Introdução
Na indústria de produção animal de características intensivas, como é a avicultura, é de fundamental importância o uso racional da água de boa qualidade. Pois, a água é considerada o nutriente essencial mais importante, necessário em maior volume, sendo consumida em pequenas quantidades, porém com muita freqüência pelas as aves.
Em galinhas poedeiras a quantidade de água ingerida sofre influência de fatores como a maturidade sexual, a percentagem de produção de ovos, a elevação da temperatura ambiente e o consumo de ração. Durante o período de maturidade sexual e depois, do início ao pico da produção de ovos, as aves aumentam o consumo de água. (GAMA et al., 2008).
A elevação da temperatura ambiente provoca o aumento da ingestão de água pelas poedeiras, sendo este efeito transitório, podendo desaparecer quando as mesmas se encontram aclimatadas no ambiente. Para as galinhas o consumo de água está estreitamente relacionado ao consumo de ração, de tal maneira que fatores que afetam o consumo de água indiretamente influenciam no consumo de ração.
As aves consomem maior quantidade de água quando a temperatura ambiental aumenta, principalmente porque, nas aves, o método de perda de calor constitui-se no resfriamento por evaporação de água, através do sistema respiratório durante o ofego.
A maioria das avaliações de qualidade da casca está relacionada com a sua força, porque quebras e perfurações são as principais causas de perda econômica. A casca do ovo pode ser quebrada devido à fratura de impacto, que ocorre devido a colisão entre ovos ou com a máquina coletora, e fraturas compressivas que estão associadas com a embalagem. A ausência de força na casca e o impacto possuem importância similar na quebra de cascas (LIN et al., 2004).
Objetivou-se com este estudo, avaliar a influência do resfriamento da temperatura da água para as aves em função da temperatura controlada, na resistência à ruptura das cascas dos ovos de aves poedeiras da linhagem Dekalb White.
Material e métodos
O experimento foi conduzido em uma câmara climática pertencente à Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, situada no LACRA – Laboratório de Construções Rurais e Ambiência do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG.
O experimento consistiu em sistema de criação em gaiolas enriquecidas apresentando 06 gaiolas compostas por ninho, que dispunham de bebedouro tipo nipple e comedouro tipo calha em cano PVC, área com areia e área com lixa, e cada uma contendo 06 galinhas totalizando 36 aves nesse sistema da linhagem Dekalb White.
A pesquisa teve período experimental com duração de oito dias com coletas de dados, e a temperatura do ambiente foi 320C e umidade relativa do ar de 60%. Os tratamentos consistiram em três repetições com água resfriada e três repetições de água sem resfriamento.
Diariamente, a partir das oito horas da manhã, avaliava-se o consumo de água, e logo em seguida os bebedouros eram reabastecidos. Os bebedouros escolhidos com a água resfriada, também foram abastecidos, e posteriormente acrescentava-se a água uma quantidade de 200g de gelo, diferenciando dos demais bebedouros. A partir daí, durante todo o dia de hora em hora foi acrescentado uma quantidade de 50g de gelo na água para se manter estável a temperatura em torno de 23,50C e os bebedouros sem resfriamento com temperaturas aproximadas de 28,50C acompanhados pelos sensores, obtendo-se a média dessa temperatura no final do dia.
O teste de resistência à quebra da casca foi realizado, utilizando-se a máquina de cisalhamento (em um sistema adaptado – Figura 1) do laboratório de Construções Rurais e Ambiência, ligado a um computador. Os ovos foram apoiados na região transversal e longitudinal (Figura 2 e 3) entre as placas, e ao ligar a máquina, as hastes promoviam uma tração até haver a ruptura de sua casca. Nos registros do programa computacional foram observados as respectivas forças que era fornecida para tracionar e romper os ovos, desde o momento inicial da tração até a ruptura da casca e o resultado era registrado e expresso em (kg), e depois transformado para Newton (N).
Figura 1. Máquina de Cisalhamento adaptada à testes de ruptura de ovos
Figura 2. Teste de resistência da casca do ovo no sentido transversal
Figura 3. Teste de resistência da casca do ovo no sentido longitudinal
Resultados e discussão
Foram comparados os dados de resistência longitudinal e transversal do ovo em relação às três condições de temperaturas controladas e das duas condições de temperaturas da água, na Tabela 1. Segundo USAYRAN et al. (2001), as altas temperaturas podem resultar em ovos menores e de qualidade da casca reduzida, devido a problemas nos processos fisiológicos que ocorrem na ave. O estresse calórico reduz o consumo de ração e os limites da disponibilidade de cálcio no sangue para a formação da casca de ovo.
Tabela 1. Média dos valores resistência do ovo a quebra nos sentido longitudinal (RL) e transversal (RT), dos ovos em função das duas condições de temperaturas da água.
Na Tabela 1, os valores de resistência tanto longitudinal (RL) quanto transversal (RT) dos ovos apresentaram diferença significativa (P>0,05) pelo teste de Kruskal. Os valores referentes aos ovos das gaiolas em que a água foi resfriada apresentaram maior resistência na força para se romper quando comparado aos das gaiolas que não receberam resfriamento na água. Esses resultados se devem ao fato de que a água numa temperatura de faixa ideal pode influenciar no seu melhor consumo e conseqüentemente na melhor qualidade da casca desses ovos. Segundo FAIRCHILD et al. (2006), o consumo de água pode dobrar ou triplicar durante os períodos de estresse calórico, pois é necessária a sua reposição, em vista da necessidade de manutenção de balanço hídrico corporal.
A resistência da casca depende da sua espessura (conteúdo de carbonato de cálcio) e da organização da matriz da casca, que pode ser estimada pela determinação de gravidade específica. Para produzir carbonato de cálcio para a casca, uma boa fonte de carbonato precisa também estar disponível e é por isso que o bicarbonato de sódio é considerado de utilidade para aliviar os efeitos adversos do estresse calórico sobre a qualidade da casca (CONSIDINE, 1998).
Conclusões.
- A temperatura da água para consumo influenciou, em relação ao parâmetro de qualidade do ovo e na resistência de casca;
- As aves que receberam água resfriada, embora encontradas em temperatura ambiente de 320C, considerada fora da zona de conforto térmico, apresentaram maiores valores de resistência de casca em relação às aves que não tiveram o mesmo tratamento.
Referências Bibliográficas.
CONSIDINE, M. Optimizing eggshell quality in layers and breeders by better nutrition. 1988. http://www.peck.co.nz/active/PECK98New/Papers/eggshellnz.html (07/05/1999).
FAIRCHILD BD, RITZ CW. Poultry drinking water primer. Bulletin 1301, The University of Georgia and Ft. Valley State University, the U.S. Department of Agriculture and counties of the state cooperating, April, 2006.
GAMA, N.M.S.Q. , C.K. TOGASHI, N.T. FERREIRA, M.R. BUIM, E.L. GUASTALLI , D.A.M. FIAGÁ. Divulgação técnica Conhecendo a água utilizada para as aves de produção. Biológico, São Paulo, v.70, n.1, p.43-49, jan./jun., 2008.
LIN, H.; New approach of testing the effect of heat stress on eggshell quality: mechanical and material properties of eggshell and membrane. British Poultry Science, v.45, n.4, p. 476-482, 2004.
USAYRAN, N.; FARRAN, M.T.; AWADALLAH, H.H.O.; AL-HAWI, I.R.; ASMAR, R.J.; ASHKARIAN, V.M. Effects of added dietary fat and phosphorus on the performance and egg quality of laying hens subjected to a constant high environmental temperature. Poultry Science, v.80,p.1695–1701, 2001.