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Microbiomas projetados permitem “frango verde” sem perda de produção e com redução de custo

Publicado: 24 de fevereiro de 2021
Por: Miro Alvernaz
Após estudos na Universidade Federal do Paraná serem taxativos sobre a substituição eficaz dos promotores de crescimento em suínos, foi a vez da Universidade Federal de Lavras chegar a mesma conclusão, dessa vez com aves. De acordo com estudo realizado pelo pesquisador Antônio Bertechini, professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em parceria com Felipe Santos Dalólio, Pós-doutor em Zootecnia (UFLA) e Consultor de Pesquisa e Desenvolvimento na Data Nutrição Animal, o uso da Tecnologia do Consórcio Probiótico (TCP) em frangos de corte consegue produzir aves mais saudáveis, sustentáveis e atendendo as exigências do mercado – o chamado “frango verde”.

A TCP, Tecnologia do Consórcio Probiótico, é um processo de cultivo e desenvolvimento de ecossistemas, microbiomas projetados, formados pela combinação de microrganismos 100% naturais e benéficos. Esses ecossistemas projetados produzem os supervalorizados metabólitos ou pós-bióticos, que são subprodutos produzidos pela população de microrganismos que compõe esses ecossistemas. São ácidos orgânicos, enzimas, aminoácidos, açucares, vitaminas e antibióticos naturais. Eles interagem com os microrganismos nativos benéficos do meio e os multiplicam quando a TCP é aplicada sobre a matéria orgânica. Por ser produto de um microbioma projetado, as soluções criadas à base de TCP podem ser apenas com metabólitos, com metabólitos e microrganismos ou apenas microrganismos, já se encontrando prontas para uso, sem necessidade de ativação, com a mesma eficiência atuando em ambientes aeróbicos e anaeróbicos, com pH de 2 a 14 e com temperaturas de 5°C a 50°C. Sendo assim, é possível afirmar que várias soluções podem ser produzidas a partir dessa tecnologia para a criação animal.

Testando a TCP em frangos de corte, o estudo concluiu que o uso da tecnologia reduziu a contagem de bactérias gram + em relação ao grupo controle, com antimicrobianos químicos convencionais (salinomicina + bacitracina de zinco),garantindo rendimento de carcaça semelhante, não alterando a morfometria do jejuno e do íleo dos frangos de corte.

“A TCP apresentou-se como excelente alternativa natural para promover efeitos positivos no desempenho e na microbiota intestinal das aves. Devido ao fato de muitos países exportadores de carne de frango, como a União Europeia, terem sugerido sanções econômicas com relação ao banimento de utilização de antimicrobianos químicos na avicultura, o resultado alcançado com a TCP mostrou-se promissor. Afinal, o uso da TCP foi eficaz em substituir a utilização de antimicrobianos químicos promovendo índices produtivos satisfatórios sem prejudicar o rendimento de carcaça e cortes”, afirmou o pesquisador.

Um ponto considerado bastante relevante nos estudos foi a constatação do aumento do número de microrganismos benéficos na cama, o que, por sua vez, resultou na diminuição do número de bactérias causadoras de doenças nos frangos. “O que se pode afirmar, de um modo geral, é que o aumento na contagem de microrganismos benéficos na cama, provocado pela TCP, reduziu a contagem de bactérias gram-positivas como Clostridum perfringens, causador da enterite necrótica que causa aumento de enfermidades no plantel”, indicou.

Além disso, com a sustentabilidade estando bastante em alta no mercado alimentar global, a produção de um “frango verde” pode ser interessante. Segundo o estudo de Zalólio, a utilização da TCP na produção dessas aves pode ser muito eficiente para conseguir esses resultados sustentáveis. “Afinal, a interação de microrganismos benéficos em equilíbrio no ambiente de criação com a TCP beneficiará a indústria avícola em diversos processos”, disse.

“Irá ter menor impacto ambiental pela não utilização de promotores químicos convencionais, menor seleção de microrganismos patogênicos, redução da utilização subterapêutica de antibióticos usados como melhoradores de desempenho, redução de microrganismos patogênicos por exclusão competitiva, menor risco de infecção secundária dos animais, além de aumento de divisas para o país uma vez que a produção animal sustentável pode ter maior valor agregado em seus coprodutos a serem comercializáveis”, completou.

Sem perda de produtividade e sem redução nos lucros

A associação da aspersão no ambiente e a suplementação na dieta com a TCP promoveu melhoria na conversão alimentar em relação a não suplementação de promotores químicos em 6,30%. Além disso, a TCP possibilitou conversão alimentar estatisticamente igual em relação aos frangos de corte alimentados com dietas contendo promotores químicos convencionais (bacitracina de zinco e salinomicina).

Com isso, pode-se afirmar que não houve perda de produtividade, o que leva na consequente manutenção dos lucros. “A utilização de TCP comparado a antimicrobianos químicos convencionais (bacitracina de zinco e salinomicina) na dieta promoveu desempenho satisfatório dos frangos de corte, com maior índice de eficiência produtiva e ganho médio diário em relação aos demais tratamentos avaliados”, afirmou.

“A utilização da TCP ao longo de todo o ciclo de criação aumentou a quantidade de microrganismos benéficos no ambiente. Foi possível verificar desempenho produtivo dos frangos de corte semelhante aos animais alimentados com dietas contendo promotores químicos convencionais. Assim, houve maior equilíbrio da microbiota intestinal das aves com redução na contagem de bactérias gram positivas no íleo terminal sem alterar a morfometria intestinal. Logo, pode-se inferir que a microbiota benéfica com a utilização da TCP aumentou o nível de lúmen intestinal, reduzindo as chances de desenvolvimento de bactérias patogênicas. Contudo, pesquisas para avaliarem variáveis como pH, digestibilidade de nutrientes e características do trato gastrointestinal das aves com a utilização da TCP devem ser realizadas para possibilitar respostas mais assertivas a cerca dos benefícios promovidos pela TCP”, disse.

Por fim, o especialista explicou que a TCP suplementada via dieta pode ser inoculada em qualquer farelo, ou na combinação dos mesmos, disponível no processo de formulação das dietas. “No caso do presente estudo, utilizou-se a TCP misturada ao fubá de milho. Contudo, essa mesma utilização da TCP poderia ser feita também no farelo de soja, no farelo de trigo, no sorgo moído ou em qualquer ingrediente ou farelo de origem vegetal a ser utilizado na formulação da dieta. Outro fato relevante é que a aspersão no ambiente (cama de frango) com a TCP aumentou a umidade da cama dos frangos de corte. Contudo esse aumento de umidade não foi prejudicial às aves, pois não houve aumento na contagem de oocistos de eimérias (coccidiose) ou queda na produtividade, pelo contrário, a cama foi tomada pelo ecossistema TCP, o que resultou em uma viabilidade criatória de 100%, sem uma única doença”, concluiu.

O que já foi feito

Em estudos com suínos, a tecnologia dispensou o uso de antibióticos nos leitões, chegando a praticamente 100% de dispensa do uso de antibióticos injetáveis tanto em leitões quanto em fêmeas adultas em uma granja estudada, além de facilitar o manejo e aumentar o peso final por leitão em 453g, de média. “A fêmea aceita muito bem na ração, ele deixa a ração mais gostosa e, além disso, essa fêmea sai muito melhor, o score corporal dela sai muito melhor da maternidade para a próxima gestação. Ganhamos em peso, ganhamos em desempenho, em mortalidade, ganhamos em menos antibióticos e menos necessidade de manejar o animal”, afirmou Alexandre, gerente da Granja Cerutti, que utilizou a TCP por um ano.

Já na saúde humana, um estudo produzido pelo Departamento de ciência dos alimentos, da Universidade Federal de Lavras, sob o comando da professora Roberta Hilsdorf Piccoli, a TCP apresentou ação antagonista a todas as cepas testadas mostrando-se efetiva na inibição e controle de Salmonela Enteritidis; S. Cholerasuis; S. Gallinarum; S. Pullorum; Staphylococcus aureus; Listeria monocytogenes; Escherichia coli enteropatogênica e E. coli entetoxigênica.

Isso reforça o que estudos nessas mesmas universidades já tinham descoberto na produção de bovinos de leite, bovinos de corte, suínos, camarão e tilapia: a TCP estimula e aumenta a imunidade dos animais, além de substituir os promotores de crescimento, reduzindo doenças e, nos casos acima, aumentando a produção.
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Autores:
Miro Alvernaz
Antônio Bertechini
UFLA - Universidade Federal de Lavras
UFLA - Universidade Federal de Lavras
Felipe Dalólio
Felipe Dalólio
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Juarez Donzele
Universidade Federal de Viçosa - UFV
Universidade Federal de Viçosa - UFV
22 de marzo de 2021
Dr Will, é um prazer participar, com você ,de um foro de debate, considerando sua vasta experiência e competência profissional. Abraços amigo
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Juarez Donzele
Universidade Federal de Viçosa - UFV
Universidade Federal de Viçosa - UFV
1 de marzo de 2021
Complementando o relato anterior quanto a não se discutir a nutrição sem um conhecimento, superficial que seja de sistema imune, passa exatamente pelo fato que sem uma microbiota saudavel ,é praticamente impossível obter bom desempenho dos animais. A resposta inflamatoria compromete o metabolismo animal , influenciando inclusive a deposição de proteina na carcaça.
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Juarez Donzele
Universidade Federal de Viçosa - UFV
Universidade Federal de Viçosa - UFV
1 de marzo de 2021
: Miro Alvernaz, matéria relevante se considerado que o banimento de antimicrobianos químicos, nas rações de aves e suínos esta na ordem do dia ,em diversos mercados internacionais. Embora a matéria tenha sido apresentada enfocando mais as conclusões , sem as informações dos dados dos diferentes tratamentos em cada estudo. Os resultados estão coerentes no que diz respeito da possibilidade da utilização de probióticos , em rações de aves e suínos em substituição a antimicrobianos químicos. A logica dessa possibilidade reside no fato que os probióticos são compostos por microrganismos que agem favorecendo a saúde dos animais. Essa ação, não se resume somente por combater cepas patogênicas , como também a sua presença e atividade no muco intestinal, é fundamental para estimular o sistema de defesa da mucosa pela produção de peptídeos antimicrobianos pelos enterócitos. Considerando a imunidade sistêmica, a microbiota saudável estimula , entre outros fatores a produção de interleucina 10 , pelas células imunes especificas, que age reduzindo a resposta inflamatória, e consequentemente o estresse oxidativo , melhorando o desempenho do animal. A importância da atividade microbiana no lúmen intestinal , foi comprovada em estudos que constataram que o fornecimento de dieta medicada ,antibióticos a nível terapêutico , por uns poucos dias, aos suínos em idades prefixadas pode exacerbar a presença do clostridium , justamente pelo fato do enterócito , pela falta de atividade microbiana, não é estimulado a produção dos fatores de defesa como os peptídeos antimicrobianos. Por não ser veterinário, mas por entender que não se discute nutrição
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Barbara Ribeiro
24 de febrero de 2021
Poderia compartilhar as publicações em que se basearam para a escrita desse artigo? As que comprovam os benefícios ou testam do uso da TCP em suínos e aves, por gentileza.
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Phytobiotec
Phytobiotec
24 de febrero de 2021
Boa tarde Srs., estamos interessados em esta tecnologia. Nos iniciamos testes da microbiota em diferentes especies. por favor entra em contato comigo. diko@phytobiotec.com www.phytobiotec.com att Diko Becker
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