Introdução
A avicultura, nos últimos anos, tem alcançado excelentes resultados em sua produção devido ao incessante trabalho e progresso em todas as áreas, tornando-se uma atividade altamente competitiva no mercado de carnes.
A indústria avícola, com o intuito de melhorar o valor nutritivo das dietas para frangos de corte, tem utilizado diferentes formas de processamento da ração, como por exemplo, a expansão e a peletização. O principal modo de ação é a influência do processamento sobre a digestibilidade.
A peletização da ração aumenta a digestibilidade dos nutrientes pela ação mecânica e pela temperatura do processo. No caso dos carboidratos, a digestibilidade aumenta, pois a temperatura desagrega os grânulos de amilose e amilopectina, facilitando a ação enzimática. Os processos térmicos também promovem alterações das estruturas terciárias naturais das proteínas, facilitando sua digestão (DOZIER, 2001).
Segundo Lutch (2002), a expansão da ração é um processamento térmico utilizado inicialmente para melhorar a qualidade do pélete, pelo maior grau de gelatinização do amido, aumento da digestibilidade da gordura e da fibra, e também da energia metabolizável da ração e eliminação de bactérias patogênicas e fungos da ração.
O objetivo neste trabalho foi avaliar os efeitos da forma física da ração sobre a digestibilidade dos nutrientes em frangos de corte na fase inicial.
Material e Métodos
Foram utilizados 240 pintos de corte, machos, no período de 8 a 21 dias de idade, da linhagem comercial Cobb, distribuídos em baterias metálicas de três andares, em delineamento em blocos ao acaso, com quatro tratamentos e seis repetições de 10 aves cada. As baterias foram providas de bebedouros tipo pressão e comedouros tipo prato sendo trocados por comedouros e bebedouros tipo calha a partir do 11º dia de vida dos frangos e foram aquecidas com lâmpadas incandescentes de 150 watts, sendo substituídas por lâmpadas de 60 watts na segunda semana. As aves receberam ração e água à vontade.
Os tratamentos foram definidos pela forma física da ração: farelada; expandida; peletizada e expandida peletizada, de uma mesma ração comercial.
A dieta experimental foi formulada para atender às exigências das aves na fase inicial (8 a 21 dias) segundo recomendações de Rostagno et al. (2005). Quando na forma física peletizada, as rações foram também trituradas em rolo triturador com abertura de 5 mm.
O ensaio de digestibilidade foi constituído de 14 dias, sendo do oitavo ao décimo sexto dia de idade para adaptação à ração, e do décimo sétimo ao vigésimo primeiro dia de idade para coleta total de excretas.
As excretas foram coletadas em bandejas metálicas, revestidas com lona plástica, dispostas sob cada compartimento das gaiolas. Foram realizadas duas coletas ao dia, às 8h e 17h, para evitar fermentações fecais. Ao término do período experimental foi quantificada a ração consumida e o total das excretas por repetição.
As excretas coletadas foram acondicionadas em sacos plásticos devidamente identificados e armazenados em freezer até o final do período experimental. Posteriormente, as amostras foram descongeladas, pesadas, homogeneizadas e retiradas sub-amostras para análises laboratoriais. Foi realizada a pré-secagem em estufa ventilada a 55ºC, e subseqüentes análises para determinação dos teores de matéria seca (MS), nitrogênio (N) e energia bruta (EB).
Com base nos resultados das análises, foram determinados os coeficientes de metabolização aparente da matéria seca (CMMS) e do nitrogênio (CMN) e os valores de energia metabolizável aparente (EMA) e energia metabolizável aparente corrigida pelo balanço de nitrogênio (EMAn) (MATTERSON et al., 1965).
Os dados foram analisados utilizando-se o módulo ANOVA GERAL do sistema SAEG (Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas) desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa e quando verificado efeito significativo pelo teste F, realizou-se a comparação de médias pelo teste de Student-Newman-Keuls a 5% de probabilidade de erro.
Resultados e Discussão
Os dados dos coeficientes de metabolização dos nutrientes e de energia metabolizável da ração são apresentados na Tabela 1.
Tabela 1. Coeficientes de metabolização aparente da matéria seca (CMMS), do nitrogênio (CMN) e valores de energia metabolizável aparente (EMA) e de energia metabolizável aparente corrigida pelo balanço de nitrogênio (EMAn) da ração, em função das diferentes formas físicas da ração.
A forma física da ração influenciou o CMMS (P<0,05). As maiores médias de CMMS foram observadas para as aves que receberam ração nas formas físicas peletizada ou expandida peletizada. Essa resposta na digestibilidade da MS diferiu à relatada por Lutch (2002) quando comparou os efeitos da ração expandida peletizada em relação à ração peletizada. Lopes et al (2007) não observaram diferenças na digestibilidade da MS quando compararam dietas fareladas granuladas e peletizadas.
Nos dados do CMN verificou-se não haver efeito (P>0,05) da forma física da ração. A energia metabolizável aparente teve os melhores resultados (P<0,05) para as formas físicas peletizada ou expandida peletizada comparada às outras formas físicas. No entanto, ao se corrigir o valor para balanço de nitrogênio o melhor resultado foi obtido pelo tratamento que recebeu a ração na forma física peletizada. A ração farelada apresentou menores valores de EMA e EMAn. Estes resultados estão de acordo com Lopes et al (2007) que encontraram maior valor de EMA para a ração expandida granulada em comparação com as rações granulada e farelada, respectivamente. Os maiores valores de EMAn para o tratamento que recebeu ração peletizada são devidos ao melhor CMMS da ração para este tratamento.
Conclusões
O processo de peletização e expansão peletização da ração aumentaram o coeficiente de metabolização da matéria seca.
A ração peletizada proporcionou o maior valor para energia metabolizável aparente corrigida para nitrogênio.
Literatura Citada
DOZIER, W. A. Pelet de calidad para obtener carne de ave más economica. Alim. Balanc. Anim., v.8, p.16-19, 2001.
LÓPEZ, C.A.A.; BAIÃO, N.C.; LARA, L.J.C. et al. Efeitos da forma física da ração sobre a digestibilidade dos nutrientes e desempenho de frangos de corte. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.59, n.4, p.1006-1013, 2007.
LUTCH, W.H. Mejoramiento de la producción de pollo por medio de la expansión de alimento. Ind. Avic., v.50, p.32-35, 2002.
MATTERSON, L.D.; POTTER, L.M.; STUTZ, N.W. [1965]. The metabolizable energy of feed ingredients for chickens. Agricultural Experiment Station Reserch Report, 7 (3):22.
ROSTAGNO, H.S. [2005]. Tabelas Brasileiras para aves e suínos. Composição de Alimentos e Exigências Nutricionais. 2ª Edição Viçosa: UFV, Departamento de Zootecnia.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA – UFV. SAEG - Sistema para análises estatísticas e genéticas. Versão 9.1. Viçosa, MG: 1997. 150p.
***O trabalho foi originalmente publicado durante o ZOOTEC 2009- da Associação Brasileira de Zootecnistas / 18 a 22 de maio, 2009, Águas de Lindóia/SP.