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Salmonella Fábrica de Ração

Controle de Salmonella em Unidades de Fábrica de Ração

Publicado: 1 de novembro de 2011
Por: Julian Borosky
Introdução
Segundo o Codex Alimentarius, a presença de qualquer sorovar de Salmonella em alimentos é motivo para classificá-lo como impróprio para o consumo, o que tem levado a indústria de produtos de origem animal a implantar estratégias de controle a fim de garantir a segurança dos alimentos.
Barber et al (2002) demonstraram que a Salmonella pode estar amplamente difundida nos sistemas de produção, mostrando a importância da implantação de medidas de controle de pontos críticos.
Considerando-se os ingredientes utilizados na fabricação de dietas para animais como carreadores de Salmonella geralmente as atenções se voltam para aqueles de origem animal. No entanto, trabalhos têm demonstrado que insumos de origem vegetal também exercem importante papel na disseminação desse agente na cadeia produtiva.
Fábrica de ração foi responsável pelo recall de meio bilhão de ovos nos EUA
Autoridades dos Estados Unidos da América desconfiam que a fonte de infecção para Salmonella que desencadeou um recolhimento de mieo bilhão de ovos e mais de 1.300 surtos de doenças em humanos em setembro de 2010 foi a fábrica de ração da empresa em questão. Os fiscais reportaram que a unidade não se encontrava regularizada com as exigências do Ministério da Agricultura e apresentava condições precárias de higiene, manejo de dejetos, pragas e baixas condições de segurança de trabalho.
Segundo a World Poulty (setembro, 2010) pesquisas demonstram que a empresa de ovos já era positiva para Salmonella em amostras retiradas de suas instalações desde 2008, inclusive pelo serovar que provocou o recall e, em pelo menos uma amostra, foi isolado S. enteritidis.
Fato semelhante ocorreu na suinoculura americana
Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade do Estado de Ohio sugere que uma fábrica de rações comerciais pode ter sido a responsável pela contaminação por Salmonella em unidades de criação de suínos.
Os pesquisadores testaram amostras de alimentos coletados das baias das unidades de criação e observaram que do total de 36 amostras, 8 apresentavam o agente. Ao realizar o isolamento bacteriano em amostras de ração e fezes, identificaram 5 genótipos diferentes nas rações, dos quais 4 foram isolados em amostras de fezes, sugerindo a dieta como fonte de contaminação aos animais. Outra particularidade que corrobora com a suspeita, observada na pesquisa, foi que as bactérias isoladas tanto da ração quanto das fezes apresentavam o mesmo padrão de resistência a antimicrobianos.
NÃO BAIXE A GUARDA E PROMOVA RASTREABILIDADE EFICIENTE, são as recomendações de especialistas ao redor do mundo. 
Segundo Klaus Torborg (Lohman Animal Helath, UK) o recall citado acima deve servir de aviso aos produtores para não reduzirem suas medidas preventivas contra Salmonella, salientando a eficiência da Grã-bretanha no controle do agente.
Por sua vez, José Roberto Bottura, presidente executivo do Instituto de Ovos Brasileiro, o fato poderia ter sido evitado com a implantação de um sistema de rastreabilidade eficaz, permitindo a identificação correta da unidade produtora de ovos fonte da contaminação. O especialista afirmou também que os produtores brasileiros são mais atentos de forma geral, ao processo de rastreabilidade, sugerindo que seria mais difícil tal fato ocorrer em nosso país.
A preocupação em controlar o agente na cadeia produtiva de produtos de origem animal é de ordem oficial, tanto que a legislação brasileira avalia análises de produtos destinados a alimentação animal e humana, considerando o mesmo negativo para o agente quando este for ausente em 25 gramas do produto analisado (MS, 1987).
Peletização e Boas Práticas ajudam a controlar o problema!
Para se entender os fatores de risco à contaminação e desenvolvimento da Salmonella é importante conhecer a ecologia do agente.
Os parâmetros que afetam a multiplicação bacteriana, com seus respectivos parâmetros, estão demonstrados na tabela 2.
Tabela 2: Parâmetros que afetam a multiplicação bacteriana
Considerando-se que a temperatura ideal para a multiplicação da Salmonella é de 37oC e que não resistem a temperatura de pasteurização, as condições ambientais de armazenamento e os procedimentos do processamento da dieta são importante no ciclo do agente.
O controle da temperatura de armazenamento dos insumos é essencial, pois quanto maior a temperatura, maior a umidade relativa do grão, que aumenta a atividade metabólica do mesmo, liberando mais água, calor e acelerando o processo de deterioração, favorecendo a multiplicação microbiana.
Ainda como condições ambientais para previnir a contaminação para Salmonella cabe salientar a importância de se realizar limpeza e desinfecção periódica dos silos e da linha de produção.
Em relação aos tipos de processamento que a dieta pode sofrer durante sua fabricação, apenas os que envolvem tratamento térmico e/ou químico irão auxiliar no controle de Salmonella na cadeia de produção de produtos de origem animal
Além dos benefícios em relação a melhoria de disponibilidade de nutrientes, a peletização promove redução significativa na contaminação microbiana (Ross, 2000). Voeten e Van de Leest (1989) sugerem que para reduzir a contaminação das rações de frangos, a temperatura de peletização deve ser de 80 a 82oC.
No entanto é importante manter as boas condições de funcionamento e higiene do equipamento, pois a literatura indica que a Salmonella é distruída quando a temperatura interna do alimento atingir 74oC (Ilona, s.a.)
Como tratamento químico, o formaldeído tem sido utilizado há muitos anos, por apresentar baixo custo e ação bacteriana satisfatória. Porém o produto é irritante, causando transtornos em seu manuseio e limitando sua inclusão ao máximo de 660 ppm.
Atualmente estão disponíveis no mercado produtos a base de ácidos orgânicos, sais de ácidos orgânicos e blends de ácidos para serem utilizados como tratamento químico para ácidos para serem utilizados como tratamento químico para Salmonella nas deitas, no entanto é importante o conhecimento adequado do produto para se garantir a utilização segura.
Soluções Selko para controle de Salmonella
A Selko, líder de mercado em soluções ácidas tem em seu portifólio produtos específicos para controle de Salmonella com ação no ambiente (Fysal), na matéria-prima (Fysal Feed) e no animal (Fysal Fit 4), auxiliando assim o controle do agente em todos os setores da cadeia produtiva de carne.
Os produtos Selko são blends de ácidos orgânicos tamponados por hidróxido de amônia que os tornam mais seguros para manipulação e menos corrosivos à estrutura dos equipamentos, enquanto que as vantagens do Fysal referem-se ao seu efeito microbiano prolongado, além de não contém substâncias críticas como o formaldeído. A figura 1 mostra resultados da ação de Fysal, comparativamente com outros ácidos orgânicos para controle de Salmonella em dietas para frango.
Tratamento de dietas para frangos com diferentes ácidos (umidade 15%)
Controle de Salmonella em Unidades de Fábrica de Ração - Image 3
Figura 1: Ação antibacteriana de Fysal comparativamente com 4 diferentes produtos comerciais a base de ácidos orgânicos (Fonte: Selko BV, 2009)
Fysal Feed, por sua vez, apresenta uma inovação em sua fórmula, que permite que ele atue de forma eficaz em matérias-primas com alto teor de gordura. Ele contém um composto com ação detergente, que permite sua penetração nas camadas de gordura que muitas vezes protege a Salmonella da ação dos demais agentes bactericidas disponíveis no mercado, conforme ilustrado na figura 3.
Controle de Salmonella em Unidades de Fábrica de Ração - Image 4
Controle de Salmonella em Unidades de Fábrica de Ração - Image 5
Figura 3: Modo de ação de Fysal Feed (Fonte: Selko BV, 2010)
As figuras 4 e 5 demonstram os resultados de Fysal Feed, comparativamente com o formaldeído na redução de Salmonella em rações contaminadas e a perda de ambos produtos por evaporação, respectivamente.
Figura 4 - Fysal Feed x forlmadeído - desinfecção de dietas
Controle de Salmonella em Unidades de Fábrica de Ração - Image 6Figura 5 - Fysal Feed x forlmadeído - perda por evaporação
Figura 5 - Fysal Feed x forlmadeído - perda por evaporação
O Fysal Fit 4, por sua vez, é a inovação da Selko que reúne diferentes estratégias de controle de Salmonella em um mesmo produto para ser utilizado nas dietas dos animais.
Fysal Fit 4 auxilia no controle do agente na ração do animal, pela ação dos ácidos orgânicos, previne a aderência das bactérias nos enterócitos, pois as manobioses mimetizam os receptores entéricos para as fímbrias tipo 1, que são os antígenos de superfície da Salmonella, controla a multiplicação das mesmas no intestino, pela ação do MCFA e dos SCFA e previne a invasão sistêmica pelo agente, pela ação do butirato revestido.
O gráfico 1 demonstra os resultados de um desafio experimental, em que foram inoculadas Salmonella enteritidis em frangos de corte no dias 7 e 8 de vida dos animais e então coletadas amostras de ceco para contagem da bactéria nos dias 22, 31 e 42 após a inoculação.
Gráfico 02: Resultados de Fysal Fit 4 na contaminação de Salmonella no ceco - Fonte: Selko BV (2010)
 
Efeito do Fysal Fit-4 na redução de Salmonella no ceco
Controle de Salmonella em Unidades de Fábrica de Ração - Image 7
 
Programa de Controle de Salmonella - Selko do Brasil
Compreendendo a importância do controle da Salmonella sp nos diferentes elos da cadeia produtiva e sabendo-se que a principal via de contaminação dos animais por esse agente é a oral, a Selko do Brasil desenvolveu oPrograma Selko de Controle de Pontos Críticos para Salmonella para unidades beneficiadoras de insumos agrícolas.
Esse programa segue as diretrizes do sistema de qualidade APPCC - Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle juntamente com as normas deBPF (Boas Práticas de Fabricação). O BPF descreve a metodologia de produção visando a garantia da qualidade do produto final e o APPCC orienta como investigar os perigos (biológicos, químicos e físicos) que podem ocorrer na produção de alimentos e controlá-los nos pontos críticos do sistema produtivo.
Dessa forma, as unidades fabricantes de ração devem apresentar um fluxo de produção bem definido, visando a não contaminação cruzada entre os produtos, planos de limpeza e higienização, controle de roedores, manutenção preventiva dos equipamentos, saúde dos manipuladores, prevenção da contaminação cruzada, controle de resíduos e de rastreabilidade implantados.
Controle de Pontos Críticos
Para identificação dos pontos que donfiguram risco de contaminação ao sistema deve-se proceder um check-list de inspeção abrangendo todos os setores da fábrica, iniciando-se pela seleção de fornecedores até a expedição de produtos acabados.
Normalmente os insumos agrícolas são comercializados como comodities, no entanto deve-se buscar fornecedores não apenas pelo preço do insumo mas também por aqueles que tenham um sistema de qualidade implantado, focando o controle microbiológico das matérias-primas.
Os silos de armazenamento das matérias-primas também merecem atenção na inspeção pois a temperatura e umidade relativa do ar determinam a velocidade de multiplicação microbiana (Silva, 1999), além de conferir fonte de contaminação para mistura de lotes ou resíduos de lotes contaminados.
Em relação a linha de produção deve-se dar atenção especial a equipamentos que acumulam resíduos de batidas anteriores, como misturador e peletizadora e realizar uma desinfeção total da linha periodicamente.
As figuras de 5 a 8 mostram condições precárias de higiene de equipamentos da linha de produção de uma fábrica de ração.
Controle de Salmonella em Unidades de Fábrica de Ração - Image 8
Controle de Salmonella em Unidades de Fábrica de Ração - Image 9
Figura 5 e 6 - misturador (Borosky, 2007 - arquivo pessoal)
Controle de Salmonella em Unidades de Fábrica de Ração - Image 10
Figura 7: Elevador (Borosky, 2007)
Controle de Salmonella em Unidades de Fábrica de Ração - Image 11
Figura 8: Resfriador (Borosky, 2007)
A higiene da peletizadora é de extrema importância para garantir a qualidade do pellet e também para se certificar que está atingindo a temperatura ideal para controle microbiano no interior do pellet. As figuras 9 e 10 mostram condições precárias de higienização de uma peletizadora.
Controle de Salmonella em Unidades de Fábrica de Ração - Image 12
Figuras 9 e 10: peletizadora (Borosky, 2007)
Cuidados semelhantes devem ser tomados nos equipamentos utilizados na linha após a peletização, no silo de expedição e nos caminhões de ração, pois podem provocar a recontaminação da dieta após a peletização, comprometendo todo trabalho prévio.
As figuras 11 e 12 mostram as condições precárias de higiene da parte interna de um caminhão de ração.
Controle de Salmonella em Unidades de Fábrica de Ração - Image 13
Figuras 11 e 12: Caminhão de ração (Borosky, 2008)
Benefícios do Programa
Como se sabe, a Salmonella é um agente comum ao Trato Gastro-Intestinal dos animais e, embora não cause grandes prejuízos às criações animais seu controle é de interesse à saúde pública, por estar relacionado a epidemias.
Entendendo-se que a principal via de infecão para os animais e ao homem é através da ingestão do agente, o controle microbiológico das dietas animal através da aplicação de boas práticas de fabricação e uso de agentes microbianos a base de ácidos orgânicos para higienização ambiental e da linha de produção se torna imprescindível para controle do agente na cadeia produtiva de carne e ovos.
O Programa Selko de Controle de Pontos Críticos para Salmonella para unidades de fábrica de ração traz ainda como vantagem a possibilidade de se agregar valor ao produto comercializado, pois através da implantação do mesmo o fornecedor de ração tem a garantia de fornecer alimento seguro aos animais de produção.
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Autores:
Julian  Borosky
Trouw Nutrition
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Ermete Antonio Wegher
Interchange
17 de noviembre de 2011

Bom dia Julian e a todos que acompanham esta matéria.Parabens pelas importantes informações especialmente com referencia as recomendações de como e com que os empresarios da avicultura podem salvaguardar seus produtos da contaminação por Salmonela.Sem entrar no mérito do grande risco que esta bacteria representa para saude animal e humana permitame esteder um pouco mais o assunto oferecendo a alternativa de uso de antibióticos especificos para o combate da Salmonella no trato gastro intestinal que representa um dos pontos de contaminação se não o principal.A Interchage Vetinária com atividade desde 1989 especializada em terapeutica animal para aves e suinos disponibiliza uma associação de colistina+gentamicina para o controle de salmonela e E.Coli cuja ação diferenciada sobre as bacterias alvo tem evitado o aparecimento de cepas resistentes controlando muito bem as infecções.Por serem dois antibióticos de atividade somente intestinal não oferecem o risco de residuos podendo estender o seu uso até dois dias antes do abate dos frangos.O uso oral tanto na agua como na  ração facilita enormemente a sua aplicação.É mais uma opção que deu e da certo.

Wegher

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Julian  Borosky
Trouw Nutrition
16 de noviembre de 2011

Prezado Marcio, bom dia!


obrigada pelo comentário. Em relação a sua pergunta, o produto a base de formaldeído não continha ácidos orgânicos em sua composição. Em relação a concentração desse princípio ativo, os resultados no controle do agente na ração e/ou MP são semelhantes sim, porém esperamos que os resultados negativos sobre o consumo da ração pelos animais seja mais evidente.

por outro lado, antes de se utilizar formaldeído na alimentação animal deve-se ter consciência que, embora no Brasil ainda seja permitido, muitos países importadores fazem restrição ao formaldeído como controlador de Salmonela.


atenciosamente,

Julian

ps: caso queira continuar a conversa ou tiver outros questionamentos, pode me contactar.

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Marcio André Lanzarin
Safeeds Aditivos de Performance
15 de noviembre de 2011
Julian, Parabéns pelas importantes informações. Estou como uma pequena dúvida, sobre o experimento com o produto formaldeído e o Fysal, o produto formaldeído foi incluído de forma isolada e/ou possue outros agentes químicos com a combinação de ácidos orgânicos? O produto formaldeído 37% e ou 30% teriam o mesmo efeito que o produto com 40% de formaldeído?
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Lic. en Ciencias Animales, Doctor en Filosofía - PhD, Ciencia Animal (Ciencia Avícola) / Gestión de micotoxinas en las Américas
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