INTRODUÇÃO
Farelos proteicos são matérias-primas de alto risco para a presença de bactérias patogênicas, como salmonela e possuem grande importância na formulação de alimentos para animais. Após etapas de descontaminação, ambiental ou do alimento, a recontaminação passa a ser um ponto chave no processo, e ocorre principalmente em pontos de condensação e formação de poeira, como resfriadores e sistemas de transporte.
A salmonela é um oponente desafiador e entre suas estratégias de sobrevivência, tem-se a formação de biofilme, onde as bactérias se encontram protegidas por uma matriz de lipopolissacarideos e ácidos graxos, e são menos susceptíveis a ação de antimicrobianos. A presença de diferentes ácidos orgânicos, e agentes tensoativos que possuem a capacidade de penetrar e dissolver o biofilme, são características importantes do produto Sal CURB Ba (Sal CURB K2 na América Latina) para alcançar o sucesso do controle estratégico.
MATERIAL E MÉTODOS
Para testes in vitro, matérias-primas são propositalmente contaminadas com um meio líquido enriquecido com salmonela e ao alterar as condições ambientais, uma redução natural significativa é observada ao longo do tempo, à medida que a salmonela passa para a forma de biofilme, sendo este o método padrão de teste utilizado.
Na configuração experimental deste estudo, as condições de teste acima foram alteradas significativamente. A aplicação do antimicrobiano Sal CURB® K2 foi realizada apenas quando a estabilização da contaminação bacteriana foi confirmada na matriz proteica, que levou aproximadamente duas semanas após a contaminação artificial/proposital.
Ao atingir uma contagem microbiana estável no farelo de soja e colza, as doses de Sal CURB® K2 foram aplicadas e as medições iniciadas. Durante esse período de estabilização, as bactérias passaram para fase dormente e protegida, resultando em uma condição de teste mais desafiadora em comparação com o método de teste padrão. Em 72 horas, após a contaminação do controle já ser estável, as amostras foram coletadas para análise.
Condições de teste experimental
No presente estudo, a colza e o farelo de soja foram contaminados artificialmente com salmonela. As variáveis no protocolo de teste foram as seguintes matérias primas:
• Colza
• Farelo de soja
No total, 8 diferentes condições de teste foram realizadas. Cada condição de teste foi tratada com uma quantidade variável de Sal CURB® K2 líquido (3, 5, 8 e 10 kg/ton) e foram amostradas em 3 pontos no tempo (24, 48 e 72h). Os dados para as duas temperaturas de incubação e as duas matrizes proteicas foram calculados em média.
Embora sejam tomadas precauções para reduzir ao máximo a variação, é inevitável encontrar desvios nos resultados de descontaminação em testes realizados em condições de laboratório. Essas variações são decorrentes de falta de homogeneidade, amostragem, variação analítica etc. É comum haver um desvio padrão variando na faixa de 0,3 a 1 log UFC/g entre as amostras e para facilitar a interpretação dos dados, foram calculadas as médias dos testes individuais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A eficácia da descontaminação foi medida como uma redução em % em comparação com o controle estabilizado (contagem de salmonela estabilizada em amostras de controle). As reduções observadas mostraram diferenças estatisticamente significantes, confirmando os resultados conclusivos apresentados neste estudo.
A eficácia da descontaminação obtida nessas condições de laboratório foi traduzida nas condições de campo para estabelecer recomendações práticas.
Na prática, a análise de salmonela é relatada pela presença ou ausência da bactéria em uma amostra de 25 g. Essa metodologia fornece uma análise positiva assim que 1 microrganismo de salmonela estiver presente na amostra. O nível de salmonela em matrizes proteicas contaminadas foi expresso pelo 'número mais provável' (ou número de MPN), que fornece uma indicação do número de células de salmonela presentes na quantidade da amostra. Este parâmetro geralmente é expresso em uma quantidade de amostra de 100g.
Os relatórios da literatura (referências 1,2 e 3) indicam que o valor de MPN para salmonela é em média de cerca de 20 UFC/100g, com o valor de MPN variando de um mínimo de 5 UFC/100g até um máximo de 50 UFC/100g.
Os resultados foram obtidos modelando a eficácia do Sal CURB® K2 líquido na redução da contaminação por salmonela em três cenários que representam um nível baixo, médio e alto de contaminação por salmonela.
A % de redução observada em condições de laboratório foi traduzida para o MPN mostrado em condições de campo para os três cenários de contaminação; uma contaminação baixa, média e alta por salmonela na matriz proteica.
CONCLUSÃO
É aconselhável adotar medidas de controle o quanto antes no processo produtivo, a fim de evitar a re-contaminação. Em um nível baixo de recontaminação de salmonela, o líquido Sal CURB® K2 a 3 kg/ton se mostrou eficaz no controle de salmonela dentro de um período de tempo muito curto. À medida que a contaminação se torna maior, é necessário um tempo de contato mais longo e/ou uma dosagem maior de Sal CURB® K2 líquido para obtenção controle.