Introdução
A muda se caracteriza pelo período em que as aves reduzem ou cessam a postura, objetivando a troca das penas e a restauração do aparelho reprodutivo. Normalmente ela ocorre em fotoperíodo decrescente, durante o inverno, e pode durar cerca de quatro meses (Silva, 2000), porém isso não garante que as aves de postura irão continuar a produção por mais um ciclo contínuo.
A técnica de forçar a muda de penas em poedeiras com o objetivo de otimizar a produção de ovos por mais um ciclo, foi inicialmente utilizada nos Estados Unidos na década de 1960 e, atualmente muitos métodos vêm sendo estudados. Na prática, os métodos de manejo são os mais utilizados, mas existe uma grande variedade destes. O método de manejo com restrição alimentar é o mais difundido, devido seu baixo custo e alta eficiência (Rodrigues et al., 1995). No Brasil, é comum usar a técnica de jejum prolongado ou método Califórnia, porém vem sendo contestado por prejudicar o bem-estar dos animais. Logo, a busca por métodos alternativos a muda forçada convencional procedem de encontro com as perspectivas do mercado e das fontes produtoras.
Segundo Lee (1982), a muda forçada quando aplicada de maneira correta promove aumento da taxa de postura e melhora na qualidade interna e externa dos ovos do segundo ciclo em relação ao final do primeiro ciclo de produção.
Entre as maiores conseqüências da muda, mesmo com uso de métodos alternativos, estão a perda de peso das aves durante o processo, o que interfere no período em que ocorrerá o fim da produção do primeiro ciclo e os elevados índices de mortalidade.
Objetivou-se verificar os efeitos da aplicação de diferentes protocolos de muda forçada sobre o desempenho produtivo de poedeiras comerciais.
Materiais & Métodos
O experimento foi conduzido no aviário experimental do Conjunto Agrotécnico Visconde da Graça (CAVG/UFPel). Foram utilizadas 448 aves da linhagem Hisex Brown com 100 semanas de idade, divididas em duas baterias de 32 gaiolas e alojadas em gaiolas em galpão do tipo dark house. O programa de luz foi o de oito horas de luz/dia.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente ao acaso, sendo que cada unidade experimental constituiu-se de uma gaiola com sete aves e cada tratamento apresentou 16 repetições. O período experimental foi de 14 dias.
As aves foram submetidas a quatro tratamentos, sendo eles: T1- jejum (grupo controle) por 10 dias e arraçoamento com milho triturado por 4 dias; T2- casca de soja+premix vitamínico; T3- farelo de trigo+premix vitamínico e; T4- sorgo alto tanino+premix vitamínico. Para as aves arraçoadas, foi distribuída, diariamente, 100 gramas de ração por ave e água a vontade. Nos tratamentos 2, 3 e 4, a ração foi ofertada por 14 dias consecutivos.
As variáveis avaliadas no período foram consumo de ração (CR) avaliados diariamente, peso vivo (PV), perda de peso no período (PrPV) de 10 dias, queda na produção de ovos (PDOV), viabilidade (Viab) e mortalidade das aves (Mrtd).
Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e ao teste de Tukey, considerando 5% o nível de significância.
Resultados & Discussão
Os resultados obtidos podem ser observados na Tabela 1.
Tabela 1. Comparação entre diferentes métodos de muda forçada com relação ao desempenho produtivo de poedeiras.
Médias com diferente letra diferem significativamente (p<0,05).
Verificou-se diferença significativa para as variáveis consumo de ração, peso vivo, perda de peso e queda na produção de ovos e mortalidade das aves.
Para CR e PrPV, apenas os tratamentos 3 e 4 não diferiram entre si, já para PV esta mesma observação ocorreu entre os tratamentos 1 e 2, e 3 e 4.
T2 mostra-se diferente dos demais tratamentos quando considerado o CR, o T1 apresentou diferenças significativas dos demais tratamentos para a mesma variável, isto se dá pelo fato das aves serem submetidas à restrição alimentar, o que leva a uma perda de peso maior. Já em T2, houve menor consumo de ração e em T3 e T4 a perda de peso pode ser explicada pelo fato da dieta ser composta por alimentos fibrosos e pouco palatáveis, o que dificulta a digestibilidade.
Apenas o T4, indicou menor mortalidade de animais, maior manutenção da produção de ovos, o que é justificado pelo consumo de ração, apresentando menor eficácia no que se trata em encerrar o ciclo de postura das aves, atrasando assim o inicio de um novo ciclo, mostrando que o tempo de arraçoamento deve ser aumentado.
Segundo Schmidt & Figueiredo (2004), a seleção das aves para o segundo ciclo de postura é um dos principais fatores que irão interferir na produção do próximo ciclo e na qualidade quantidade dos ovos, tornando o controle da perda de peso um ponto crucial para a muda, o que se observa no T4.
Nenhum dos tratamentos mostrou diferenças na viabilidade do lote, o que garante que a muda forçada é uma das melhores formas de se dar continuidade a produção.
Conclusões
Os métodos de muda forçada aplicados, mostraram-se favoráveis como substitutos à técnica convencional, por apresentaram boa viabilidade e poucas variações. A muda forçada com a utilização da dieta baseada em sorgo alto tanino apresenta vantagens sobre a mortalidade, porém não diminui de forma significativa a produção, o que torna a muda mais lenta. O uso da casca de soja mostra-se uma alternativa mais eficiente com relação interrupção da produção num curto período.
Bibliografia
Lee K. 1982. Effects of forced molt period on posmolt performance of leghorn hens. Poultry Science 61(10):1594-1598.
Rodrigues PB, Bertechini AG, Oliveira BL. 1995. Fatores nutricionais que influenciam o desempenho e a qualidade do ovo de poedeiras comerciais no segundo ciclo de produção. p. 478-479. In: Reunião Da Sociedade Brasileira De Zootecnia. 1992. Brasília. Anais... Brasília: Sociedade Brasileira de Zootecnia.
Schmidt GS & Figueiredo EAP. 2004. Efeito da seleção no primeiro ciclo de postura para produção de ovos sobre o desempenho no segundo ciclo. Ciência Rural 34(1) jan./fev.
Silva JA. 2000. Muda forçada! Como? Quando? Porque?. Revista Alimentação Animal 17:7-8, - jan./mar. Disponível em http://
www.portalaveworld.com.br. Acesso em 28/06/2009.