 e 1995, com amostras do mesmo Instituto (Tavechio et al., 1996), mostrou uma completa reversão do quadro. Foram estudadas 5.490 amostras de salmonelas de origem humana e nãohumana (Tabela 2). No período entre 1991 e 1995, SE passou de 1,2% para 64,9% entre as amostras humanas e de zero para 40,7% para as amostras não-humanas, com grande aumento a partir de 1993, particularmente em ovos, aves (matrizes) e amostras do meio ambiente. Levantamento realizado no período anterior a 1991, feito em amostras isoladas de matérias primas e ração para aves entre 1976 e 1991 pelo setor de Enterobactérias do Instituto Oswaldo Cruz (FioCruz) do Rio de janeiro (Hofer et al., 1998), mostrou a presença de apenas 0,8% de SE entre as 2.293 amostras de salmonelas identificadas pelo Centro de Referência Nacional para a sorotipagem de salmonelas (Tabela 3).
A fagotipagem de cepas de SE, utilizando padrões de lise obtidos com um conjunto definido de bacteriófagos, tem sido avaliada como potencial marcador epidemiológico. Estudo epidemiológico utilizando a fagotipagem feito com as cepas de SE identificadas pelo IAL mostrou que, até 1992, elas eram predominantemente pertencentes ao Fagotipo 8 (FT-8). Nos anos seguintes, 1993 a 1995, as amostras de SE passaram a ser quase que exclusivamente do FT- 4, conforme Tabela 4 (Irino et al., 1996).
Estudos mais detalhados de 282 amostras de SE isoladas de aves entre 1995 e 1996, usando fagotipagem e epidemiologia molecular baseadas na sonda complementar ao rRNA mostraram que as cepas estudadas tiveram várias origens ou introdução em vários períodos diferentes no sistema avícola brasileiro (Nunes, 1999).
Os dados anteriores e vários outros são fortes indícios da entrada de SE no Brasil via importação de material genético avícola contaminado (Irino et al., 1996; Silva, 1997; Tavechio et al.,1996). Esse fato deve ter ocorrido no final da década de 80. Se estas informações fossem totalmente confirmadas, poderíamos afirmar que as primeiras cepas de SE foram introduzidas dos EUA, rapidamente seguidas por cepas européias.
A ocorrência de salmonelas em granjas sempre foi muito comum. Em 1993, foi realizado um vasto levantamento durante 10 semanas consecutivas, colhendo-se amostras de vários segmentos de uma integração de frangos de corte, como: farinhas da graxaria do abatedouro, água de escalda e resfriamento, carcaça de frangos, camas e rações de frangos e matrizes (Silva & Bosquiroli, 1996). Foram isoladas 520 cepas de Salmonella sp. pertencentes a 22 diferentes sorovares, nenhum deles pertencentes ao sorovar Enteritidis. Os sorovares mais isolados foram Havana (23,7%), Senftenberg (9,6%), Schwarzengrund (7,7%), Montivideo (7,5%) e, Typhimurium o quinto mais isolado com 6,9% (Tabela 5).
Já em 1997, SE era isolada com grande facilidade de material avícola. Zancan et al. (2000) observou alta freqüência de salmonelas em forro de caixa de entrega de pintos, 83% e 50% para as amostras de matrizes pesadas e poedeiras, respectivamente. No período dos exames (1997), 40% das 10 amostras de caixa de poedeiras continham o sorovar Enteritidis (Tabela 6).
Salmonella Enteritidis não é um sorovar novo em aves. Depois de Pullorum e Gallinarum, ele foi, ao lado de Typhimurium, o mais importante causador de infecções paratifóides em aves nos EUA (Gast, 1997). SE pode ser isolada em pequeno número de aves normais, em infecções extra-intestinais. Ele foi isolado de ovário e peritôneo em menos que 2%, tanto de reprodutoras reagentes positivas no teste de pulorose (Snoeyenbos et al., 1969), como de descarte de poedeiras comerciais (Barnhart et al., 1991; Ebel et al., 1992; Waltman et al., 1992).
As primeiras detecções de SE em matrizes no Brasil ocorreram entre 1993 e 1994 e eram feitas em aves reagentes no teste de pulorose enviadas para exames bacteriológicos laboratoriais. Normalmente, eram aves adultas após o pico de postura. Também, ou simultaneamente, compradores de pintos (matrizes e comerciais) começaram a receber diagnóstico positivo para SE de materiais enviados para monitoria bacteriológica.
Em 1995, o Ministério da Agricultura reforçou a legislação de controle de SE nas granjas avícolas, enfatizando o Programa Nacional de Sanidade Avícola (Brasil, 1995). Entretanto, sua operacionalização tem ficado muito aquém do desejado.
Salmonella Enteritidis predominou entre todos os sorovares isolados entre 1994 e 1999 pelo Laboratório de Ornitopatologia da FMVZ de Botucatu, SP. (Andreatti Filho et al., 2001). Ele correspondeu a 75,6% dos 45 sorovares isolados de aves no período (Tabela 7).
Salmonella Enteritidis esteve, também, como o sorovar mais prevalente em todos os anos no período de 1997 a 2001, em material de galinha recebido por laboratório de diagnóstico avícola. Ele correspondeu a 82,4% dos 376 isolamentos de salmonelas realizados no período (Tabela 8). SE foi isolado, predominantemente, de ovos bicados e pintos de corte, e também de material de matriz de corte, avós de corte, postura comercial e matriz de postura. É interessante observar que o sorovar Pullorum foi o segundo mais isolado nesse levantamento: 22 isolamentos entre as 376 cepas identificadas. Curiosamente, todos pertenciam a uma mesma variante bioquímica (ornitina negativa), fazendo com que os laboratórios de referência reportassem como Salmonella imóvel O:9,12:-;- ornitina negativa e não como Pullorum. É provável que se trata de uma marca epidemiológica e uma única origem dessa variante.
Salmonella Enteritidis em Rações Avícolas e Roedores
Na transmissão horizontal das salmonelas as aves se infectam pela via oral e tem sido grande a especulação de que seu alimento funcione como importante veículo de contaminação. As rações e suas matérias primas, principalmente as de origem animal, apresentam, quase sempre, altas taxas de contaminação por Salmonella sp. Entretanto, em praticamente todos os levantamentos realizados, não há a ocorrência dos sorovares adaptados às aves como Pullorum, Gallinarum e, nem Enteritidis (Andreatti Filho et al., 2001; Berchieri et al., 1984, 1989, 1993; Hofer et al. 1997, 1998; Miranda et al., 1978; Silva et al., 1973). Quando esses sorovares aparecem nos isolamentos de rações, acreditamos estar relacionados a uma falha na identificação da origem do material. Assim, nenhuma ligação convincente tem sido estabelecida entre a infecção de um lote de aves por SE e o consumo de ração contaminada. Mesmo assim, as matérias primas de origem animal têm sido retiradas das formulações de rações como forma de controle de SE ou as mesmas têm sofrido processos de peletização e tratamentos químicos. Convém salientar que esses processos reduzem mas não eliminam a contaminação das rações.
Assim, na epidemiologia da SE em granjas, a compra de aves livres tem um papel preponderante e fundamental. Outro aspecto que deve ser salientado é a contaminação ambiental. Aves positivas eliminam SE pelas fezes e estas contaminam o ambiente. As salmonelas podem permanecer por longo período de tempo em um galpão despovoado, embora não apresentem formas de resistência. Ratos de granjas contaminadas podem se tornar portadores de SE e eliminar, também, o agente pelas fezes por longo período de tempo - mais de 10 meses (Eckroade et al., 1992; Henzler & Opitz, 1992). Quanto aos ratos, há uma proposta de que eles seriam os responsáveis pela pandemia de SE (Riemann et al., 2000). Esses autores acreditam que a prática de controlar ratos com rodenticidas a base de SE – prática esta extensivamente usada nos EUA em 1895 (Rosenau, 1910) e banida em 1920 - continuou sendo usada em vários países, inclusive em Cuba, até a década de 90 (Friedman et al., 1996). Cepas de SE mais virulentas teriam se adaptado aos ratos e esses as introduziram nos ambientes avícolas. Estudos epidemiológicos mais recentes não têm confirmado esta hipótese (Rabsch et al., 2001). Portanto, limpeza, desinfecção ambiental, vazio sanitário e combate a roedores são partes importantes no controle e erradicação da SE de granjas avícolas.
Dificuldades Associadas à Erradicação de Salmonella Enteritidis em Galinhas no Brasil
Podem-se apontar várias dificuldades associadas à erradicação de SE das granjas avícolas no Brasil:
- A ocorrência de SE tem pouco ou nenhum impacto na produtividade das granjas;
- Os programas de controle e erradicação são complexos e de custo elevado;
- Há pouca consciência de que a erradicação de SE das granjas causará redução nos surtos humanos;
- Grande dificuldade dos organismos oficiais na operacionalização dos programas de controle e erradicação.
Salmonella Enteritidis em Alimentos e Surtos de Infecção Alimentar no Brasil
O Codex Alimentarius recomenda a ausência de qualquer sorovar de Salmonella em 25 gramas da amostra analisada, incluindo carne de aves e ovos. Os alimentos de origem animal continuam a ser os principais responsáveis pela infecção humana, entre eles a carne de aves, ovos e derivados. Num esforço para conter o aumento de contaminação de produtos avícolas, o governo dos EUA estabeleceu megaregras para implementação em quatro anos, a partir de janeiro de 1998, pelas quais se aceita a presença de até 20% das carcaças de frangos contaminadas. Acima desse índice, o abatedouro pode ser até fechado (USDA, 1998).
No passado, os alimentos contendo ovos já foram os principais causadores de salmonelose nos EUA. Alterações na legislação e na indústria avícola praticamente eliminaram as salmoneloses associadas com o consumo de ovos e derivados nas décadas de 70 e 80. Entre as medidas, estava a coleta várias vezes ao dia e o resfriamento imediato dos ovos numa temperatura abaixo de 8ºC, preferencialmente a 4ºC, e utilização de embalagem, permitindo espaçamento e boa ventilação para os ovos. Aparentemente, essas medidas não têm surtido efeito no controle dos surtos por SE, que segue sendo uma das principais causas de toxinfecções alimentares em todo o mundo.
Os custos médicos (Tabela 9) e as perdas de produtividade devido às infecções por salmonelas nos EUA, estimados em um bilhão de dólares em 1987 (Roberts, 1988), pularam para quatro bilhões em 1994, sendo a SE o principal agente causador. E, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, os EUA têm a menor incidência de SE entre os países desenvolvidos (Zeidler, 1996). Na Holanda, os custos recentes das salmoneloses humanas causadas por SE foram estimados em Fl$79,5 milhões de Florins anualmente (Notermans et al., 1996).
A primeira forte evidência do envolvimento de SE com infecção originada do consumo de alimentos preparados com ovos ocorreu em um grande surto em 1986, nos EUA, envolvendo massa comercial congelada. Esta massa foi recheada com uma mistura de queijo, condimentos esterilizados e ovos crus. O levantamento epidemiológico levou ao isolamento de SE de várias amostras oriundas de granjas que forneceram ovos, além de outras espécies de salmonela. Daí para frente, inúmeros estudos vincularam os surtos de salmonelose por SE com o ovo tipo A, consumido mal cozido ou cru (Center for Disease Control, 1990, 1991, 1993).
No Brasil, até o início de 1990, a SE era apenas mais uma salmonela raramente encontrada em infeções humanas – ver Tabela 1 (Taunay et al., 1996). Entre 1975 e 1992, o FT-8 de SE era o mais prevalente (81% das cepas de SE) nas amostras de fontes humanas e não-humanas. A partir de 1993, houve uma explosão da ocorrência de SE tanto de fontes humanas como não-humanas (Tavechio et al., 1996). Nos anos de 1994 e 1995, foram identificadas 467 cepas de SE com uma total predominância do FT-4, conforme Tabela 4 (Irino et al. 1996). A SE passou a corresponder a mais de 60% dos sorovares isolados pelo IAL. Havia uma perfeita sintonia entre os fagotipos encontrados nas infecções humanas e aqueles isolados de fontes não humanas. Aqui, também eram os produtos avícolas os mais contaminados por SE (Irino et al., 1996; Tavechio et al., 1996).
Em análise dos alimentos destinados a merenda escolar comprados pela Prefeitura da cidade de São Paulo entre 1992 e 1996, 76,4% das amostras positivas para salmonelas eram obtidas de frangos (Tabela 10). SE correspondeu a 70,6% das salmonelas isoladas (Tabela 11). A percentagem de SE aumentou para 81,4% em 1997 (Tabela 12), segundo Lírio et al. (1998).
Os dados anteriores corroboram com vários trabalhos recentes de pesquisa. A análise de 150 carcaças de frangos congeladas de quatro marcas obtidas no comércio varejista de Jaboticabal, SP, durante 1996 e 1997, revelou a presença de salmonelas em 32% das amostras analisadas. Delas, 60,4% pertenciam ao sorovar Enteritidis (Santos et al., 2000). No artigo publicado em 2000, Fuzihara et al. encontraram salmonelas em 42% das amostras de carcaças de frangos oriundas de 60 pequenos abatedouros da cidade de Mauá, SP, onde 30% dos sorovares identificados pertenciam ao sorovar SE. Nessa mesma época, Oliveira & Silva (2000) encontraram, praticamente, 10% das amostras de ovos de galinha obtidos no comércio varejista de Campinas, SP, no período de janeiro a março de 1995, positivos para SE.
Embora as carcaças de frangos apresentem altas taxas de contaminação por SE, são os ovos e seus derivados os principais responsáveis pelos surtos humanos. Em praticamente todos os surtos por SE no Brasil com a caracterização da origem, ovos e derivados estavam envolvidos com os mesmos (Araújo et al., 1995; 1998; Kaku et al., 1995).
Num extenso estudo de 115 surtos alimentares por SE ocorridos na região de Campinas, SP, que engloba 87 municípios, Simões et al. (2001) mostraram que ovos, seus derivados e pratos contendo os mesmos mal cozidos, foram os principais responsáveis pelos surtos, destacando a maionese caseira, com 57% dos casos, seguido pela cobertura de bolos, com 15%. Nesse estudo, 807 pessoas ficaram doentes, com 5 óbitos. Esses são apenas os surtos atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), através de encaminhamento da Vigilância Sanitária dos respectivos municípios. Muitos desses casos correspondiam a infecções extra-intestinais e requeriam medicação antimicrobiana (antibióticos) no seu tratamento. A Tabela 13 mostra a distribuição dos surtos no período de março de 1995 a março de 2001.
Resistência Antimicrobiana em Amostras de Salmonella Enteritidis
A infecção humana por SE através do consumo de alimentos de origem animal contaminados, particularmente ovos e seus derivados, é um grave problema de saúde pública, como já mencionado anteriormente. O problema humano se agrava quando a cepa de SE apresenta resistência às drogas de eleição para o seu tratamento. Há consenso em vários países que o uso indiscriminado de antibióticos na produção animal é uma das causas do aumento da resistência antimicrobiana. O uso de antimicrobianos pode selecionar bactérias resistentes no ecossistema de uso. Patógenos humanos e genes de resistência podem passar entre humanos, animais e outros ecossistemas, via contato com animais ou através do consumo de alimento ou água contaminada (Kelley et al., 1998). Tem sido uma recomendação da Organização Mundial de Saúde o controle e a restrição do uso de antimicrobianos na produção animal (WHO, 2001).
Coincidentemente, houve o desenvolvimento das fluorquinolonas no mesmo período do agravamento dos surtos por SE em animais e no homem. Em vários países, as quinolonas foram, e ainda são, extensivamente utilizadas no tratamento de lotes de aves infectadas por SE (WHO, 1998). Anteriormente, a medicação tradicional envolvia o uso, via água ou ração, de nitrofurazona, furazolidona novobiocina e as tetraciclinas.
No Brasil, as tetraciclinas, penicilinas, cloranfenicol, sulfonamidas, furazolidona, nitrofurazona e avoparcina foram banidas em 1998 como aditivos alimentares em rações animais. Contudo, várias outras drogas seguem sendo permitidas: 3-nitro, ácido arsanilico, avilamicina, sulfato de colistina, enramicina, flavomicina, lincomicina, nitrovin, olaquindox, espiramicina, sulfato de tilosina, virginiamicina e bacitracina de zinco.
O extensivo uso das quinolonas em aves tem sido facilitado por uma legislação de prescrição muito flexível, pelo aparecimento dos genéricos para uso em ração e água com custo muito mais baixo que os primeiros produtos aprovados e, sem dúvida, pela sua eficácia contra as salmonelas.
Felizmente, os dados têm demonstrado que a maioria das cepas de SE isoladas de fontes não-humanas no Brasil entre 1995 e 2000 apresentam alta sensibilidade aos antibióticos testados. O exame de 282 cepas de SE isoladas de fontes humanas, alimentos, rações, aves e suínos entre 1995-96 revelaram baixa resistência; menos que 2,1% das cepas foram resistentes a uma única droga, conforme mostra a Tabela 14 (Nunes, 1999). Resultados similares foram encontrados em cepas de SE isoladas de amostras de carcaças de frangos de 60 abatedouros da cidade de São Paulo, dois anos mais tarde (Tabela 15), mesmo para as tetraciclinas – um dos mais antigos antimicrobianos usados para tratamento e como promotor de crescimento – como mostra a Tabela 16 (Fuzihara, 2001). Dados mais recentes já mostram um possível aumento da resistência. Na análise do perfil de resistência de 195 amostras de SE de origem humana e não-humana, isoladas entre 1996 e 1999, frente a 19 agentes antimicrobianos, verificou-se resistência em 63,5% das cepas com a maioria delas resistente a apenas um ou dois antimicrobianos. Entretanto, observou-se, também, algumas cepas multirresistentes para de três até sete antibióticos, principalmente nas amostras de origem humana (Tavechio et al., 1999). Nossa observação e experiência pessoal, baseadas em achados laboratoriais, têm mostrado uma crescente e assustadora resistência das enterobactérias a este grupo de quimioterápicos. Essas observações são corroboradas por Barrow et al. (1998), ao notar que o tratamento de galinhas com a dose recomendada de enrofloxacina via água de bebida praticamente eliminou o microrganismo do trato digestivo das aves. Houve, porém, uma rápida mutação de uma população de Escherichia coli sensível a resistente, persistindo após interrupção da medicação.
Entretanto, quando foram examinadas amostras de salmonelas recebidas pelo Centro de Referência Nacional do MS/MARA entre 1998-1999, provenientes de vários estados, observou-se resistência a tetraciclinas em 59,6% delas. Do total de 428 amostras examinadas, 55,8% eram SE e todas de origem animal. A resistência observada estava associada, principalmente, às SE isoladas nos estados de SC e PR (Vital Brasil et al., 1999).
As cinco cepas de SE envolvidas em surto alimentar no noroeste do estado de São Paulo foram sensíveis a todos os agentes antimicrobianos testados (Kaku et al., 1995).
Quando 29 cepas de SE isoladas de carcaças de frango foram submetidas a teste frente a 12 antimicrobianos, 76% e 100% foram resistentes à cefalotina e ampicilina, respectivamente (Santos et al., 2000).
Na análise de resistência a drogas de SE isoladas de 30 casos de crianças de zero a cinco anos, internadas em hospitais do município de São Paulo com quadros de doenças extra-intestinais como meningite e septicemia, observou-se que todas pertenciam a um mesmo ribotipo e 83,3% delas eram resistentes de um até sete dos antimicrobianos testados (Fernandes et al., 1999). Estes dados, juntamente com os de Tavechio et al. (1999), sugerem que os genes de resistência a drogas podem estar associados à virulência ou, pelo menos, as cepas humanas apresentam um perfil de resistência mais elevados do que aquele encontrado nas amostras não-humanas, o que torna a situação ainda mais preocupante do ponto de vista de saúde pública.
Cepas de SE podem desenvolver resistência pelo uso indiscriminado de drogas no seu país de origem ou através da importação de alimentos contaminados com bactérias carregando genes de resistência ou de pessoas infectadas que retornam de viagens internacionais. Pesquisadores finlandeses (Hakanen et al., 2001) observaram aumento de resistência antimicrobiana em cepas de SE isoladas de viajantes após o retorno de países asiáticos onde as quinolonas são usadas indiscriminadamente. Houve aumento de 3,9% para 23,5% na resistência às fluorquinolonas nas amostras analisadas entre 1995 e 1999.
Vacinação no Controle de Salmonella Enteritidis em Aves
Uma observação interessante nas infecções por SE é o fato de que, quando este sorovar está presente num lote de aves, outros normalmente encontrados, desaparecem. Podemos postular que a infecção por SE possui um excelente mecanismo de indução de resistência às outras salmonelas em aves.
Embora não dominado para efeitos práticos, sabe-se que as aves apresentam mecanismo de resistência genética às salmonelas. Linhagens resistentes à SE, também o são à Typhimurium, Pullorum e Gallinarum. Linhagens susceptíveis à SE, também, o são a todas as outras salmonelas (Bumstead & Barrow, 1993).
Há autores que afirmam que a atual pandemia de SE em aves se deve à erradicação de Gallinarum dos plantéis avícolas, uma vez que esse último sorovar excluía a SE competitivamente nos lotes de aves (Rabsch et al., 2000).
A vacinação com cepas homólogas de Salmonella auxilia na redução da colonização intestinal e excreção fecal. Por conta disso, várias vacinas inativadas oleosas de SE têm sido licenciadas em todo o mundo. Elas previnem a transmissão transovariana, a contaminação da casca dos ovos, reduzem o isolamento de SE de aves vacinadas, inclusive de órgãos internos como o ovário (Barrow et al., 1991; Eskelund, 1992), mas não o elimina totalmente dos órgãos internos e ovos de galinhas desafiadas (Gast et al., 1992,1993). A vacina 9R de Gallinarum também confere proteção às poedeiras contra SE (Barrow et al., 1991; Silva et al., 1981). Outras vacinas vivas produzidas com cepas mutantes de SE ou mesmo de S. Typhimurium induzem proteção de longa duração às aves vacinadas (Barrow et al., 1991; Hassan & Curtiss III, 1997).
Poedeiras comerciais em vários países do mundo são compulsoriamente vacinadas contra SE. Um estudo de campo realizado no Brasil iniciado em 1999, realizado com 280 mil matrizes pesadas de uma integração, mostrou que a aplicação de duas doses de bacterina inativada de SE (12 e 17 semanas de idade) reduziu os níveis de positividade do mecônio da progênie de 9-10% para 0% após o primeiro ano do programa (Soncine & Back, 2001). Mesmas observações foram feitas por nós em uma integração de frangos de corte em país da América Latina, com o uso de duas doses de bacterina aplicadas às matrizes em recria.
Considerando que a vacinação contra SE é uma arma auxiliar de valor incontestável, somos advogados do uso de bacterina tanto para poedeiras como para matrizes, mesmo que os procedimentos de monitoria para salmonelas precisem ser alterados e adaptados à nova realidade.
Tabela 1 – Sorovares mais comuns de salmonelas identificadas pelo Instituto Adolfo Lutz de São Paulo (1970-1990).
Tabela 2 – Sorovares mais comuns de salmonelas identificadas pelo Instituto Adolfo Lutz de São Paulo (1991 - 1995).
Tabela 3 – Sorovares de Salmonella de maior importância para galinhas isolados de matérias primas e de ração para aves entre 1976 e 1991 e identificados pelo FioCruz.
Tabela 4 – Fagotipos (FT) de Salmonella Enteritidis identificados pelo Instituto Adolfo Lutz de São Paulo de origem humana e não-humana (1975-1995).
Tabela 5 – Presença de salmonelas em uma integração de frangos de corte em estudo realizado durante 10 semanas consecutivas em 1994.
Tabela 6 – Salmonelas isoladas de forro de caixa de entrega de pintos de um dia de idade.
Tabela 7 – Sorovares de Salmonella isolados pelo Laboratório de Ornitopatologia da FMVZ - UNESP - Campus de Botucatu (1994-1999).
Tabela 8 – Isolamento de Salmonella sp. de galinhas recebidas em laboratório de diagnóstico por ano e tipo de exploração avícola (1997-2001).
Tabela 9 – Custo humano das infecções por salmonelas.
Tabela 10 – Salmonelas isoladas de alimentos adquiridos pela Secretaria Municipal de Abastecimento da Prefeitura da Cidade de São Paulo (São Paulo, 1997).
Tabela 11 – Salmonelas isoladas de alimentos adquiridos pela Secretaria Municipal de Abastecimento da Prefeitura da Cidade de São Paulo (São Paulo, 1992-1996).
Tabela 12 – Salmonelas isoladas de alimentos adquiridos pela Secretaria Municipal de Abastecimento da Prefeitura da Cidade de São Paulo (São Paulo, 1997).
Tabela 13 – Distribuição dos surtos alimentares por Salmonella Enteritidis ocorridos na região de Campinas, SP, no período de março de 1995 a março de 2001.
Tabela 14 – Resistência antimicrobiana entre 282 cepas de Salmonella Enteritidis isoladas de fontes humanas, alimentos, rações, aves e suínos durante 1995-96 (São Paulo, 1999).
Tabela 15 – Resistência antimicrobiana e susceptibilidade entre sorovares de Salmonella isolados de carcaças de aves (São Paulo, 2001).
Tabela 16 – Resistência antimicrobiana e susceptibilidade entre sorovares de Salmonella isolados de carcaças de frangos (São Paulo, 2001).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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