Introdução:
Grãos de milho de qualidade inferior comprometem seu valor nutricional, por alteração da composição química, diminuição da biodisponibilidade de alguns nutrientes, presença de fatores antinutricionais e proliferação de fungos com ou sem produção de micotoxinas. Os grãos quebrados ou trincados são mais propensos à contaminação por bolores e micotoxinas. Entretanto, existe pouca informação de como estas frações podem afetar a energia metabolizável (EM) de uma dada amostra de milho (DALE, 1994). Desta forma o objetivo do trabalho foi verificar o percentual de defeitos das diferentes frações de milho obtidas por estratificação em mesa densimétrica.
Materiais e Métodos:
O experimento foi realizado no Laboratório de Análise de Alimentos da Guaraves Alimentos - Guarabira, Paraíba. Foram avaliadas quatro frações de milhos obtidos através de estratificação em mesa densimétrica, designados por MDA (milho de densidade alta), MDI (milho de densidade intermediária), MDB (milho de densidade baixa) e um MDT (milho de densidade total 30% MDA, 60% MDI e 10% MDB), que foram utilizados na alimentação de poedeiras comerciais em fase de produção utilizando os padrões do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), considerando: grãos quebrados, ardidos, carunchados e chochos, impurezas e fragmentos e materiais estranhos.
Resultados e Discussão:
Na Tabela 1 estão apresentados os resultados da classificação de grãos das diferentes frações de milho de acordo com os padrões do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A classificação mostrou maiores incidências de grãos quebrados e impureza/fragmentos no MDB. Para os grãos quebrados foram observados valores intermediários para o MDI e MDT, e menores valores para o MDA. Com relação aos demais defeitos, as frações de milho não apresentaram grandes valores percentuais, exceto o MDB para impureza/fragmentos do próprio grão. O MDB teve 96,16% de defeitos, enquanto o MDA apresentou 12,61%, seguido do MDT e MDI com 34,69 e 35,13%, respectivamente. Segundo reportado por DALE (1994), os grãos de milho quebrados e matérias estranhas apresentaram respectivamente 90 a 330 kcal/kg de EM a menos em relação a grãos inteiros. Entretanto, nesta última foi notada pelo autor uma extrema variação, à medida que materiais diferentes faziam parte da fração de matéria estranha.
Segundo BIAGI et al. (1996), o comércio internacional de grãos procura orientar a qualidade por variáveis como umidade, grãos quebrados, material estranho, cor e imperfeições. A classificação dos grãos das frações demonstrou eficiência na separação pela mesa densimétrica, originando produtos de valor nutricional diferenciado. O MDA foi classificado como o melhor tipo e o MDT mostrou-se próximo dos resultados obtidos pelo MDI e a partir desses resultados pode-se utilizar equações de predição presentes na literatura (ROSTAGNO et al., 2005) para estimar os valores de energia metabolizável para aves.
Conclusão:
O milho de densidade mais baixa apresentou maiores percentuais de defeitos pela classificação de grãos, o que compromete seu valor energético e conseqüentemente o desempenho zootécnico das aves, caso não seja realizado as devidas correções das matrizes nutricionais para a formulação de ração de precisão para poedeiras comerciais.
Referências:
BIAGI, J. D. ; SILVA, L. O. N. DA; MARTINS, R. R. Importância da qualidade de grãos na alimentação animal. In: Simpósio Latino-Americano de Nutrição Animal e Seminário sobre Tecnologia de Produção de Rações, 1996, Campinas. Anais... Campinas, p. 21-45, 1996.
DALE, N. Efeitos da qualidade no valor nutritivo do milho. IN: Conferência Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas 1994. Campinas: FACTA, p. 67-72, 1994.
ROSTAGNO, H. S. Composição de alimentos e exigências nutricionais de aves e suínos (Tabelas Brasileiras), 2a edição, Ed. Impr. Univ. da UFV, Viçosa, 186 p., 2005.