As falhas cometidas nos períodos de pré-carregamento e carregamento em frangos de corte estão entre as maiores causas de condenações em abatedouros. As lesões observadas em frangos de corte após um carregamento não apropriado podem evoluir de um simples riscado na pele a problemas maiores, como contusões, fraturas e edemas, principalmente depreciando as carcaças e respectivos cortes.
As lesões depreciam a carne do frango e, em decorrência do grau da lesão, há uma perda maior por condenação e descarte de carcaças. Isso representa prejuízos ao produtor e à agroindústria. Já a contaminação da linha de abate por derramamento de conteúdo do trato digestório, é um problema enfrentado principalmente pela agroindústria. Quando ocorre a contaminação, é necessária a parada e limpeza do sistema, além do descarte das carcaças afetadas.
O manejo correto do frango de corte desde o início do jejum pré-abate é fator fundamental para o bem-estar das aves e, consequentemente, para a qualidade da carcaça. Por isso, esta atividade deve ser feita por pessoas treinadas. O carregamento deve ser feito de forma profissional e responsável.
O produtor também deverá estar atento a determinados pontos-chave como: jejum alimentar e hídrico, temperatura, aeração, luminosidade e horário de carregamento. Juntamente com a equipe de carregamento há também a preocupação principalmente com a contenção das aves, forma de apanha e quantidade de aves por caixa.
O recomendado é que, na medida do possível, haja uma programação bem definida para a retirada dos lotes, evitando-se que as aves sejam prejudicas pelo jejum, principalmente alimentar, muito curto ou longo. O tempo de jejum total sugerido, de 8 a 12 horas, compreende a espera das aves no aviário, apanha e carregamento, transporte, descanso das aves no abatedouro, pendura, insensibilização e sangria. O jejum alimentar inferior a 8 horas pode não ser eficiente para o esvaziamento do trato digestório dos frangos. No jejum alimentar longo, acima de 12 horas, podem ocorrer problemas de contaminação da carcaça por rompimento dos intestinos, da vesícula biliar, além do risco maior de desidratação dos frangos. O recomendado é retirar a ração cerca de 4 a 6 horas antes do início previsto para o carregamento. A água deve permanecer à disposição das aves até o momento do início da apanha, quando os bebedouros deverão ser erguidos para melhor dinamizar a prática.
Se possível, o caminhão deve ser estacionado à sombra próximo ao aviário (Figura 1), para melhorar as condições de ambiência das aves durante o período do carregamento. O ideal é realizar a apanha nas horas mais frescas do dia, mas nem sempre isso é possível. Alguns produtores estão utilizando no carregamento à noite extensões com lâmpadas, que propiciam iluminação azul. O objetivo é facilitar a captura das aves, pois as mesmas reduzem a movimentação.
Durante o carregamento, uma forma de minimizar o estresse causado pela apanha é a formação de pequenas "ilhas de contenção" dos frangos (Figura 2), com as próprias caixas de transporte. Quanto ao método de apanha, no Brasil predominam os métodos manuais e entre eles o mais recomendado é a apanha pelo dorso (Figura 3). Este método, além de evitar lesões musculares e ósseas nos frangos, também auxilia na contenção das asas, o que previne lesões em decorrência de movimentos bruscos.
O carregamento deve ser feito com calma, evitando-se a agitação das aves. É importante também, que o produtor esteja atento à quantidade de aves por caixa (área aproximada da caixa é de 0,50 m2). Uma recomendação é trabalhar na faixa de 21 a 23 kg de peso vivo por caixa, mas observando o turno de carregamento e a necessidade de diminuir esta densidade em função de temperaturas elevadas, principalmente no verão.
A Tabela 1 apresenta uma sugestão de carregamento das caixas de transporte em relação ao peso médio das aves, estimado para diferentes idades de abate e em função do sexo.
As caixas deverão ser dispostas sobre o sistema disponível para transporte até o caminhão. No Brasil, prevalece o sistema de tubos de PVC, sobre os quais as caixas são deslizadas (Figura 4). Para elevação das caixas até a carroceria do caminhão já existem sistemas mecanizados (Figura 5).
Após o carregamento das caixas no caminhão, uma atividade fundamental antes da partida é o ato de molhar as aves, em períodos de temperaturas elevadas como nos turnos de carregamento à tarde, para melhorar a condição de transporte e atenuar os efeitos do calor, principalmente no verão. De acordo com VIEIRA (2012) a atividade de molhamento da carga deve ser feita em dias de temperatura elevada e umidade relativa abaixo de 60%.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
VIEIRA, S. L. Qualidade visual de carcaças de frangos de corte: uma abordagem a partir do ambiente de produção. 2. ed. São Paulo: Sérgio Luiz Vieira, 2009. 88 p.
VIEIRA, F. M. C., DA SILVA, I. J. O., SANTOS, R. F. S., FILHO, J. A. D. B. Redução de perdas nas operações pré-abate de frangos de corte. Em: . Acesso em: 14 de fevereiro de 2012.