Metionina Cistina Temperatura Frangos

Introdução

Atualmente, o Brasil vem se destacando como um dos maiores produtores e exportadores de carne de frango do mundo, fato este devido aos sucessivos ganhos em produtividade, conseqüência do contínuo desenvolvimento tecnológico, progresso genético, avanços na nutrição, manejo, ambiência e sanidade das aves. O sucesso da avicultura de corte pode ser atribuída em grande parte à nutrição, uma vez que o ganho de peso médio diário para lote misto é entorno de 54,5 g/dia e um número maior para machos, algo próximo aos 59,7 g/ dia, e esta rapidez no desenvolvimento corporal tem demandado novas pesquisas sobre a real exigência de aminoácidos, sobretudo os sulfurosos, principalmente quando as aves são expostas a temperaturas marginas a zona de termo neutralidade.
O desempenho das aves é correlacionado ao sucesso do programa de alimentação adotado, bem como os níveis nutricionais das rações. De acordo com Rostagno et al. (2000), o nível de 0,444% de metionina digestível e 0,807% de metionina+ cistina digestível, para pintos de corte no período de um a 21 dias de idade, são suficientes para atender as exigências dessas aves recebendo uma dieta formulada com 3000 kcal de EM/kg e 21,4% de PB.
Contudo, Silva Junior et al. (2005) avaliaram a exigência de metionina + cistina total para frangos de corte de um a 21 dias de idade, verificaram melhores resultados de ganho de peso com níveis, machos, maiores daqueles preconizado por Rostagno et al. (2000). Considerando o exposto, o presente experimento teve como objetivo determinar as exigências de metionina + cistina digestível para frangos de corte machos da marca comercial Ross no período de um a 21 dias de idade.


Material e Métodos

O experimento foi realizado no galpão experimental de avicultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE, em Recife – PE, Brasil. Foram utilizados 288 pintos de corte (com peso médio de 49,2 g), da marca comercial Ross, machos, vacinados contra as doenças de Marek, Newcastle e criados em 24 boxes, com densidade de 12 aves/cada. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com seis níveis de metionina + cistina digestível, quatro repetições e 12 aves por unidade experimental. E ao final do experimento foram avaliados: o consumo de ração, o ganho de peso e a conversão alimentar. As dietas foram calculadas para atender às exigências nutricionais preconizadas por Rostagno et al. (2000), exceto com relação aos níveis de metionina + cistina digestível. As rações foram suplementadas com DLmetionina nos níveis de 0; 0,08; 0,16; 0,24; 0,32, 0,40%, resultando em rações experimentais com: 0,61; 0,69; 0,77; 0,85; 0,93 e 1,01%.
Os níveis nutricionais e energéticos foram: 3.100 (kcal/kg) de energia metabolizável; 21,0% de Proteína bruta, 0,449 % de fósforo disponível e 1,0% de cálcio.
As temperaturas máximas e mínimas no período experimental foram obtidas diariamente por meio de dois termômetros instalados na altura das aves, localizados em pontos médios do galpão. A umidade relativa do ar no interior do galpão foi medida por meio de um termohigrômetro, registrando médias de 80,8 período experimental. As médias de temperatura ambiente máxima, mínima e média durante o período experimental foram 31,2; 28,3 e 29,0 ºC.
Em todos os boxes foram instalado um círculo de proteção, com uma lâmpada incandescente de 150 w como fonte de calor, mantidos durante os 10 primeiros dias de vida das aves. O controle da temperatura foi realizado regulando a altura das lâmpadas e através do manejo de cortinas, mantendo a temperatura em aproximadamente 32ºC até o décimo dia de vida das aves.
As análises estatísticas das variáveis estudadas foram realizadas por intermédio do programa SAEG (Sistema para Análises Estatísticas), Versão 8.0, desenvolvido pela UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (2001). As estimativas de exigências de metionina + cistina digestível, para frangos de corte, nos períodos de um a 21 dias de idade, foram estabelecidas com base nos resultados de desempenho produtivo, por meio de modelos de regressão linear e quadrática, conforme o melhor ajuste obtido para cada variável, considerando 5% de probabilidade.


Resultados e Discussão

Os resultados de desempenho produtivo das aves, obtidos no período de 1 a 21 dias de idade, encontram-se na Tabela 1. O efeito dos níveis de metionina + cistina digestível sobre o consumo de ração não foi significativo (P>0,05). No entanto, é relatado que o aumento dos níveis de metionina + cistina favorece a diminuição do consumo de ração das aves conforme Waldroup et al. (1976) e Wheeler & Latshaw (1981).
Os níveis de metionina + cistina digestível influenciaram de forma quadrática (P<0,05) o ganho de peso (Figura 1), estimando-se, pela equação de regressão: v = - 149,3 + 2309,5X – 1310,8X² (R² = 0,83), o nível de 0,881% para o maior ganho de peso das aves (867,98 g). Este nível situou-se acima da exigência estabelecida nas Tabelas brasileiras para aves e suínos (Rostagno et al., 2000).



Os piores resultados para ganho de peso, observados nas aves alimentadas com ração contendo níveis inferiores ao estabelecido, provavelmente foram conseqüência do desbalanço de aminoácidos, causado pela deficiência de metionina.
Assim como o ganho de peso, observou-se, também, efeito quadrático (P<0,05) dos níveis de metionina + cistina digestível sobre a conversão alimentar (Figura 2). Utilizando-se a equação de regressão, v = 2,8351 – 3,4113X + 1,9466X² (R²= 0,66), estimou-se o nível de 0,876% para melhor conversão alimentar (1,34).







Conclusão

O requerimento nutricional de metionina + cistina digestível para frangos de corte macho, no período de 1 a 21 dias de idade foi de 0,881% para o maior ganho de peso e de 0,876% para a melhor conversão alimentar.


Referências Bibliográficas

Rostagno HS, Albino LFT, Donzele JL. et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 2000. 141p.

Silva Junior RGC, Lana GRQ, Rabello CBV. et al. Exigências de metionina + cistina para frangos de corte machos de 1 a 21 e de 22 a 42 dias de idade, em clima tropical. R. Bras. Zootec., 34(6supl):2399- 2407, 2005.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - UFV. SAEG – Sistemas de análises estatísticas. Versão 8.0. Viçosa, MG: 2001. 150p. (Manual do usuário)

Waldroup PW, Mitchel RJ, Payne JR. et al. Performance of chicks fed diets formulated to minimize excess levels of essential amino acids. Poultry Science, 55:243-253, 1976.

Wheeler KB, Latshaw JD. Sulfur amino acid requirements and interactions in broilers during two growth periods. Poultry Science, 60:228-236, 1981.